E então dentre as sombras saiu uma jovem. Ela tinha aparência de uns quinze anos, e um sorriso enlouquecedor. Limpei a poeira da camiseta e continuei olhando pra ela. A jovem deu dois passos e já se encontrava ´´colada`` em mim. Chegou mais perto e cochichou ao meu ouvido:
   - Quem, por acaso é você?
   - Lucca, o aluno escolhido para o treinamento intensivo.-Respondi.
   - Que treinamento? Isso parece mais uma g...
  - Lúcia, nosso convidado merece uma recepção de qualidade. - Disse Itan interronpendo a fala da jovem.
   - Se fosse convidado estaria no quarto de hóspedes, e não, andando em plena madrugada pela casa. - Falou já irritada a jovem.
   - É que eu me perdi.- Disse tentando acalmar a jovem que me encantara à poucos segundos atrás.
   - Por acaso uma estante de livros lhe pareceu uma porta?- Perguntou em um tom sarcástico, e concluiu: - Quer saber de uma coisa, boa noite. Não sou nem um pouco obrigada a escutar esse tipo de afronta.
   Ela saiu em direção à uma enorme porta de madeira rústica, que ficava no fim do corredor. Entrou e bateu fortemente a porta. Eu que não entendi muita coisa, perguntei:
   - Itan, você sabe quem é aquela menina?
  - Eu? Deve ser outra escolhida para o treinamento.- Respondeu confuso, e continuou: -Acho melhor voltar pra sua cama, hoje temos um dia longo.
   - tá bom. Estou indo.- Disse concordando com Itan.
  Quando finalmente encontrei meu quarto, deitei em minha cama e voltei a olhar os desenhos do teto e logo fechei os olhos.
   - Lucca. Vamos, levante! - Disse Dilan.
  - Já estou levantando, mas que horas são? - Perguntei ainda com os olhos fechados.
   - Já são quatro horas da manhã. Ora de levantar.- Disse Dilan meio risonho.
  - Mas, não dá nem pra esperar o sol nascer?- perguntei com a esperança de dormir mais um pouco.
   - Lucca levante agora.- Gritou Itan do andar lá de baixo.
   Pulei da cama assustado. Gritei de volta:
   - Já estou indo.
   Dilan saiu da porta do meu quarto, sem falar nada mais. Levantei, vesti minha farda e desci para o gramado do casarão. Antes mesmo que chegasse aos gêmeos que estavam a minha espera, percebi que estava rindo. Dilan disse ainda sorridente:
   - Você vai ter um treino, não uma avaliação para cargo militar. Vá trocar logo essa roupa.
   Meio sem graça voltei para dentro da casa. Subi as escadas e entrei em meu quarto. Tirei minha farda e procurei uma outra camisa que parecesse ter menos motivos para risos. Peguei-a e a coloquei sobre a cama enquanto tirava a camisa cavada, parte da farda, que ainda estava em meu corpo. Quando tirei, percebi que alguém estava me olhando. Virei-me de frente pra porta e lá estava. A jovem da noite anterior me olhou dos pés à cabeça, com um olhar sedutor. Quando finalmente terminou, olhou nos meus olhos e piscou, mordendo os lábios. Logo depois saiu. Vesti a camisa mais rápido que pude e desci. Quando olhei para o gramado, ainda com a luz das estrelas, consegui ver os gêmeos juntamente com a Jovem que me seduzira à poucos instantes. Me aproximei e os gêmeos já começaram a falar:
   - Lucca, hoje começa o seu treinamento. Lúcia será sua parceira de luta.- Disse Itan.
    - Mas, ela é uma mulher. Não luto com mulheres!- Afirmei convencido.
    - Sem mais delongas. Preparar, começem! - Disse Dilan.
   Eu meio que me afastei para não perder minha reputação por bater em mulheres, mas isso não foi necessário. A jovem veio em meu rumo e com um golpe, fui parar no chão. Levantei quase sem defesa. Mal escutava os gêmeos que falavam ao meu redor:
   - Vamos Lucca lute!
   - Não seja fraco. Vai pra cima dela.
Consegui fixar os olhos nela por um segundo, até que ela me deu um soco no nariz. Caí novamente.
   - Pare Lúcia. Ele precisa de um tempo.- Afirmou Dilan, e concluiu: - Lucca vai já pra dentro limpar o sangue desse nariz.
Levantei do chão meio zonzo e fui em direção ao casarão. Entrei, e antes que começasse subir as escadas ouvi uma gritaria vinda do lado de fora. Corri para a janela e observei bem o que estava acontecendo. Lúcia estava gritando com Itan e Dilan. Abri um pouco a janela para que pudesse escutar algo e consegui:
   - Isso é uma desgraça! Minha mãe precisa saber disso agora.

Continua...