Lost Memories escrita por LethFersil


Capítulo 5
Fever


Notas iniciais do capítulo

Oiie!
Como o prometido está aí o capítulo 5.
Escrito ao som de Melanie Martinez (vão acontecer umas coisas bem loucas e algumas outras fofas também).
Boa leitura ♥



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Como você se sente depois de descobrir que foi injusta com alguém e pior realmente falou sobre algo que não sabia? Depois de ler a mensagem da Ambre eu fiquei envergonhada, respondi agradecendo e pedindo desculpas pelo que disse mais cedo, ela não me respondeu a final ainda estamos falando da Ambre. De tudo eu só tinha uma certeza, não importa o quanto Ambre seja uma peste egoísta, mimada e até fútil, existe alguém que ela ama incondicionalmente e essa pessoa sem dúvida é o Nath.

Com essa nova pista em mãos precisava combinar com a Rosa para irmos verificar então peguei o meu celular e enviei uma mensagem para a Rosa:

Kimberlee: Está disposta a perder o primeiro período amanhã comigo? Tenho pistas quentes que podem ajudar o Nath.

Rosalya: Desculpa não ter te retornado, mas... Você não tinha desistido de ajudar o Nath?

Kimberlee: Alguém me pediu para não desistir de ajudá-lo não importa o que ele diga.

Rosalya: Podemos ir depois da aula, lembra que amanhã o Lys também vai à aula?

Kimberlee: Tudo bem vejo vocês amanhã.

 

Tinha esquecido completamente do retorno do Lys, dormi ansiosa, mas não seria difícil dormir profundamente já que eu tinha muito sono acumulado.

Na manhã do dia seguinte as coisas não pareciam muito bem, primeiro porque a luz que vinha da janela incomodava minha visão e minha mãe estava tentando me acordar no quarto:

— Filha acorda! – disse minha mãe me chacoalhando – Você já está atrasada.

— Atchim! – espirrei e senti minha garganta doer – Ah, não!

Minha mãe puxou um pouco das minhas cobertas e pousou a mão na minha testa:

— Kimberlee você está queimando em febre!

— Não estou não mãe, estou perfeita e tenho que ir a aula.

Tentei levantar, mas fiquei completamente travada na cama. Tudo doía, minha garganta, minha cabeça e meu corpo se eu tentasse me mexer. Tudo por causa de uma chuvinha.

Minha mãe foi buscar o termômetro e eu fiquei deitada na cama tossindo, espirrando e com dor. Meu celular vibrava em cima da mesa de cabeceira insistentemente, então resolvi ver o que era antes que minha mãe chegasse. Peguei o celular e havia três ligações perdidas da Rosa, liguei de volta:

— Alô, Rosa?

— Kimberlee, você não vem hoje?

— Acho que não.

— Por quê?

— Estou doente. Não vou sair da cama por um bom tempo.

— Era de se esperar depois de passar o dia inteiro sem agasalho e tomar chuva! Parece que nem o banho quente você teve coragem de tomar.

— Tomei banho sim, mas parece que não deu muito certo.

— Então vê se fica de repouso para ficar bem amanhã. E me manda mensagem para eu saber como você esta sentindo durante o dia.

— Tudo bem, Rosa. Boa aula.

— Vê se descansa.

Rosa parecia bem brava e preocupada o que era totalmente compreensível, mas enfim, minha mãe chegou ao quarto e usou o termômetro em mim, depois de verificar a temperatura minha mãe parecia menos assustada:

— 38ºC, não está tão alta assim. Vou te dar um remédio para a febre e depois que você tomar café da manhã pode voltar a dormir até a febre diminuir.

— Tudo bem mãe.

Minha mãe me deu o remédio para dor e febre e depois que eu tomei café da manhã fiquei deitada na cama com as cortinas fechadas e totalmente no escuro, olhando a escuridão, sei que não tem nada a ver com a história, mas quando eu era criança eu morria de medo do escuro e sempre implorava para minha mãe não me deixar no quarto sozinha. Para que eu me acostumasse com o escuro meu pai comprou um abajur giratório de estrelas, ele passava a noite inteira ligado projetando estrelas no meu quarto e só assim eu conseguia dormir tranquila, depois que eu me peguei lembrando isso toda aquela vulnerabilidade de criança veio à tona novamente, de repente eu tinha medo do escuro de novo. Levantei-me da cama e percebi que não estava mais sentindo tanta dor, fui até a sala onde minha mãe estava e a vi falando sobre a minha “súbita doença” no telefone enquanto terminava de arrumar a sala, eu me sentei no sofá e fiquei olhando para ela até que a ligação terminou:

— O que você esta fazendo aqui em baixo, Kimberlee!

— Está muito escuro lá em cima e eu queria o meu abajur de estrela.

— Ah! Que fofa filha – disse minha mãe enquanto me abraçava forte – parece até que você voltou a ter quatro anos de novo.

— Desse jeito você vai me quebrar mãe.

— Ah... Desculpa – disse me soltando – vou ver se o encontro no sótão, apesar de que seu pai andou jogando umas coisas fora...

— Não acredito que meu pai jogou o abajur de estrela fora!

— Não sei... Vou olhar. Enquanto isso espera no seu quarto e deitada na cama.

Subi para o meu quarto e deixei as luzes acesas até minha mãe voltar depois de bastante tempo:

— Boas notícias, seu pai não jogou suas coisas fora e inclusive encontrei seu abajur em uma caixa com uma plaquinha escrita “Coisas da Kimberlee que eu não posso jogar fora” tive que limpar antes de subir ele estava cheio de poeira.

Minha mãe colocou o abajur sobre a mesinha de cabeceira, ligou na tomada e apagou as luzes. Para a minha felicidade ainda estava funcionando e em questão de segundos toda aquela escuridão foi iluminada com uma imensidão de estrelas, por alguns minutos eu fiquei meio boba olhando para elas. Neste momento minha mãe colocou a mão na minha testa e disse:

— A febre ainda não diminuiu. Fica deitada ai.

— Minha cabeça não está mais doendo e nem o meu corpo.

— Falei com a sua tia e ela me disse que se a febre não diminuísse seria melhor te levar ao médico. Vou pegar o termômetro de novo.

— Não mãe, não precisa! Só fica aqui comigo.

É... Cada um reage a sua forma quando está doente. Eu fico extremamente manhosa e medrosa.

Minha mãe se deitou do meu lado na cama e ficou mexendo no meu cabelo, não sei dizer quando eu dormi, mas foi o melhor sono da minha vida, acordei horas depois sozinha na cama com o som do meu celular tocando, atendi e era a Rosa:

— Alô?

— Kimberlee?

— Sim, eu... Acabei de acordar.

— Você está bem?

— Sim – respondi me sentando na cama – acho que nem com febre estou mais.

— Que bom... É que eu tenho uma noticia ruim para você.

— Que notícia ruim?

— Alguém contou para o Lys que vocês namoravam antes do atropelamento e a reação dele não foi da melhores.

— Como? Quem foi que fez isso?

— Não sei quem foi, mas ele disse que estava indo na sua casa.

— O que! Eu estou de pijama e na minha cama ainda!

— Primeiro você deveria se certificar de que está em casa.

— Como assim? – a ligação ficou muda – Rosa! Me responde!

Respirei fundo e olhei o ambiente aquele lugar realmente não era a minha casa estava tão escuro que mal dava para ver que lugar era aquele, percebi que estava sentada no chão sobre um tapete macio. Levantei e andei em linha reta com cuidado até achar uma porta, abri e entrei em uma sala luxuosa, ainda estava escuro, mas consegui identificar saber onde eu estava... Era a casa dos pais do Nath. Porque eu estava lá? Só podia ser sonho. Me belisquei para tentar acordar, mas não funcionou então andei até a porta de saída, quando toquei a maçaneta uma voz conhecida me chamou:

— Kimberlee! Aonde você vai?

Virei-me assustada e vi o Nathaniel de cueca Box, parado e sorrindo como se me achasse uma boba. Fiquei um pouco assustada sem entender nada, já estava convencida de que era tudo um sonho, um sonho daqueles bem malucos, então porque não me deixar levar? Resolvi responder a pergunta:

— Para a minha casa!

— Bobinha – ele disse sorrindo – essa é a nossa casa.

— Não, Nath! – retruquei enquanto segurava sua mão e o arrastava até a porta de saída da casa – essa aqui nem é a sua casa! Você foi emancipado e se mudou!

— Não vou sair daqui – Nath disse se soltando – não posso deixar minha família.

— Mas você vai! Nem que eu tenha que te arrastar!

Peguei Nathaniel pelo braço e o levei para fora da casa. Novamente, as coisas tinham mudado absurdamente, estávamos na floresta da corrida de orientação, à noite e novamente perdidos:

— Que loucura é essa!

— Corrida de orientação.

— Porque estamos aqui?

— Bom você porque precisava de um par e foi rejeitada pela pessoa com quem você queria vir e eu porque sempre sou sua segunda opção para tudo.

— Que besteira é essa, Nathaniel!

— Nessa você me superou, representante turma. - disse Castiel se aproximando e sorrindo - Pelo menos você não é a terceira opção.

— O que está acontecendo aqui? – eu disse – Quem mais vai aparecer?

— Claro que faltava a gente – disse Armim encostado em uma árvore ao lado de Kentin – A dupla imbatível.

Essa situação além de absurda era constrangedora, não pude evitar encará-los com uma expressão que misturava assombro e curiosidade:

— Os reis da friendzone. – disse Kentin com um sorriso irônico no rosto – Não faça essa cara, Kimb. Você sabe que é verdade.

Um fone de ouvido caiu no chão ao meu lado e eu me abaixei para pegar, ele havia caído de cima da árvore o que me fez olhar para cima e ver Alexy lá:

— Até tu Brutus?

— Eu não... Ainda bem que sou gay! Poderia devolver meu fone?

— Claro – respondi jogando o fone para ele e voltei a prestar na reunião dos garotos - Isso é o que? Um motim? Um levante? Uma revolução?

— Ah... Mas faltava o líder do motim – disse Dake me abraçando – pelo menos eu a beijei primeiro.

O empurrei para longe de mim e fiquei realmente sem saber o que fazer a não ser correr dali e correr bem rápido. Enquanto eu corria ouvi um barulho vindo de perto da margem do lago, mesmo morrendo de medo eu fui até lá e vi um cervo bebendo água no lago, tentei me aproximar devagar, mas já tinham duas pessoas lá, eram o Lys e a Rosa, eles estavam acariciando o cervo e se olhando de forma apaixonada. Continuei me aproximando até que os dois perceberam a minha presença e o Lys sorriu para Rosa dizendo:

— Acho que temos uma intrusa.

— Não precisamos dar atenção a ela – disse Rosa – vamos continuar de onde paramos.

Rosa se aproximou do Lys e o beijou, fiquei parada ali olhando sem saber como agir. Era tudo um sonho, tentei repetir para mim mesma, mas estava difícil não surtar com aquela situação. Meus olhos já estavam completamente marejados quando a Rosa disse para o Lys:

— Acho que é isso que as garotas que roubam o namorado das outras merecem.

Os dois riram e o Lys me olhou como quem não quer nada e disse:

— Me desculpa.

— Não foi isso que você disse para mim? – disse Rosa com um riso irônico no rosto – Agora fuja! Vá para o vestiário masculino chorar.

— Não... – disse me afastando - Isso não pode ser real... – Lysandre!

— Você não gostava do Leigh? Ou fez aquilo somente para se divertir porque é uma garotinha perversa?

— Lys...

— Vá... Corra garotinha perversa.

Aquela situação estava insustentável, mas eu decidi correr mais uma vez pela floresta, dessa vez sem olhar direito onde eu pisava, apenas corria até que em um descuido cai em um buraco enorme que, de verdade, não sei como não vi aquilo no meu caminho! Cai em queda livre até perceber uma luz no fim do buraco, antes que eu chegasse ao chão percebi que não estava mais vestida com o meu pijama, era a minha roupa de Alice.

A saia rodada do vestido serviu como um paraquedas que me fez aterrissar suavemente sobre a grama fofinha daquele campo de críquete. Levantei-me e vi que todo o elenco da peça estava reunido jogando críquete e segundo o que eu sabia do livro Alice no país das maravilhas, aquele não seria um bom momento. Tentei sair do campo de visão da “Rainha de copas”, mas ela me viu antes que eu pudesse fugir:

— Soldados! Olhem ali a Kimberlee!

Parei de andar e me virei, todos os garotos do “motim” estavam ali, só que agora vestidos de soldados da rainha de copas, isso estava ficando louco demais, muitos deles nem tinham esses papeis na peça, a exemplo o Armin,  que era o chapeleiro.

Lee, a rainha de copas, veio até mim com seu cetro e disse:

— Pelos crimes de dizer que a minha melhor amiga Ambre não amava o próprio irmão, tentar roubar o namorado da Rosalya e iludir todos os garotos da Sweet Amoris, eu, a rainha de copas lhe condeno a morte! Soldados cortem-lhe a cabeça!

Os soldados se aproximaram de mim com sorrisos assustadores, eu só andava para trás esperando que eles desistissem dessa ideia maluca, mas eles não recuavam, tive que tomar uma decisão, o beliscão não funcionou para que eu acordasse então talvez morrer funcionaria, a final nós sempre acordamos quando sonhamos morrendo:

— Tudo bem! Eu assumo que fiz tudo isso, podem me executar.

Ajoelhei-me e inclinei a cabeça, os soldados pareceram não entender e uma voz masculina conhecida dizia:

— Já está na hora de acordar, meu amor.

Levantei a cabeça e perguntei:

— Quem está dizendo isso?

— Isso o que, enlouqueceu? – disse Lee – Ainda vamos te executar mesmo você sendo maluca.

— Não, alguém disse que já estava na hora de acordar!

— Ninguém disse. Agora abaixa a cabeça, vamos te executar.

Abaixei a cabeça novamente e fechei os olhos com força, esperei a hora da morte, mas demorou, demorou muito então abri os olhos e percebi que eu estava completamente suada, deitada em uma cama no hospital, tinha um acesso no meu braço direito de onde eu estava sendo hidratada com soro. Minha mãe dormia em um sofá no canto do quarto e meu pai segurava minha mão, ele sorria e parecia muito preocupado:

— Que bom que você me ouviu.

— Então era você que estava me chamando, pai.

— Sim.

— Porque eu estou no hospital?

— Você dormiu com a sua mãe e sua febre ao invés de diminuir aumentou. Você acabou se desidratando, desmaiou e teve alguns delírios. Sua mãe tentou te acordar, mas você não respondia.

— Delírios? Pode ter relação com uns sonhos estranhos que eu tive?

— Vamos falar sobre os seus delírios quando você melhorar. Sua febre ficou muito alta e agora – colocou a mão na minha testa – você parece melhor. Vou chamar o médico para ver se você já pode ter alta.

— Que horas é pai?

— Quase dez da noite.

— Nós passamos o dia aqui?

— Mais ou menos – meu pai pegou meu celular do meu bolso e me entregou – vou ali falar com o médico, acho que você pode tranquilizar seus amigos, isso não para de tocar.

— Obrigada, pai.

Meu pai me entregou o celular e saiu, minha caixa de mensagens estava lotada e eu comecei a ver por ordem da pessoa mais desesperada, Rosalya primeiro, 10 ligações não atendidas:

Rosalya: KIMBERLEE!!! VOCÊ DISSE QUE IA ME LIGAR!¹

               Porque não me ligou e não me atende?²

               Aconteceu alguma coisa? Eu e Lys estamos preocupados!³

Kimberlee: A febre ficou alta demais e eu desmaiei, estou no hospital e já melhorei, acho que volto para casa ainda hoje.

 

Respondida a mensagem de Rosalya fui só lendo e respondendo as outras mensagens do pessoal, para ser específica da Íris, Melody, Kim, Peggy, Violett, e do Kentin, Armin e Alexy. Tinha umas mensagens do Nath e uma do Castiel, resolvi responder logo também:

Castiel: Vai matar aula de novo tampinha?¹

Kimberlee: Estava doente. Obrigada por se preocupar :p

 

Nathaniel: Você me deixou falando sozinho no parque e tem toda a razão. Não me leve a mal, mas peço que respeite a minha decisão. Espero que não tenha faltado por minha causa.¹

Acho que você poderia ao menos ter me deixado te levar em casa, a chuva estava muito forte. ²

Estou me sentindo culpado agora que a Rosa me disse que você está doente. Eu poderia fazer algo para me desculpar?³

Kimberlee: Primeiro: Não faltei por sua causa.

                  Segundo: Não se culpe.

                 Terceiro: Poderia dizer a verdade à polícia :)

                 Este último é só uma brincadeira, mas o resto é tudo verdade.

 

Ainda olhava as mensagens no celular quando meu pai entrou com o médico no quarto, já tinha visto aquele médico antes, era o mesmo médico do Lysandre. Quando ele me viu pareceu se recordar de mim:

— Garota, você gosta tanto de hospitais que depois que seu amigo recebeu alta você ficou doente para vir aqui.

— A minha cara fazer isso. – respondi rindo – Já vou receber alta?

— Vou ver isso agora.

O médico segurava uma prancheta com algumas folhas na mão e as analisava tranquilamente, neste momento a enfermeira entrou e conversou com ele:

— Posso verificar a temperatura dela?

— Pode sim, aproveite e tire o acesso. Ela não vai precisar ficar mais tempo aqui.

A enfermeira se aproximou para tirar o acesso e eu aproveitei para questionar o médico:

— O que eu tive que me fez ficar tão mal?

— Você teve uma gripe causada pelo vírus influenza, diferente do resfriado a gripe causada pelo vírus influenza b, pode dar febre alta em pacientes com a imunidade baixa que é o seu caso. Sua mãe disse que você não estava se alimentando direito.

— É... Pode ter sido isso, mas eu tomei chuva ontem. Tem alguma relação?

— Não, provavelmente você já tinha sido exposta a esse vírus antes, só que você vai ter que se cuidar bastante para se curar e de preferência ficar em casa para evitar contaminar outras pessoas, sem contar que uma complicação dessa gripe pode causar pneumonia.

— Ela vai ficar em casa sim. – respondeu minha mãe enquanto se levantava sonolenta do sofá – Pode deixar que ela não vai sair.

Depois que a enfermeira tirou o acesso, aferiu minha pressão e verificou a minha temperatura eu recebi alta. Fui para casa com os meus pais e o indicado foi que eu ficasse em casa por três dias no mínimo, só de pensar nisso eu já estava surtando. Não me sentia mais tão mal, só a dor no corpo, a coriza e a tosse não paravam.

Quando chegamos em casa tomei banho e fui direto para a cama, apaguei as luzes e liguei meu abajur de estrela, não queria dormir, estava com medo de ter mais sonhos malucos como aquele, porém acabei dormindo.

No dia seguinte acordei um pouco melhor e bem tarde, tentei seguir as recomendações do médico de comer direito e não sair da cama, tomar remédio em caso de dor ou febre, beber muita água e evitar contaminar outras pessoas. Depois de dois dias eu já estava melhor, nem dor sentia mais, só que minha mãe sempre teve uma forma sistemática de levar a vida, o médico disse três dias sem contar o dia da internação, e aquele era o último dia, por que ir a escola se o atestado do médico me dizia para ficar aquele dia em casa, aula só no dia seguinte. Fiquei sentada na minha cama o dia todo só falando com o pessoal pelo celular e lendo mangás. A monotonia daquele dia teve fim naquela mesma tarde do terceiro dia, quando minha mãe bateu na porta do meu quarto:

— Filha, está acordada?

— Sim, mãe. Pode entrar.

Minha mãe entrou sorrindo e disse:

— Você tem visitas, não quer tirar esse pijama e vestir outra coisa?

— Não é um pijama, mãe. É um macacão de panda. Quem é a visita? É a Rosa? Pode pedir para ela entrar.

— Se é o que você diz. Não fale que é minha culpa depois. – essa última fala de minha mãe me preocupou, ela saiu do quarto e disse – Podem entrar.

Enfim, era tarde demais. Quando eles entraram eu quis me enterrar embaixo dos cobertores, nem nos meus mais profundos pesadelos (sim, estou citando aquele devaneio que vocês leram antes) conseguiria imaginar o que aconteceu de verdade no meu quarto naquela tarde. Entraram Rosalya, Alexy, Armin, Kentin e o Lysandre no quarto, quando eu vi aquilo não sabia se ficava feliz ou surtava.

Alexy correu e me abraçou com força enquanto dizia:

— Você está tão fofinha vestida com esse macacão de panda!  - me soltou – Parece melhor agora!

— Quase partida em dois. – disse me alongando - E igualmente feliz em ver você, Alexy!

— Só ele? – disse Armin – Vamos todos ficar com ciúmes.

— Todos vocês – respondi sorrindo – Podem chegar perto, não estou mais espalhando o vírus, eu acho.

Abracei Armin e Kentin em um tipo de abraço grupal e Alexy se juntou resmungando:

— Ninguém me avisou que era abraço em grupo! Também vou participar!

— Pode vir chorão – respondeu Armin.

Rosalya e Lysandre ficaram se encarando enquanto seguravam o riso e quando eu percebi isso, me soltei dos meninos e fui dar um abraço bem apertado neles, mas antes disso ela já me avisou:

— Se amassar minha roupa vai ter que passar! Nem ligo se você está doente.

O apelo dela não funcionou e ela até se fez de durona, mas me abraçou de volta:

— Você é maluca, Kimberlee. Deu-me um susto enorme.

— Só que já passou não é?

Afastamos-nos devagar e a Rosa olhou sua roupa, depois disso sorriu e respondeu:

— Dessa vez vou deixar passar o meu vestido amassado, mas sobre essa sua roupinha de panda... – notei um leve olhar de desaprovação – Primeiro eu venho na sua casa e pego aquelas coisas horríveis na sua gaveta de lingerie...

— Você disse que não ia mais falar das minhas calcinhas em público então pode parar!

Os garotos pareciam constrangidos, mas a nossa conversa continuou:

— Tenho que falar me desculpem garotos – disse Rosa – nós demos um jeito nisso, mas a tendência é melhorar não piorar!

— Deixa o meu macacão de panda em paz!

— Até porque – iniciou Lys – como o Alexy disse ela está muito fofa com ele.

Fiquei olhando Lys com uma cara de boba e ela me olhava de volta corado. Tive que voltar ao normal antes que a situação ficasse desconfortável:

— E o resto do pessoal como estão?

— Castiel não veio porque tinha uma coisa para resolver com os pais dele – respondeu Rosa – e o Nathaniel pediu desculpas por não poder vir, mas ele tinha um compromisso. Desejou melhoras.

— O Castiel pediu para você olhar o celular – disse Lys – ele ia te mandar uma mensagem.

— Vou olhar agora.

Peguei meu celular e vi a mensagem:

Castiel: Melhoras, tábua :)

Kimberlee: HAHAHA Obrigada, Cassie.

 

— Já vi e já respondi pessoal! Algumas novidades?

— Uma que eu vou te contar depois, Kimberlee. – disse Rosa - Quando estivermos sozinhas.

— Tudo bem.

Depois disso, Alexy tentou descobrir o que Rosa ia me contar e Armin e Kentin tentaram fazê-lo parar, entre risos e conversas, às vezes eu ficava olhando feito boba para o Lys e o pior é que ele me olhava de volta da mesma forma. Adoro meus amigos, mas tudo que eu queria era ficar sozinha com ele ali e poder falar sobre qualquer coisa. O tempo passou e depois que minha mãe fez um lanche para o pessoal, Armin, Alexy e Kentin foram embora. Ficaram apenas eu, Rosa e Lys no meu quarto.

Rosa trocou sua expressão leve por uma séria e começou a contar o que havia prometido:

— Kimberlee falar disso na presença do Lys porque ele já sabe que não foi o Nathaniel que o atropelou, eu mesma contei.

— Sim, tudo bem, mas o que aconteceu?

— Eu pensei que conseguiria esperar você ficar bem para irmos até a casa do tal Pedro, mas eu não consegui e fui lá hoje mais cedo com o Lys.

— Eu não acredito Rosa!

— Desculpa, mas era necessário fazer isso logo porque a Peggy me disse que a diretora estava estudando expulsar o Nath da escola. – Rosalya parecia muito preocupada – Então eu falei com o homem e ele disse que iria sim à delegacia, provavelmente este compromisso que o Nathaniel disse que teria hoje está relacionado com o andamento do caso.

— Então de certa forma resolvemos o problema do Nath?

— Sim – disse Rosa – só não creio que ele vá ficar feliz com isso.

— O engraçado é que a Ambre deu a pista.

— Amor fraternal é uma coisa que não se pode pôr à prova. – disse Lys – Irmãos costumam fazer tudo um para o outro.

— Não sei opinar – retruquei – sou filha única e o mais próximo de irmãos que eu tenho são a Rosa e o Alexy.

— Então você tem a Rosa como uma irmã?

— Sim, e minha melhor amiga.

— Interessante. E eu, eu sou o que para você?

Neste momento olhei para Rosa e ela saiu andando até a porta do meu quarto:

— Podem se sentar ai na cama e conversar, eu vou ao toalete e depois vou até a sala conversar com a sua mãe sobre coisas aleatórias. Já passou da hora de vocês falarem sobre isso, Kimberlee.

Rosa não esperou que eu contra argumentasse, saiu do quarto e me deixou olhando para Lys desconsertada:

— Lys... Eu não sei bem como dizer.

Ele sorriu e disse:

— Então eu posso começar?

— Espera!

— Esperar o que?

Me levantei da cama, corri até o interruptor e desliguei as luzes, Lys não entendeu o que eu pretendia e questionou:

— Porque você apagou as luzes?

— Eu vou acender o meu céu para você.

Voltei para a cama e liguei o meu abajur de estrelas, novamente o quarto se encheu daquela mesma imensidão que me acalmava sempre, nos sentamos frente a frete na cama, respirei fundo, reuni toda a coragem que consegui e comecei a falar:

— Esse é o meu céu estrelado. A única coisa que me acalma quando eu estou nervosa, ansiosa ou com medo. Estar sob esse céu estrelado para mim é o mesmo que estar com você.

Lys sorriu e segurou as minhas mãos:

— Fico feliz em saber que significo tanto para você. Eu ainda não consigo lembrar completamente do que já aconteceu entre nós, mas aos poucos estou percebendo alguns sentimentos que você provoca em mim. Como a tristeza que eu sinto sempre que via você partir do hospital após as visitas e a felicidade acompanhada de esperança que eu sentia quando te via chegar, a inveja que sinto sempre que sei que alguém tem a sua atenção, o ciúme que eu senti quase agora quando o Alexy te abraçou, e por fim o desespero e o medo que me tomaram subitamente quando soube que você estava no hospital. De todos esses sentimentos que você provoca em mim, existe um que é quase impossível nomear, porque acho que nunca senti antes... Eu acho que... Eu acho que eu amo você.

Fiquei um pouco atordoada depois de ouvir isso e Lys me olhava como se esperasse alguma resposta minha, mas a verdade é que eu fiquei tão feliz que poderia chorar e foi exatamente isso que aconteceu seguido de algumas risadas:

— Porque você está chorando e rindo?

— É que eu fiquei feliz em saber disso e...

— E tem a incrível habilidade de rir em momentos inoportunos – completou Lys – essa era uma das anotações no bloco de notas. Tem algo para me dizer?

— Sim – respirei fundo e continuei – antes do atropelamento nós começamos a namorar. Poucas pessoas sabiam praticamente eu, você, a Rosa e o Alexy.

— Por isso você ficou tão chateada por eu não ter lembrado de você.  Agora entendo o seu lado da situação. Como eu pude esquecer você?   

— Foi difícil compreender no início cheguei a pensar em desistir. Fiquei um pouco perdida, mas depois decidi que não iria desistir de nós.

Lys sorriu e olhou para todas aquelas estrelas enquanto dizia:

— Então eu sou como todas essas estrelas do seu céu?

— Sim.

— Eu também quero te mostrar o meu céu, mas para isso você precisa ficar bem e curada. Quero te levar para um lugar especial no final de semana.

— Para onde?

— A fazenda onde os meus pais moram. Meu pai melhorou um pouco e está em casa. A Rosalya também vai.

— Tenho que falar com os meus pais, principalmente com o meu pai. Ele parecia tão desesperado no hospital quando eu acordei.

— A Rosa disse que você passou o dia sem agasalho no frio e depois ficou na chuva. Foi uma atitude totalmente...

— Inconsequente – completei – não costumo pensar muito no que eu faço, mas o médico disse que foi um vírus e não teve relação com a chuva.

— Por favor, entenda a gravidade da situação e não tente minimizar as suas atitudes. – Lys me encarou como se fosse me dar uma bronca e continuou - Sua mãe me disse que você ainda queria ir para a aula no dia que acordou doente. Isso é sério, não seja tão impulsiva – Lys colocou sua mão no meu rosto – se você não vê problema em se ferir porque só vai doer em você, quero que você saiba que quando você se machuca é o mesmo que estar me ferindo.

— Lys... – fui interrompida e por consequência fiquei calada.

— Você consegue pensar melhor agora que sabe que vai doer em mais alguém? 41ºC de febre, desmaio e delírios.

— Ah... Os delírios – lembrei do meu sonho maluco e sorri – meu pai disse que iria falar sobre eles comigo depois.

— Sua mãe disse que você chamava o meu nome.

— Ah... Era sobre isso que meu pai queria falar, acho que teremos Kimberlee como prato principal no jantar.

Nós dois rimos e o Lys apertou minha bochecha de leve dizendo:

— Vou dizer aos meus pais que você é minha namorada e acho que você também deveria dizer aos seus.

— Mas você não se lembra de mim direito.

— Existe uma razão para eu vir aqui e a Rosa ter dito aquilo para você.

— Que razão?

— Quando você me beijou no hospital lembrei de quando nos beijamos na escada da escola, mas não tive tempo de te falar nada naquele dia porque você saiu tão rápido.

— Você se lembrou?

Neste momento meu coração batia tão rápido que parecia querer sair pela boca, tanta ansiedade que eu mal conseguia suportar:

— Não me lembrei de que você é minha namorada como você me contou – respondeu Lys – Mas lembrei de que amo você.

Depois de ouvir isso eu apenas o abracei forte e ele me abraçou de volta dizendo:

— Não me lembrei de tudo, mas lembrei do essencial.

— É – recuei um pouco para deixar o meu rosto junto ao dele – sobre as outras memórias... Nós podemos fazer memórias novas.

— Quando começamos?

— A qualquer momento, Lys.

Não conseguia parar sorrir até que Lys se afastou devagar e disse:

— Dia 2 de setembro, eu e Kimberlee nos beijamos sob o céu estrelado.

Durante alguns segundos foi como se o tempo tivesse parado, ambos em silêncio, o passar das estrelas criava sombras no rosto dele e tornava toda aquela atmosfera mágica, quase como se não fosse de verdade, foi neste momento que o Lys colocou a mão no meu queixo e me beijou. Estávamos tão próximos que eu podia sentir seu coração batendo tão rápido quanto o meu. Depois que nos beijamos ficamos deitados na minha cama olhando para as estrelas se movimentando:

— Nós temos alguma memória melhor do que essa? – perguntou Lys enquanto segurava minha mão.

— Não, nós não temos.

— Passamos por momentos muito difíceis nos últimos dias, principalmente você. Descanso e boas memórias são só o que precisamos.

— Nisso eu concordo – concordei rindo – o que vamos fazer até o meu pai chegar, vai demorar alguns minutos.

— Vamos olhar para as estrelas... Apenas olhar para as estrelas.


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Notas finais do capítulo

Referências:
Episódio 6 – Cupido em greve.
Episódio 9 - À beira mar.
Episódio 11 - Dupla de choque.
Episódio 21 - A peça.
Episódio 22 - Jogo de pista.
Episódio 23 - A casa dos segredos.
Episódio 28 - Um jantar quase perfeito.
¹²³ Mensagens não lidas
E juro que está é a última referência! Já estou me sentindo o Capitão América com tantas referências, mas a parte do sonho foi escrita ao som de Pity party e Cry baby e a parte fofinha do final ao som de Training Wheels, todas essas músicas são da Melanie :)



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