Demora.

Era disso que eu e minha irmã estávamos falando.

Bridgitte me fez contar tudo que aconteceu comigo e com Adrien no shopping e depois que eu contei nós ficamos conversando trivialidades até que percebemos a demora dos nossos acompanhantes e começamos a reclamar.

—Isso está demorando demais! Vamos descobrir o que está acontecendo com aqueles dois!- Bridgitte me puxou pela mão e fomos procurar os irmãos Agreste.

Nós encontramos eles segurando as bandejas com os nossos lanches e conversando. Bridgitte queria ir lá e perguntar como eles tinham coragem de deixar duas damas esperando, mas eu fui mais rápida e puxei ela para um canto pra conseguir escutar o que eles estavam falando.

— Serio Felix, você faz essa palhaçada toda de carregar a garota pelo shopping ate aqui e paga esse lanche pra ela só pra poder beijar ela sem que ela conte pros nossos pais e dê merda pro teu lado e ainda tem coragem de falar que não ama ela?- Adrien parecia incrédulo.

— Eu já falei pra ela, falei pra você e pro resto do mundo todo: Eu não amo ela! Mais que porra!- Felix disse irritado.

— Tá, fala pra todo mundo, mas você consegue falar isso pra si mesmo? Consegue se convencer de que não ama ela? Eu duvido muuuuito.- Adrien sorria de canto.

— Eu não vou discutir uma coisa dessas com um pirralho estupido que não consegue nem se apaixonar!- Felix rebateu.

— Não muda de assunto!- Adrien ficou serio.

— Quer saber? Quer saber mesmo?- Felix falou nervoso.

— Quero!- Adrien falou.

— Eu não amo, não amei e nunca vou amar a Bridgitte! Eu nunca vou amar ninguém!- Felix berrou o que chamaria a atenção das pessoas se não estivéssemos meio afastados- Ouviu bem Bridgitte?- perguntou serio indo até o lugar onde estávamos escondidas, como se ele já soubesse que estávamos ali o tempo todo.

— Ouvi...- ela falou cabisbaixa- Eu ouvi sim, mas não é como se eu fosse acreditar!- ela o encarou séria.

—Pois trate de acreditar!- Ele exclamou.

—Eu não vou acreditar, por que não é verdade!- Ela estava tão irritada que seu rosto já começava a ficar vermelho.

— Sim, é verdade! E você não tem como dizer o contrario por que não pode provar!- Ele também estava ficando vermelho.

—Eu posso provar!- Ela o contrariou.

—Então prove!- Felix falou.

Bridgitte tomou a bandeja das mãos de Felix e me entregou ela. Ela puxou o rosto do loiro e o beijou. Felix  abraçou ela pela cintura depois que ela passou os braços ao redor do pescoço dele. Bastante tempo depois ela se soltou dele ainda séria.

—Pronto. Está comprovado. Você me beijou de volta então me ama. Agora nós dois vamos ter essa merda de jantar romântico e você não vai falar uma palavra sequer ate chegarmos na sua casa!- Ela falou firme.

—Mas eu não te- Felix tentou falar, mas parou quando Bridgitte o fuzilou com o olhar. Minha irmã estava terrivelmente assustadora.

Bridgitte veio na minha direção e eu já estava com medo do que ela poderia fazer, mas para o meu alivio ela só pegou a bandeja e suavizou o olhar.

— Tenham um bom encontro. E juízo tá?- Ela piscou pra mim e foi de volta a ate Felix seria- Vamos!

E os dois foram andando em silencio ate uma mesa qualquer que estava longe dos outros e ali ficaram.

—Ok, isso foi bem estranho...- Falou Adrien que estava do meu lado e eu dei um pulo de susto por causa da surpresa, o que fez ele rir- Quer dizer, não a parte da Bridg brigando com o Felix, isso acontece com tanta frequência lá em casa que já virou rotina, eu quis dizer essa coisa de encontro. Ela não acha que nós dois...

— A minha irmã é maluca! –Falei antes de ele terminar de falar- Acho que você já sabe que não precisa levar a serio tudo que ela diz né?

—É- Ele falou começando a caminhar em direção a uma mesa- Me desculpe por te deixar esperando, eu acabei encontrando o Felix e nós começamos a conversar e... Deu naquela maluquice toda- Ele riu meio sem graça.

—Não se preocupa com isso.- Sorri- Então, você acha que eles vão se resolver até o final do dia?- Perguntei comendo meu hambúrguer que já estava meio morno.

—Certeza- Ele roubou uma das minhas batatas fritas- No final do dia eles já estão se agarrando novamente e tudo volta ao normal... Se é que essa relação deles pode ser chamada de normal.

Eu ri e ele me olhou com a cabeça apoiada em uma mão e um sorrisinho de canto.

—O que foi?- Perguntei.

Ele se aproximou do meu rosto e beijou minha bochecha.

—Estava suja de ketchup. E eu amo ketchup, não consegui me conter- Ele falou depois que se afastou de mim. Meu rosto ficou todo vermelho- Opa, parece que o seu rosto se transformou em ketchup.- ele riu. Eu fiquei mais vermelha ainda. Minha cara estava tão quente que eu provavelmente poderia esquentar o hambúrguer nela. Adrien viu que eu fiquei sem graça.- Ok, desculpa. Sem mais brincadeiras tá?

—N-n-não... é... hum... eh...ah...- Eu não consegui nem formar uma frase, só fiquei fazendo uns barulhos meio esquisitos.

Adrien riu.

—De-desculpa, eu não consigo evitar as risadas, é que você é tão fofa...- Ele falou meio rindo ainda.

 -O-obrigada... Eu acho que foi um elogio- Eu falei meio confusa.

—Foi sim- Ele sorriu e passou a mão na minha bochecha- Oh, o ketchup saiu... Que pena.- Eu não pude falar nada por que o celular dele tocou antes que eu pudesse falar- Ih, tenho que atender... Me dá um minutinho?- Adrien falou e eu só assenti.- Alô? Ah, oi cara! Eu tenho que ir agora mesmo? É que eu tô meio ocupado... Tá bom, tá bom... Vou ir então... Tá tchau.

—Quem era?- Perguntei e depois bebi um pouco do refrigerante.

—Nino. Eu tinha combinado com ele de ir lá na casa dele e tals... Desculpa, vou ter que te deixar sozinha agora.- Ele falou sem graça.

—Ah, não sem problemas! Pode ir!- Eu sorri.

—Então eu vou indo...- Ele olhou para o meu refrigerante- Será que eu posso levar? Vou ir a pé então acho que vou ficar com sede no caminho.

—Claro. Então tchau.- Eu entreguei o copo pra ele que me devolveu o sorriso e acenou.

Depois de terminar de comer tudo bem rápido eu sai correndo e chamei um taxi o mais rápido que pude. Eu precisava ir pra casa do Nino antes do Adrien chegar. Se eu estou começando a ficar maluca? Claro que não! Só um pouco... Apaixonada demais. E no final acho que maluquice e paixão dá no mesmo. Eu paguei o taxista assim que chegamos e bati na porta da casa do Nino torcendo pra que o Adrien não tivesse chegado. Nino apareceu na porta.

—Oi Marine- Ele meu cumprimentou, mas e não estava com tempo pra formalidades.

—Adrien chegou?- Perguntei depressa.

—Não, mas como você- Ele estava falando, mas eu interrompi de novo.

—Não importa! Posso entrar?- Eu disse olhando para os lados com medo de Adrien aparecer e me ver.

—Entraí- Ele saiu da frente da porta e depois que eu entrei ele fechou-O que cê quer Mari?

—Um favor- Eu disse e ele só fez um gesto do tipo “prossiga”- Eu quero ficar escondida aqui e ouvir a sua conversa com o Adrien. Nada demais.

—Tá falando serio?- Ele me olhou como se eu estivesse brincando.

—É claro que estou! Eu quero ouvir se ele vai falar alguma coisa sobre mim!- Eu expliquei.

—Eu posso te dizer se ele falou alguma coisa de você. – Nino me sugeriu.

—Mas eu quero ouvir ele falando!- Eu choraminguei.

—Tá bom, tá bom. Nossa você está ficando obsessiva pelo Adrien, credo- Ele falou andando pra algum lugar.- Olha, eu tenho 99,9% de certeza que se eu não te deixar se esconder aqui e você falar pra Alya ela vai me matar então... Pra debaixo da cama.

—Obrigada!- Eu sorri e ouvi um “toc toc”- Acho que é o Adrien vai lá atender.

—Você é bem estranha Marinette. Quase tão estranha quanto a Alya- Ele saiu pra atender o Adrien e eu fui pra debaixo da cama.

Pouco tempo depois eu ouvi passos e vozes. Adrien estava contando pra Nino que estava no shopping e que por acaso ele me encontrou lá. Nino provavelmente entendeu como eu sabia que Adrien estaria ali. Adrien e Nino do nada começaram a falar sobre coisas irrelevantes pra mim e eu fiquei meio entediada. Ate que eu ouvi uma pergunta que me chamou a atenção.

—Mas e aí cara, você passou o dia todo com a Marinette né? Será que não tem chance de você finalmente arranjar uma namorada não hein?- Nino perguntou para o amigo.

—Deixa de ser apressado cara! Eu conheci a menina outro dia!- Adrien riu.

—Ah, mas cê conhece umas mina a vida toda e não gosta delas... Se cê continuar com esse lance de ficar esperando o tempo passar vai morrer sem pegar ninguém!- Nino brincou.

—Ah, eu sei lá... A Marinette é bonita, engraçada, fofa e tudo que há de bom... Mas não seria meio estranho eu começar a gostar de alguém que eu conheço á tão pouco tempo?- Adrien falou e o meu rosto pegou fogo. Ele me acha “tudo que há de bom”! Eu acho que vou desmaiar aqui em baixo dessa cama...

—É. Seria beeem estranho- Nino falou sarcasticamente e eu entendi que era uma indireta pra mim. Só revirei os olhos.

—Mas eu não sei... Essa menina despertou uma coisa meio esquisita em mim. –Adrien falou parecendo meio pensativo.

—Uma coisa esquisita tipo?- Nino perguntou.

—Tipo sei lá... É bem isso que eu tô sentindo mesmo... Sei lá- Adrien riu.

—Cê parece uma menina cara. Todo cheio de coisas estranhas que ninguém entende- Nino provocou.

Adrien xingou ele e depois eles começaram a se xingar de brincadeira. Eu revirei os olhos. Eles novamente começaram a falar de assuntos desinteressantes pra mim.

—Cê tem o número dela?- Perguntou Adrien do nada.

—Ela quem meu filho?- Nino perguntou confuso.

—Marinette né retardado?- Adrien disse como se fosse obvio.

—Hum... Tenho sim rapaz apaixonado. Vai ligar pra ela?- Nino brincou.

—Ah, não enche! Passa logo o número!- Adrien resmungou.

—Ok, ok tá aqui Miss TPM- Nino falou em tom de deboche.

Eu rapidamente desliguei meu celular. Se aquele treco tocasse ali agora não ia ser muito legal...

—Vou ligar pra ela mais tarde... Ver se ela não ficou triste mesmo de eu ter deixado ela sozinha no shopping.- Adrien falou meio preocupado. Preocupado comigo. Ah, eu queria sair dali e abraçar ele agora mesmo...

—Tadinha. Deve estar lá sozinha até agora no shopping toda deprê por que você não cumpriu seu dever como cavalheiro e deixou a moça desacompanhada. Tsc tsc... Você devia sentir vergonha de si mesmo Agreste. – Nino brincou.

—Ah cala a boca! Tô me sentindo pior ainda...- Adrien resmungou. Ouvi um toque de celular.- Alô? Oi mãe. Da ultima vez que vi ele estava no shopping. Sim com a Bridgitte. Vou praí daqui a pouco. Também te amo.

—O que foi dessa vez?- Perguntou Nino.

—Jantar com os Bourgeois. Bridgitte e Felix ainda não chegaram e minha mãe queria saber se eu sei onde estão. E eu sei lá onde aqueles malucos se meteram!- Adrien reclamou.

—Peraí você disse “Bridgite e Felix” agora a Bridgite também tem que ir nesses jantares chiques da tua casa é?- Perguntou Nino.

—Minha mãe faz questão de que ela esteja lá. A senhora Agreste já se considera a sogra da Bridgitte.-Adrien riu.

—E daqui a pouco vai ser a sogra da Marinette.- Nino brincou.- Cê vai agora?

—Uhum. Meu pai quer que eu vá ajudar a arrumar as coisas lá. – Adrien falou.

Ouvi passos. Nino acompanhando Adrien ate a saída, provavelmente. Algum tempo depois ouvi passos voltando.

—Pode sair. Ele já foi.- Era a voz de Nino.

Eu saí do meu esconderijo.

—E aí? Satisfeita futura senhora Adrien Agreste?- Nino brincou.

—Bastante.- Sorri- Posso retribuir o favor de algum jeito?

—Se eu precisar eu cobro.- Ele deu um sorriso brincalhão.

—Ah, é! Eu me esqueci de te perguntar uma coisa!- Eu falei me lembrando- E o seu clube?

—Cara cê não vai acreditar! Deu certo! Meu pai topou! Já até alugamos um espaço!- Ele falou totalmente empolgado.

—Ai meu Deus! Que incrível!- Eu falei tão animada quanto ele.

—É um milagre o meu pai ter concordado com isso. Ele falou que seria ótimo eu ter meu próprio negocio por causa de responsabilidade e tudo mais. Ele falou que eu tenho que escolher um nome pro lugar logo pra fazer a placa e tal, mas eu não consigo pensar em nada.- Ele falou meio pensativo.

—Milagre... Hum... Que tal “Miraculous”?