Levantei e me aproximei ainda mais da janela que dava vista à casa ao lado. Ainda assim, tudo escuro, procurei uma lanterna que havia visto em algum lugar do meu quarto a algum tempo atrás. Finalmente encontrei. Liguei-a, e direcionei sua luz à janela principal da casa ao lado. Em um instante, jurei ver uma mulher me olhando, mas ao passar de segundos, não parecia ser mais uma humana. Assustado, desliguei minha lanterna, porém, a coloquei ao meu lado em caso de emergência. Sem mais cabeça para estudar, guardei meu livro e fui dormir. Não parava de pensar no que acabara de acontecer.
   Hoje é segunda-feira, dia de escola. Levantei um pouco tarde e por incrível que pareça, Diana não havia gritado comigo ainda. Escovei os dentes, vesti uma roupa para caminhar e assim fiz. Depois que meu pai se foi, Diana me obriga caminhar por uma hora todos os dias da semana. passei de propósito em frente à casa ao lado da minha, onde supostamente ocorrera o fato do dia anterior. Tudo novamente parecia tranquilo, até que um homem saiu da casa com uma enorme placa na mão. Já havia visto ele ali algumas vezes, mas nunca soube do que se tratava. Continuei minha caminhada, pensando sobre os fatos ocorridos dentro das últimas horas. Ao retornar, conclui, a enorme placa que o tal homem segurava, estava enfincada no chão. Mais uma vez, a casa ao lado estava em busca de algum morador.
   Entrei em casa e já fui logo pro banho. O que parecia sonho, se tornou pesadelo.
   - Garoto vai se atrasar pro colégio. Ande logo!- Gritou Diana lá de baixo.
   Sai do banheiro e vesti minha farda. Minha escola era de militares e por sinal muito rígida. Desci as escadas e fui almoçar.
   - Almoço comprado de novo? -Disse o garoto para a Madrasta, que não o deixou falando sozinho:
 -Desde que seu pai morreu, não consigo mais fazer nada. Estou completamente desamparada. Por favor, compreenda que superar isso está sendo muito difícil pra mim.
   Diana começou a chorar e deixou a cozinha rumo ao quarto. Me senti mal por fazer isso. Já superei a morte do meu pai, mas acho que isso pode ser um problema maior pra ela. Almoçei e fui pra escola. Todos marcharam para as salas de aula. Hoje era dia de treinamento, ataque e defesa. Digamos que somos preparados pra um futuro de guerra talvez. Eu não me saia muito bem, mas tentava melhorar cada vez mais. Levei uns murros mas também me defendi.
   - Olha ele deu um murro no Jack.
   - Ele está muito bravo.
   - Ele devia ter se segurado.
   Diziam os outros alunos que assistiam a luta.
   Jack era a pessoa mais arrogante daquele lugar. Era filho do Coronel-Diretor da Escola e por isso se achava o melhor. Não aguentei, e dei um murro no olho dele. Por alguns segundos ficou no chão, porém, quando levantou, Jack estava louco de raiva. Os sargentos o seguraram, mas por pouco, iria encontrar meu pai mais cedo. O dia se passou. Quando voltava pra casa, percebi ao longe viaturas de polícia e uma ambulância na frente da casa ao lado. Me aproximei e vi Diana, que já me deu uma ordem:
   - Vá para casa e arrume suas malas. Saímos em duas horas.
   Não entendi direito, mas ultimamente tudo está sendo um mistério. fui para casa e arrumei minhas coisas assim como Diana havia ordenado. Por um segundo me dispersei e olhei pela janela. fiquei extremamente assustado. Aquilo se tratava de algo muito mais sério.

                                                                                               Continua...