Em rota de colisão escrita por Lily


Capítulo 13
XIII




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O coração não escolhe por quem vai bater mais rápido, Caitlin e Emma havia aprendido aquilo na noite anterior. Agora estavam lá, jogados no sofá embrulhadas em um cobertor quentinho, em um domingo de manhã assistindo as reprises de Friends, mas obviamente nenhuma das duas estava prestando atenção nas trapalhadas de Ross para conquistar Rachel.

Emma sorriu contra a caneca ao se lembrar de Cory, Caitlin ao seu lado se remexeu, seus olhos focava no vazio.

—Você está bem?- perguntou, apertando a mão de sua mãe.

—Estou, é apenas uma coisa que Íris me falou ontem.

—O que foi que ela falou que te afetou tanto? Desde de ontem você está assim, avoada.- se virou para encarar melhor a doutora.

—Não é nada, Em.

—Você pode até falar, mas eu não acredito.

Caitlin balançou a cabeça sorrindo.

—Íris disse que havia desistido de Barry.- Emma arqueou a sobrancelha e Cait tratou de explicar.- Ela falou que Barry estava livre para ficar com quem ele quisesse, e que já tinha conversado com ele sobre isso.

A garota sorriu.

—Então eu não fui a única a notar.- sussurrou, fazendo Caitlin revirar os olhos.- Isso foi uma bela de uma indireta. Mas e ai? Você falou com ele?

—Do que você está falando?

—Barry não está mais com Íris, isso quer dizer que vocês dois podem finalmente ficar juntos.

—E quem disse que eu sinto algo por ele?

—Você. Durantes as duas últimas semanas.

—Isso não verdade.- a doutora sussurrou, escondendo o rosto na xícara.- Não tem nada rolando entre o Barry e eu.

—E de novo. Por que vocês insistem em complicar tanto as coisas mais simples?

—O coração da gente é igual a um GPS quebrado, Emma, às vezes nós manda pra uns buracos que a gente não conseguir sair. - a garota suspirou, sua mãe estava certa.

—Mas sempre existe um porém.

—É.

Ambas suspiraram e tentaram prestar atenção na tv, Phoebe cantava alguma claramente sem sentido e a única coisa que Emma pode fazer, foi rir, de Phoebe, de sua vida, de mancada, do garoto gato que ela havia conhecido na noite passado, embora seu pensamento estivesse completamente voltado para um certo loiro de olhos azuis que era um completo idiota.

—Eu conheci um garoto.- comentou.- Ele é novo vizinho de Joe. Estava conversando com ele ontem a noite.

—Era por isso que eu não te vi.

—Ele é legal, se chama Cory.- Caitlin riu baixinho.- O que foi?

—Seus olhos estão brilhando.

—Os seus sempre brilham quando está perto de Barry.- retrucou, a doutora bufou.

—E lá vamos nós.

—Qual é? Admita.

—Mas eu já admiti para você Emma.

—Eu sei, mas não para ele.

—Será que podemos deixar esses assuntos de lado, pelo menos por um tempo.- Cait pediu, Em negou com a cabeça.

—Nunca.

A doutora revirou os olhos e se esticou para pegar o controle em cima da mesinha de centro, no mesmo instante seu celular tocou.

Summer nights? Sério?- perguntou Emma, com um sorriso malicioso no rosto.

—Calada.- sussurrou, antes de colocar o celular no ouvido.- Oi Bar.

A garota virou para o outro lado, abafando o riso.

—Não, nada. Apenas assistindo Friends… É, eu sei… Como?... Claro, espera um minuto.- Caitlin colocou a mão sobre a parte debaixo do celular e se virou para Emma.- Barry perguntou se queremos sair com ele?

—Nós?- perguntou, fazendo um gesto que englobava as duas.- Ou você?

—Nós.

—Tá legal.

—Claro, ela aceitou… Aonde?...Ok, eu conheço. Até daqui a pouco.

—Nem um beijinho?- ela perguntou, quando Caitlin desligou o celular e o colocou em cima da mesinha.

—Calada.- falou Caitlin com um sorriso no rosto, a doutora se levantou. Mas quando estava no meio do caminho em direção ao quarto, Emma perguntou com uma falsa inocência.

—Deixa eu ser a daminha no seu casamento?

—Calada!- gritou antes de fechar a porta.

—Mas eu fui a daminha no seu casamento querida mamãe, só que você não sabe.- sussurrou para si mesma ao tomar um gole de chocolate.- Ainda.

[...]

I think I'm fallin' for you,I can't stop thinking 'bout it.- Emma cantarolou baixinho, acompanhando o ritmo do rádio, seus dedos tamborilam contra o couro do banco do carro de Caitlin.- Para onde estamos indo?

—Segredo.- Cait sussurrou sem tirar os olhos da estrada, elas estavam quase na saída da cidade, Emma não fazia a menor ideia para onde estavam indo. Apoiou a testa contra o vidro da janela, fechou os olhos sentindo o calor que os raios de sol produziam, por debaixo das pálpebras podia ver o amarelo forte do sol. Sorriu.

O carro foi parando vagarosamente, Emma abriu os olhos.

—Bem vinda a Wonderland.— Caitlin anunciou animada, Em saíu do carro olhando para a entrada a sua frente, várias famílias circulavam ao redor, a roda-gigante era visível da entrada, assim como a montanha-russa.- O melhor parque de diversões de toda a região.

Emma estava, literalmente, sem palavras.

Wonderland era um parque de diversões que havia fechado alguns anos antes dela nascer, ouvira muitas historia sobre o lugar, principalmente pelos seus pais, que iam quase todo o final de semana. Agora ela estava ali, defronte para o lugar favorito de seus pais.

Barry se aproximou delas, ele sorria abertamente. Emma sabia que o motivo do sorriso não era apenas o parque.

O jeito como Caitlin e Barry se olhavam fazia com que ela sentisse muitas coisas, mas principalmente impaciência. Queria que seus pais se ligassem e notassem que se gostam, mas não podia interferir, havia prometido para si mesma, tinha medo que algo mudasse, e também se fizesse algo Cisco provavelmente a mataria.

Emma se sentia tendo um dejavu quando os três entraram no parque, ela andava um pouco a frente de seus pais, que pareciam ter embarcado em uma conversa sobre várias formas de capturar um meta-humano sem a ajuda dos poderes. Ela tentava captar todos os detalhes possíveis daquele lugar mágico, queria tanto sua câmera naquele momento.

—Então aonde você quer ir primeiro?- perguntou Caitlin, os três haviam parado de frente para o mapa do parque, havia vários tipos de brinquedos, para todos os gostos, mas o que mais chamou a atenção de Emma foi a roda-gigante, que por mais que lhe desse medo, parecia tão exuberante, hipnótica.

—Qualquer coisa que não envolva altura.

—Tem medo de altura?

—Apenas não me parece tão convidativa.- respondeu com uma risada.- Acho que não estou disposta a correr qualquer risco hoje.

—Emma está certa, nada de riscos.- Caitlin a apoiou. Barry revirou os olhos.

—Está com medo, Dr. Snow?- perguntou ele, com sorriso desafiador.

—Nunca.

—Então você teria coragem de ir em qualquer brinquedo desse parque?

—Ahan.

—Até no Tornado?- ele perguntou e apontou com a cabeça para a imagem do brinquedo no mapa.

—Claro.- respondeu Caitlin, dando de ombros.

—Então, você toparia ir comigo?- Barry perguntou em um tom desafio.

Emma riu.

—Claro.- a doutora voltou a dar de ombros, Barry sorriu, Em notou algo diferente em seus olhos.

—Já que está tão corajosa hoje, aceitaria sair comigo?

A pergunta pegou Caitlin, e até mesmo Emma, de surpresa, obviamente nenhuma das duas conseguiu conter o sorriso, enquanto a primeira sorria sem jeito, a segunda sorria abertamente de uma felicidade difícil de conter. Cait passou a mão pelo cabelo nervosa -um pequeno tique- antes de responder.

—Claro.

Naturalmente ambos ficaram avermelhados, Em sorriu ainda mais.

—Que tal irmos no túnel do amor para coroar esse dia?- perguntou brincando, isso fez com que eles ficassem ainda mais vermelhos.

—Que tal irmos no túnel do terror? Soube que lá tem muitos insetos, você ia amar.- Barry falou ironicamente, Emma revirou os olhos.

—Vamos comer então.- Caitlin sugeriu, ainda sem conseguir esconder o sorriso.- Vocês dois são mortos de fome mesmo.

—Isso não é verdade.- Barry tentou se defender, fazendo Cait o olhar perplexa.

—Você consegue comer duas pizzas inteiras sozinho.

—Ok, mas foi só uma vez.

Emma sorriu quando Caitlin gargalhou alto e Barry a acompanhou, ele parecia rir apenas pelo fato dela rir. Ela estava amando aquilo, seus pais estavam começando a se dar bem, e olha que nem precisou fazer nada.

Seguiram para a área dos food truck’s, embora tivessem muitas barraquinhas ao longo do caminho, Caitlin havia sido contrária a comer algo que não fosse preparado na hora, ou seja, nada de pipoca (Você por acaso sabe de onde vem aquele milho? Pode conter fortes agrotóxicos!), nada algodão-doce (Esses corantes podem te causar alguma alergia, é melhor evitar.) e nada de maçã-do-amor (Pode quebrar seus dentes.), ela até podia continuar a lista, mas seria cansativo.

—Procurem uma mesa que eu pego algumas comidas.- falou Barry se distanciando das duas, Caitlin a puxou pela mão, se enroscando em meio a multidão atrás de alguma mesa vazia,Emma olhava pelo canto do olho para encontrar seu pai quando algo lhe chamou a atenção, empacou no mesmo lugar, parado a alguns metros vestindo um sobretudo preto e chapéu coco estava um homem, embora não fosse nada estranho Emma notou que suas roupas não condiziam com a época do ano, porque embora estivessem quase no outono, o tempo ainda estava quente. Ele era familiar, como uma lembrança esquecida, guardada no fundo da memória, por trás de uma porta trancada.

—Em, o que houve?- Caitlin perguntou, ela se virou para doutora.

—Nada é só que…- sua fala se perdeu quando tentou encontrar o homem na multidão.- apenas pensei em…

—Em que?

—Não é nada, pensei ter visto algo.- então sorriu para tranquilizar sua mãe.- Devo ter me enganado, olha tem uma mesa vaga.

Puxou Caitlin pela mão para uma das mesas que tinham acabado de ser desocupadas, tentou relaxar enquanto esperavam Barry voltar.

O homem do chapéu coco ainda estava em sua cabeça, então se lembrou do terceiro fator Allen.

Coisas estranhas tendem a acontecer mais naturalmente

quando o objeto em questão está por perto.

Sorriu consigo mesma, havia criado uma lista junto com Henry que ambos haviam intitulado como os “Fatores Allen para objetos animados”. Era uma brincadeira infantil, deveria ter uns treze anos quando começou a lista, embora fosse apenas ilusória, Emma estava descobrindo que alguns dos seus itens eram bem realistas.

—Aonde você quer ir depois daqui?- Caitlin perguntou, ela tinha um sorriso animado no rosto, Emma não sabia se isso se devia pelo fato do dia estar lindo, ou era pelo fato dela ter um encontro com Barry.

—Não sei.- deu de ombros, uma mosca chata passou perto do seu ouvido, levantou a mão para afasta-la.- Qualquer lugar longe destas moscas.

Caitlin a encarou, suas sobrancelhas se arquearam, parecia confusa.

—O que foi?- perguntou e levantou novamente a mão para afastar o inseto, o zumbido havia aumentado.- Porra de moscas!- gritou e olhou para cima, congelou. Emma tinha medo de insetos, porém, pelas moscas ela sentia mais nojo do que outra coisa.- Cait. Temos que sair daqui.

—Em, o que… Ai Deus. Vem.

Sentiu uma mão sobre a sua, se levantou pronta para correr quando ouviu algo. Gritos assustados cortaram o ar.

Emma se sentiu empurra, acabou se afastando de Caitlin, se desequilibrou, levou as mãos a frente como apoio, mas quando ouviu o click surdo gritou se virando de barriga para cima.

—Emma.- a voz de Barry chegou aos seus ouvidos em meio aos gritos da multidão, agora já não só moscas que voavam pelo ar assustando os visitantes.- O que houve?

Levantou-se com ajuda, sentia uma dor aguda em seu braço. Sentia as lágrimas escorrerem pelo rosto. Aquilo doía mais do que o tiro que havia tomado. Segurou o braço contra o corpo o apertando com a mão direita, Barry passou o braço pelo seu ombro e o outro pelo joelho a levantando.

—Vamos achar Caitlin.- sussurrou, enquanto empurrava as pessoas. Emma fechou os olhos, cada vez que algo pequeno e nojento encostava nela sentia seu corpo tremer.- Caitlin!

—Onde você estava?- seu tom de voz era uma perfeita mistura de irritação e desespero.

—Achei Emma, ela se machucou.- ele explicou.

—Deixa eu ver.- Cait pediu, colocando a mão sobre a bochecha da garota.

—Aqui não.- Barry falou, seu tom era meio incerto.

—O que você vai fazer, Barry?

Ele não respondeu, se passaram alguns segundos e então ele sussurrou para Emma.

—Se segura.

Então eles correram.


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