Teoria do caos escrita por Angelina Dourado


Capítulo 14
Antes da Queda - Capítulo Doze


Notas iniciais do capítulo

E estamos de volta! Um dia atrasada eu sei, mas é que só consegui postar agora, desculpa gente vou tentar postar no horário certo na próxima!
Boa leitura! ^-^



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— [Sente alguma coisa?]

— Só cansaço. – Sans respondeu, tomando um gole de leite que fora oferecido por Gaster – afinal faz bem para os ossos. Em seguida encarou o copo com certa desconfiança, apesar de ter um sorriso zombeteiro no rosto. – Não colocou nada nisso daqui né? Você anda meio imprevisível ultimamente, vai que isso é um leite inteGaster.

Gaster ignorou o comentário, anotando alguma coisa em um bloco de notas que retirara do bolso. Sans deduzira que aquilo era um rascunho para alguma coisa que ele colocaria em um de seus registros, não usando o gravador por conta de sua presença. O doutor o havia levado para a inativa sala administrativa, afinal era o único funcionário atualmente, o deixando sentado em uma das cadeiras das abandonadas mesas de escritório.

Sans sentia-se exausto, sua visão estava turva como se estivesse em algum tipo de balanço estranho, segurava o copo de leite com uma mão trêmula enquanto a outra se apoiava na mesa ao lado, mesmo estando sentado não tinha confiança em seu próprio equilíbrio. Havia estado desacordado por alguns minutos, havia esgotado toda sua energia com aquele ataque, afinal o realizara quando já estava muito cansado.

Em sua mente eram repassadas as cenas de batalha que teve com Gaster alguns momentos atrás. Não só pela surpresa e susto de quando o doutor ‘’propôs’’ aquilo, como o fato de ter conseguido invocar uma Gaster Blaster pela primeira vez. Sans até se sentia orgulhoso por seu desempenho durante a luta, porém estava assustado e confuso demais para pensar muito sobre isso, tendo um ponto em específico que martelava a sua mente sem parar.

Encarava o copo em suas mãos fixamente, pensativo sobre o que vira no final da batalha. A habilidade de ver aquilo não o impressionara tanto, pois Gaster já havia mencionado que era capaz disso e era inevitável que ele mesmo não tivesse. O que o espantara foram os dados do doutor, eram bizarramente altos, quase todos eles na verdade, já que seu EXP e LV nem pareciam existir, ou se existisse era de uma forma muito estranha.

Aquilo o fazia temer o doutor ainda mais, afinal Gaster demonstrava mais a cada dia que tinha total poder sobre ele e o irmão. Mesmo se Sans decidisse realizar algo contra ele, não havia escapatória alguma para eles.

Olhou para o doutor, pensando se deveria ou não falar sobre isso com ele. Na mesma hora Gaster parou de anotar no bloco, guardando-o em seu bolso e não deixando de notar o olhar enigmático de Sans.

— [Se deseja saber algo apenas pergunte.] – Disse e Sans desviou o olhar, começando a olhar para os lados como se aquilo não tivesse sido dirigido a ele. Gaster o fitara por alguns momentos, se acostumando à visão de um único olho, havia uma bandagem acima da rachadura de seu olho direito que não ajudava em muita coisa agora que o estrago já estava feito. – [Não há com o que se preocupar. O efeito da magia em seu corpo fluiu como previsto, mesmo se usá-la além da conta seu corpo a suportará, levando-o no máximo a uma exaustão.]

— Não é sobre isso. – Sans retrucou levantando as órbitas em direção ao cientista, mas sem erguer a cabeça. Encarava o doutor com uma expressão mórbida enquanto falava. – Eu vi seus dados, eu acho que é esse o nome, durante a batalha. Antes de desmaiar.

Gaster permaneceu em silêncio, Sans desviara o olhar enquanto o do cientista permanecia cravado no garoto, como se esperasse alguma reação a mais. Não fora necessária nenhuma espécie de explicação, o doutor compreendera o porquê daquela pergunta, pegando uma cadeira atrás de si e sentando-se de frente para Sans, com as costas curvadas e as mãos juntas uma na outra.

— [O elemento pode agir de formas muito distintas, apenas pela maneira como ele é inserido.] – Gaster começou a explicar e Sans o olhou com o canto dos olhos, bastante desconfiado. [Em meu caso, como fora posto direto no meu corpo a reação fora única. Minha forma física se tornou muito mais resistente, porém com alguns pontos que ainda são incompreensíveis junto com certas consequências. Posso manifestar magia, entretanto é sabido que a magia não se manifesta bem em corpos muito físicos, por isso caso eu abuse demais os resultados refletem na forma de deterioração de meu corpo.]

Sans fixou o olhar por alguns segundos nas duas rachaduras que Gaster possuía no rosto, em seguida moveu o olhar até suas mãos esburacadas e ficou absorto assim por um tempo até o doutor prosseguir com a explicação:

— [No seu caso, o elemento está direto em sua alma. A alma é a culminação de seu ser, logo é ela que torna o seu corpo físico. O elemento posto em sua alma surtiu um efeito diferente, sua alma tentou adaptar o seu corpo de maneira que comportasse o elemento da melhor maneira. O resultado é um corpo muito mais frágil, mas com maior aproveitamento da magia sem nenhuma sequela a mais.]

Sans ficou calado depois de dizer qualquer coisa que nem mesmo ele se dera o trabalho de saber o que, terminando o leite que ficara intocável até o momento. Apesar da explicação de Gaster clarear um pouco as coisas em sua mente, havia um ponto mais específico que o deixava perturbado, algo que começou na própria batalha e que não terminava até aquele momento.

— Ei Gaster. – Tomou coragem de dizer, e apesar do tom baixo que falara o doutor se virou em sua direção automaticamente, fazendo Sans hesitar por mais alguns segundos. – Se eu não tivesse conseguido conjurar os blasters, você realmente teria me matado?

O doutor se sobressaltou ao ouvir aquilo, ficando alguns segundos atordoado antes de responder de maneira rude:

— [Mas que espécie de pergunta é esta Sans?] – Indagou o doutor fazendo Sans encolher os ombros. – [Não falemos mais sobre isso.]

Sans ficara quieto, porém insatisfeito. Afinal, aquilo não havia sido uma resposta.

                                                                             ***

Sans havia tido uma ideia genial, e como sempre acontecia quando tinha uma ideia genial logo quis realizá-la junto com seu irmão. Era mais uma espécie de surpresa e Sans tinha suas dúvidas se aquilo realmente daria certo, porém ele treinara duro para aquilo e tinha esperanças de que funcionasse.

— Feche os olhos, agora segure minhas mãos. – Sans indicou e Papyrus obedeceu, dando pequenos pulinhos de ansiedade e sorrindo largamente, afinal adorava surpresas. – Fica calmo, assim não vai funcionar.

— Então me mostra logo! – O mais novo retrucou. Sans revirou os olhos rapidamente antes de fechá-los também, buscando se concentrar ao máximo para conseguir o efeito, sua alma parecia borbulhar em seu peito e seus ossos começando a formigarem, tudo ao seu redor parecia ficar denso e confuso. Segurava as mãos de Papyrus com força, tentando passar toda a energia para o irmão para não o perdê-lo. Logo ambos foram jogados para a confusão que era um vortex dimensional, caindo numa velocidade quase que irreal, até pararem completamente intactos em um lugar completamente diferente.

Papyrus fora o primeiro a abrir os olhos, ainda um tanto zonzo com o que acontecera. Ao se deparar com uma pequena rua repleta de casas cinzentas e com alguns monstros andando aqui e ali, abrira a boca de surpresa ficando com as pupilas enormes de tão impressionado que estava.

— Sans! Você conseguiu usar o teleporte! E junto comigo! Como fez isso?! Isso é incrível, eu jamais imaginaria algo assim! A cara, isso é demais! Melhor surpresa, melhor surpresa! – Papyrus bradava tão empolgado que não sabia para que direção olhar. Sans sorria largamente, satisfeito e realizado ao ver a felicidade do irmão frente aquilo, havia treinado muito para conseguir aquilo e estava feliz que dera certo.

— Prefiro chamar isso de ‘’atalho’’, soa melhor eu acho.

Mas logo seu olhar passara de satisfação para confusão. Sans olhara para diversas direções, desnorteado e tentando se localizar, afinal havia parado em um lugar onde não estava planejando ir.

— O que houve irmão? – Papyrus questionou ao ver a reação de Sans que deu de ombros com um sorriso amarelo.

— Bem, vamos torcer para que a gente esteja perto de onde eu pensava ir. – Disse pondo as mãos no bolso e continuando a olhar para diversas direções, um sorriso divertido estampou seu rosto. – Afinal essa é só parte da surpresa!

— Wowie! Mais surpresas! – Papyrus exclamou ainda mais empolgado, pegando na mão de Sans e começando a arrastá-lo pela calçada mesmo não fazendo à mínima ideia de que caminho tomar. O mais velho apenas deixou ser levado, olhando pela rua atentamente a procura do lugar que buscava, pois felizmente aquele lugar ao menos lhe era bem familiar.

Mesmo não sendo o lugar que Sans esperava parar, aproveitara toda a situação junto com Papyrus. Viram lojas sendo abertas, com monstros conversando entre si, várias famílias reunidas na porta de casa, era tudo tão impressionante quanto à primeira vez que estiveram na capital. Entretanto ali não estava nem um pouco próximo do centro, era um bairrozinho simples quase que no subúrbio, com ruas mal iluminadas e calçamentos esburacados. E igualmente ambos ficavam encantados com tudo aquilo, afinal eles estavam vendo como era a vida normal do cotidiano dos monstros, pois da primeira vez que Gaster os trouxera fora apressado demais e mal dera esta oportunidade aos garotos de contemplarem aquilo.

Sans divagava se algum dia teria uma vida assim.

— Já estivemos aqui antes não é? Quando Gaster nos levou pra casa do vovô Semi. – Papyrus comentou sem tirar os olhos dos prédios cinzentos.

— É. Eu não queria estragar o resto da surpresa, mas fazer o que. – Respondeu dando de ombros e os olhos do mais novo se iluminaram.

— Nós vamos pra casa do vovô Semi!?

— E você vai poder pegar o que quiser, hoje são as minhas regras. – Sans cruzou os braços para dar ênfase ao que dizia, mostrando que realmente não estava de brincadeira.

— Wowie! Isso é fantástico! Mas... E se Gaster perceber que não estamos em casa? – Papyrus indagou inseguro e Sans o segurou pelos ombros o guiando mais para frente.

— Esquece Gaster, ele não vai nos checar tão cedo. Siga em frente! Eu acho que estou reconhecendo o caminho. – Disse Sans tão animado que nem parecia ser o mesmo, fazendo com que Papyrus ficasse ainda mais empolgado e começasse a segui-lo fielmente.

Finalmente chegaram ao destino planejado. A casa de Semi Serif continuava uma velharia deplorável, com as paredes repletas de manchas e vidros quebrados, com portas e janelas lacradas com tábuas de madeira. Como os garotos não tinham a chave da única porta inteira do lugar, eles decidiram por arrombarem uma das janelas, o que foi uma tarefa fácil devido ao estado de todo o lugar.

— Ta ficando ainda mais divertido! – Papyrus comentou enquanto ajudava Sans a descer do parapeito. O mais velho logo fora à procura de alguma lamparina pelo lugar, encontrando uma em um canto empoleirado do ambiente e a acedendo com fogo mágico, revelando todo o império de caixas e móveis cobertos que eles já haviam conhecido. – Wowie!

— Vamos lá Paps, temos um trombone para encontrar aqui!

E ao contrário da primeira vez que estiveram naquele lugar, pegavam e experimentavam todas as coisas novas e interessantes que encontravam. Riam e brincavam um com o outro no meio de toda aquela poeira e bolor, conseguindo esquecer nem que só por um momento de Hotland.

— Se eu pudesse, eu me vestiria sempre assim! – Disse Papyrus trajando uma camisa havaiana um pouco grande e usando óculos escuros. – Isso aqui é apenas para caras legais como eu!

— Ei Paps, olha isso! Cartões postais! – Gritou Sans em cima de uma montanha de caixas, erguendo diversos papéis em suas mãos. Quase como se fosse coreografado, Papyrus estendeu os braços e Sans caiu em queda livre, caindo bem em seu colo são e salvo.

— Wowie! Tem de Waterfall, bem onde fomos!

— Não faço ideia o que é Snowdin, mas gostei do estilo do pessoal de lá. – Comentou Sans apontando para um cartão que mostrava um lugar coberto da mais branca neve, repleto de pessoas encasacadas em uma pequena cidade.

— Um dia a gente vai ir a todos esses lugares! – Papyrus anunciou animado, espalhando os cartões pelo chão e observando cada um com atenção.

— Eu não vejo a hora disso acontecer. – Falou apontando para um relógio que tinha no pulso. – Não tente esconder Paps, você está sorrindo! Você gosta de minhas piadas!

— Não estou não! – Retrucou o mais novo tapando seu rosto com as mãos para não mostrar que realmente estava sorrindo.

— Ah, eu também quero te mostrar uma coisa. Isso com certeza vai alargar mais esse sorriso! – Disse Sans pegando na mão do irmão e o guiando pelos corredores de caixas lacradas. Pararam de frente para um pequeno armário que já havia sido descoberto, com o lençol imundo jogado ao lado, Sans abriu uma de suas gavetas com facilidade, mostrando o conteúdo para o irmão.

— Wowie! Lápis! Lápis coloridos! São coloridos Sans! – Papyrus dizia empolgado enquanto pegava cada um deles. Alguns sem ponta, outros bem pequenos de tão usados, outros quebrados, mas aquilo não importava para ele, afinal aquela era a mais incrível novidade que vira naquele lugar, até mais que os óculos escuros. – Eu preciso testá-los! Sans me ajude a encontrar papel!

Não demorou muito para encontrarem uma velha agenda que ainda havia algumas folhas em branco, apesar de um pouco amareladas. Assim enquanto Sans cochilava em um velho colchão enquanto lia uma antiga história em quadrinhos, Papyrus ficava por perto, o desenhando com um olhar atendo como se fosse um artista profissional.

— Você poderia ser menos preguiçoso e ficar sentado, é difícil desenhar pessoas deitadas!

— E você poderia ser mais preguiçoso e deitar aqui comigo, um cochilo seria ótimo agora. – Sans retrucava fazendo Papyrus revirar os olhos antes de continuar o trabalho.

— Está feito! Uma verdadeira obra de arte feita pelo Grande Papyrus! – Anunciou após alguns minutos, mostrando o resultado para um Sans já quase adormecido. Ao se levantar o mais velho pegou o pedaço de papel, analisando o retrato feito. Concluiu que caso fosse uma batata com olhos e suéter dormindo, aquele desenho seria o mais realista possível.

— Eu pareço uma batata.

— Ei! Eu me esforcei muito nisso Sans!

— E eu por acaso disse que não parece verídico? – Sans indagou fazendo Papyrus soltar um leve riso, olhando para os lados de maneira pensativa, algo bem atípico do mais novo.

— Eu amo esse lugar! Vamos viver aqui! – Papyrus disse num tom alto, com um largo sorriso no rosto.

— Acho que teríamos que arrumar toda essa bagunça antes de tudo. – Disse Sans pondo as mãos no bolso, já ficando desanimado com o fato de terem que ir embora. Afinal, nem sequer encontrara o trombone que havia visto da última vez.

 - Ah, mas eu sou rápido, mesmo você sendo um preguiçoso que não me ajuda, o Grande Papyrus consegue muito bem cuidar disso!

— É sério Paps... Temos que ir agora. – Falou em um tom sério e desanimado, fazendo com que o mais novo suspirasse tristemente ao ver que não havia jeito.

— Ta... – Murmurou, colocando o máximo de lápis de cor que podia nas sacolas que arrastava por aí com todos os entulhos que havia achado interessante. – Só bote isso antes de a gente ir.

— Óculos escuros? – Sans indagou já os botando no rosto, sendo seguido por Papyrus que também pôs um par.

— É para mostrar que somos caras muito legais. – Papyrus respondeu sério, como se aquilo fosse algo de extrema importância e seriedade. Sans para entrar na brincadeira assentiu de maneira profissional, cruzando os braços em seguida. – Agora, como vamos voltar com todas essas coisas?

— Relaxa, eu conheço um atalho.


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Notas finais do capítulo

E ai gente, vocês acham que Gaster teria ou não atacado o Sans de verdade na luta?
Comentários são sempre bem vindos! ^-^



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