Meios para um Fim escrita por Seed Gipsy


Capítulo 2
Parte II


Notas iniciais do capítulo

vamos lá então!



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PARTE II

NÃO SABIA DIZER quanto tempo passara acordado. Podia ter sido o tempo todo, podia ter sido apenas alguns minutos. Ele estava atordoado e confuso, sentindo mais dor do que deveria ser possível. Em determinado momento, achou ter visto algo a sua frente. Mas não conseguiu prestar atenção no que acontecia, por que não conseguia focar em nada devido a dor.

Até que, subitamente, a dor simplesmente passou. Sua visão clareou e ele pôde, finalmente, entender o que se passava ao seu redor ao passo de que seus sentidos retornavam. O que estava a sua frente não era um vulto, era ela.

Isso não é possível começou ele você está morta, eu sei disso.

O que você fez consigo mesmo, Tom?  sua voz estava impregnada com pena, o que o irou instantaneamente.

Eu não sou Tom!  bradou Eu sou o Lorde das Trevas, como ousa falar assim comigo?!

Não havia ninguém no mundo com exceção de seu pai, possivelmente a quem ele nutria mais sentimentos de ódio e fúria. Aquela mulher era o motivo pelo qual tivera que viver em meio a trouxas, ela era o motivo pelo qual ele tinha passado por todas as coisas horríveis de sua infância. Ela era uma bruxa que aceitou morrer, ao invés de desafiar a morte. Ela era tudo aquilo que ele mais odiava.

Eu sei o que pensa de mim, sabe... E, se quer saber, me sinto responsável por você ter se tornado o que se tornou.

Voldemort tentou gritar com ela, mas com um simples aceno, suas palavras morreram em sua garganta.

Você é fruto de uma poção do Amor, você não pode sentir essa emoção e nada que derive dela, e isso é culpa minha. Eu escolhi parar de viver no momento que você nasceu, e isso também é culpa minha. Mas você se tornou isso por causa de suas escolhas, e agora você foi derrotado. Você não pode fugir, não existe forma de escapar daqui, Tom. Acabou.

Voldemort usou o pouco tempo que se passou tentando libertar-se do feitiço para responder as palavras Mérope, mas parecia que quanto mais resistia, mais insistente tornava-se a voz da mulher.

“Não há nada que eu posso dizer para justificar o que se passou com você, por culpa minha eu lhe tirei o que te tornava humano, o que te tornava bom, eu lhe tirei o amor. Eu causei tanta dor e destruição quanto você, mas agora é hora de parar. Essa sede de sangue e poder e desumana, Tom, e agora que você está aqui, é hora de liberta-se. Não posso te prometer descanso, essa gratificação é para aqueles que fizeram algum bem na vida, apenas um que seja. Posso, no entanto, te prometer um fim para essa dor, meu filho. Eu entendi e aceitei meus erros, está na hora de você fazer o mesmo.

Eu era só uma menina quando conheci seu pai, uma menina perturbada e machucada pela vida, e ele era tudo que eu queria. Eu precisava dele, então eu fiz o que tinha que ser feito. E eu achei que tudo estava bem. Eu me convenci cegamente de que aquilo era amor, e quando eu engravidei de você, eu achei que ele me amava. Eu parei de dá-lo a poção, e ele parou de me amar. Viver sem ele era mais do que eu era capaz de suportar, então eu me fui também. Eu não sabia o que isso ia causar em você, não fazia ideia. Não sabia qual seria o efeito da poção em você. Eu já aceitei minha culpa, lidei com minha punição e encontrei minha paz, é a sua vez de seguir em frente.”

Nada podia sobrepujar a ira que ele sentia naquele momento, ao ouvi-la chamar-lhe de filho. Ele não tinha mãe ou pai, ao que dizia respeito , era o bruxo mais poderoso que existia, e algumas palavras daquela mulher jamais um dariam isso.  Ele era tudo que precisava, e não iria se render. Ele havia se inventado e reinventado e não veio tão longe para desistir agora. Aquela mulher não o conhecia, não conhecia sua grandeza e jamais o iria entender.

Eu estou te dando uma chance, alguém que venha depois de mim pode não ser como eu sou. Desista agora, meu filho. Procure descanso, saia dessa luta infrutífera.

Conseguiu reunir forças o suficiente para gritar um “nunca!” entrecortado e doloroso. A serenidade que antes estampava a face de Mérope deu seu lugar e um semblante de medo e desespero enquanto ela ia em direção ao que se tornara seu filho. Ao se aproximar dele, a mulher plantou um beijo em sua testa e se foi.

Voldemort respirou fundo, acreditando que aquela tolice finalmente havia acabado e ele podia tentar encontrar novas formas de escapar daquele lugar, mas viu-se novamente preso em seu lugar quando outra pessoa começou a se formar em sua frente.

Por um momento não acreditou no que via a sua frente. Achou estar enganado. Já estava conformado com a ideia de que fantasmas do seu passado viriam para assombrá-lo, a ideia não o assustava, mas não esperava, de toda as pessoas, ver o homem que mais o odiava na sua frente.

Tom Riddle, o homem que havia assassinado, o seu pai, estava bem ali, na sua frente. Não havia nada que quisesse dizer a ele, na verdade, a única coisa que queria era matá-lo novamente, mas aquilo não seria possível, já que mais uma vez estava impossibilitado de se mexer.

Você carrega meu nome disse seu pai Nunca compreendi isso muito bem. Você não é meu filho. É um monstro, uma abominação, uma criatura incapaz de sentir amor, não tinha direito nenhum de manchar o nome Riddle dessa forma.

Não se dirija a mim, sangue ruim Voldemort ficou contente de poder falar, embora preferisse lançar um feitiço que pudesse fazer com que o homem desaparecesse.

Sabe o que eu acho, criatura? Eu acho que você não odeia os nascidos trouxas. Eu acho que você os inveja. Inveja as emoções que eles são capazes de sentir e você não é, inveja suas famílias. Você sabe que nunca vai ser como eles e os inveja. Faça um favor para si mesmo: desista. Abra mão do que o segura aqui e parta, encerre essa existência miserável que o cerca.

Com um simples olhar, a dor retornou e o Tom Riddle Sr. se foi, o deixando sozinho. Não conseguia entender como havia falhado. Não conseguia lidar com a ideia de nunca mais voltar.

Mesmo com toda a dor, conseguiu se levantar e lançar feitiços em direção as paredes e janelas, que pareciam inquebráveis. A sua fúria agora já era maior que a sua dor, e ele lançava ela nas paredes, esperando que algo acontecesse. Quando parecia que estava fazendo aquilo  sem sucesso  há horas, uma nova voz se manifestou atrás dele.

 Você não vai conseguir quebrar essas paredes. Você não vai embora.


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Notas finais do capítulo

Rumo ao finaaaaal XD



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