Zootopia 2 - As regras de Nick Wilde escrita por Untitled blender
Notas iniciais do capítulo
primeiro cap, só coisa boa, pra quem é superfã de zootopia e não consegue esperar a disney decidir fazer um 2º
O gambá passou correndo pela poça de água, virando uma das muitas esquinas do beco onde se encontrava e parou para escutar. Aguçou os ouvidos. Nada. Despistei. Os dois policiais eram espertos e rápidos, mas finalmente haviam ficado para trás. O gambá espanou o pó da roupa e começou a caminhar devagar. Outra esquina. O gambá dobrou à esquerda, e chocou-se violentamente com algo. Algo não, alguém.
Ele retrocedeu dois passos rapidamente. Uma raposa com uniforme e distintivo o encarou e ergueu a sobrancelha direita.
— Acho que já era pra você, meu chapa. – disse Nick Wilde.
O gambá sacou uma pistola. Apontou para o focinho do policial.
— Acho que não.
Nick suspirou, aparentemente dando-se por vencido. Ergueu os ombros e os soltou, num gesto exasperado.
— Tá bom, você me pegou. Eu tenho um último pedido.
Último pedido?
— Só tente não molhar minha camisa com essa pistola d’água, tá?
O gambá retrocedeu mais um passo, num segundo de indecisão. Então puxou o gatilho.
— Não é uma pistola d’... – ele começou a falar, enquanto Nick desviava do jato de água que saíra da pistola de brinquedo.
— Não? Nick perguntou, parecendo chateado – que pena.
O gambá abaixou a arma, surpreso, e agitou as mãos na altura da cintura, como se estivesse procurando algo no ar, e não encontrasse nada. De repente, sentiu algo frio pressionar seu pulso. Ele olhou para o braço, atônito, e nele estava presa uma algema. O estalo do mecanismo foi perfeitamente audível.
— 2ª regra do Nick Wilde – Nick sorria – nunca se deixe distrair por uma conversa. Você deveria saber que eu nunca ando sozinho.
O gambá olhou para trás. Segurando as algemas, havia uma coelha de olhos violeta. Ela também sorriu.
— Nick! Desse jeito ainda vai ensinar alguma coisa pra eles!
Judy Hopps segurava as algemas com uma mão e na outra carregava uma pistola igualzinha à pistola do gambá. Ei, espere. Era a pistola do gambá. Nick segurou o antebraço do gambá, conduzindo-o para longe da esquina, enquanto Judy pegava a pistola d’água.
— Ah, cenourinha, deixa o trabalho mais divertido!
Judy ergueu a pistola d’água e atirou no peito de Nick, que ficou com a camisa ensopada. Ele olhou para baixo, abrindo os braços num gesto de protesto.
— Hey! Você... –ele sorriu novamente – coelha esperta.
— Raposa boba.
— Hunf. Esse é o primeiro falsificador hoje! Aposto que o Chefe Bogo vai nos deixar uma semana no escritório pra relatar tudo isso.
Judy apenas continuou andando, segurando as duas pistolas, enquanto Nick continuava a escoltar o prisioneiro. Eles atravessaram mais alguns becos e saíram numa rua mais larga, perto do centro da Praça Saara. Nick levou o gambá até o banco traseiro da viatura encostada no meio-fio e tirou de lá um cooler. Ele abriu a tampa e puxou um patolé lá de dentro. Judy franziu o focinho.
— Isso é sério?
Nick piscou, olhou para o cooler, para Judy e para o gambá, hesitou um pouco, e depois jogou o cooler novamente no banco, mantendo um patolé para si.
— Hey, parceiro! - Ele apontou o cooler com o patolé – pode ficar com um. É por cota da casa.
Nick fechou a porta, trancando o gambá lá dentro, e pulou no banco do passageiro. Judy saltou no banco do motorista e acelerou rumo ao DPZ.
***
Eles entraram no saguão do DPZ animadamente, conduzindo o gambá até o balcão central.
— E aí, Garramansa? – Judy disse – alguma novidade?
O guepardo pareceu chocado. Ele largou a rosquinha que estava segurando e abriu a boca num grande “oooooooh”
— Vocês não receberam o aviso?
Nick e Judy se entreolharam.
— Que aviso?
— É... hum... Sabe...
— Fala logo, Garramansa!
— É que... bem...
— Garramansa!
— A Bellwether fugiu.
— O quê!?!
— Ontem de noite, Bellwether fugiu aqui da prisão. Estamos em alerta geral, e o chefe Bogo pediu pra avisar que, quando vocês chegassem, eu deveria mandar vocês lá pra sala dele.
Judy olhou para Nick com uma expressão desgostosa.
— Só o que precisávamos pra fechar o dia. Uma bronca do chefe Bogo por deixar o rádio no carro.
Nick concordou, e depois falou:
— Olha, Garramansa, você podia chamar alguém pra levar esse aqui pro novo apartamento dele? Acho que precisamos fazer uma visitinha ao chefe Bogo.
***
— ... Metade dos oficiais desse departamento só porque vocês dois deixaram o rádio no carro!
Bogo batia sua mão na mesa. Judy tentou amenizar a situação.
— Mas, chefe, nós viramos a noite atrás de provas, escondidos no escritório desse cara! Se tivéssemos levado o rádio, nós poderíamos...
— Não estou interessado!! Bellwether fugiu, Hopps! Está solta por aí, e sabe-se lá o que ela pode fazer enquanto não a encontrarmos! Eu não quero saber se vocês passaram a noite e o dia inteiro de tocaia, ainda por cima contrariando as minhas ordens e sem mandado! Esse caso é de vocês! DÊEM UM JEITO E ACHEM AQUELA OVELHA!!!
Os dois saíram da sala do Bogo exaustos e com dor nos ouvidos, mas caminhavam devagar. Era fim de expediente, e, se eles passassem outra noite em claro, provavelmente estariam dormindo no banco da viatura no dia seguinte.
— Mais um pequeno problema – Nick brincou – é impressão minha ou os criminosos gostam de ser presos pela gente?
— Acho que nós não damos escolha a eles, Nick. – respondeu Judy.
— Então, amanhã nós começamos a caça à ovelha.
— Amanhã e não posso, Nick.
— Como assim? A...
— É meu dia de folga, e aniversário da minha mãe. Eu preciso ir lá dar os parabéns.
Um sorriso iluminou a face de Nick.
— Ah, é amanhã? Achei que era só na semana que vem! Eu tenho um presente pra ela.
— Você tem um presente pra minha mãe?
— É claro! Vou passar lá em casa pegar.
— Vamos juntos. A sua casa é no caminho pro meu apartamento.
***
Na verdade não era, mas, mesmo assim, os dois cainharam até a casa de Nick, num prédio baixo e antigo. Nick entrou primeiro, acendendo a luz da pequena sala de visitas.
— Não repare na bagunça. – disse ele, entrando em outro cômodo e começando a procurar algo.
— Ah, qual é, Nick. Você já visitou o meu apartamento.
— Mas o seu é arrumado! Ai!
— O que foi?
— Nada, bati a cabeça.
Judy, que esperava em pé na sala e visitas, notou algo sobre a mesinha de centro. Ela pegou um porta-retratos com uma foto de uma raposa idosa. Talvez a mãe de Nick? Ao lado, havia uma outra fotografia, muito antiga, mostrando uma pequena raposa em um uniforme dos escoteiros mirins, parado em posição de sentido.
— Achei! – Nick falou, voltando à sala de visitas, e Judy pôs o retrato rapidamente de volta no seu lugar, o que Nick pareceu não ter notado.
A raposa segurava uma pequena caixa embrulhada com uma fita na tampa. Ele a estendeu para Judy.
— Esse é para sua mãe.
Enquanto Judy pegava o pacote e o guardava, Nick abriu a outra mão, revelando uma segunda caixa.
— E este é pra você.
Judy foi pega totalmente de surpresa.
— Pra mim? Mas o quê...
Nick pôs o dedo nos lábios.
— Só abra a caixa.
Judy desfez o laço com insegurança, levemente nervosa. Abriu a tampa e soltou um arquejo.
— Nick! – ela exclamou, dando um soco involuntário no baço dele. E retirou da caixa um spray anti-raposa. – o quê significa isso?
Nick sorriu ainda mais.
— Não pude evitar. Talvez você precise dele.
— Nick!
— Brincadeirinha.
Judy olhou nos seus olhos, desconfiada, mas ele manteve a expressão divertida. Então ela deu de ombros e guardou o spray também. E então riu. Nick a levou até a porta, imaginando que o dia seguinte seria horrível. Judy pareceu ler seus pensamentos por um instante.
— Hey, desculpe te deixar com todo o trabalho amanhã.
— Que nada, é o aniversário da sua mãe. E eu sempre posso cobrar o favor. Tenho a impressão de que esse caso não vai ser curto.
Judy sorriu mais uma vez, apesar da preocupação. Eles haviam enganado Bellwether uma vez. Nada os impedia de enganá-la novamente.
— Tchau, raposa esperta.
— Tchau, coelha boba.
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