Em rota de colisão escrita por Lily


Capítulo 12
XII




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Bufou levantando um fio de cabelo entre seus olhos, havia contado de zero a dez criando coragem para entrar naquele loop infinito de indiretas que Caitlin e Carla, provavelmente, estaria entrando nesse exato momento.

Se levantou, pronta para enfrentar os leões. Já havia colocados os pés na sala de jantar quando a campainha tocou, girou os calcanhares em direção a porta, seus dedos tocaram a maçaneta no exato momento que a campainha voltou a tocar, desta vez mais insistente.

—O que é, po…- a sua voz morrer no momento em que abriu a porta. O garoto parado na porta arqueou a sobrancelha confuso.

—Ãn, oi.

—Oi.- disse ela, sem jeito.

—Desculpa, mas eu moro…- ele começou, mas parou e analisou Emma.- Já nos conhecemos?

Emma semicerrou os olhos, o garoto tinha um cabeço ruivo vivo, olhos castanhos escuros, queixo reto, nariz fino, sardas espalhadas pelas bochechas, ele era estranhamente familiar.

—Que eu me lembre não.

—Trem para Star City.- falou apontando o dedo para ela.- Eu te pedi informação e você soltou uma risada esganiçada.- Emma colocou as duas mãos sobre o rosto que havia recentemente adquirido um tom vermelho escarlate.- Foi um pouco antes do ataque.

—É, eu to me lembrando.- o garoto do violão, se Barry o visse ali ela seria zoada pelo resto da vida.- Mas sem querer se indelicada, o que você está fazendo aqui?

—Ah, eu acabei de me mudar.- o garoto apontou para casa a frente, então levantou a xícara.- Vim pedir um pouco de café, ainda não fomos ao supermercado.

—Claro.- pegando a xícara estendida.- Espere um minuto.

Descoordenada e completamente abestalhada, Emma correu o mais rápido que podia para a cozinha, ignorando a porta aberta e as vozes que vinham do quintal, ela pegou o pote de café, sabia exatamente onde seu avô o deixava. Em menos de segundos estava de volta a sala, respirou fundo, ele ainda estava lá.

—Aqui.- ele pegou a xícara, agora cheia do pó marrom.

—Obrigada.- agradeceu e sorriu.- Vou adorar ter você como vizinha.

Ela soltou um risadinha, digna de Allison Queen.

—Eu não moro aqui.

—Não.- ele pareceu decepcionado.

—Estou apenas de passagem.- explicou o minimo possível.

—Que pena, adoraria ter alguém para conversar.- disse com um sorriso no rosto.

—Mas nós podemos conversar, tipo agora.

O garoto riu mais abertamente, enquanto caminhava de costas. Emma sentiu seu rosto queimar novamente.

—Ok.- ele disse e se sentou nos degraus da entrada.- Vem.- a chamou e ela foi. A algumas semanas atrás em uma noite como aquele, quem ocupava aquele lugar também estava tendo uma conversa interessante.- Acho que ainda não fomos devidamente apresentados.

—Não mesmo.- concordou ajeitando o vestido.

—Prazer Cory Thompson.- falou, estendendo a mão.

—Emma.

—Esplendido.- o lábios de Cory se curvaram em um sorriso maroto.- Então Emma o que te traz aqui?

Ela sorriu nervosa.

—Longa historia.

—Minha mãe ainda não está gritando meu nome,- falou Cory, então checou o relógio.- ainda nem são oito horas direito. Acho que temos tempo.

—Ok, lá vai.

Então ela contou, não a verdade, apenas a mentira ensaiada, aquela historia que havia repetido diversas vezes desde que chegara. A garota desmemoria, sozinha, solitária, que havia levado um tiro do homem mal. Coisa normal.

—Então você não se lembra de nada?

—Nada.

—Nem dos seus pais?

Negou com a cabeça.

—Deve ser uma merda. Não se lembrar de quem era.- Cory se moveu, se colocando de frente para ela.

—Um pouco, mas tudo o que vem de ruim é pra melhorar.- comentou sorrindo.

—Minha mãe vive dizendo isso. Meus pais acabaram de se separar, meu pai ficou com a casa e minha com os filhos.- Cory contou, havia um resquício de magoa na sua voz.

—Sinto muito.

—Está tudo bem, minha irmã mais velha, Holly, aceitou bem a separação. Já a minha mãe… ela entrou numa vibe bem…

—Bem o que?

—É difícil dizer, ela diz que não se importa com o fato do papai a ter traido-a, mas eu posso ver o quanto ela está sofrendo.

—Deve ser horrível.

—Um pouco, principalmente porque ele a traiu com a minha tia.

Emma cutucou o sapato dele, um vans azul, com a ponta do seu all star vermelho.

—Ei, tudo vai ficar bem.

Cory a encarou sorrindo, seus olhos tinha um brilho diferente.

—É, vai.

A lua brilhavam lançando seus raios prateados em direção a eles, Emma fechou os olhos sentindo a brisa fria que soprava.

—E então, Holly? Ela trabalha em que?

—Ela é perita criminal, acabou que surgiu uma vaga na delegacia daqui e ela se candidatou, é por causa dela que estamos aqui.- Cory deu de ombros, então falou com o tom de voz mais rouco.- E eu acho que fizemos a escolha certa.

Ele estava flertando com ela?

Ele não podia estar flertando com ela, podia?

—Então, o que você estava fazendo indo de trem para Star City, se você é de Gotham?-perguntou, mudando rapidamente de assunto.

—Visitar meu tio, ele tem uma nova namorada e queria que eu a conhece-se.- Cory se inclinou para trás apoiando-se nos cotovelos.

—E ela é legal?

—É, e também completamente maluca.- ele sorriu.- Ela tem uma filha, mais velha só alguns anos do que Holly.

—Sua irmã também estava lá?

—Estava, mas a filha dela não pode ir jantar com a gente porque alguns amigos dela tinha chegado a cidade e eles iriam sair juntos.

Emma olhou para cima, para o céu estrelado. Cory a observava.

—Está vendo aquelas?- ela apontou para ma conjunto de estrelas mais ao norte.

—Estou.

—É a constelação de Alpha Canis Majoris, ou simplesmente Sirius.- explicou.- Eu queria ter um cachorro.

—Eu tenho um, Luna, ela é uma Bichon Frisé. Na verdade ela é da minha mãe, teve filhotes a uns três meses, eles vinheram na mudança.

Ela torceu o lábio para o lado.

—Eles devem ser fofos.

—E são, se você quiser pode ficar com um.

—Não posso, iriam me matar.- comentou sorrindo.

Cory levou a mão ao bolso tirando o celular, suspirou ao encarar a tela.

—Minha mãe quer saber se eu morri.- explicou, ao notar o olhar de Emma.- Eu tenho que ir.Foi um prazer conversar com você.

—O prazer foi meu.

—Te vejo por ai, Emma.- disse Cory, caminhando pela grama.

—Eu acho que sim.

Ela silenciosamente o observou atravessar a rua, Cory parou na porta de sua casa e acenou, Emma acenou de volta, soltando um suspirou preso. Se levantou e caminhou até a parte mais afastada da varanda, se apoiou na parede da casa e encarou o céu estrelado.

Ok, era só uma conversa. Nada de mais. Não é?

Ela realmente precisava voltar para o futuro.

Emma fechou os olhos por um instante, sua mente vagou sem caminho até achar a memória desejada.

As luzes neon se misturavam com a fumaça do gelo seco no local, corpos suados se mexiam no ritmo da musica eletrônica que tocava. Emma se mexeu na multidão, tentando encontrar um local sossegado.

—Por que eu aceitei vir mesmo?- gritou por cima da música alta.

—Porque está gamadona no Tommy.- cantarolou Camille, seus cabelos pretos se remexiam no ritmo da música.

—Isso não é verdade.- se defendeu.

—Ah, faça-me o favor. Tá na cara que você gosta dele e acredite o sentimento é recíproco.-Cami tomou mais um gole de sua bebida.- Larga de ser boba e curte, se Tommy te convidou é porque ele está planejando algo.

Emma engoliu seco. Tommy gostava dela?

—Como você sabe disso?- perguntou, chegando mais perto.

—Sei do que?

—Que Tommy gosta de mim.

—Robbie ouviu ele comentar com Dan e me contou.- Em sorriu, sentia as famosas borboletas batendo asas em seu estomago.- Vai logo atrás dele.

E ela foi, mas o que encontrou foi pior do que a bala que havia recebido alguns minutos depois.

—Oh Tommy, por que você fez isso?- sussurrou, sentindo os olhos arderem. Sabia que iria chorar.

—Você não faz ideia de onde eu estou.- a voz de Julian a assustou.- Não cara, Central City... É, essa cidade é um lixo.- Emma se virou subitamente.- É cara...As pessoas daqui não tem a menor classe. Prefiro New York.- Julian alisou a camisa de linho, descendo os degraus até a grama.-Só estou aqui por Caitlin.- a garota caminhou até a porta.- Hum, ela é gostosa. Muito gostosa.- Emma abriu a boca sem palavras.- E hoje eu a levo para cama.

—Uma vez idiota, sempre idiota.- ela rosnou para si mesma.

—E você não vai acreditar, tem um bocó que quer conquista-la...Não, cara e não estou com medo...Simples, ele é um pé-rapado, cientista florense...Isso cara, não tem onde cair morto.-Julian falava com desdem.

Emma nunca gostou de como as pessoas se importavam com o dinheiro, de como o glorificavam. Ela nunca se importou com status, se tinha roupa, comida e um teto sobre sua cabeça já estava tudo bem.

Ela estudava no Instituto John Jefferson, uma escola para os filhos dos figurões de Central City, muito prestigiada e concorrida. Emma só havia conseguido entrar lá por causa de uns favores que a diretora devia a seu tio Oliver, que era um benfeitor de um dos campus que ficava em Star City.

Era bolsista, por isso sabia muito bem o quanto era difícil conseguir algo por si só. Sua escola estava cheia de pessoas como Julian, pessoas que só se importavam com o dinheiro.

Revirou os olhos, cruzou os braços, não ficaria ali para ouvir mais papo de um narcisista.Fechou a porta, torcendo para que Julian ficasse trancado do lado de fora.

 


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