Meios para um Fim escrita por Seed Gipsy


Capítulo 1
Parte I


Notas iniciais do capítulo

Para leitores: enjoy :3

Sara,
De todos os temas que você deu esse foi um dos que eu achei mais tranquilos de trabalhar, e eu sei que você realmente gosta muito dele, portanto, dei meu melhor.
Embora eu goste de HP, não curto muito fics deles, e isso pesou um pouco para mim.
Tentei dar meu melhor, juro :/

espero que você goste, mas, no geral, desculpa :///



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PARTE I

AS JANELAS E PORTAS do estranho lugar tremeram com a força do feitiço que as atingiu. Onde estava? Que lugar decrépito era aquele?

Tudo era branco. Os bancos, os pisos, os reflexos das janelas que nunca pareciam cumprir seu propósito e mostrar o mundo externo. Já não sabia há quanto tempo estava lá, também não lembrava como tinha ido parar lá. Lembrava-se do que acontecera, do que se sucedera. Lembrava-se da batalha, da destruição, da morte e da dor. Lembrava do prazer também. Ah, lembrava.

Ele se lembrava de tudo do Antes. Toda a sua grandeza, seu poder e força... lembrava da certeza da vitória, de sentir seu gosto, ver sua forma e presenciar seu despontar no horizonte. Por muito tempo teve certeza dela, e por confiar na sua certeza, agora estava derrotado, reduzido, inferiorizado. Mas o grande Lorde Voldemort não podia ser derrotado, pensava ele. Seus poderes quase que inesgotáveis, seu conhecimento, sua força, isso não podia ser derrotado, clamava a mente sanguinária e louca pelo poder.

E, no entanto, todo o seu poder não conseguia tirá-lo daquele lugar frívolo. Por um momento, pensou sobre quando era jovem, ainda na Escola de Magia e Bruxaria, com todo aquele mundo de recursos e feitiços a sua frente e ele mal conseguindo raspar sua superfície. Era assim agora mais uma vez. Todo aquele poder tentava-o, provocava-o, como se disse que não importava o quão grande e magnífico se tornara, não podia sair daquela prisão estúpida.

E então, como se por mágica, uma forma começou a se formar na frente dele. Pensou em mil possibilidades num minúsculo espaço de tempo. Pensou que poderia ser um portal, então tentou jogar-se para frente, apenas para perceber que não podia sair do lugar. Suas pernas, antes funcionais, haviam se reduzido para palitos sangrentos, hastes frágeis que não conseguiam suportar o peso do próprio. O mesmo acontecera com seus braços, que se curvaram e entortaram, se tornando membros curvos e quebrados que pareciam além do conserto de qualquer mágica.

Quando tinha certeza que começaria  sentir as dores daquelas transformações, o mundo ao seu redor pareceu desacelerar. O vulto que antes se manifestava a sua frente, tomara uma forma conhecida, porém esquecida por ele. Tom, o menino Tom, apareceu em frente à casca que havia sobrado de Lorde Voldemort.

Por mais que não pensasse no garoto em anos, sua aparência parecia familiar e estranha ao mesmo tempo. Familiar, pois conhecia os traços, eram como os do seu pai, e estranho por que deixara de ser aquele garoto há muito tempo. 

Como num passe da mágica, o garoto de 11 anos estava a sua frente, olhando com curiosidade para a casca retorcida que virara o Lorde das Trevas.

Isso não é como deveria ter sido falou o garoto  Deveríamos ter sido grandes, gloriosos. Não deveríamos nos tornar essa casca fraca. Você falhou! Fomos derrotados, seremos esquecidos. Nosso nome não há de ser temido, nem conhecido por seu poder. Fomos derrotados...

A voz que começara seu discurso como um hino retumbante de ira, terminara com a voz baixa de melancolia de quem reconhecia a guerra vencida. Ninguém antes vira o Tom reconhecer uma derrota, não era do seu feitio.

Todos acreditavam que a ira, a melancolia e a sede de sangue só viera com Lorde Voldemort, mas isso não era verdade. Todos aqueles sentimentos de ódio e repulsa estavam dentro de si desde muito antes das transformações, muito antes do poder. Aquilo estava consigo desde quando entrara pela primeira vez em Hogwarts, estava consigo desde sempre.

Nós... não falhamos falou o Lorde das Trevas eu voltarei. Matarei ele, matarei todos eles. Eu... Não... Falhei.

As palavras aos poucos tornavam-se espaçadas e falhadas, e externá-las já exigia uma força descomunal. Sua energia chegava ao fim, sentia isso.

Realmente, nós não falhamos retomou o garoto você falhou. Você não vai matá-lo, por que nunca mais vai sair daqui. Isso não é uma prisão, uma contenção ou um castigo. Isso é a eternidade, a sua eternidade, e você está fadado a passá-la aqui, até admitir sua falha.

Mas o lorde das trevas jamais admitiria uma falha sua. Ele não falhava. Não era possível. E também não acreditava em eternidade ou em redenção. Era um bruxo, algo frívolo como a morte jamais o iria deter, e ele sabia que havia passado a possibilidade de redenção. Sabia disso por que nunca a buscara. Não precisava de redenção, de amor ou compreensão, nem ao menos compreendia esses sentimentos, não reconhecia sua existência.

Nunca vira tal coisa como amor, não acreditava nele, não o entendia. Entendia muitas outras coisas, no entanto. Entendia da Ira, sabia como senti-la, sabia incitá-la, sabia manipulá-la. Também do pavor e do terror, sabia do temor e da mais uma sorte de sentimentos ruim. Ele os aceitava, os cultivava, os espalhava.

Mas amor? Não sabia o que era, nunca o havia sentido, tudo por culpa dela. Não pensava sobre isso em muitos anos, na verdade, não pensava sobre isso desde que ela escolhera o abandonar e morrer.

Está pensando nela, não está?  o garoto interrompeu seu raciocínio. Ela vai vir visita-lo, se você não aceitar sua derrota. Todos eles vão, você sabe...

Eu não fui derrotado recomeçou ele eu sou o Lorde das Trevas, eu sou Lorde Voldemort, eu sou aquele que temem pronunciar o nome. EU VOLTAREI E DOMINAREI O MUNDO DA MAGIA DE UMA VEZ POR TODAS.

Não, você não vai. E se tivesse admitido isso antes, não passaria por tudo que vai passar. Se tivesse admitido antes, talvez nem estivéssemos aqui. Você se condenou, e nos condenou junto, e agora vai pagar por aquilo que fez.

E, como se falasse com qualquer outro amigo ou conhecido, o garoto se aproximou de Voldemort, devagar e com calma, como se tivesse todo o tempo do mundo. Quando em frente dele, segurou o rosto do vilão com as mãos, causando uma reação imediatamente. Onde o garoto tocava, sua pela fumegava em queimava, como se exposta a chamas. Os gritos saíram de sua boca antes que pudesse impedir, mas com um simples gesto de mão do menino, nada mais saía de sua boca.

A dor era insuportável, excruciante.  Não conseguia entender como aquilo acontecia. Já havia sentido dor antes, dores horríveis, dores modificadoras. Já executara rituais e tomara poções que o derreteram por dentro, rasgaram seus órgãos e debilitaram sua mente, a enchendo de loucura e perversão, e sempre embraçara essas dores, elas sempre lhe foram bem-vindas, elas lhe arrancavam gargalhadas. Mas isso era diferente. Era mais que aguentava, mais que podia suportar.

E permaneceu assim, em um grito silencioso de dor, pelo que lhe pareceram horas.


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Notas finais do capítulo

Tem três partes :3



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