Heartbeat escrita por nsbenzo


Capítulo 10
The Kiss




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Quase um mês havia se passado desde a não conversa entre mim e Peeta na cozinha dos Odair.

Depois daquilo, tudo pareceu mais intenso. Ele me olhava com mais firmeza, e não desviava seus olhos quando eu fazia cara feia, o que me deixava, muita das vezes, completamente sem graça. Peeta puxava assuntos corriqueiros, o que sem querer eu passei a responder, mesmo que fosse curta e grossa.

Nesse meio tempo, nossa pequena Daisy havia nascido, e com o passar dos dias, eu podia ver que estava completamente certa. Ela tinha os olhos e as bochechas de Finnick, porém tinha a mesma boca e as sardas, mesmo que quase imperceptíveis, de Annie, o que me fazia crer que ela seria muito ruiva como minha amiga.

Era natal, e estávamos juntos novamente, porém Peeta era o anfitrião da vez, o que causou a minha primeira briga com Gale, que havia ficado muito irritado por eu ter aceitado o convite.

O fato de meus pais terem morrido cedo, tornava meus amigos a única família que eu tinha. Sendo assim era ilógico negar, já que Gale viajaria para visitar os pais, e me deixaria sozinha em casa, enquanto meus amigos estariam na casa do Mellark.

— Mas que droga. – murmurei, tirando o celular do ouvido e jogando-o no sofá de Peeta.

— Qual é o problema? – Peeta perguntou, se aproximando.

— Gale não me atende. – soltei.

Suspirei derrotada, sentando-me no braço do sofá.

— Por quê? – perguntou.

— Brigamos. – respondi.

— Isso é ruim. – comentou, passando a mão direita por seus cabelos que estavam grandes como antes. – É por você estar aqui? – indagou, colocando as mãos no bolso do seu casaco.

— Sim. – escorreguei pelo couro do sofá, até cair sentada no mesmo, alcançando meu celular.

— Sério que vocês tiveram a primeira briga? – Annie se meteu, vindo do quarto de Peeta, com Daisy no colo.

— Sério. – respondi, olhando o visor do aparelho que estava aceso e sem notificação alguma. – Nem para me dar notícias, dizendo que chegou bem ele ligou. – fechei os olhos.

— Não se preocupe com isso, Kat. Logo ele se arrepende e liga pra você. – Madge disse, se jogando ao meu lado. – É o Gale, esqueceu? Ele jamais brigaria de verdade por uma bobeira.

Abri os olhos para encarar minha amiga que defendia Gale com uma facilidade absurda.

— Conhecemos o Gale sendo um ótimo amigo. Agora ele está sendo o namorado ciumento. – esclareci.

— Ele está com ciúmes? – Finnick perguntou vindo do banheiro e entregando a chupeta de Daisy, que havia caído no chão, para Annie.

— Isso não vem ao caso agora. – decidi encerrar o assunto. – Estou com fome. – declarei levantando-me.

 

~||~

 

— Desculpa não ter nada mais confortável para você dormir. – Peeta disse a mim, enquanto eu me encolhia em seu sofá, cobrindo-me com o cobertor que ele havia pegado.

A neve havia caído pesadamente. Madge tinha sido a única a ir embora antes que a nevasca nos prendesse.

Annie e Finnick dormiam na cama de casal de Peeta, com Daisy no meio, enquanto eu dormiria no sofá mais largo, e Peeta deitara no tapete ao meu lado.

— Tudo bem. – respondi vagamente, encarando a lareira que ele havia acendido para nos aquecer.

— Gale não falou com você? – perguntou.

— Não. – respondi.

Ficamos em silêncio por alguns minutos, até que minha maldita boca se abriu.

— Posso fazer uma pergunta? – disse ainda encarando a lareira.

— Claro. – pude ouvi-lo se mexer no chão, mas continuei a não encara-lo.

— Você me traiu por causa dos exames? – soltei a pergunta.

Dita em voz alta, pareceu o maior erro da minha vida. Meu corpo pareceu congelar, e não era por culpa da neve lá fora.

— Não. – respondeu prontamente. – Eu não te traí. Aquelas fotos não eram reais.

— Pareciam reais. – pisquei algumas vezes, virando-me de lado para olha-lo.

Ele estava imóvel, com seus braços pra fora do cobertor cruzados sobre o peito. Seus olhos estavam encarando o teto branco da sala.

— Não eram. Eu não neguei, porque não pude. – disse parecendo estar em modo automático. – Agora posso negar, mas ainda não posso explicar. – Peeta virou a cabeça em minha direção. – O ponto é que eu jamais trairia você. Muito menos por causa do pequeno problema que surgiu. – ele respirou fundo, descruzando os braços e os colocando embaixo da cabeça como apoio. – Eu sempre amei você, Katniss. E ainda amo. – ele voltou a encarar o teto. – Mas não posso cobrar nada de você. Não haveria forma de acreditar em mim agora.

Respirei devagar, voltando a deitar de barriga para cima. Encarei o teto também, enquanto minha cabeça permitia que suas palavras entrassem, causando-me uma grande dúvida.

— E por que você precisaria fingir que me traiu? – foi a única frase que consegui formular minutos depois.

— Porque eu queria proteger você.

— Me proteger de quê? – questionei confusa, voltando a olha-lo.

Peeta virou a cabeça no mesmo instante, olhando-me também.

— Um dia poderei te explicar tudo, Kat. E até mesmo provar que eu jamais te trocaria por outra mulher. Mas agora é melhor dormirmos. – ele fechou os olhos. – Tenha uma boa noite, meu anjo. – Peeta sussurrou, ficando de costas para mim.

 

~||~

 

Logo pela manhã Finnick e Annie conseguiram finalmente sair do apartamento, indo em busca do nosso café da manhã e me deixando com Daisy, que estava completamente silenciosa sobre a cama de casal, enquanto Peeta ainda dormia na sala.

A bebê Odair tinha os olhos curiosos para mim, já que eu estava deitada de lado, passando o indicador sobre sua barriga gorduchinha. Acabei abrindo um sorriso bobo, quando Daisy deu seu primeiro sorriso pra mim.

— Você é uma coisa linda mesmo, não é? – brinquei aproximando-me para beijar sua testa.

Eu estava completamente babando na minha afilhada. Não havia como negar.

— Mais lindo é ver você com ela. – a voz de Peeta me causou um certo arrepio na espinha.

Coloquei-me em pé, ficando de frente para ele.

— Por que levantou? – perguntou andando em minha direção.

— Porque não me senti confortável com você me observando. – respondi, cruzando os braços. – Você não estava dormindo? – perguntei.

— Acordei quando Daisy chorou há uns vinte minutos. – disse parando a minha frente. – Vi você troca-la. E vi você conversar com ela, enquanto fazia isso. – Peeta abriu um sorriso.

O que eu havia conversado com Daisy?

— Quanta sujeira. Entendi porque seu pai foge das fraldas. – reclamei com a baixinha que estava completamente parada me observando.

Consegui limpa-la com maestria e rapidez. Embrulhei a fralda suja, e comecei a colocar a nova.

— Será que você consegue entender o que digo? Você chutava a barriga da sua mãe quando um de nós falava. – franzi o cenho curiosa, observando suas bochechas rosadas. – Então você deve saber que sou a tia Katniss não é? Deve conhecer a voz do tio Peeta também. – suspirei ao dizer seu nome. – Seu tio Peeta está me deixando mais louca do que me deixou antes. – Daisy tentava colocar a mão na boca, enquanto eu colava a fita da fralda descartável. – E o que mais me deixa maluca com ele, é por conseguir me deixar na dúvida. – coloquei sua roupa novamente. – Por culpa dessas duvidas, as vezes até esqueço que devia odiá-lo. – soltei o ar devagar. Fiquei em silêncio por alguns segundos, caindo na real de que eu falava com um bebê. – Por mais estranho que seja, foi bom conversar com você, pequena Odair. – sorri para ela, pegando a fralda suja. – Não se mexa. Eu só vou me livrar disso. – disse caminhando até o banheiro do quarto.”

 

A cena veio toda em minha mente, fazendo-me corar violentamente, coisa que eu não fazia há muito tempo.

— Então você tem esquecido o quanto me odeia? – Peeta perguntou sorrindo.

— Isso não significa nada. – retruquei.

— Desculpa, Kat, mas preciso comprovar. – ele disse alcançando minha nuca com a mão direita, puxando-me pra mais perto.

— O que você pensa que está fazendo? – perguntei sem me mexer.

Peeta não me respondeu. Apenas colou sua boca na minha, me fazendo ficar completamente imóvel. Sua outra mão segurou minha cintura. Sua língua resvalou por entre meus lábios, me fazendo amolecer e retribuir prontamente seu beijo. Descruzei meus braços para apoiar as mãos em seus ombros.

Ainda tínhamos a mesma sincronia. Beija-lo era como se nada tivesse mudado. Era como se voltássemos há um dos nossos natais juntos, quando eu levantava da cama, e o encontrava no corredor com meu presente, que ele havia escondido, e não tinha ideia de que eu já havia encontrado e colocado de volta no lugar.

Senti suas mãos acariciar minhas costas. Minhas mãos já haviam alcançado os cabelos de sua nuca, permitindo-me bagunça-los, como eu sempre gostei de fazer.

Como eu senti falta de tê-lo assim.

Peeta havia me abraçado pela cintura, mantendo nossos corpos colados, enquanto o ar de meus pulmões se esvaiam. Eu juro que não me importava de morrer assim. Beijando o homem que eu amei e ainda amava.

A porta do apartamento bateu, fazendo-me acordar para a realidade.

Eu o amava, mas as circunstâncias eram complicadas.

Como acreditar nele agora, se nem uma boa explicação ele podia dar para tudo o que havia acontecido conosco?

Eu encerrei o beijo, completamente ofegante, e me afastei quando percebi que Peeta já havia me soltado.

— Não faça mais isso. – quase implorei em um sussurro, tentando retomar o ar. – Nunca mais. – peguei Daisy no colo.

— Ao menos sei que você não me odeia. – ele respirou fundo, passando a mão direita em seus cabelos que já estavam bagunçados por minha culpa.

— Como eu disse... Isso não significa nada. – rebati, saindo de seu quarto.


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Notas finais do capítulo

Amores ♥
Agradeço pelo carinho.
Espero que o capítulo agrade vocês.
Recomendem para os amiguinhos *-*
Beijos



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