Segunda – Feira:

Carmen:

Chegamos na escola e fomos direto para a quadra de esportes onde a diretora nos esperava, junto com o professor René. A professora Julieta que conduziu minha turma até a quadra.

— Bom dia, alunos queridos! Teremos a primeira prova no recreio hoje, então se preparem, para a primeira prova vocês irão criar uma resposta para a pergunta: porque que a sua equipe merece vencer a gincana e viajar para Gramado? – A diretora nos disse.

— Vocês terão todo o tempo do recreio para criar essa resposta. – O professor René nos informou.

— Lembrando que cada prova vale um ponto e a última dois. – Falou a nossa professora de Literatura, Fernanda.

Será que nenhuma das provas serão práticas como no ano passado? Ainda está na primeira, tenho certeza que uma delas vai ser, se bem que no ano passado todo mundo achava que iam ter mais provas práticas e não tiveram muitas.

— Pensem agora em um nome para as suas equipes e nos falem. – A professora Julieta, falou.

As equipes se uniram e os nomes ficaram:

Equipe 1 que é formada por: Clementina, Adriano, Abelardo, Jaime, Alícia, Kokimoto e Bibi, o nome ficou: Stars of Gymkhana [Estrelas da Gincana]. Aposto que foi a Bibi que deu a sugestão do nome, né.

Equipe 2 que é formada por: Valéria, Cirilo, eu, Margarida, Davi, Laura e Jorge, o nome da equipe que eu faço parte ficou: Os Desafiadores.

Equipe 3 que é formada por: Maria Joaquina, Daniel, Luiza, Mário, Paulo, Marcelina, o nome da equipe ficou: Os Super Demais.

Depois dos nomes escolhidos o sinal soou e fomos todos para a nossa sala de aula para os primeiros tempos de aula.

As aulas logo terminaram e o recreio chegou.

— Ansiosa para a primeira prova? – Cirilo me perguntou enquanto nos sentávamos na quadra para começar a primeira prova da gincana e eu sorri.

— Sim e você?

— Muito, mas o que eu mais gosto disso tudo é poder ficar perto de você. – Ele sussurrou no meu ouvido e eu arrepiei.

Clementina que estava do outro lado da quadra nos fuzilava com os olhos.

— Cuidado! A sua namoradinha está olhando para cá e está nos fuzilando com os olhos, se você tem amor a sua vida melhor se afastar de mim.

— E se eu não quiser me afastar de você? – Cirilo me perguntou.

— Você terá que se preparar para levar uma bela bronca da Clementina, após o fim da prova da gincana.

— Ah... eu aguento. – Ele fez charme.

 - Aguenta é?

— Aguento.

— Atenção alunos, a primeira prova se inicia agora e quando terminar o tempo a professora Suzana, aqui presente, vai soprar o apito e todos terão que entregar a folha com a resposta da pergunta, as folhas para que vocês coloquem as respostas estão sendo entregues, uma por equipe. – A diretora, disse tirando toda a minha atenção de Cirilo.

Vi a folha sendo entregue pelo professor René à Valéria. Eu e Cirilo nos aproximamos mais de Valéria e o resto da nossa equipe.

Na folha estava a pergunta e um ótimo espaço para a resposta.

O tempo passou voando e quando a professora Suzana tocou o apito a nossa equipe havia terminado de elaborar a resposta.

Entregamos a folha de volta para o professor René, assim como as outras equipes.

Olhei meu relógio e vi que faltam dois minutos para o fim do recreio, foi muito pouco tempo de prova, será que todos os dias a prova será no recreio? No ano passado algumas foram e outras não.

— A equipe que deu a melhor resposta foi: Os Desafiadores. – A diretora, anunciou.

A minha equipe! – Eu pensei.

Valéria foi a primeira a levantar e gritar, eu fiquei tão chocada que fui a última a fazer isso.

— A parte que mais gostamos da resposta foi... – A professora Julieta disse exatamente a parte que eu dei a ideia da resposta.

— Parabéns, Carmen! – Vale me falou assim que também percebeu que a professora falou a parte que foi minha ideia.

— É, parabéns, Carms – Laura me parabenizou também.

— Depois das aulas quero ter uma conversa com você. – Cirilo me disse baixinho e eu concordei com a cabeça.

O recreio soou e eu fui para a sala de aula conversando com a Alícia e foi só aí que eu percebi que hoje nós não lanchamos e se continuar assim nós não lancharemos toda a semana, mas será por uma boa causa.

— Queridos! O lanche de vocês será servido no fim das aulas. – A professora Fernanda nos informou e eu fiquei feliz por isso.

O sinal do final das aulas soou um tempo depois e eu saí da sala e fiquei esperando o Cirilo, em pouco tempo ele estava bem na minha frente.

— Carmen, me responde uma coisa?

— Claro.

— Quando você começou a namorar o Jaime você gostava dele de verdade?

— Não.

— Hun...? – Ele ficou meio eu não estava esperando por essa resposta.

— Não, eu não gostava.

— Então porque que você começou a namorar com ele?

— Porque vi você beijando a Clementina.

— E eu vi você nos braços do Jaime. – Ele rebateu.

— Você quer dizer o abraço de consolo que eu dei nele por causa que ele havia terminado com a Majo há pouco tempo.

— Abraço de consolo?

— Sim, de amigos.

— Amigos?

— Você achou que eu e Jaime tínhamos alguma coisa? – Eu perguntei rindo de nervoso.

— Achei.

— E por isso começou a namorar a Clementina?

— Por isso e pela insistência dela, mas eu sempre gostei de você.

— Eu também sempre gostei de você, só aceitei namorar com o Jaime porque eu e ele decidimos nos ajudar...

— Ajudar como?

— Eu fazer ele esquecer a Majo e ele me fazer esquecer de você, mas não deu certo.

— Não?

— Não, quem fez o Jaime esquecer a Majo foi a Valéria.

— E quem fez você me esquecer?

— Ninguém, eu nunca te esqueci e nem sei se algum dia vou ser capaz de te esquecer.

— Eu te amo, Carmen! – Cirilo me surpreendeu.

— Eu também te amo, Cirilo! – Eu falei se medir as consequências dessa frase tão pequena, porém cheia de significado.

Eu e Cirilo nos abraçamos.

Depois do abraço nos quase nos beijamos, porém ele se afastou de mim e disse:

— Eu preciso fazer uma coisa antes.

— Tudo bem.

— Me espera aqui.

— Está bem, vou só pegar meu lanche e volto para cá.

— Ótimo.

O que será que o Cirilo vai fazer? Acho que terminar com a Clementina, né.

Carmen off

Cirilo:

Assim que encontrei Clementina falei:

— Podemos conversar?

— Sim.

— Vem. – Eu e ela sentamos em um dos bancos da escola.

— Olha, eu e você... pelo menos da minha parte... – Eu comecei.

— Fala logo, Cirilo.

— Eu quero terminar com você.

— Ok.

— O que?

— Você achou o que, Cirilo, que eu ia implorar e chorar para que você não me deixasse?

— Não, mais...

— Mais nada.... Eu tenho meu orgulho.

— Eu sei. – Eu falei e Clementina se levantou e saiu andando sem se quer se despedir de mim.

Voltei para Carmen que estava lá me esperando, inclusive com um lanche para mim, comemos juntos, depois eu a pedi em namoro, ela aceitou e aí nós finalmente nos beijamos.

Cirilo off

Clementina:

Quando Cirilo falou a frase: eu quero terminar com você, uma frase tão rápida, tão simples e ao mesmo tempo tão difícil e tão dura de ouvir imaginei que iria chorar, implorar, desmaiar sei lá, mas a única coisa que consigo sentir até agora é ódio, ódio por amar e valorizar ele, enquanto ele amava e valorizada outra, no caso a Carmen.

Quer saber a partir de agora vou valorizar quem me valoriza.

Vi Adriano, cheguei perto e o beijei.

— O que foi isso? – Adriano me perguntou quando saímos do beijo, saímos porque é claro que ele retribui.

— Eu resolvi te dar uma chance.

— O Cirilo terminou com você, não é mesmo?

— Terminou, porque ele descobriu o que ele já sabia, que ele gosta e sempre gostou da Carmen.

— E eu sou seu plano b. – Ele afirmou.

— Não é isso, é só que eu decidi dar uma chance para você porque você sempre me valorizou e eu fui muito burra de valorizar o Cirilo e não você.

 - Verdade?

— Sim.

— A gente pode tentar.

— Pode, Adriano?

— Pode, porém com uma condição.

— Qual condição?

— A de você prometer que vai pelo menos tentar gostar de mim igual eu gosto de você, promete?

— Prometo.

— Namora comigo?

— Namoro. – Eu respondi.

Eu e ele nos beijamos novamente.

Clementina off

Luiza:

Eu e Daniel terminamos de lanchar juntos e ele me falou:

— A gente pode se encontrar hoje há tarde, lá pelas quatro, no café, aquele que a gente sempre vai.

— Podemos.

— Perfeito, eu comprei um presente para você e quero te entregar, quer dizer um não, dois.

— Dois presentes? Tem alguma data especial que eu esqueci?

— Não, eu só vi essas coisas especiais e pensei em você.

 - Hun...

— A gente se vê. – Daniel me falou e me deu um beijo.

— Sim, até.

Daniel foi para casa.

Liguei para a minha avó que ficou de me buscar e descobri que ela estava pela escola conversando com o namorado dela, o Firmino. Encontrei ela e fomos para casa.

16:05

Cheguei no café e lá estava o Daniel com uma cara de ansiedade, acredito que para me ver.

Me aproximei e me sentei pertinho dele, ele sorriu para mim e me falou:

— Pedi um capuchino com canela para você, o seu preferido.

 - Ah, adoro... – Eu brinquei e ele riu.

Após ele parar de rir o garçom chegou com o meu capuchino e o café que Daniel pediu para ele.

 - Hun... o meu capuchino está muito bom. – Eu falei após provar o meu capuchino.

— Que bom!

— Você é sempre muito atencioso comigo e te adoro por isso.

— Adora e ama, né?

— Sem querer parecer ansiosa, cadê os presentes que você disse que ia me trazer? – Eu perguntei para mudar de assunto, não sei se sou capaz de falar que o amo olhando nos seus olhos.

— Minha ansiosazinha querida! Estão aqui. – Daniel pegou dois embrulhos e colocou em cima da mesa.

Eu peguei os embrulhos e abri o embrulho na minha cor preferida primeiro, ou seja, o de cor lavanda e dentro dele tem um livro, quando li o título me animei muito.

— Romeu e Julieta!

— Sim, é sua peça preferida, não é?

— É, eu já vi vários filmes de Romeu e Julieta e várias vezes já vi essa peça, eu amo muito Romeu e Julieta!

— Esse livro você já tem?

— Não! Por incrível que pareça não, tenho Romeu e Julieta só em quadrinhos.

— Quadrinhos? Nem sabia que tinha Romeu e Julieta assim, deve ser muito interessante.

— Com certeza, é muitíssimo interessante.

— Abre o outro presente agora. – Daniel me falou.

— Vou abrir.

Peguei o embrulho rosa escuro e o abri e dentro dele tem uma... boneca! Mas não uma boneca qualquer, uma boneca de porcelana, muito linda! E me parece antiga, porém não muito, também sei lá parece comigo, a mesma cor de cabelo, a mesma cor dos meus olhos, a mesma cor da minha pele, o formato do nariz e até o da boca.

— Que linda! Daniel.

— Vi ela no antiquário e pensei em você.

— Naquele antiquário onde a gente se encontrou há algum tempo atrás?

— Sim, eu sempre vou lá.

— Ah, eu também fui lá outro dia, amo aquele lugar.

— Amamos.

— É.

Daniel se aproximou de mim e me beijou.

Ficamos mais algum tempo juntos no café até que ele me levou em casa, quando cheguei em casa minha mãe já havia chego e ficou muito feliz por saber que eu estava com o Daniel.

Ela sempre diz que gosta muito do meu namoro com o Daniel, fiz bem de não ter contado que terminamos daquela vez, pois mesmo sem saber que voltaríamos quis pensar como contaria para ela e acabei por nem precisar fazer isso, porque nós voltamos.

Fico feliz por saber que a minha mãe fica feliz por alguma coisa que eu faço.

Fico pensando: qual será a prova da gincana de amanhã? Eu nem sei ainda se quero que meu grupo ganhe essa viagem ou não, porque por um lado viajar com o Mário vai ser ótimo, porém agora ele namora a Marce e ela iria junto, aí seria horrível.

Eu queria tanto gostar do Daniel e não do Mário, se talvez eu não tivesse voltado com o Daniel podia ser tudo tão diferente, entretanto magoar o Daniel não dava, sem chance.

Sentei em minha cama e fiquei olhando meus patins por um tempo, me imaginando fugindo de tudo em cima deles.

Seria ótimo se pudesse fugir de tudo mesmo que fosse por algum tempo, isso seria muito bom se fosse possível, não é? Sei lá, ser outra pessoa, com uma mãe carinhosa e menos problemas no amor.

Luiza off