Heartbeat escrita por nsbenzo


Capítulo 14
The Shot


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ♥



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Mais um mês havia passado. Final de Março havia chegado.

Já que Peeta havia me dado a liberdade de tirar minhas próprias conclusões, ao ver Delly sair e entrar de sua sala tantas vezes no último mês, eu já havia chegado a um acordo comigo mesma, de que eles estavam juntos desde sempre, o que me fazia realmente odiá-lo.

Nós nos afastamos de vez, evitando qualquer tipo de contato, mesmo sendo em alguma operação policial.

Eu queria distância de Peeta, e ele parecia respeitar isso.

Ou tinha um pouco de vergonha na cara, e não tinha coragem de me encarar, já que desde o natal, as coisas ficaram intimas demais entre a gente.

Mesmo depois do que houve em minha sala, meu namoro com Gale estava bem. Ele realmente não me obrigou a lhe contar nada, o que me fazia pensar que ele tinha ideia sobre o que se tratava.

O fato é que Gale havia parado de me cobrar de qualquer coisa mais séria, mas estava ali pra tudo o que eu precisava. Segundo ele, sua intenção era apenas cuidar de mim, e me manter bem.

Eu me sentia culpada ainda, mas talvez Gale soubesse onde estava se metendo.

De qualquer forma eu deixava minha mente desligada quando Gale estava por perto. Era mais saudável para nosso relacionamento.

Os lábios de Gale estavam juntos aos meus, em um beijo calmo, enquanto minha mão direita bagunçava os cabelos de sua nuca. Minha mão esquerda subia e descia por suas costas. Suas mãos apertavam minha cintura vez ou outra, fazendo-me suspirar contra seus lábios.

— Devo aplaudir? – a voz de Peeta soou irritada.

Parei o beijo, mordendo o lábio inferior de Gale, puxando-o entre os dentes, e soltando em seguida.

— E depois de quase um mês sem ouvir comentários estúpidos... – rebati, andando até a cafeteira.

Sim. Nós estávamos nos agarrando na cozinha da delegacia. Não. Eu não sabia desde quando Peeta estava vendo. Mas não era de todo mal jogar na cara dele meu relacionamento que ia bem, obrigada.

Gale me abraçou por trás, beijando a curva do meu pescoço, fazendo com que eu me encolhesse levemente por culpa dos arrepios.

— Para. – pedi, soltando uma risadinha.

— É. Para. – Peeta disse me imitando.

Respirei fundo, tentando me controlar. Senti os braços de Gale me apertarem, antes de me soltar. Isso era ele me pedindo para manter a calma.

— Pegue seu café, princesa. – ele disse. – Estarei na sua sala. – Gale avisou antes de sair.

— Katniss. Eu comprei uma cadelinha. – Peeta disse.

Logo me veio em mente o porquê do comentário.

Princesa.

— Não sabia que você gastava dinheiro com isso. – rebati, enchendo meu copo de papelão.

— Por que não gastaria? – perguntou. – É uma graça. Quer saber o nome?

— Delly, presumo eu. – disse ácida, virando-me pra passar. – E a propósito, por que decidiu dirigir a palavra a mim hoje? Delly deixou? – questionei.

— Eu tento respeitar a sua vontade de não nos falarmos, mas te ver aos amassos com o Gale é demais pra mim. – respondeu. – Sinto vontade de atirar nele.

— Que pena que eu não me importo se você gosta ou não do que vê. – retruquei passando por ele rapidamente. – E a propósito, controle seu ciúme. – falei, referindo-me ao seu último comentário

Minha cabeça, de repente, ficou estranha, fazendo-me parar para apoiar na parede.

— Você está bem? – Peeta perguntou.

Eu me sentia ligeiramente tonta com as lembranças que invadiam minha mente, mas decidi voltar a andar, deixando-o para trás.

 

~||~

 

— Claramente ele estava olhando pra você, Katniss! – Peeta exclamou com o rosto vermelho, enquanto gesticulava com as mãos.

— Impressão sua querido. – peguei meu celular para enxergar meu reflexo nele, aproveitando para ajeitar meus cabelos.

— Impressão minha? – ele riu sem humor nenhum, o que me fez erguer o olhar em sua direção. – Ele estava te secando, Katniss. E você não pareceu se importar.

— Matt estava sendo simpático. – falei tranquilamente, guardando o aparelho em minha bolsa de mão. – E você precisa se acalmar. Você fazer um barraco no jardim dos pais de Finnick em plena festa de bodas de porcelana, não será muito gentil.

Peeta continuou a me encarar com os olhos semicerrados. Pela sua expressão, eu não me surpreenderia se ele estivesse bufando.

O fato é que Peeta sempre foi mais ciumento. Apesar da minha insegurança, ele quem tinha seus momentos explosivos quando se tratava de outro cara me olhando.

— Eu vou atirar nele. – falou baixo, enquanto eu me aproximava.

— Não vai não, amorzinho. – sussurrei segurando seus ombros. – Você não pode resolver tudo com sua arma. – disse dando um sorriso. – Você é quem eu amo. O resto não importa.

Ele respirou fundo algumas vezes, finalmente focando seus olhos nos meus.

— Tudo bem. – Peeta disse por fim soltando o ar de uma vez. – Eu não vou atirar nele. Mas... – ele passou as mãos por seus cabelos. – Só de imaginar certas coisas, eu fico completamente louco.

— Tipo o que, querido? – questionei franzindo as sobrancelhas.

— Você com outro cara. – seu maxilar ficou rígido. – Eu não suportaria. Eu...

— Mantenha a calma. – o interrompi, sorrindo gentilmente, enquanto subia as mãos até sua nuca. – Eu sou sua, lembra? – questionei aproximando meus lábios do seu nariz. Beijei a ponta, fazendo-o relaxar e dar um pequeno sorriso. – Não precisa se preocupar com isso. E você não tem que atirar em ninguém só porque está com ciúme. Sua arma não foi feita pra isso, Peeta. – o lembrei.

Ele afirmou lentamente com a cabeça, enquanto segurava minha cintura.

— Desculpa. Eu não atiraria em alguém de verdade por isso. – Peeta encostou a testa na minha. – A não ser que me tirasse muito do sério. – declarou.

— Para, seu bobo. – sorri para ele.

— Só quero cuidar do que é meu. – falou baixo parando os olhos em minha boca.

— Então cuide, mas sem matar ninguém, por favor. – ri baixo, ao sentir seus lábios encostarem nos meus.

 

~||~

 

— Sem condições, Odair. – disse ao celular.

Desculpa, Katniss. Mas é preciso. — respondeu. – Tente não mata-lo, por favor.

Bufei desligando o celular, e guardando-o no bolso.

— Eu disse que ele havia me mandado pra cá. – Peeta disse.

— Tanto faz. Apenas não me atrapalhe. – respondi mal humorada.

— Seu desejo é uma ordem, senhorita. – rebateu, adentrando o pequeno bosque antes de mim. – O que temos por aqui?

— Encontraram uma mochila com drogas e uma arma, próximo ao lago. – respondi.

Andamos em silêncio por alguns minutos, até que alguém começou a amassar alguns galhos logo atrás, como se nos seguisse.

Eu olhei de esguelho pra Peeta, que fizera o mesmo para mim. Ambos sacamos as armas tão depressa, que surpreendemos o homem ao virarmos juntos apontando nossas 9mm.

— Mãos pra cima. – ordenei.

Ele obedeceu.

— Por que está nos seguindo? – questionei.

Não obtive resposta.

O celular de Peeta tocou, deixando-o distraído. O toque pareceu realmente chamar sua atenção, pois sem nenhum profissionalismo, ele abaixou a arma para pegar o celular no bolso.

Franzi o cenho, voltando minha atenção para o homem, que parecia estar mais perto do que antes. Talvez fosse coisa da minha mente.

— Oi, Delly. – Peeta disse ao atender.

O nome fez o amargor tomar conta da minha boca, causando-me um forte enjoo.

Na maioria das vezes era o que esse nome me causava. Dor de estomago.

— Tá de brincadeira comigo. – disse baixo, olhando Peeta.

O que aconteceu em seguida, foi rápido demais para eu assimilar. O homem veio em minha direção, e com seu próprio corpo me jogou no chão. Claramente ele não esperou nada para sair correndo e se enfiar no meio das arvores.

— Não dá pra falar agora. – Peeta falou apressado, guardando o celular.

Minha cabeça doía, dando-me náuseas. Sentei no chão, respirando algumas vezes de maneira lenta, até meu coração se acalmar.

— Você está bem? – Peeta perguntou agachando ao meu lado.

A raiva tomou conta do meu peito.

Levantei-me sozinha, recusando a ajuda que ele oferecera em seguida.

— Katniss. Você se machucou? – questionou novamente, estendendo as mãos para me tocar, mas eu as barrei com as minhas.

— Vá se ferrar você e sua falsa preocupação. – falei entre dentes, sentindo meus olhos arderem. – Se você não estivesse aqui, eu saberia agir sozinha.

— Não foi o que pareceu. – rebateu franzindo a testa.

— Claro que não foi, imbecil. Você me distraiu enquanto baixava a guarda pra um suspeito, e atendia sua namoradinha. – falei com raiva, limpando minha calça com as mãos.

— Eu não... – ele começou a frase hesitante.

— Cala a boca. – abaixei para pegar a minha arma que estava no chão. – Eu não sei como você consegue, mas acho que nunca odiei tanto alguém, como odeio você.

— Você não me odeia, Kat. – Peeta se aproximou de mim.

— Odeio. – prendi a arma em minha cintura. – Odeio demais. – passei uma mão na outra, tentando limpa-las.

Ele não disse mais nada. Apenas segurou minha cintura com força, colando meu corpo no seu. Resfoleguei surpresa, parando os olhos nos dele.

— Repita. Diga que me odeia. – pediu, curvando-se em minha direção.

Eu fiquei imóvel, perdida nos olhos azuis do meu ex marido. Seus lábios roçaram nos meus, fazendo-me fechar os olhos, e amolecer em suas mãos.

O mesmo toque começou novamente em seu bolso, fazendo-me despertar. Abri os olhos rapidamente, como se tivesse levado um choque forte. Peeta pareceu confuso, quando afastei nossos lábios de supetão. Senti a raiva voltar, e se instalar novamente em meu peito, dando-me vontade de chorar e gritar ao mesmo tempo. Meu nariz ardia, assim como meus olhos. Antes que ele tentasse agir novamente, livrei-me de suas mãos, e o empurrei com força, fazendo-o cair.

Saquei minha arma, e a apontei para Peeta, que já estava pronto para levantar. Ao ouvir o gatilho, ele pareceu surpreso quando me olhou.

— Katniss. Cuidado com isso. – Peeta permaneceu imóvel.

— Cala a boca. – ordenei. – Eu prometi várias vezes que atiraria em você, e hoje estou vendo que tudo o que aconteceu nos últimos meses, talvez tenha sido por eu não ter cumprido a promessa.

— Katniss, você não pode atirar em mim. – Peeta se desesperou.

— Eu mandei você calar a boca! – gritei, atirando entre suas pernas, que estavam levemente afastadas.

Ele pareceu relaxar quando notou que não estava machucado. Eu havia acertado o chão, porém podia jurar que sua calça havia rasgado levemente.

Abaixei a arma, estreitando os olhos em sua direção.

Ainda estava com raiva. Um tiro não tinha sido o suficiente.

Peeta se levantou devagar, ainda com os olhos em mim.

— Pelo menos você tem boa mira. – sua voz saiu baixa, enquanto ele limpava sua calça.

— Eu errei. – falei entre dentes, mirando em seu pé direito. – Mas esse eu não erro. – o tiro saiu, fazendo-o ficar vermelho instantaneamente, como se segurasse certos xingamentos e gritos. – Promessa é dívida, meu bem. – disse colocando a arma na cintura novamente, e caminhando para fora do bosque.

E então a lembrança que tive mais cedo veio em minha cabeça, me fazendo ver que acabara de agir exatamente como Peeta agia. A diferença é que eu havia atirado nele por sentir ciúme, e não nela.

Afinal de contas, Peeta tinha mais culpa nisso do que Delly.

Porém, pensando bem, talvez eu atirasse nela se tivesse a oportunidade.


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Notas finais do capítulo

Obrigada pelo carinho e pelos reviews amores *-*
AAAAH! Em paralelo com Heartbeat, estou postando uma shortfic Peetniss.
Quem tiver curiosidade, já postei o primeiro capítulo ♥
https://fanfiction.com.br/historia/707585/The_Patient_193/



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