Teoria do caos escrita por Angelina Dourado


Capítulo 18
Estudo da Natureza das Almas - Por Dr. WD Gaster (Parte II)


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Ainda não acredito que essa fic ganhou uma recomendação, muito, mas muito obrigada!!!!! Não consigo nem descrever a minha felicidade!!!! Isso me enche de determinação para continuar ela por mais uma dezena de capítulos! Por falar em capítulos, depois disso me sinto até mal por entregar um capítulo tão pequeno, mas acredito que este será o menor da história toda já que ele narra só uma única cena.
Boa leitura pessoal!



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O bebê era leve mesmo quando estava adormecido feito uma pedra. Os corredores gelados e com luzes fortes não eram o suficiente para fazê-lo acordar, fazendo com que o doutor tivesse a sensação de que estivesse carregando um boneco.

Se bem que naquelas circunstâncias, era melhor para Gaster pensar assim ao invés de lembrar estar segurando Sans, o esqueleto que nascera há mais de um ano naquele mesmo lugar. Mal soltara as primeiras palavras e seu próprio nome já fora pronunciado, mesmo tão pequeno já havia seu jeito único de se expressar, falando num tom baixo e calmo demais, bem parecido com sua própria personalidade.

Infelizmente para Semi Serif, aquele seria sempre Dings Jr.

Gaster não sabia ao certo quando fora a última noite que dormira bem. Talvez uns dois meses atrás? Perdera a noção já, e tinha certeza de que se conseguisse adormecer por três horas ininterruptas seria demais para os seus padrões.

Passara o dia ocupado andando por Hotland, bolando estatística, tecendo possibilidades, procurando por lugares o mais habitáveis possíveis na região. New Home já estava ficando superlotada, o subsolo parecia encolher a medida que a população aumentava, e mesmo os lugares mais insalubres teriam que se tornar novas moradas.

Mas o doutor jamais descansava. Para ele o dia fora feito para resolver os problemas do subsolo, e a noite para buscar uma fuga dele.

Chegara ao lugar planejado, agradecendo pela energia estar funcionando direito naquela noite ou aquela porta não se abriria por nada. Era frequente estender sua carga horária para a noite, havia coisas que preferia fazer sozinho e sem os olhos dos funcionários a lhe bisbilhotar, principalmente com o que faria naquela noite. Era melhor que ninguém visse aquilo.

Concentre-se Wingdings. Alertou-se, não poderia deixar que aquele tipo de ideia o impedisse de prosseguir com aquilo. Precisava ser feito, era a única das soluções.

Algumas partes da tubulação e maquinário do Core ficavam expostas naquele ambiente, um lugar amplo e que antes estava completamente vazio. Agora com toda a aparelhagem nova de Gaster, virara mais uma das salas de experimentos. Afinal, era o lugar mais próximo do Core que não transmitia algum risco de vida, e Gaster precisava do máximo de energia possível para aquele experimento.

Já havia deixado tudo pronto fazia alguns dias. Não havia realizado tudo ainda por que achava que precisaria de um tempo para absorver tudo aquilo, se preparar para o que estaria por vir. Agora possuía dúvidas se não deveria ter feito tudo de uma vez, se não pensasse talvez não houvesse arrependimentos. Ou culpa.

Deixou Sans deitado bem no meio do enorme X vermelho que havia feito bem no meio da sala, passara tanto tempo medindo-a milímetro por milímetro que não deveria esquecer-se do local exato do alvo. A criança se remexeu por um momento, estranhando o novo ambiente, mas nem sequer abriu os olhos e não se desligando do mundo dos sonhos.

Deu as costas rapidamente, dirigindo-se a uma pequena ala improvisada para as extensões da máquina. O pequeno objeto cúbico parecia simples para ter todas aquelas teclas e telas, entretanto arrancar a alma de um monstro sem causar quaisquer danos na mesma era um objetivo que causara mais tempo de trabalho do que o cientista imaginara. Para ‘’melhorar’’ a situação, esta era até a parte fácil, o difícil seria manter a alma intacta por tempo indeterminado, e apenas com toda a potência do Core seria possível algo assim, por isso um compartimento cilíndrico com uma forma de alma já havia sido implantada por Gaster em um local específico do Core.

É um procedimento rápido. O laser acertará a alma que será movida até o compartimento e será mantida inteira até o dia da quebra da Barreira. Lembrava a si mesmo a todo o momento, tentando transparecer confiança para si mesmo. Não havia motivos para mudar de ideia, trabalhara tanto desde que aquela ideia lhe surgiu pela mente, assim não precisariam mais esperar por humanos que caíssem no subsolo. Só precisava regular um nascimento espontâneo, estudar sua alma, regular o experimento com suas necessidades, e mantê-la presa.

É por isso que precisa ser Sans. Tentava dizer a si mesmo, o lado profissional lutando para se sobrepor acima de todos os outros.  Estudara a alma daquele esqueleto por meses desde sua criação, sabia de todos os detalhes, onde poderia falhar e onde acertar. Nenhuma outra alma teria um resultado tão preciso.

Apenas o faça.

Começara a ligar os reatores do Core, os vapores de fumaça e toda a combustão ficavam muito mais claros naquele lugar, com os ouvidos estourando em meio daquele caos. Com isso Sans acabou despertando, olhando para os lados e sentindo-se confuso e sentando de maneira desajeitada. Um arrepio percorreu Gaster ao ver aquilo, ele não poderia engatinhar nenhum único centímetro para fora do alvo.

Mas calmo como sempre, Sans não mexeu um só osso e permanecera parado, olhando de um lado para o outro, parecia procurar por algo. Ou alguém.

A alma não irá quebrar, será indolor.

O Core começava a se aquecer cada vez mais, produzindo mais energia e combustão do que o normal, felizmente o cientista tinha em mente um plano para caso o mesmo se sobrecarregasse, mas torcia para que não fosse necessário. Assim fez a segunda parte do procedimento, começando ligar o instrumento que retiraria a alma, um zumbido pode ser ouvido vindo da máquina assim que os primeiros pistões se ligaram.

Você o criou pela e para a ciência.

Não havia botão ou alavanca alguma para parar a máquina. Gaster já a havia construído dessa maneira justamente para caso pensasse em desistir. No momento que começou com tudo aquilo não havia como parar.

Você é o futuro dos monstros.

E quando o tiro fora projetado, tão rápido quanto um raio, Gaster não o vira. Apenas o sentiu estilhaçar atrás de si, o som do ferro abatido ecoou como um sino desafinado. Seus ossos estremeciam e sua visão se tornara turva, a mente estava tão confusa quanto o corpo.

Até que se deu conta de que teria sido mais produtivo prender a si mesmo, ao invés de montar uma máquina sem a função de desligar.

Sans choramingou em seus braços, assustado com o jeito abrupto que fora pego e com o som da explosão. O doutor observou a criança, confuso com suas próprias ideias, onde se perguntava o porquê ter arriscado a própria alma e ao mesmo tempo o porquê de ter começado tudo aquilo.

O que está fazendo Wingdings?!

Sabia muito bem o que estava fazendo, melhor dizendo, estava prestes a fazer. Instintivamente apertou mais Sans contra o seu peito, com milhares de dilemas vagando por sua mente conturbada. A que ponto poderia chegar? Valia a pena tantos sacrifícios? O que são centenas de anos de confinamento perto de uma alma? Havia alguma proporção entre eles? Seu senso de moralidade estava tão fora dos eixos que não sabia se sentia-se arrasado com a falha ou aliviado.

Apenas sabia que não conseguiria deixar aquela criança morrer.

— [Eu... Sinto muito. Desculpe-me] – Soltou as palavras quase inconscientemente, sabendo que o esqueletinho estava mais interessado nos botões de seu jaleco do que qualquer outra coisa. Mas mesmo tendo a consciência de que Sans não fazia ideia do que acontecia ao seu redor, dizer aquilo o fazia se sentir menos vazio por dentro, a culpa era uma prova de que uma alma ainda existia.

E o que faria agora? Seus pensamentos o levavam para nada. Poderiam passar-se mil anos até que os humanos necessários caíssem e os monstros fossem libertos, mas o doutor não poderia continuar com aquilo. Precisava pensar, necessitava buscar alternativas, mas jamais arriscar Sans.

— [Não farei isso, nunca mais. Prometo.] – Disse olhando para os orbes confusos de Sans que apenas lhe dera um sorriso quase sem dentes. As palavras saíram-lhe salgadas de sua boca, uma sensação terrível passando sobre si, temendo a si mesmo, temendo por aquela criança. Não era capaz de confiar em si mesmo.

Pois Doutor WD Gaster sempre fora péssimo em manter promessas.


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Notas finais do capítulo

Bem, tinha que ter um motivo pra Gaster só resolver usar os skelebros de cobaias depois de muuuito tempo. Pena que uma hora ou outra aconteceu, promessas não são o forte dele mesmo ;p
Até a próxima pessoal!



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