Sweet Blood escrita por Kin-chan


Capítulo 3
Capítulo 3 - Historia


Notas iniciais do capítulo

Ressuscitei no nyah... estava sem um pingo de imaginação.



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Aquilo me paralisou, talvez pelo fato dele ter matado Miguel ou as palavras “Eu te amo” saírem de um jeito encabulado em um sorriso torto em um momento como aquele. Era loucura! Não nos conhecíamos a mais que duas semanas como ele podia dizer que me amava? Eu meu coração havia disparado por isso! Queria entender. Eu estava ficando louca só podia. Não devia me deixar levar, ele era um assassino, por Deus, eu tinha de fazer algo, chamar a Guarda, mas não poderia fazer isso afobada teria de esperar.

- Por que... – eu comecei a dizer, mas quando meus olhos passaram pelo corpo no chão não consegui continuar a frase, pois uma ânsia subiu-me pela garganta.

- Não é bom ficar olhando muito, você nunca viu alguém morto, viu?

Eu meneie a cabeça negativamente. Nunca tinha visto ninguém morto só um cachorro uma vez.

- Melhor se deitar, vem eu vou te contar uma coisa. Melhor eu resumir porque senão vamos ficar aqui uns 20 anos.

- Vai me contar todos os dias dês de que nasceu em detalhes?

- Não, se lhe contasse ficaríamos aqui 200 anos.

Eu ri, mas ele continuou serio, então resolvi me deitar para não poder ver o corpo ao pé da cama. Gilbert deitou-se com as costas apoiadas na cabeceira ao meu lado. Nos dávamos muito bem como se nos conhecêssemos há séculos, não havia malicia, repreensão, medo, vergonha, era tudo muito natural como se sempre estivesse lá. Ele sorriu com amargura e em seu olhar pousava um ar de nostalgia e com delicadeza pegou uma mecha de meu cabelo e começo a brincar com ela entre os dedos, então respirou fundo e se virou para a parede em frente.

- Quero que me desculpe se talvez fale algo rude, moças não devem ouvir esses tipos de coisas.

“Morava em um castelo um velho duque que de velho na aparência não tinha nada, um homem estranho diziam que era filho do Demônio, os pobres camponeses mal sabiam que estavam certos, tinha uma aparência indescritível que fascinava qualquer jovem e amedrontava todo homem. Mas apaixonado o maldito estava e a uma jovem prometera seu amor, o pai da moça que apesar de não gostar da idéia era ganancioso e o dinheiro do duque ele queria. Então a pobre jovem com o duque se casaria, mas jurara a um camponês o seu amor. Um duelo fora isso que combinaram quem vencesse com a dama ficaria, mas moça está já não era mais. Em um duelo deplorável o duque matou o camponês e um filho nela ele fez.”

“Nove luas depois duas crianças nasceram e a mulher teve certeza de que uma ao falecido amor pertencia, com o coração em alegria ela partiu depois de dar a luz ao filho do maldito. O Duque das duas crianças cuidou como se fossem seus filhos apesar de saber que um não lhe pertencia, pois em nada se pareciam. O filho da noite e o filho do dia. As crianças em tudo eram diferentes, um era loiro de olhos verdes, magricela, parecia muito mais novo do que era talvez 8 anos, enquanto o outro era alto com os cabelos castanhos e os olhos quase negros, este sim aparentava os 16 anos que deveria ter. Já era hora dos garotos tomarem um rumo na vida, um descobriria o que é e o outro se tornaria um filho da noite como o irmão.”

“O Duque prometera uma noiva a cada um dos filhos e era com elas que iriam se tornar homens, mas antes teria de matar o filho maior. As moças trazidas pelo maldito jaziam desacordadas em dois quartos, uma com roupas impecáveis e a outra nua ambas deitas sobre camas majestosas. Chamou o filho do dia ao quarto  onde estava uma das moças, abraçou o garoto dizendo que doeria mais em si do que nele cortou o pulso e com a adaga cheia de sangue enfiou-a no peito do rapaz fazendo seu sangue se misturar com o dele, retirou a lamina do peito do filho e passou o braço dele sobre seu ombro fazendo deitar se na cama ao lado da moça e ao se retirar proferiu as seguintes palavras: Só o sangue nutre a vida.”

“Uma dor insuportável atingia o jovem deitado na cama, era como se todo o sangue de seu corpo estivesse se esvaindo pelo buraco no peito, ele sentia o coração bater cada vez mais fraco, seu corpo estava entorpecido, não queria morrer porque o próprio pai a quem amou toda a vida lhe fizera tal mal? Sentia os últimos movimentos de seu corpo mais sensíveis do que nunca e enquanto tentava se agarrar ao mundo segurando firme o lenço da cama, sentiu o toque quente do calor humano, seu peito enchia se cada vez menos e sua visão estava baça, com dificuldade virou o rosto para o lado e viu a jovem adormecida ao seu lado, estava tão quente e dormia tranqüila, podia sentir cada gota do sangue dela correr pelo corpo formoso e imaculado da moça. Queria estar vivo e sentir o corpo quente dela novamente pro resto de sua vida. A voz do desgraçado que lhe tirara aquela chance invadiu lhe a mente. Só o sangue nutria a vida, mas o seu esvaia-se e agora estava quase esgotado, sentiu a pulsação da garota contra a sua pele, queria prová-lo, queria ter a vida novamente. Só tinha forças para mexer os braços, trouxe o pulso da garota de encontro aos lábios, ali era mais quente e o sangue circulava mais rápido podia sentir, a mordeu com força e o sangue quente jurou por sua boca, o gosto não lhe agradou, mas continuou a beber. Quando sentiu seu corpo tornar a aquecer-se soltou o pulso da jovem, lambeu os furos pela ultima vez e amarou o com sua gravata para que parasse de sangrar.”

Gilbert ficou mudo por um tempo, se levantou e sentou em uma poltrona de frente para a cama com os cotovelos apoiados sobre os joelhos. Fitava-me e seus olhos estavam verdes como nunca, me deitei de lado para poder olhá-lo, então apoiou o queixo sobre uma das mãos, e emitiu um sorriso canalha, do tipo daqueles que um homem dá antes de te dizer algo que lhe fará enlouquecer de amor, mas ele não fazia mais efeito sobre mim, acho que talvez Gilbert podia ficar nu em minha frente que eu não ligaria, no Maximo mandaria ele se vestir e perguntaria quem ele pensava que era pra andar daquele jeito.

- Não deveríamos continuar, não é uma historia horrível, mas não quero ver seu rosto novamente desse modo...

- Se não continuar vou embora neste momento e você nunca mais me verá.

- E o que te faz pensar que cederia a este tipo de chantagem?

- Você disse! – minha voz subiu duas oitavas virando o grito estridente.

- Disse? – ele se levantou e caminhou ate a mim se curvando pra me encarar por cima da cama – Eu disse que te amava, e não que não poderia viver sem você.

Aquilo era verdade, eu cruzei os braços e fiz bico dessa vez ele não me escapava argumentaria até o final. Então murmurei:

- Mas quem ama não consegue viver longe da pessoa amada.

- Bem... Nisso você está certa, mas quem disse que não posso te encontrar depois?

- Eu fico mudando de país para país! Vou para a Europa com o meu irmão!

Ele riu e se jogou na cama fazendo-a ranger, tenho certeza que se o velho atendente passasse pela porta neste instante pensaria que estávamos de intimidades. Gilbert pegou minha mão e começou a afagá-la.

- A senhorita me venceu, vou continuar. Prometo que não vou falar-lhe indecências.

“Antes de o garoto subir ao quarto indicado pelo pai, bebeu forçadamente uma taça de um liquido vermelho escuro e espesso, como gosto ocre. Subiu ao aposento, tinha a mente inocente como o corpo de criança sugeria. Quando entrou no quarto seus olhos arregalaram-se, uma mulher nua a única coisa que lhe impedia de ver as partes intimas da moça era um lençol de seda jogado sobre sua cintura, tinha o corpo escultural, os seios redondos e fartos a mostra, uma de suas mãos pousava sobre o abdômen e a outra próxima a sua cabeça entre os cabelos castanhos. A inocência abandonou-lhe o corpo deixando o apenas com uma vontade carnal. Que presente o pai lhe dera! Ela era seu presente faria o que quisesse com ela, sentiu uma coisa que nunca havia sentido, ele estava duro. Não preciso dizer em detalhes que parte de si estava duro. A moça se mexeu soltando um suspiro, o garoto deu um passo para traz seguido de três para frente, quando viu que ela continuava adormecida andou cauteloso e sentou-se na cama, com as mãos começou a acompanhar as formas da mulher, fazendo-a estremecer de vez enquanto ao tocar em certas regiões.”

“Com o coração disparado, retirou as próprias roupas e um filho na mulher ele fez, mas enquanto isso acontecia o veneno agia em seu corpo, e quando em um momento de prazer mordeu-lhe o pescoço sentiu um gosto doce e um líquido quente invadiu-lhe a boca, aquilo o encheu de animo e mais fundo ele foi enquanto a garota gemia de dor e prazer, por fim depois de horas a jovem estava morta e o garoto agora era um maldito chorando a morte da amada, envolto no lençol semitransparente que a cobria horas atrás.”

“No outro quarto a situação não era muito diferente, o rapaz lambia o sangue dos seios gélidos da moça morta sobre a cama, e depois de limpar cada gota de sangue do corpo da jovem vestiu as calças e abandonou o quarto. Ao passar por uma das portas ouviu um choro já conhecido, invadiu o quarto e viu o irmão sentado ao chão, o abraçou, era jovem demais, os dois ficaram lá por um certo tempo até que o menor se acalmasse. Mas eu a amava foi a ultima coisa que disse quando o outro o ajudou a se vestir.”

“Os dois irmãos demônios viraram, mataram o duque quando este contou o que havia feito lhes. Logo o irmão maior já não era o maior em alguns anos já aparentavam a mesma idade e depois de um tempo o irmão menor se tornou mais velho enquanto o outro estacionou nos seus dezesseis anos. Derramaram muito sangue. E depois de uma briga os dois se separaram e até hoje nunca mais se viram.”

Eu olhava extasiada, que coisa mais macabra era aquela? Confissão de homicídios!? Involuntariamente meu corpo se afastou. Percebendo meu estado ele se levantou e começou a caminhar pelo cômodo. Mas eu não tinha certeza se era ele um dos garotos da historia, teria de arriscar na sorte e perguntar, era como perguntar ao leão se ele queria carne, mas eu faria.

- Hammm... Gil... Gilbert era você o garoto?

- Eu não devia ter te contado agora que ela vai me achar um maníaco – ele falava para si mesmo – e ainda falou indecências para ela!

- Gil?! - eu praticamente gritei pondo-me de pé e imediatamente ele se virou para mim – eu nunca vou te achar um maníaco, só quero que me explique.

Eu podia ver minha confusão refletida em seu rosto, grossas lágrimas formaram se em seus olhos e relutante ele andou até mim, abraçando-me ele me apertou contra seu corpo e podia sentir seus soluços, envolvi sua cintura com meus braços e afaguei-lhe as costas. Depois de um tempo ele já respirava mais calmo. Pegou-me pelos ombros e em seus olhos úmidos havia ternura e medo.

- Não quero te perder de novo...

Seus lábios tocaram os meus e retribui. Senti as ultimas lagrimas passaram para o meu rosto enquanto nos beijávamos. Abraçou-me e eu apoiei o rosto em seu peito. Nada mais me importava, se ele era assassino, monstro. Eu sabia o que eu era e o que mais me importava era o que ele era para mim, e isso eu ainda não sabia. Precisava saber e eu ia perguntar. Mas este não era o momento.

- Já vai amanhecer – soltou-me, estava serio e em seu rosto não havia traços do que acontecera essa noite – nunca tive problema com a luz, mas hoje alguma coisa mudou melhor não ariscar.

- Podemos conversar? Você me contou tudo isso e só quero saber se você é o garotinho.

- E isso te importa? É melhor você ir embora antes que algo ruim te aconteça. Melhor voltar para a casa de teu pai e se casar com Dom Manoel. – ele praticamente gritava de costas para mim apontando para a porta ao seu lado. – Você não entenderia. Ninguém entende, até passar por isso e eu não quero te ver neste estado deplorável!

Não sabia o que fazer, estava tão confusa que deixei meu corpo simplesmente agir por mim. Primeiro foram as lagrimas silenciosas enquanto ele me mandava embora, depois um aperto no peito que me fazia perder o ar, e então o abracei enfiando o rosto em suas costas. Minha cabeça girava, eu o amava?!

- Eu... Não quero te deixar... – essas foram às únicas coisas que eu consegui lhe dizer – Eu te amo...

Depois de ter dito isso senti um pouco de vergonha e atravessei a porta correndo, desci as escadas e corri até o parque onde me sentei em um banco abraçando os joelhos e a cabeça escondida. Quem passasse por ali veria uma garotinha, maltrapilha talvez, fazendo cena para ganhar uns trocados. Mas ainda era cedo demais para ter pessoas passeando pelo parque ou garotas maltrapilhas pedindo dinheiro. Fiquei lá horas na mesma posição, vez ou outra erguia a cabeça e olhava as famílias passeando, algumas crianças perguntavam sobre mim apontando e as mães diziam que eu era uma pobre infeliz e que era feio apontar para as pessoas.

Quando o sol estava a pino meu estômago roncou, lá perto havia um pipoqueiro, peguei os últimos trocados que tinha e resolvi barganhar um saquinho de pipocas, não deu muito certo e acabei ficando sem comer. Podia muito bem voltar e pegar meu dinheiro, porem não tinha coragem de encarar Gilbert. Sentei novamente no banco depois de dar uma volta pelo parque, era um lugar lindo, árvores, flores,... Já estava entardecendo, e eu desistira de fugir não ia dormir no banco do parque, em minha mente a cena da noite passada retornou, ele disse que poderia me encontrar em qualquer lugar porque então não me encontrou?

- Talvez seja por causa do sol.

Era uma voz desconhecida, deveria ser mais alguém passando. Ergui a cabeça. Era um moço de frente para mim, cabelos castanhos curtos e olhos negros, usava uma camisa branca e um colete, as mãos metidas no bolso da calça de riscas, com o corpo levemente inclinado para mim. Ele sorria.

- Vincenso, - tinha um sotaque italiano – Vincenso di Cielo.

- E... Elizabeth de Vila Velha.

- Tenho impressão de já conhecer a senhorita, talvez em Roma?

- Seria impossível, não conheço a Europa.

- Não se importaria em conversar com um pobre estrangeiro? Vou comprar pipoca.

Cara estranho, mais um, mas eu sentia que o conhecia de algum lugar. Voltou trazendo dois saquinhos de pipoca entregou um a mim, já era noite e as luzes do parque se ascendiam, eu teria de voltar, devorei metade do pacotinho logo que o recebi. O homem somente me olhava e quando nossos olhos se cruzavam ele sorria, fechando até os olhos de tão largo o sorriso, ficamos em silencio até eu ter acabado com a minha pipoca e a dele também.

- Eu tenho que ir. – me coloquei de pé e ele acompanhou meu movimento – Já está ficando tarde e meu irmão não vai gostar.

- Faço questão de te acompanhar. – ele me ofereceu o braço – Não faz bem uma dama andar a noite sozinha. Meu irmão é mesmo um desvairado.

- Hmmm? De quem está falando?

- De seu noivo, Gilbert di Violla, não é?

- É?...É! – ele tinha me confundido – Ele é seu irmão?

- Há uns 200 anos.

Eu ri, mas era bem provável que ele falava a verdade, caminhamos pelo parque até quase os portões, conversamos coisas banais, a maioria sobre mim, ele me explicou o motivo dos nomes estranhos deles, disse que os pais tinham morrido e eles foram criados por seus padrinhos e era por isso que quase não se falavam. Mas não toquei no assunto da noite passada com ele, Vincenso parecia ler meus pensamentos em certas horas era como se ele soubesse de tudo por isso resolvi não mentir.

- Você aceitou bem.

- O que?

- Nossa condição, e espero que logo seja a sua. Se meu irmão não fizer, eu mesmo faço.

Estremeci e olhei para ele que sorria apesar de Gilbert ser maior o irmão parecia ser mais maduro. Vincenso era mais novo devia ter minha idade, uns 17 anos, não tirava a mão esquerda do bolso da calça, era serio, mas mantinha sempre um sorriso quando se olhava para ele, como os olhos brilhantes de sonhador, meu pobre Gil era diferente, sorria o tempo todo você olhando ou não, mas seus olhos eram tristes.

Havia barulho perto dos portões, uma sombra surgiu e meu medo se intensificou, estava perdida, se a sombra não me pegasse seria o assassino ao meu lado, se aproximava olhando para os lados como se procurasse algo, cabisbaixo, quando nos viu parou e ergueu a cabeça seus olhos se arregalaram, correu em nossa direção. Segurei o braço de Vincenso ao meu lado, ele estava serio olhando para o homem que se aproximava, com habilidade soltou minhas mãos de seu braço afastando-se um passo para traz e para o lado. O homem corria mais com os braços abertos, não era um ataque era um alivio.

Gilbert caiu de joelhos na minha frente em um choro desesperado, eu me aproximei e abracei sua cabeça contra minha barriga. Ele precisava de mim, e eu? E eu precisava dele! Agora tinha a certeza mais confusa de minha existência, iria com ele para o inferno se necessário,  depois de sentir o alivio que senti em vê-lo em meus braços e não podia mais fugir, à parte de mim que lutava contra o meu destino já fora levada por ele. Gil abraçava minhas pernas, na altura das coxas, com força era como se a criança que jurava a pouco crescerá anos em 10 segundos. Soltou-me, se pos de pé e me beijou com força. 

 


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Notas finais do capítulo

Se alguem ainda ler isso me mande uma review, vai me animar para continuar a escrever.



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