Lost Memories escrita por LethFersil


Capítulo 4
Gentle girl


Notas iniciais do capítulo

Demorei, mas postei ♥
O capítulo 5 vai sair bem mais rápido que esse, porque ele já está 50% pronto. Então, boa leitura ;)



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Rosalya me levou arrastada até o elevador, nessa altura do campeonato não conseguia entender mais nada do que estava acontecendo. Eu disse para o Nathaniel que tinha visto ele durante o atropelamento! E mesmo assim ele foi até a polícia e mentiu! Ele não podia ter feito isso, era só que eu pensava... Tudo parecia tão confuso, sentia um misto de raiva, tristeza e uma vontade imensa de sacudir o Nath até ele voltar à razão.

O elevador descia e eu andava impaciente de uma extremidade a outra daquele espaço minúsculo, queria vê-lo e sacudi-lo o mais rápido possível. Rosalya me olhava assustada e parecia não entender a minha reação e eu tão pouco entendi porque estava me sentindo assim, a verdade é que eu nunca pensei que a situação fosse piorar a esse nível. Um amigo sendo indiciado e preso por uma coisa que não fez logo ele que tinha um futuro brilhante! Nathaniel poderia ser o que quisesse, mas estava tendo o futuro arruinado pelo próprio pai. Os pensamentos não paravam de transitar em minha cabeça, quando a porta do elevador abriu eu senti um alívio enorme e sai às pressas, foi neste momento que Rosalya me pegou pelo pulso e gritou:
— Kimberlee! Você não ouviu uma palavra do que eu disse? Parece que ficou louca? Qual é o seu problema?

— Eu não sei o que deu em mim! – respondi respirando ofegante – Eu tentei impedir, Rosa! Tentei achar as palavras certas!

— Eu sei Kimb. – Disse me abraçando – Vamos para um lugar calmo conversar.

Rosa me levou até a lanchonete e nos sentamos em umas cadeiras afastadas das outras pessoas e continuamos nossa conversa:

— Kimb, o Leigh me ligou e disse que o Nath foi até a delegacia acompanhado do pai, lá ele confessou tudo e foi liberado porque é menor de idade e não foi flagrante além de umas outras variáveis. A pena não vai ser muito grave se ele for condenado.

— O problema Rosa é que o Nath é inocente! Ele não fez nada! O pai dele vai sair impune dessa e ele vai sujar a ficha dele! Isso não é justo!

— Não sei que tipo de pai faz isso com o filho...

— Acho que o mesmo tipo de pai que é capaz de espancá-lo! – nem percebi e já estava me alterando de novo.

— Fala baixo, Kimberlee!

— Desculpa!

— Eu estou pensando em algo que nós possamos fazer, mas nada me vem a cabeça...

— Ele está fazendo isso por causa da mãe e da irmã... Se qualquer uma de nós interviermos ele nunca vai nos perdoar.

— Deve ter alguma outra testemunha... Sei lá... Vamos ter que procurar.

— Ele pode ser expulso da escola ou qualquer coisa assim?

— Não sei... Só que eu não quero que o Castiel o encontre antes de falar comigo. Isso vai ser uma confusão.

— Pode ficar tranquila quanto a isso. Ninguém está sabendo fora a família do Lys e a do Nathaniel.

— Vou tentar falar com o Nathaniel pelo telefone.

— Vai fazer isso agora?

— Claro!

Liguei para o celular do Nathaniel e para minha surpresa quem atendeu foi a Ambre.

— Celular do Nathaniel.

— Ambre?

— O que você quer Kimberlee?

— Falar com o seu irmão.

— Sobre o que?

— Você sabe sobre o que.

— Meu irmão... – ouvi sussurros do outro lado da linha, mas não consegui entender o que dizia – ele está no banho.

— Então diga para ele me ligar assim que ele puder.

Ambre desligou abruptamente e mais uma vez eu respirei fundo:

— Conseguiu falar com ele? Perguntou Rosalya.

— Ambre atendeu e disse que ele estava no banho, mas eu ouvi ruídos no fundo da ligação, pareciam sussurros. Com certeza era ele pedindo para que ela mentisse para mim.

— Ou poderia ser simplesmente o som do chuveiro ligado. Calma, Kimberlee! Amanhã falamos com ele.

— Ele vai me evitar eu tenho certeza. Amanhã eu vou cabular aula para procurar nos arredores alguma testemunha que possa ajudar o Nath.

— Pare agora com essa ideia inteligente – disse Rosa me encarando – eu sou a pessoa sensata e inteligente aqui então pare de ter ideias inteligentes. Quem é você e o que fez com a Kimberlee? Nunca te vi tão destemida!

— Toda essa coisa do Lys mexeu muito comigo, admito. Estou pensando e fazendo coisas que nunca ousei antes. Preciso agir a favor dos meus amigos, não é?

— É isso que os amigos fazem – sorriu – e é por isso que eu vou com você nessa sua jornada maluca. Então, nos encontramos na frente da lanchonete amanhã?

— Sim, obrigada.

Depois dessa conversa eu voltei para casa e tentei agir como se nada tivesse acontecido, mas antes de dormir percebi que haviam algumas mensagens não lidas do Castiel no meu celular:

 

Castiel: Acabei de descobrir o que o seu representante de classe fez!¹

             Vou dar uma surra nele²

             Não tente me impedir!³

Kimberlee: Nós precisamos conversar Castiel! Eu sei que não foi ele, uma pessoa não pode estar em dois locais diferentes ao mesmo tempo! Nath está encrencado!

Castiel: Encrencado está o Lysandre, todo desmemoriado no hospital!

Kimberlee: Não foi o Nathaniel e eu tenho como provar! Só me encontra com a Rosalya na porta da lanchonete amanhã.

Castiel: Você ainda não entendeu que eu vou dar uma surra nele?

Kimberlee: Não entendi do mesmo jeito que você não entendeu quando eu disse que eu POSSO PROVAR QUE ELE É INOCENTE!

Castiel: NOSSA! ELA USOU CAPSLOCK COMIGO! QUE MEDO!

Kimberlee: Para de gritar comigo!

Castiel: Vai dormir Kimberlee! Já está na hora de criança estar na cama.

Kimberlee: :p (emoticon mostrando língua)

Castiel: >:( (emoticon muito zangado)

Nossa conversa não foi das mais amigáveis e eu dormi muito preocupada com o dia seguinte, passei a madrugada toda imaginando quando eu teria finalmente uma noite de sono tranquila.

Amanheceu, o clima estava meio cinzento e gelado, mas eu esperava que fosse fazer sol mais tarde então nem me preocupei em me agasalhar. Depois do café da manhã sai como um foguete de casa para encontrar a Rosa e principalmente o Castiel, depois da nossa pequena discussão ele não havia me mandado nenhuma outra mensagem e eu também não tinha dado o primeiro passo.

Fiquei parada na frente da lanchonete esperando qualquer um dois até que meu celular vibrou:

Castiel: Onde você está?

Kimberlee: Bom dia para você também! Estou na porta da lanchonete.

Castiel: Me encontra no porão.

Kimberlee: Não, não posso entrar. Não vou ficar na aula e se alguém me ver estou frita.

Castiel: Olha... Ela vai matar aula.

              Já estou indo :p

Guardei o celular e esperei até avistar o Castiel, desta vez ele não estava focado no celular e desligado do universo e eu até cheguei a considerar isso um milagre. Se aproximou com aquela típica cara de “poucos amigos” que só ele tem, parou na minha frente e iniciou:

— Eu só não bati no seu representante de classe porque eu sei o quanto você gosta do Lysandre e sei que não defenderia o cara que o atropelou de jeito nenhum. O que você sabe?

— Ontem quando terminou a aula o Nathaniel parecia meio perturbado. Estava tão perturbado que esqueceu o celular na sala com a tela desbloqueada. Eu peguei para devolver e vi que havia uma conversa entre o Nathaniel e a mãe dele aberta, nessa conversa a mãe dele pedia que ele assumisse a culpa do atropelamento já que se o pai dele fosse indiciado ele poderia ser demitido e ter vários problemas.

— Esse garoto só pode ser um idiota...

— Ele está fazendo isso pela mãe e a irmã. Só que eu e a Rosa vamos procurar alguém que tenha visto o motorista e possa desmentir a história.

— Kimberlee – Castiel pousou a mão sobre meu ombro e disse – o que ele decidiu fazer é horrível e absurdo, mas é por conta dele. Espero que você consiga achar alguém, mas se ele se enfiou nessa enrascada sozinho e não pediu sua ajuda, pode significar que ele não precisa.

— Algumas pessoas tem dificuldade de entender quando estão em perigo e outras não sabem identificar a hora de pedir ajuda. E são para essas situações que existem os amigos.

Castiel sorriu e tirou a mão do meu ombro dizendo:

— Conseguiu salvar o seu representante de turma de uma bela surra.

— Estou ficando boa nesse negócio de evitar confusões.

— Percebi. Então até amanhã Sherlock.

— Até amanhã.

Castiel seguiu para a escola e em poucos minutos Rosalya chegou:

— Demorei muito?

— Não, deu tempo de conversar o com o Castiel.

— Que bom. Não está com frio?

— Está tudo bem, vai fazer sol mais tarde provavelmente.

— Tomara. Vamos aonde?

— Podemos procurar algum estacionamento próximo e perguntar.

— Vamos.

Eu e Rosa fomos verificar quantos estacionamentos existiam próximos da escola e encontramos dois. Em um deles infelizmente ninguém tinha visto nada e nem havia câmeras no local o outro era um pouco mais distante andamos duas quadras até lá e tentamos conversar com um funcionário:

— Oi, meu nome é Kimberlee e essa é minha amiga Rosalya e nós precisamos de uma informação que talvez você possa nos dar.

— Oi, meninas. Sou o Vinicius e vocês não deveriam estar na escola?

Fiquei em silêncio, mas Rosa tomou conta da situação:

— Estamos investigando algo para a diretora. Uma pesquisa sobre velocidade e perigos no trânsito já que um colega de classe foi atropelado em frente a escola por um motorista imprudente.

— Ah... Sim! Lembro-me desse dia, pobre garoto! Ele está bem?

— Sim, está melhor. Só que agora a diretora está liberando os alunos em dupla para fazer uma pesquisa sobre velocidade.

— Interessante essa iniciativa. O que vocês precisam saber.

— Pega um caderno e uma caneta, Kimberlee – disse Rosa me cutucando – Rápido!

— Claro, já estou pegando.

Peguei o meu caderno e uma caneta da minha mochila rapidamente. Era incrível pensar em como a Rosa conseguia sair de qualquer situação com a lábia dela.

Rosa suspirou e começou as perguntas sobre velocidade e leis de trânsito como que não quer nada até chegar no assunto do atropelamento do Lys:

— Bom, uma última pergunta importante agora. No dia do atropelamento, você chegou a ver o carro... Já que a escola é perto daqui.

O homem ficou pensativo e respondeu:

— Rosalya... Todas as informações sobre esse cara o meu chefe já passou para a polícia.

— Mas vocês viram o cara? Um garoto loiro de camisa azul... Com mais ou menos a nossa idade?

— Garoto loiro? – disse rindo – O cara que saiu voando daqui de carro era um homão de quase uns cinquenta anos! Estavam ele, uma mulher loira e uma garota.

Depois que ouvi essa frase sorri imediatamente e questionei:

— É que esse garoto está sendo acusado injustamente de ter atropelado nosso amigo.

— Isso parece bem grave – disse pensativo – O que eu poderia fazer por ele?

— Basicamente, ir até a delegacia e dizer que não foi ele que você viu entrando no carro.

— Kimberlee... Eu não posso fazer isso. Meu chefe disse para nós não nos intrometermos nessa história. Sinto muito.

— Tudo bem, vamos Rosa.

Sai andando na frente enquanto Rosa agradecia o homem por ser tão prestativo, agi de forma grosseira sim, admito, mas já estava cansada de tudo aquilo, parecia não ter saída mesmo, nada que eu pudesse fazer. E quanto mais nós andávamos mais desesperada eu ficava, apenas uma câmera filmou o acontecido e ela não pegou o rosto do culpado e a única testemunha que encontramos não podia se manifestar estava tudo contra nós.

— Acho que nós só perdemos aula – eu disse nervosa – nada está dando certo.

— É o que parece – disse Rosa enquanto olhava as horas no relógio – ainda dá para entrarmos na escola no começo do segundo período.

— Menos mal.

Voltamos para a escola como se nada tivesse acontecido, percebi que o Nathaniel tinha faltado e que ninguém estava comentando o ocorrido. Ainda era intervalo então eu me sentei no pátio enquanto a Rosa foi comprar alguma coisa para comer.

Me obriguei a ficar ali quieta, não havia nada que eu pudesse fazer mesmo que minha mente estivesse um turbilhão de pensamentos. O cara do estacionamento disse que havia uma garota... Com certeza essa garota era a Ambre e eu precisava encontrá-la e conversar com ela. Levantei-me do banco e sai pela escola procurando a Ambre e a encontrei no clube de jardinagem, sentada no chão e sozinha o que era difícil de acontecer, tentei não ser grossa porque ela parecia aflita:

— Ambre?

Ela pareceu não me ouvir então insisti:

— Ambre!

— Ah! É só você – disse se levantando e me olhando com o comum olhar de desprezo de sempre – o que quer comigo?

— Eu já estou sabendo da história do Nathaniel ter atropelado o Lys.

— Espero que não tenha espalhado pela escola toda!

— Não sou esse tipo de pessoa, Ambre! – é... Esquece o que eu disse antes, resolvi ser grossa com ela sim – Está tão acostumada ao seu jeito falso de ser que julga todo mundo por você mesma?

— Olha Kimberlee, eu não estou interessada em saber como você se sente por saber que meu irmão atropelou o seu namoradinho!

— Quem foi que te falou que o Lys é meu namoradinho?

— A Bia que me disse e isso nunca me interessou, porque como eu te disse, fofoca não me interessa!

— Ambre... Não vim aqui para te dizer como eu me senti com isso. Estou aqui para dizer que eu sei que não foi o Nath, assim como você também sabe! Você estava dentro do carro com o seu pai e a sua mãe!

— Para de loucura, garota.

Ambre tentou sair do clube de jardinagem, mas eu a peguei pelo braço e disse:

— O que me admira é que você é irmã gêmea do Nath e mesmo assim o deixa passar por isso para que você continue ganhando mesada e fazendo viagens caras. Você não sabe muito sobre amor fraternal, não é? Você ao menos tentou fazê-lo desistir dessa ideia estúpida?

— Me larga, garota!

— Não... Com certeza não. Cada dia que passa eu me surpreendo ainda mais com você e de uma forma totalmente negativa.

Larguei o braço dela e a deixei ir, para a minha surpresa ela parou por uns segundos e disse:

— Kimberlee... Espero que essa seja a ultima vez que você insinua que eu não amo meu irmão. Porque na próxima, eu não respondo por mim.

Quando a Ambre saiu do clube de jardinagem eu pude respirar fundo e digerir toda aquela conversa. Ela realmente me ameaçou? Sei que me alterei e falei até de coisas que eu não sabia, mas Ambre saiu muito abalada, talvez fosse algo positivo, talvez.

No caminho para sala de aula peguei o celular para tentar mandar mensagem para o Nath e ver se ele iria me responder:

Kimberlee: Nath??

Nathaniel: Oi, Kimb. Tudo bem?

Kimberlee: Não, não está nada bem. Já estou sabendo que você mentiu para a polícia.

Nathaniel: Precisamos conversar sério. Me encontra no parque depois que acabar as aulas, venha sozinha.

Kimberlee: Oks.

O sinal tocou e eu continuei andando pelo corredor até a sala de aula olhando as mensagens, quando entrei na sala nem vi o professor Faraize e depois que ele me chamou, lembrei que naquele dia ele daria uma aula antes do intervalo e uma depois logo ele perceberia que eu tinha matado aula, então o jeito foi tentar fingir que não sabia de nada:

— Oi, Kimberlee! O que houve? Não lembro de ter te visto na primeira aula.

— Não aconteceu nada, professor – disse sorrindo por fora e tremendo por dentro – Eu estava ali no meu lugar, como sempre fico. Acho que você deve ter se enganado.

— É... – parecia confuso - Deve ter sido isso mesmo.

Virei-me e segui para o meu lugar perto de Alexy, onde ao meu lado direito Armin jogava videogame e nem notava minha presença e o Kentin no lado esquerdo dormia:

— Caramba, Kimberlee... Você fez a Kátia ali com o professor Faraize lindamente.

— Kátia? – questionei rindo – O que é isso?

— É uma gíria gay. Quer dizer se fazer de desentendida.

— Nossa... Se minha mãe descobre que eu matei as aulas do primeiro período eu estou encrencada.

— O que você e a Rosa foram fazer?

— Ajudar um amigo.

— Mas eu não posso saber quem é o amigo e nem porque ele precisa de ajuda... – suspirou – Me conta logo uma hora vou acabar descobrindo.

— É o Nath, rodei por ai com a Rosa para ver se conseguia ajudá-lo, mas foi inútil.

— Ouvi a Melody falando mais cedo que ele estava enrascado.

— Sim, mas, por favor, não espalha essa história.

— Tudo bem.

O resto do período terminou tudo bem e na hora da saída eu tentei chegar o mais rápido possível no parque,  porque estava se iniciando uma chuva fina e além de não estar agasalhada eu ainda estava sem guarda chuva apenas mandei uma mensagem para a Rosa explicando porque eu não iria ver o Lys naquele dia. Sabia que ela ia ficar muito brava comigo, mas o Nath me disse claramente “venha sozinha”.

O esperei por pouco tempo na entrada do parque e depois de uns instantes ele apareceu:

— Oi, Kimberlee.

— Oi, Nath – tentei manter a calma – eu queria te fazer uma pergunta.

— Pode fazer.

— Porque você foi lá e mentiu? Eu sei que não foi você! Você vai acabar com o seu futuro fazendo isso! E qual a razão? Porque sua mãe pediu? Porque você se importa com a sua família?

— Kimberlee... – disse colocando a mão sobre a testa – eu vim aqui com o objetivo de pedir para você não se intrometer nessa história. Eu não vou ser preso, no máximo vou ser obrigado a fazer serviço comunitário ou indenizar o Lysandre. A história termina assim.

— Nathaniel você ouviu o que acabou de me dizer? – comecei a rir de tão nervosa e continuei – Você acabou de me dizer que a história termina com você pagando por um crime que não cometeu e o verdadeiro culpado livre.

— Calma Kimberlee. Você tem que analisar as coisas. Se meu pai é indiciado por este crime ele pode perder o emprego e a minha mãe e a Ambre vão ficar desamparadas. Estou fazendo isso por elas.

— Uma mãe de verdade nunca pediria uma coisa dessas para um filho, uma irmã que realmente ama o irmão nunca permitiria que ele fizesse uma loucura dessas e um pai que se considera pai assume os seus erros.

— De onde você tirou isso?

— Isso o que?

— Eu não te disse que minha mãe me pediu para fazer isso! – Nathaniel começou a ficar nervoso e agitado – Naquele dia que você me devolveu o celular... Você mexeu nele e viu a conversa.

— Sim eu vi a conversa, não vou mentir e também não vou pedir desculpa por isso, já que foi você que deixou o celular desbloqueado com a tela aberta na conversa.

— Desde que você não se envolva com essa história, não precisa me pedir desculpas por isso. Só não tente me ajudar.

— Já entendi que você não quer ajuda.

Ignorei totalmente a hipótese de que o Nathaniel quisesse me dizer algo, virei às costas e sai andando. Neste momento ele apenas disse:

— Eu sei que não é certo o que eu estou fazendo, mas eles são a minha família.

Parei de andar e ainda de costas para ele retruquei:

— Todos os relacionamentos são uma via de mão dupla, ou seja, tem que ir e vir. Entenda como quiser.

Sai de perto dele para não lhe dar a surra que o Castiel prometeu. Nathaniel me chamava e eu simplesmente fingi não estar ouvindo nada, em meio aos meus passos rápidos fui percebendo que a chuva engrossou e ficou forte e tempestiva, tentei chegar em casa o mais rápido possível, mas não deu. Quando cheguei estava ensopada e parecia não ter ninguém em casa também. Melhor, se minha mãe me visse desse jeito seria o meu fim.

Deixei minha mochila no chão da sala mesmo e peguei meu celular para ver as broncas de Rosalya:

Kimberlee: Desculpa não te esperar, não vou poder ver o Lys hoje. Nath respondeu minhas mensagens e disse que queria conversar sério comigo.¹

Rosalya: Não desculpo não! Porque não me chamou? Eu queria dar umas broncas nele!

Kimberlee: Eu já fiz isso, mas ele não parece se importar. Está fazendo isso pela família e me pediu para ficar de fora. Não quer minha ajuda.

Rosalya: Não consigo acreditar nisso. Espera! Vou te ligar.

Sentei nos degraus da escada e esperei Rosalya me ligar, olhei rapidamente para o chão molhado e já imaginei minha mãe me xingando, sem contar que só de ter chegado em casa encharcada eu deveria ter ido direto para o banho não estava calor como um dia de verão e sinceramente eu já estava congelando de frio na escada, mas ignorei, e quando o telefone tocou atendi a ligação de Rosalya:

— Kimberlee! Que história é essa do Nathaniel não querer sua ajuda!

— Ele me disse para não tentar ajudar. Que está fazendo pela família e várias outras coisas.

— E o que você disse?

— Eu disse que todo relacionamento é uma via de mão dupla e deixei aberta a interpretação.

— Kimberlee, você disse isso se referindo ao fato do pai dele ter espancado ele?

— Não só isso, Rosa! A Ambre poderia até não saber de nada do que o pai fazia com o irmão dela, mas a mãe dele com certeza sabia e era omissa! Parece que só ele ama e se sacrifica nessa família e isso não é justo. Sem contar que eu confrontei a Ambre sobre o assunto e ela saiu toda nervosa.

— Ele parece não se importar então quem somos nós para dizer algo, agora a Ambre é o tipo de pessoa que só ama a si mesma, nem adianta conversar.

— Não, Rosa. Ela pareceu ter ficado bem chateada por eu ter insinuado que ela não se importa com o Nath.

— Ah... Mas vai saber o que se passa na cabeça dela.

— Quem é que sabe? Acho que ninguém.

— E sobre a nossa investigação? Vamos continuar a tentar inocentar o Nath?

— Não estou mais querendo achar provas para inocentar o Nathaniel, estou procurando provas para incriminar o verdadeiro culpado do atropelamento. Estou fazendo isso pelo Lys e não mais pelo Nathaniel.

— Embora isso vá beneficiar o Nathaniel de alguma forma.

— Pois é – espirrei – você está no hospital?

— Sim... Tudo bem por ai?

— Claro, eu só tomei um pouco de chuva e acho que peguei um resfriado também. Ai que ódio de mim!

—  Você tomou friagem o dia inteiro e agora a chuva, vai tomar um banho a gente se fala depois.

— Queria saber se o Lys está bem.

— Sim ele está ótimo e a senhora Josie já está assinando a alta dele. Provavelmente amanhã ele vai estar na aula então, por favor, Kimb. Vai tomar um banho quente para acordar inteira amanhã.

— Eu queria falar com o Lys... Nem estou mais tão molhada assim, minha roupa até já secou um pouco.

— Nossa Kimberlee – suspirou – você não sabe que isso só vai te fazer ficar doente? Vai tomar banho agora!

— Oks, Rosa!

Desliguei a ligação e antes de tomar banho sequei todas as poças de água que tinha se formado do meu trajeto da porta até as escadas. Realmente minhas roupas já estavam quase secas, mas eu obedeci Rosalya, tomei um banho quente, coloquei minha mochila para secar e por sorte meus cadernos não estavam molhados.

Rosa não me retornou a ligação e o celular dela só dava ocupado então acabei desistindo de falar com ela e fui direto dormir depois do jantar, mas antes dei uma olhada no celular e vi uma mensagem de um número desconhecido:

???: Fiquei sabendo que você faltou o primeiro período para tentar provar a inocência do meu irmão, então vou te ajudar. Vá até a casa azul ao lado estacionamento há duas quadras da escola e procure pelo senhor Pedro, ele discutiu com o meu pai porque ele quase o atropelou na saída do estacionamento. Inclusive ele disse que meu pai poderia machucar alguém e sabe que o Nath não estava no volante. Por favor, não desista de ajudar o meu irmão, não importa o que ele diga. – Ambre.


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Notas finais do capítulo

¹²³: Simbolizam mensagens que ainda não foram lidas.
Emoticons: Bem... sou da época do Messenger do MSN então coloquei algumas referências :)
Episódios citados: 12 - Todo mundo quer saber, 22 - Jogo de pista e 23 - A casa dos segredos.



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