ReVenture escrita por Fore Veralone


Capítulo 2
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Aconteceu alguns dias antes do novo semestre começar. Eu estava no dormitório do campus ajudando a Sra. Clark, nossa monitora, com a horta que tínhamos atrás do dormitório.

Como a academia era particular, ela possuía um gigantesco campus com vários dormitórios, e até mesmo mansões para os alunos de famílias mais ricas. Nós tínhamos a permissão para modificar qualquer coisa nos dormitórios, desde que nós mesmos pagássemos as despesas.

Embora fosse uma escola acadêmica particular no nível de uma universidade federal, havia uma grande diferença entre os alunos. Haviam aqueles de famílias ricas e prestigiadas que tinham preferência da escola, haviam aqueles que estavam na média e eram tratados de forma menos prestigiada que os mais ricos, e haviam os bolsistas, que raramente conseguiam passar no exame de admissão.

Os bolsistas eram tratados como meros plebeus e não tinham tanta liberdade de acesso ao aprendizado como os dois primeiros casos. Eles não tinham acesso aos conteúdos específicos de todas as matérias, algo que somente os dois primeiros casos possuíam. Eles tinham que se esforçar ao máximo para conseguirem manter suas notas mesmo com a escassez de conteúdo para estudo, e eram submetidos a mais uma condição, a de que todos os bolsistas deveriam ser alocados no mesmo dormitório.

A propósito, eu estou encaixado no segundo caso, mas por vontade própria e uma intuição sobre perigo certo, eu acabei me alojando no dormitório para bolsistas, e sendo honesto, é completamente diferente do que muitos boatos e rumores dizem pelo campus.

Eu estava ajudando a colher alguns tomates com a Sra. Clark já que os outros alunos que viviam no dormitório haviam voltado as suas casa durante as férias quando meu celular tocou, na tela havia um número completamente desconhecido, mas atendi mesmo assim.

— Alô?

— Dan?

— Sim. Quem pergunta?

— Sou eu, o Lawrence.

Senti o tempo parar completamente, todos os meus sentidos pareciam ter sido desligados enquanto minha mente se esforçava ao máximo para capturar e compreender aquela informação. Senti uma gota de suor descer por meu rosto enquanto eu absorvia tudo, meus sentidos parecendo funcionar novamente e minha mente voltando a raciocinar.
Percebi que não estava respirando, ou melhor, havia esquecido de respirar. Após tudo voltar ao normal dentro de mim, senti a vontade de explodir de raiva e gritar com ele pelo celular, de perguntar se ele era estúpido e idiota por ter desaparecido daquele jeito. Se ele não tinha consideração nenhuma pelos outros, se ele ao menos se importava com os outros, mas percebi que estaria sendo completamente hipócrita dado o que eu fiz, e um sentimento de culpa fez meu coração gelar por alguns instantes.

Eu não sabia como deveria me expressar, se devia ficar alegre ou com raiva dele por ter nos feito pensar que poderia estar até mesmo morto depois do que aconteceu, não sabia se deveria pedir desculpa pelo que fiz e disse a ele naquele dia, eu realmente não sabia.

— Ei... Dan... ainda tá aí? Ei, me responde seu maldito! Você sabe que é irritante falar com a pessoa pelo celular e ela não responder.

Ah, é ele mesmo. Esse modo mau humorado de falar, essa voz rabugenta, esse jeito irritado de chamar os outros... Sim, é ele mesmo, e isso é tão...

Irritante.

— Ah, foi mal, achei que estivesse falando com um fantasma. Você não tinha se suicidado?

— Ei, não saia matando as pessoas dessa maneira, é medonho.

— Tsc!

— Ei, isso foi o que penso que foi?! Por que você parece irritado pelo fato de eu não ter me suicidado?! Você está dizendo que me queria morto?!

— Droga... - sussurrei - achei que finalmente fosse ficar com o videogame...

— Ei!!! Não saia trocando a vida dos seus amigos por um console!!! Você sabe que não tem save point quando se morre na vida real!!!

— Não se preocupe, eu conheço um hippie que usa cheat pra ressuscitar as pessoas depois de três dias, ele é gente boa.

— Esse aí é um Game Master!!!

Quanto tempo faz que não tínhamos uma conversa descontraída assim? Pelo que me lembro das ultimas semanas no fundamental foram apenas brigas e separações, o que resultou na situação em nos sentíamos estranhos perto dos outros, com uma certa tensão no clima.

— Você está estudando na Mortdecai, não é?

Ele perguntou depois de um tempo, o que me surpreendeu. Eu havia trocado de número e eram poucos os que sabiam o novo, e ainda menos sabiam que estudava na Mortdecai, então onde foi que ele descobriu isso? Sendo que ninguém tinha notícias dele até então, nem mesmo sua família.

— Sim, mas também estou a trabalho, como você deve saber.

— Você ainda é o guarda-costas dela?

— Sim, de outro jeito seria impossível entrar na Mortdecai, embora eu tenha certeza de que ela só me contratou para ter por perto como um aliado de confiança, ja que ela é perfeitamente capaz de se defender sozinha.

— Entendo, isso realmente é algo que ela faria.

— Então, o que você está planejando? Tenho certeza de que não me ligou só pra perguntar isso.

— Ah, é mesmo, eu tinha esquecido...

Como você é capaz de esquecer seus motivos em tão pouco tempo?!

— Eu vou estudar na Mortdecai.

—...................Hã?

— Hã?

— Hã? Hã?

— Hã?

— HÃ?!?!?!?!?!?!?!?!?!


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