A Filha do Coringa: a Origem escrita por Apenas mais alguém qualquer


Capítulo 7
Jason


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem do Jason... :)



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Depois de me familiarizar com o lugar, decidi então, finalmente pegar um livro e lê-lo. Na verdade peguei alguns dos meus favoritos e sentei em uma mesa grande no 2º andar. Dentre os livros, estavam Hamlet, Grandes Esperanças, Os Miseráveis, O Grande Gatsby e Um Conto de Duas Cidades. Hoje eu estava com vontade de ler clássicos uma, mas eu também gostava de livros mais recentes, tipo Young Adult.

A mesa que eu estava era meio isolada, o que era o lugar perfeito, pois gostava de me isolar para realmente “entrar de cabeça” nos livros e me perder. E claro que eu não ia ler todos os livros inteiros de uma vez só, eu tinha um grande prazer em folhear as páginas até encontrar minhas partes preferidas e então eu as lia. E foi isso o que eu fiz durante algumas horas.

Depois de terminar com os livros, decidi guardá-los. Fiz uma pilha grande com eles e desajeitadamente os carreguei até suas respectivas estantes. Não estava conseguindo ver meu caminho direito, e sortuda do jeito que eu sou, esbarrei com alguém.

Sobressaltada, soltei um gritinho em um volume bem baixo, enquanto todos os meus livros caíam no chão.

— Ah!

Abaixei-me imediatamente para pegá-los e o cara com quem esbarrei também foi me ajudar. Juntamos eles em duas pilhas.

— Desculpe – eu disse, meio sem jeito. Minha voz falhou.

— Não tem problema. Foi minha culpa, eu não estava olhando para onde estava indo.

E foi aí, que nossos olhares se cruzaram.

Não conseguia pensar em nada.

Ele também paralisou, olhando bem no fundo de meus olhos. Parecia que viu alguma coisa que merecia sua atenção.

Mas os seus olhos... eram olhos tão lindos, o tom de verde era tão intenso. O rosto angular também não era nada mau... Na verdade, nada dele era ruim. Meu coração disparou. Nunca falava com caras bonitos, na verdade eu nem sabia o que fazer quando me interessava por um cara. Curiosamente, eu sempre acabava estragando tudo.

— Seus... seus olhos... – o garoto gaguejou, ainda encarando meus olhos com toda a atenção do mundo. – Eles são de duas cores diferentes.

Fiquei ligeiramente constrangida. Desviei meu olhar rapidamente e coloquei uma mecha rebelde do meu cabelo atrás de minha orelha. As pessoas sempre reparavam em meus olhos. Não sei se achavam que eu era uma aberração da natureza ou uma perfeição. Outras juravam que eram lentes.

— É, eu tenho heterocromia. É... é uma coisa meio rara – ele não parava de me encarar, então corei intensamente, desviando meu olhar para o chão.

O estranho apenas balançou a cabeça levemente e depois a chacoalhou com mais força, se livrando de um devaneio.

— Bom – ele quebrou o silêncio depois de alguns milésimos de segundos, examinando um dos livros – clássicos, hein?

Demorou alguns instantes para eu perceber que ele estava falando dos livros. Chacoalhei minha cabeça, me livrando dos devaneios. Devia estar parecendo uma retardada.

— Ah, é... tenho a alma de uma pessoa velha.

Ele sorriu.

Era um sorriso muito lindo.

— Também gosto de Hamlet, - ele apontou para a versão que estava na pilha de livros que ele fez – minha mãe lia para mim antes de dormir quando era pequeno.

Era uma cena curiosa para quem estava observando, dois jovens ajoelhados no chão: a garota envergonhada e o garoto que parecia um deus de tão bonito.

— Bom, eu li ele sozinha quando tinha 10 anos de idade, nunca superei o trauma de tantas mortes em um livro.

Nós dois rimos.

— Não é engraçado – tentei contestar, rindo, sem sucesso. – Como eu não entendia muito a linguagem do livro, e alguns personagens morriam de repente, eu também fiquei com medo dos meus pais e eu morrermos de repente.

— Desculpa, é engraçado – ele disse levantando, e ofereceu a mão para me ajudar a levantar também.

— Obrigada – agradeci, seu aperto em minha mão era firme e ao mesmo tempo delicado.

Ele também pegou uma das duas pilhas e a colocou em meu colo - agora eu podia enxergar melhor – e a outra ficou no colo dele.

— Vem, eu te ajudo a guardar – ele chamou e eu fui atrás dele.

Logo ao terminar de guardar os livros, ele deu uma boa olhada em mim. E eu também dei uma olhada nele, e só então, que eu fui perceber que havia algo de sombrio em seu olhar, sua testa era meio franzida e era perceptível que ele carregava uma carranca em sua face a maior parte do tempo. Parecia que ele tinha passado por muita coisa.

— Então, qual é o nome da garota que é traumatizada por Shakespeare? – pelo visto ele gostava de zombar das pessoas.

Revirei os olhos e respondi:

— Cecily Ainsley, mas pode me chamar de Cecy. E você?

— Jason Todd – ele estendeu a mão para eu apertá-la e o fiz. – Prazer em conhecê-la, Cecy.

Seus lábios se demoraram quando disseram meu nome, como se estivessem experimentando-o. E pelo visto gostaram.

— Prazer em conhecê-lo, Jason – agradeci, automaticamente. Eu podia parecer serena por fora, mas por dentro todos os meus alarmes soaram. Não era todo dia que eu conhecia e falava com meninos. Meninos bonitos.

Jason sorriu e então se concentrou.

— Ei, conheço o sobrenome Ainsley de algum lugar... – ele estava pensativo

— Meus pais são psiquiatras...

— Ah! – ele me cortou e eu levei um pequeno susto, o qual tentei disfarçar. - Um Ainsley foi responsável por cuidar do Coringa no Asilo Arkham... Edward, não é?

— Elliot – corrigi. - E só uma pergunta: todo mundo conhece o nome da minha família? Porque você é a segunda pessoa hoje que reconheceu o Ainsley.

— Não, acho que nem todo mundo conhece. E eu apenas reconheci, porque meu pai já falou de seu pai alguma vez.

— Ah, tudo bem então. Melhor – disse um pouco aliviada. – Acabamos de mudar para cá novamente e eu não quero ser o centro das atenções.

— Por quê não? – ele perguntou, sexy, encostando o ombro na estante de livros e cruzando os braços.

Sua boca exibia um sorriso torto.

— Sou tímida – eu respondi tímida, desviando meu olhar para o chão.

Ele continuava me encarando intensamente.

— Sério mesmo? Nem dá para perceber – ele ergueu as sobrancelhas, irônico.

— E quanto à você? – disse me aproximando mais dele e semicerrando os olhos. – O que esconde por trás desse rosto sombrio?

Ele entortou a cabeça, tipo o gesto que um cachorro faz, só que ligeiramente, e percebi que ele se interessou pelas palavras que saíram de minha boca, como se estivesse surpreso. Os seus olhos também examinaram meu rosto mais atentamente depois de piscarem uma vez, em confusão.

Jason aproximou ainda mais seu rosto ao meu e sussurrou:

— Talvez o mesmo que você.

Dessa vez ele que me atingiu.

Dei um passo para trás, um pouco espantada. Que intenso, pensei, será que eu sou tão transparente assim?

Será que ele me enxergava?

Continuávamos analisando um ao outro com os olhos, até que ouvi um barulho vindo do estômago dele. Nossos olhares se cruzaram novamente, mas agora nós dois estávamos sorrindo, e logo começamos a rir.

— Parece que você está com fome – observei.

— Ah, é mesmo? Não tinha percebido.

— Que bom que eu te avisei, então – além de ser sombrio, ele era bastante irônico. Acho que ele utilizava a ironia como forma de esconder o que quer que ele estivesse reprimindo.

— E quanto à você? – ele perguntou, descarado.

— Eu?

— Está com fome? Porque nós podíamos comer algo juntos e se não quiser comer eu como a sua parte.

— Eu não entendi, isso é um convite ou uma intimação? – brinquei e ergui as sobrancelhas.

— É uma intimação – ele respondeu, e então pegou meu cotovelo e me guiou até a saída da biblioteca.

Uma onda de rebeldia afogou todo o meu bom senso naqueles instantes.


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Notas finais do capítulo

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