Maldição dos Deuses escrita por Nephilim Imortal


Capítulo 6
Janeiro * Ajudando o time de ladrões




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Nós fomos até o pavilhão de refeições e lá estavam o chalé 11 e 7 e 4 de Deméter em suas respectivas mesas. Michael foi até a mesa do chalé 11 pedir a permissão para que eu me sentasse na mesa de Apolo para almoçar com ele. Travis e Connor concordaram que como eu era indeterminada, não havia problema algum. Mesmo assim, percebi que Bernardo olhava com uma cara feia para Michael e eu não entendi o por que.

Sentamos então, na mesa do chalé de Apolo. Eram muitos nomes, entre eles Will Solace, Lee Fletcher, Paul Canth, John Green, Clara Miller, amiga de Miranda, entre outros.

Depois de cumprimentar a todos, me sentei e Michael me explicou também que todos os pratos e copos do acampamento eram encantados. Miranda no jantar tinha me contado que eu podia pedir qualquer coisa no copo que ele se encheria. Soube que sempre teríamos um prato principal definido, mas que poderíamos pedir outra coisa se não quiséssemos e outros acompanhamentos também.

—Mas porque o café da manhã já estava pronto nas mesas?

—O café da manhã tem um sistema muito diferente, os pratos não são os mesmos. O café da manhã como você deve saber, é a refeição mais importante do dia, precisamos de mais nutrientes para ter energia para o dia. Então, Quiron concordou que nós não usaríamos os pratos mágicos, o café da manha seria determinado, para que ninguém tomasse coca-cola no café da manhã.

—Bem pensado.

—Concordo – disse Will

—Eu também – disse a menina chamada Clara que tinha cabelos castanhos claros e uma pele clara (coincidência? Eu acho que não), usava uma camiseta do Acampamento Meio Sangue, baby look. Usava aparelhos fixos como eu e tinha olhos cor de mel com faixas azuladas. Era baixa pelo que pude perceber. – Por mim os refrigerantes e carnes não poderiam ser servidos aqui no acampamento.

—Porque?

—Eu sou vegetariana.

—Ah, eu acho super legal isso, pena que não consigo ser.

—Conviva um ano comigo e você se torna uma vegetariana sem problemas.

—Sério? Fechado então

—Sim – disse a garota com um sorriso malicioso. – Vou começar a te convencer agora  - continuou ela  - Imagine quantos animais inocentes você já não comeu? Pense bem, eles morreram por sua causa, você acha que tem poder de um deus? Não, você não pode tirar a vida de um animal quando você quer!

—Chalé 4, não liga não. Deméter e seus filhos irritantes – disse Miranda abraçando a amiga.

Nós começamos a conversar sobre biologia agrotóxicos, indústria pecuária e o que ela faz no país, ecossistemas e coisas afins.

Michael bateu palmas.

—Santo Apolo!! Eu não sabia que você era tão inteligente, Giovana! Acho que você é filha de Atena, hein?

Eu ri. Depois disso Clara começou a conversar com outras garotas da mesa dela. Perguntei para Michael:

—Michael desde quando você passa seus verões aqui? - perguntei

—Bem desde 2008 quando eu tinha 9 anos.

—Nossa é muito tempo. E quanto tempo levou para que você fosse reclamado?

—Dois meses. Até que foi pouco.

—É...  – eu disse pensativa olhando para as colinas.

—Não fique preocupada. No fim tudo dá certo. Se não deu é que ainda não chegou no fim.

—Você é bem otimista, hein?

...

No caminho até as oficinas, Michael e Will me mostraram a lojinha do acampamento, onde eu podia abrir uma conta para comprar roupas, produtos de higiene, entre outros. Certamente passaria lá mais tarde, pois não tinha nenhuma peça de roupa limpa.

Chegamos na oficina que era enorme também. Muitos campistas estavam lá trabalhando em suas bigas, Michael observava cada uma com atenção. Ele disse que é muito importante observar o inimigo antes da batalha. Eu não considerva um evento de acampamento uma batalha, mas eu nunca tinha assistido nenhum evento em um acampamento onde tinham aulas de esgrima, com espadas que matavam de verdade, então não pude discutir.

Uma das bigas estava pintada de vermelho sangue e tinha uma cabeça de javali, com certeza era do chalé de Ares. Outra era cheia de botões e Michael, me disse que aquela era a pior de todas, do chalé de Hefesto. Depois praguejou, algo em grego que acho que significava maldito trapaceiro, vá para o Hades.

Outra era toda pintada em verde com flores e ramos, do chalé 4. Chegamos enfim na do chalé 7. Era todo de ouro reluzente, com imagens de sol gravadas. Muito bonita e bem acabada.

—Foi você quem fez?

—Sim, eu e Will.

—O projeto foi o mais difícil, porque nós não somos gênios da engenharia. A biga de Hefesto e Atena vão vencer com certeza! – disse Will e depois praguejou em grego antigo o que era sem dúvida muito engraçado.

—Mas isso é trapaça. – eu disse

—O que? – exclamaram juntos.

—É, a biga de vocês dois vai cegar todos e com isso vão ganhar o torneio. – dei um sorriso torto.

Ambos riram demais, pois certamente não haviam ponderado a idéia antes.

—Meus deuses! Por que não pensamos isso antes Will?

—Não sei Michael  - ele riu mais – Santo Apolo! Não consigo parar de rir!!

—Não foi pra tanto gente! Calma aí!

Eles não paravam. Mas, por fim conseguiram e se voltaram aos acabamentos do projeto. Checaram tudo o que precisavam, freios, arreios dos cavalos, estabilidade, entre outros. Eu, particularmente, faria aquela biga de outro jeito. Eu até imaginava o projeto em minha cabeça. Pena que eu tinha chegado tarde demais no Acampamento, mas aí pensei...

—Michael, o chalé 11 tem uma biga?

Ele parou o seu tranalho lentamente e olhou para mim.

—Tem porque?

—Pode me levar para ver?

...

Quer saber o que era a biga do chalé 11? Não você não quer, mas mesmo assim vou lhe dizer. Eu nunca pensei que veria algo tão tosco em toda a minha vida. Eu que apreciava tanto a arte e a arquitetura.

A biga em si não era tão feia, até que estava bem acabada, mas não tinha nenhuma estabilidade, nenhum reforço nas hastes que faria com que ela não caísse. Eu não via também nenhum tipo de armadilha ou arma como a biga de Hefesto. Não tinha nada! Eu tinha que melhorar aquilo, e eu podia. Certamente não faria uma biga tão boa quanto a de Hefesto e Atena, mas pelo menos não ridicularizariam o chalé 11. Eu não sabia porque estava tendo aquele sentimento de ajudar o chalé, mas estava.

—Não é o que você esperava, não é?  -perguntou Michael.

—Não. Eu já esperava algo ruim, mas isto...

—Não está tão ruim assim.

Ele certamente não sabia do que eu estava falando, mas preferi não dar idéias. Eu gostava muito de Michael e era muito amiga dele, mas queria fazer parte do meu chalé, já que tinha sido enfiada lá.

—Não mesmo... – eu tinha uma ideia e tinha que falar com Travis e Connor.  – Tenho que ir Michael, nos falamos mais tarde. Xau.

...

Corria a toda velocidade em direção a ala de chalés, esperando que Connor e Travis estivessem lá. Meus cabelos estavam soltos e batiam no meu rosto, conhecem a expressão comendo poeira? Então, no sentido literal eu estava comendo cabelo. Cheguei ao chalé 11 ofegante. Os gêmeos estavam deitados em seus respectivos beliches, resmungando de como o dia estava chato e não tinham o que fazer.

—Travis, Connor!! – exclamei exaltada – Venham aqui preciso conversar com vocês.

—O que você quer? – Connos perguntou sem se mexer.

—É importante. Uma coisa que intressa a vocês.

Eles se levantaram tão lentamente que eu quase desisti de ajudá-los. Por fim, chegaram até mim e perguntaram:

—O que você quer novata?

—Parem de gozar da minha cara. Vocês precisam da minha ajuda.

—Precisamos?

—Sim, vocês estão ai parados e todo mundo arrumando as bigas

—Já acabamos a nossa.

Eu estava discutindo com dos conselheiros de chalé três anos mais velhos que eu, o mais estranho é que eu venceria a discussão mesmo sendo mais nova.

—A biga de vocês está totalmente desestabilizada. Precisamos fazer outro projeto. Podemos aproveitar a estrutura anterior com um projeto bem mais complexo.

—Nossa biga não está ruim!

—Escute o que digo, não vai agüentar a primeira curva. – continuei – E além disso eu não acredito como vocês que são filhos legítimos de Hermes não colocaram nenhuma armadilha e não vão trapacear.

Eles se olharam e começaram a gostar da ideia.

—É que nós não sabíamos fazer. – argumentou Travis.

—Por isso que eu estou aqui. Acho que posso fazer isso.  – olhei para eles – Nós não vamos colocar nada ilegal, já fiquei sabendo o que pode e o que não pode nessa disputa, só vamos precisar pegar alguns materiais emprestados.

—Pegar emprestado? – perguntou Connor com um novo brilho nos olhos.

—Isso é com a gente!! – exclamou Travis.

—Vamos preciso de alguns materiais de desenho.

—Acho que tem isso aí na sala onde temos aula de história, não?

...

Corremos até a sala de história que ficava em uma pequena construção estilo grego. A sala tinha uma pequena biblioteca e janelas que iam do teto ao chão com cortinas brancas. Mesas longas de trabalho, Travis me disse que aquele lugar só era visitado por campistas de Atena e quase nunca por que diziam que o chalé 6 tinha a própria biblioteca.  Muito bonita sala, um lugar onde eu certamente passaria horas e mais horas. Pegamos alguns compassos réguas e papéis para desenho enquanto Connor vigiava a porta. Não podíamos perder tempo algum se queríamos acabar aquele projeto antes do sol se por.

Corremos de volta para a oficina. A garota loira estava lá, trabalhando no seu projeto que parecia muito bom, estava tão absorta que nem levantou a cabaça. Michael e Will Solace também estavam lá. Não vi Percy e pensar nele me fez lembrar que precisava falar com ele sobre o sonho.

Katie Gardner e outro menino do chalé 4 estavam lá na biga verde. A biga de Ares já estava pronta. Haviam duas bigas de Atena o que não era um bom sinal. Chegamos a biga de Hermes e começamos a trabalhar:

—Então que tipo de “armadilha” vocês querem?

—Podia ter recipiente para apoiar  a espada – sugeriu Connor

—É, e também algo que arrancasse as rodas do adversário! – exclamou Travis

—Nossa! E um lança fumaça tóxica.

—E... E uns arpões talvez.

Eu fazia as anotações e pensava em como realizar os pedidos:

—Muito bem meninos, estão indo longe demais! O lança fumaça ok. Porta espadas também, mas os arpões, bem – disse mordendo o lápis – Talvez alguma outra coisa. Ah tive uma ideia – disse – Arrancar as rodas é contra as regras da corrida.

—Ah!! – exclamaram eles em uníssono.

Comecei então a fazer pequenas anotações dos ângulos e mudanças que eu teria que fazer naquele projeto. Vi de repente que Annabeth me observava, acho que estávamos chamando sua atenção. Tínhamos que ser mais discretos. Por fim disse:

—Travis, que horas são?

—Uma e meia.

—Temos bastante tempo – concluí – Muito bem, eu vou até aquela sala de história trabalhar no projeto. Vou demorar de duas a três horas, enquanto isso garotos, vocês vão até as forjas para pegar alguns materiais. – Comecei a anotar num pedaço de papel o que íamos precisar. Rasguei e entreguei para eles.  – Vocês tem que trazer para cá e me esperar.

—Pode deixar conosco!! – disseram eles dando um sorriso malicioso típico dos garotos de Hermes.

...

Já na sala de história (vou chamá-la de biblioteca, é mais fácil), eu comecei a fazer o projeto. Foi muito mais difícil que eu imaginei. Eu amava arquitetura e as aulas de Desenho Geométrico, mas meu TDAH estava me matando, foi difícil ficar sentada, ainda mais que eu estava ansiosa para saber como iria ficar. A concentração me abandonou totalmente e minha dislexia tornou a tarefa impossível.

Mesmo com tanta dificuldade, eu acabei o projeto, porém uma hora e meia mais tarde do que o previsto. Eram quatro e meia, tínhamos apenas uma hora e meia antes do chalé ter que se reunir para ir jantar.

Corri o mais rápido que pude em direção as oficinas. Cheguei ofegante com o projeto em mãos. Não havia mais ninguém ali, nem mesmo Annabeth. Travis e Connor me esperavam sentados, reclamando.

—Cheguei – disse sem fôlego

—Demorou demais!!

—A gente já está aqui há mais de uma hora não é Travis?

—É não vai mais dar tempo.

—Vocês acharam que ia dar tempo, mesmo com três horas a mais?

—Ahn... Não, mas...

—Já sei – disse Connor – nós começamos a construir agora e fingimos que vamos dormir. Durante a noite voltamos aqui para acabar.

—Ótima ideia!! – eu disse

Com isso, dei as instruções necessárias para que eles começassem a montar. Sinceramente uma biga era uma estrutura simples, o problema eram os ângulos que se estivessem errados não andava. Expliquei que poderíamos reaproveitar a estrutura e mudaríamos o eixo, além de reforçar as laterais contra possíveis incidentes. Eles começaram a trabalhar e se saíram muito bem, percebi que era desnecessária. Lembrei que ainda precisava conversar com Percy Jackson sobre o sonho. Ligar para minha mãe e avisar que estava bem. Conversar com Carlos na enfermaria. Como tinha me esquecido de tudo aquilo. Senti um arrepio na espinha e chacoalhei a cabaça para que passasse.

—Meninos, preciso falar com uma pessoa. Vocês estão indo muito bem. Quando acabarem a estrutura já vou ter voltado para montar as armadilhas e a estrutura das rodas.

—Tudo bem


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