Teoria do caos escrita por Angelina Dourado


Capítulo 4
Antes da Queda - Capítulo Três


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Aqui está mais um capítulo dessa história que estou amando escrever! Agradeço a todos os acompanhamentos, vocês me enchem de determinação!
Mais informações sobre o capítulo nas notas finais ;)
Boa leitura!



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Ás vezes Papyrus se esquecia daquele toca fitas. Naquele momento o vira por acaso, enquanto decidia qual das revistinhas daria para Sans – havia se arrependido de ter feito aquele desafio, mas trato era trato – em cima de uma alta estante. Estava lá já havia tantos anos que uma camada de poeira se formava por todo o objeto. Gaster a havia lacrado, para que ninguém abrisse seu interior e retirasse o que havia de importante: uma fita de música.

Nela havia apenas uma única música, que ficara eternizada por todo o subsolo como um famoso toque de celular. Nela estavam espalhadas as cinzas de seu compositor, com seu nome já desbotado por conta do tempo: Semi Serif.

Dos dois irmãos apenas Sans havia conhecido aquele velho esqueleto, entretanto era muito jovem na época para lembrar-se dele. Ao que tudo indicava fora ele quem cuidara de Gaster, e assim como eles havia sido um dos poucos esqueletos existentes. Mas a idade chega para todos, e Semi Serif havia virado pó há vários anos. Apesar de nunca ter conhecido ele, Papyrus já se achava intimo o bastante para considerá-lo como uma espécie de avô.

— Ei Sans, onde a gente ouviu a música do vovô Semi mesmo? – Perguntou e Sans que estava cochilando abriu um dos olhos, resmungando alguma coisa antes de responder.

— Eu não sei. – O mais velho se levantou, coçando os olhos para espantar o sono. – Em algum computador de Gaster eu acho, por quê?

— É que eu queria ouvir mais uma vez. – Explicou chateado, entregando a revistinha em silêncio. Sans a pegou encarando sua capa e folheando, fingindo desinteresse.

— Pode ficar com ela, não tenho paciência para essas coisas. – Sans devolveu a revistinha para Papyrus que sorriu largamente por alguns segundos, até parecer se dar conta de algo e recusar a devolução.

— Não! Fizemos um trato, você tem que aceitar seu prêmio.

— Qual é Paps, eu sei que você gosta de suas revistinhas. Pode ficar com elas.

— Mas antes você queria!

— Agora não quero mais.

— É um presente não se recusa presente!

Antes que a revista rasgasse de tanto que eles forçavam um ao outro a ficarem com ela, Sans parou por um momento para pensar em alguma solução. E antes que Papyrus se achasse vitorioso naquela disputa, o mais velho decidiu:

— Vamos dividir ela, agora ela é de nós dois. Assim eu posso ler alguma coisa nova e você não vai sentir falta dela.

Com aquela declaração, os olhos de Papyrus brilharam de felicidade que abraçou Sans tão forte que estalara os seus ossos.

— Eu gosto de dividir, dividir é legal!

— Menos força Paps...! – Sans alertou com a voz fina pela falta de fôlego. Papyrus o soltou imediatamente, dando dois passos para trás.

— Desculpe, é que fiquei feliz.

— Foi nada. – Disse Sans dando um risinho, arrumando o suéter listrado. – Mas me diz, por que queria saber da música do Semi?

Papyrus ficou um pouco sem jeito, pondo seus braços para trás e se balançando com a ponta dos pés.

— É que... Eu estava pensando que seria legal se a gente tivesse mais alguém. Já que o pai está sempre ocupado.

— Ah, é isso? – Sans deu de ombros, como se aquilo não fosse nada. Papyrus pareceu ficar mais envergonhado, desviando o olhar. – Ta, eu também acho que seria melhor se não ficássemos tanto tempo sossinhos.

— Sem trocadilhos Sans.

— Mas se pensarmos por outro lado – Sans continuou como se não tivesse escutado o que Papyrus acabara de dizer. – ele deve ter muita coisa para fazer, ele ta sempre trabalhando. Ele conseguiu fazer com que a luz voltasse ontem a noite, e está ainda trabalhando no Core! E também em alguma outra coisa eu acho...?

— Eu sei disso. – Papyrus disse completamente apático. Ambos ficaram em um silêncio fúnebre, olhando um para o outro um tanto sem jeito, até que Sans pensava em alguma outra coisa para confortar o irmão.

— Então por que está assim Paps? Vamos lá, vai dizer que não formamos uma ótima dupla?! – Sans falava quase gritando, do jeito mais animado que conseguia, afinal não tinha o costume de erguer muito a voz ao contrário do mais novo. – Nós nos damos bem sozinhos, não precisamos de ninguém!

— É mesmo, nós somos incríveis! – Papyrus disse com os braços erguidos em uma pose heróica e Sans suspirou de alívio. A sorte de Sans era que o irmão mais novo ao mesmo tempo em que entrava em um estado de melancolia rapidamente, também se animava novamente na mesma velocidade.  

Era frequente aquele sentimento de abandono, onde ambos sentiam em proporções diferentes cada um. Ás vezes era mais forte e palpável como o incidente na capital, mas quase sempre era em momentos aleatórios, quando algum dos dois se dava conta sobre como estavam sozinhos o tempo inteiro. Quando não era Gaster as únicas outras figuras que tinham como referências eram os outros poucos cientistas do laboratório, mas o contato nunca era longo já que ocorriam em um local de trabalho.

Mas naquele dia em especial, nem Gaster e nem os funcionários estavam presentes. Por causa da notícia de um humano no subsolo, todos preferiam permanecer em casa até que o rei resolvesse o ‘’problema’’. Humanos eram conhecidos por serem imprevisíveis, e suas ações poderiam variar muito, fazendo com que os monstros não soubessem ao certo o que fazer em uma situação dessas.

Assim estavam os dois irmãos sozinhos, e ainda por cima sem nada para fazer. Não sabiam por que, mas Gaster não dava nenhuma tarefa a eles já fazia vários dias, talvez pelo remorso por tê-los esquecido? Provavelmente não. Mas pela falta de trabalho, brinquedos e ideias, ambos ficavam completamente a mercê do tédio.

— Ouviu isso? – Papyrus indagou de repente, largando uma caneta que encontrara perdida por aí. Ele estava desenhado em papéis que seriam jogados no lixo, todos escritos em wingdings. Pelo que ambos viram, eram rascunhos de uma estranha máquina, refeita diversas vezes e nenhuma delas havia deixado Gaster satisfeito.

— Ouvi o que? – Sans perguntou sem mover um osso em sua cama, até que um estrondo do lado de fora o fizera pular por conta do susto. Nunca tinham ouvido algo assim antes, era como uma explosão, mas não como as dos canos do Core, ela era rápida e barulhenta, com o fantasma de seu som permanecendo no lugar por vários segundos, como se fosse um perigoso aviso.

Aquilo era um tiro.

Sans abrira a boca para falar alguma coisa, mas fora interrompido pela porta do quarto sendo aberta bruscamente. Gaster aparecera ofegante, com os olhos arregalados brilhando em azul e laranja, parecia ter saído de alguma espécie de batalha, ou fugido de uma. 

Se escondam! — Sinalizou tão rápido que errara um que outro gesto, mas os meninos o compreenderam mesmo assim. Olharam-se assustados, indo para debaixo da mesa, já que infelizmente não havia opções melhores de esconderijo.

Gaster quem agiu mais rápido, fechando a porta e a bloqueando com ossos que surgiram magicamente do chão. Em seguida foi para perto dos irmãos que instintivamente se aproximaram do doutor que os acolheu em seus braços, não tirando os olhos da porta.

— O que está acontecendo? – Sans perguntou com a voz mais baixa o possível, para não serem notados por seja lá de quem estavam se escondendo.

Humano. — Gaster gesticulou com uma mão, bem perto dos olhos de Sans que prestou atenção em cada gesto. Aquela palavra causava medo, pois ela vinha do desconhecido, das lendas, do motivo de todos estarem a tanto tempo dizendo seus desejos para pedras.

Baixinho podia ouvir Papyrus choramingando assustado, encolhido o mais próximo que podia de Gaster que o segurava firme com o braço esquerdo. Gaster também o segurava firme, não sabia dizer se era pra transmitir segurança ou pelo próprio medo. Mas Sans admitia que o gesto deixava-o mais seguro, afinal o doutor era o único apto a participar de uma luta no momento.  

Depois de vários e tortuosos minutos, passos pesados foram ouvidos do corredor aproximando-se lentamente. O som de esporas girando era arrepiante, como o de facas sendo afiadas. A tensão aumentava a cada pisada, os ossos feitos para bloquearem a porta agora cresciam cada vez mais, quase alcançando o teto.

Até que os passos pararam quando estavam diante da porta do quarto. Os poucos segundos que se passaram tinham o som das esporas rodando lentamente e dos ossos tremendo de medo.

No momento em que a maçaneta foi pega, começando a girar lentamente, foi como se suas almas tivessem pulado para fora do corpo. Gaster tapou a boca de Papyrus que quase exprimiu um grito, as chamas em seus olhos aumentaram a ponto de iluminar grande parte do quarto com as sombras dançando pelas paredes.

Mas o humano não ligou para a porta trancada, pelo contrário, seus passos continuaram para além do laboratório. O vazio novamente se instalou, estavam apenas os três esqueletos estáticos a espera de algo a mais. Depois de alguns minutos Gaster garantira que o humano já estava longe, fazendo com que os ossos da porta desaparecessem deixando vários buracos pelo chão. Sans encarava o piso danificado, impressionado ao ter visto Gaster usar sua mágica daquela forma pela primeira vez.

— O que vamos fazer agora? – Papyrus indagou ainda um pouco assustado. Gaster não respondeu nada, ficando num profundo silêncio, com sua expressão séria parecia que estava isolado de tudo e de todos, em seu próprio mundo. O mais novo continuava a espera da resposta, mas Sans já compreendera que não havia muito para ser feito.

— [Esperar.] - O doutor respondeu depois de um bom tempo, sua voz estática ecoando por todo o cômodo.

No final do dia, a notícia que mais circulava pelo subsolo é que mais uma alma humana fora pega por Asgore. Apesar de em um primeiro momento levantar alegria e esperança pelo subsolo, com o retorno a superfície se tornando cada vez mais próximo, para muitos monstros não era compensador, afinal o humano extinguira com a vida de diversos monstros em seu caminho. O motivo dos assassinatos? Monstros relataram ouvir o humano falar algo sobre justiça, porém ninguém tinha certeza de sua veracidade.

Os irmãos pouco ouviram sobre o caso, e por conta da experiência tão próxima com o humano começaram a dormir juntos por conta do medo. Durante a madrugada sempre tinham a impressão de que alguém estava andando pelos corredores, mas eram apenas suas imaginações aguçadas pelo acontecimento passado.

Com mais uma alma coletada, o laboratório ficava cada vez mais vazio com a saída de diversos funcionários, pois a ciência não levava mais a bons frutos segundo muitos monstros. Com Asgore conseguindo cada vez mais almas, não parecia haver uma real necessidade de descobrir outros métodos para quebrar a barreira. Assim a cada dia que passava o lugar ficava cada vez mais vazio e Gaster mais ocupado, tudo agora estava mais pesado em sua coluna.

Apesar de todo o trabalho, Gaster não estava dando nenhuma tarefa para os dois ainda. Os irmãos não reclamavam nem um pouco – tirando os momentos de tédio de Papyrus - e aproveitavam o novo ‘’método’’ do doutor. Ele também começara a permitir que os dois o acompanhassem durante o trabalho, desde que não tocassem ou interrompessem em algo, talvez por se sentir solitário com o laboratório tão vazio, mas Sans tinha um pressentimento de que alguma coisa nova estava por vir.

O doutor estava determinado a terminar o projeto de resfriamento do Core. Passava dias e noites a fio testando variáveis e protótipos nos computadores, preenchera cadernos inteiros de cálculos e rascunhos, dominara diversas salas apenas com prováveis peças que seriam usadas, não trocara de roupa por quatro dias, coisa que se dera conta apenas quando Papyrus perguntou o porquê de tantas manchas em seu suéter.

Os meninos presenciavam tudo isso de longe, geralmente em baixo de uma das escrivaninhas de Gaster onde haviam montado seu próprio ‘’cantinho’’, ali o doutor mal os notava enquanto trabalhava logo acima. A cada rascunho descartado que ele jogava no chão era surrupiado por Papyrus para poder desenhar ou criar quebra-cabeças iguais os das revistinhas que tanto lia, era um hábito que havia adquirido há um tempo.

Já Sans variava mais, jogava videogame até sua pouca bateria terminar, testava os esquemas feitos pelo irmão, mas geralmente ele cochilava. Ás vezes lia alguns livros de Gaster que o mesmo não lia mais, inclusive a enciclopédia que causara tantos problemas para os irmãos, estava abandonada em um canto acumulando pó, pois pelo que Sans notara Gaster só queria saber de uma coisa que estava marcada na página 223 com marca texto:

‘’Muito tempo depois da morte, as almas humanas não são mais capazes de resistirem em plena forma e acabam se despedaçando, pois mesmo com toda a sua força um dia elas também podem sucumbir. Seus restos possuem apenas poucas memórias esmigalhadas, não podendo mais exercer tanto poder. A única maneira de impedir isso é absorvendo suas almas a tempo, o que é muito fácil de ser feito devido a sua resistência de permanecerem inteiras por um longo período. O uso de outros métodos para conservá-las é feito de maneira apenas artificial.

Entretanto, em ocasiões raras algumas almas humanas podem se despedaçar no exato momento em que a pessoa morreu, assim como a dos monstros. Geralmente isso acontece quando o humano é morto de maneira brutal ou inesperada. ’’

Quando Sans tentava compreender o que se tratava o novo projeto de Gaster, apenas ficava mais confuso. Mas apesar da curiosidade, pouco pensava sobre isso, ainda mais nas circunstâncias que estavam. A cada novo dia, mais próximos da realização chegavam e uma enorme expectativa vinha dos irmãos ao observarem o doutor tão concentrado no aprimoramento do Core.

 - [Está feito.] - Gaster declarou depois de horas de um silêncio mortuário no laboratório. Os meninos ao ouvirem aquilo sorriram largamente, levantaram-se apressados e comemoraram aquela conquista. Afinal agora teriam luz à vontade, nada mais explodiria e ninguém mais acordaria durante a noite em emergência! Mas o doutor pouco reagiu, e quando ambos notaram isso foram se calando gradativamente até sobrar um novo e desconfortável silêncio.

Era óbvio que ele estava feliz e satisfeito com o resultado, afinal o Core era sua maior criação e seu maior orgulho! Entretanto para Gaster, terminar algo tão fundamental para o bom funcionamento de sua máquina não era mais que uma obrigação sua. Não era motivo de festa como os pequenos haviam pensado.

O Core é uma das coisas mais importantes para mim, sem ele nada que eu pensei e penso em fazer seria possível. Ele é a chave para todas as portas. Eu devo mantê-lo funcionando. — Explicara, um pouco antes de desabar exausto em cima da mesa de trabalho. E assim os irmãos se entreolharam, percebendo como eles mesmos também estavam cansados.

                                                                     ***

A cada passo que dava, mais um tiro era disparado. As balas voavam a poucos centímetros de seu corpo, prosseguindo sua jornada em alta velocidade pelo corredor escuro. Sans tentava encontrar o fim do laboratório, mas a escuridão no horizonte era eterna e ele não era capaz de chegar a lugar algum. Sentia que a qualquer momento o atirador se aproximaria o suficiente para acabar de vez com sua vida. O medo lhe consumia de um jeito que a sobrevivência era seu único pensamento, sua visão ficava turva e as paredes pareciam encolher conforme seu desespero aumentava. Estava em um ciclo infinito, fugindo de algo que não era capaz de enfrentar, com a morte batendo em sua porta.

De repente um ponto apareceu na escuridão, uma silueta conhecida, sorridente e acenando em sua direção.

— Ei Sans! Você ainda não me contou uma história de dormir! – Papyrus segurava o livro que havia pegado na biblioteca, alheio ao que estava acontecendo ao redor. Sans tentou gritar para que ele fugisse, mas sua voz não saía e em um milésimo de segundos vira uma das balas se chocarem no crânio de seu irmão que se dissolvera em pó.

— Papyrus! – Gritara em desespero, lágrimas começando a brotar de seus orbes. Mas quando olhara para baixo, vira um pequeno buraco em seu suéter e no chão uma bala caída, seu corpo começava a se degenerar lentamente.

Foi quando Sans acordou.

Seus ossos tremiam, sentiu sua alma balançar em seu peito, uma sensação que nunca sentira, uma força parecia tomar conta de seu ser. Levantara bruscamente, na defensiva, pensando que alguém estava ali para lhe atacar. Mas quando ouviu algo quicar pelo chão, deu-se conta que tudo não passara de um sonho.

Ao seu lado Papyrus apenas virou-se para o lado oposto, quase havia o acordado. Sans suspirou aliviado, pondo a mão na cabeça e absorvendo a situação que se passara. Seus ossos ainda tremiam, nunca havia tido um pesadelo como aquele, sentia medo, se sentia incapaz de proteger a si e ao irmão e isso era o que o assustava mais do que tudo.

Olhou para o lado de onde ouvira o barulho de antes, e para sua surpresa, do outro lado do quarto estava um osso. Saiu da cama mais rápido do que nunca, indo até o local onde o osso estava repousado no chão, o pegando para ter certeza se sua visão não o estava enganando-o. Ao ter a certeza de que era realmente um, mexeu-se e se alongou de todas as formas possíveis á procura de algum osso seu que tivesse perdido. Ao que tudo indicava todos os seus 206 ossos estavam intactos.

Foi quando se dera conta que aquele osso não havia vindo de um lugar, ele havia sido criado, criado por ele! Sans olhava para aquele osso completamente encantado, havia feito aquilo com sua própria mágica, pela primeira vez conseguira conjurar um ataque! Mas sua surpresa não foi boa por muito tempo, ele não estava esperando por aquilo, havia sido completamente espontâneo e em um momento de horror, caso aquele osso tivesse ido para o outro lado... Teria atingido Papyrus.

A simples ideia de ferir o irmão o assustava e o deprimia. Tinha consciência de que não seria sua culpa, mas o fato de não poder ter controle daquilo o assustava, e por estar assustado tinha receio de que aquilo acontecesse novamente! Olhou para Papyrus que dormia tranquilamente, com medo de se aproximar dele e alguma coisa acontecer. Sans sabia que apenas uma pessoa podia lhe ajudar naquele momento.

Percorreu por diversos corredores e cômodos a procura de Gaster, começando pelos que ele mais frequentava até ir às áreas mais obscuras do laboratório onde raramente se aventurava. Andava abraçado ao osso que havia criado olhando para os lados ansiosamente, a cada sala vazia ficava mais nervoso.

Ele nunca está quando precisamos. Sans pensou irritado, poucos segundos antes de ouvir uma porta sendo aberta bruscamente. Imaginando ser Gaster foi a sua procura na direção do som, e não demorou muito para notar uma curiosa trilha de terra que chegava até um dos escritórios.

Ao entrar no cômodo se deparou com o cientista real completamente imundo, no chão estava uma picareta jogada com alguns pedaços de terra ainda presos. Estava com os braços escorados em uma mesa de metal, onde havia posto em cima um dos recipientes para preservar almas, iguais as feitas para o rei.

Entretanto o que estava dentro não parecia uma alma, parecia um pequeno caco de vidro, de um branco opaco e sem vida.

— Gaster...? – Sans chamou e o doutor olhou para trás de relance. – Eu queria saber...

Não tenho tempo para isso Sans. — Gesticulou com uma das mãos erguidas de maneira brusca, fazendo com que Sans apertasse mais o osso que segurava contra o peito. O doutor suspirou, parecia cansado. – Querendo eu ou não preciso de ajuda com isso, é um experimento muito delicado. Vou precisar de você e seu irmão a postos. Mesmo assim haverá riscos... Há chances de não dar em nada, ou virar uma catástrofe! Não será fácil.

— Tudo bem, a gente ajuda com suas coisas de ciência. Mas eu preciso saber o que eu faço com...

— [Não é simples assim!] - O doutor gritou virando-se de frente para Sans que se encolheu assustado. Assim que viu o menor cravou os olhos no que ele segurava, abaixando os ombros tensos lentamente e colocando uma das mãos na cabeça, fechando os olhos. Respirou profundamente, em busca de alguma forma de se acalmar, afinal aquela havia sido uma longa noite e ela não melhoraria caso continuasse assim. – O que você tem aí?

— E-eu tive um pesadelo, aí eu acordei e estava com medo e daí simplesmente... Simplesmente...

Entendi. — Disse pondo uma das mãos no ombro de Sans. Estava extremamente cansado e o menor tinha a impressão que ele poderia desabar no chão a qualquer momento. Mas naquela hora, havia um pouco de empatia no mesmo olhar exausto. – Acho que podemos tentar deixar para amanhã o projeto. Agora venha, preciso lhe explicar algumas coisas.

Em seguida ele pegou o osso de Sans e o colocou no bolso do jaleco, andando para fora daquela sala com o menor a segui-lo. Pois Sans sabia que Gaster sempre consertava tudo.


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Notas finais do capítulo

Sobre o vovô Semi: Ele não é nenhum personagem criado por mim, ele é do Toby Fox mesmo! Não o vemos no jogo por que ele é meio que ''um personagem descartado'' e se eu não me engano suas únicas informações vem do arquivo do jogo, incluindo sua musiquinha. Aparentemente ele era para ser o avô de Sans e Papyrus.
Sobre as almas humanas: me baseei no fato de que a alma de Frisk quando morre ela imediatamente se despedaça ao invés de permanecer inteira como é mencionado para ser as almas humanas, e neste capítulo meio que tentei criar uma teoria sobre isso. Sobre as memórias restantes nestes pedaços que mencionei no capítulo, eu também me baseei na alma de Frisk que no final na luta contra Asriel mesmo quando ele(a) morre Frisk consegue voltar a vida! Como se ainda tivesse um pouco de poder em sua alma... Guardem essa informação que meio que será importante para os próximos capítulos ;)
Até semana que vem pessoal! Comentários são sempre bem vindos ^-^



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