Sweet Blood escrita por Kin-chan


Capítulo 4
Capítulo 4 - O Fim


Notas iniciais do capítulo

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Capitulo IV – O Fim.

 

Uma tossidela veio de trás de nós.

- Quanto tempo meu irmão?!

- Talvez 70 anos, como vou saber.

- Desculpe-me, não foi você quem ficou sendo bichinho da igreja. Porque se importaria?

Vincenso retirou finalmente a mão esquerda do bolso e nela havia uma grossa algema com uma corrente partida de prata reluzente, os olhos dele cintilaram com uma luz vermelha. O outro me mantinha atrás dele com uma mão segurando meu pulso e a outra estalava freneticamente.

- Sabe muito bem que não tive culpa...

- É. Ou era você ou eu.

O moreno recolocou a mão no bolso deixando pender a corrente, Gil olhou para mim preocupado, ele daria tudo para que eu não estivesse lá, deveria ser esse o motivo de eu tomar os medos dele e querer enfrentar o rapaz.

- Nós nem estávamos mais juntos, foi coincidência!

- Tudo bem, meu irmão, mas falemos de sua doce noiva...

- Lize não tem nada a ver com isso!

- Só quero saber se ela será mais um brinquedo, pois se for a achei deliciosa.

- Ela é minha! – ele me puxou para a sua frente me abraçando pela cintura – Não ouse tocar nela!

Vincenso riu e se aproximou estendendo a mão ao irmão, que o fulminava com os olhos enquanto apoiava a cabeça sobre o meu ombro. Vendo que o outro não aceito a oferta retirou a mão enfiando a no bolso. Gilbert me apertava ainda mais contra seu corpo, e eu mal consegui me mexer enquanto meu cérebro registrava cada detalhe do prólogo da minha nova vida.

- Para que uma se posso ter todas?

- Sabe muito bem do que eu estou falando.

- Desculpe meu irmão, a convivência com os padres me deixou assim. – Gilbert apenas emitiu um sorriso de resposta, que eu captei pelo canto do olho – Sim os padres sabe como eles são? Acho que antes disso nunca tinha estado com eles por muito tempo. A não ser... Quando brincamos com eles. Bons tempos, não?

- Sabe muito bem minha opinião sobre o que fizemos.

- “Devemos tratar as pessoas com respeito nós já fomos humanos e blá, blá, blá”. –Vincenso fazia uma voz esganiçada com o tom da do irmão – Eles são comida! Carne e Sangue! – então ele falava normalmente com um sorriso diabólico no rosto – O que mais você quer?! Não temos nada que eles queiram, exceto nossos corpos e nossa morte! Não temos almas! Nem coração! Somos assassinos e você não pode mudar isso! Transforme a logo e faça compartilhar nosso mundo, os nossos horrores! Aposto que pediria que a destruísse ainda na mudança! Coma ela logo e acabe de uma vez com essa historia!

Enquanto o irmão falava, eu podia ouvir Gilbert sibilando em meu ouvido e quando o rapaz colocou o ponto na ultima frase o outro pulou em sua direção com os punhos cerrados. Vincenso ria, até mesmo quando foi levado ao chão pelo irmão que o atacava furiosamente, colocou os pés sob o abdome deste e empurrou para cima fazendo seu atacante voar dois metros de altura e cair com um baque surdo no chão.

- É um fraco mesmo, pensei que tinha progredido nesses anos de separação, mas é uma pena vê-lo pior do que antes... Andou bebendo o que? Sangue de rato?

- Desgraçado! – foi o que Gil disse em meio à tosse.

O outro o ignorou, levantou-se e foi até mim que continuava para estática no mesmo lugar. Acariciou minha bochecha com a mão, não ria estava serio como talvez eu nunca chegue a vê-lo novamente. Gilbert começava a se levantar, segurando a barriga enquanto vomitava o suco gástrico.

- Não devia andar com um idiota como ele, uma princesa assim merece coisa melhor... – foi interrompido quando cuspi em sua cara – Não devia ter feito isso! Agora vai aprender!

Ele me acertou um tapa na face, que me fez perder o equilíbrio e ir ao chão. Gilbert agarrou o por traz aplicando-lhe uma chave de pescoço que não teve muito resultado, pois Vicenso o derrubara de costas no chão com um puxão na camisa e depois acertou uma seqüência de chutes em seu estômago. O homem ficara em posição fetal tentado se recuperar. Quanto a mim, logo após presenciar esta cena fui puxada pelo braço com tamanha força que quase fora arrancado.

- Deve ser doce...

Seus olhos tinham um brilho avermelhado e calmo, ele enviou o rosto entre meus cabelos e respirou profundamente soltando o ar devagar aquilo fez meu sangue gelar, então senti uma dor aguda e sutil entre o ombro e o pescoço, era quase como incomoda, mas era o tipo de dor que você não se importaria em sentir, minhas pernas amoleceram e pouco a pouco senti meu coração bater mais lento, braços seguraram minha cintura, mas meus braços penderam sem força. Quando uma parte de mim se deu conta do que acontecia eu já não tinha mais forças para lutar, meus olhos se abriram sem força, se eu me concentrasse conseguiria fazer movimentos sutis, eu vi a lua sorrindo para mim e a parte que se rebelava começava a se acalmar, o céu estrelado era um ótimo cenário para meu ultimo ato.

Dizem que quando nós morremos um filme passa em nossa cabeça, bem devo dizer que não teria graça alguma quando isso acontece, mas talvez só ocorra em mortes lentas como a minha, as pessoas que morrem com um tiro na cabeça no meio da guerra não têm tempo nem de pensar em desviar do que lhes acertou quanto mais se lembrar do passado.

Minha infância no meio da fazenda brincando com meu irmão, a escola e Miguel... Tudo acontecera tão rápido! Em dois dias descobri que meu amor foi morte e agora eu amava o assassino dele que logo também nos faria companhia na outra vida. Minha mente estava a mil, pensamentos sobre o que ocorria, lembrança, promessas esquecidas, minha mãe! Era a única que realmente me preocupava, como eu queria abraçá-la dizer adeus. Deus! Será que ele realmente existe? Não ia ao inferno, nunca fiz nada de ruim e sempre ia à missa aos domingos.

O que nos aguarda do outro lado da vida, eu finalmente saberia e apesar da repreensão a escuridão era tão calma e atraente, mas meu coração resistia, agarrando-se ao que me restara de vida, já não sentia, mas aquela dor no pescoço, mas agora podia sentir o chão de pedra fria e um líquido quente fluir do meu corpo. Havia movimento perto de mim agora, mas isto eu nunca vou poder descrever, pois a única coisa que eu via e ouvia era a lua cantando para mim, uma melodia triste, porem alegre e apesar de meu coração sem forças teimar a bater meus olhos estavam cansados e a escuridão do descanso eterno era convidativa.

Não havia mais escolha minha vida foi só uma página rasgada de um livro inútil, algo que alguém não queria mais. O turbilhão de pensamentos que tivera há um minuto fluía como um córrego lento e sem pressa no inverno. Era tão difícil manter a linha de pensamento quanto obrigar o coração a bater. Eu não era velha mal tinha me tornado adulta, não merecia aquilo. Mas porque me recusar a aceitar? Já estava feito não tinha o que recusar o que negociar, então decidi parar de reclamar e aceitar a eterna escuridão.

Ela era tão envolvente, algo que nunca senti antes era uma paz profunda e singular, antes da tormenta a calmaria, podia me sentir no céu, meu cérebro já não respondia a nenhum comando então um gosto ocre em minha boca, era como se eu estivesse levado outro tapa e cortado a boca, mas tinha um gosto doce e irresistível, como se aquilo fosse me trazer de volta o meu lado rebelde tomou cada gota até que a fonte do néctar foi retirada de mim e a escuridão voltou entesa e medonha, monstros do passado e anjos do inferno, eu soltei um grito desesperado me segurando ao chão de pedra, minhas pernas não tinham força para fugir dali, mas não eram elas que precisavam se mexer, se meus olhos se abrissem eu poderia ver a Lua e voltar para o caminho do paraíso. Cada vez mais os demônios se aproximavam, com rosto de anjos e corpos de bestas, eles riam banhados de sangue, em suas mãos almas humanas desesperadas, e do meio da escuridão surgiu um homem, pelo menos era o que me pareceu, trajava um terno branco amarelado pelo tempo com as barras da calça negras de enxofre, os pés descalços, tinha a pele morena queimada de sol, os cabelos mais pretos do que a escuridão e os olhos de um vermelho brutal, como as chamas quando queima a sua casa.

- Não vi aqui pessoa que mais merecesse ir ao céu – sua voz enchia a minha volta – é uma pena a que lhe fizeram.

- Onde eu estou?

- Onde acha que está? – ele olhou para mim, mas não esperou resposta – No inferno! – as bestas riram – Sinceramente eu lamento muito, por isso mesmo espero que aproveite a vida maldita e faça jus a sua futura estada aqui.

E como ele veio ele se foi com a escuridão e o riso ficando para trás, então eu os recebi de braços abertos. E meu corpo se deixou levar para a 1ª noite de escuridão que eu teria, mas está seria a transição, a noite de dor e lamentação por alguém ter prolongado sua vida, a dor que sentimos quando alguém brinca de Deus.

 


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Notas finais do capítulo

=*



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