POV Katniss

Acordei com um peso em cima das minhas costas, então olhei para ver o que era e vi minha irmãzinha deitada. Peguei ela nos meus braços e ela acabou acordando.

— Bom dia princesinha. Como você veio parar aqui? – Perguntei lhe olhando.

— Bom dia menina. – Falou Grease entrando no meu quarto carregando uma bandeja com comida. – Sua mãe foi para o estúdio e eu trouxe sua irmã aqui para poder arrumar a casa. – Falou.

— Ata, entendi. Minha mãe deixou algum recado para mim? – Perguntei comendo o que tinha na bandeja.

— Ela falou que hoje você não precisa ir a aula. E vai chegar um pouco mais tarde. – Falou passando a mão na minha cabeça e olhando para minha irmã.

Grease é como uma segunda mãe para mim e Prim. Ela está aqui desde que eu nasci. Ela se tornou muito importante nas nossas vidas.
Sempre que preciso de alguém para me ouvir ou para me dar um bom conselho, ela está sempre lá.

Tomei meu café e fui arrumar meu quarto, já que não tinha nada para fazer o dia todo. Fiquei tão entretida que acabei nem percebendo que Grease estava me chamando.

— Menina, estou te chamando a um tempo. Mas acho que você não estava me ouvindo. – Falou entrando em meu quarto.

— Me desculpe Grease, estava arrumando minhas coisas e acabei nem escutando. Mas o que você queria falar comigo? – Perguntei.

— Vou ter que ir no mercado comprar algumas coisas para fazer o almoço e preciso que você fique cuidando da sua irmã. – Falou me entregando Prim.

— Tudo bem, Vô ficar com ela lá na sala. – Falei por fim.

Fiquei brincando com minha irmã, até que fui interrompida pelo barulho do meu celular. Atendi e escutei a voz que mais queria ouvir.

Ligação ON

— Oi Kat.

— Oi Peeta. Aconteceu alguma coisa?

— Não nada, é que eu queria saber se você está bem? Depois do que aconteceu ontem.

— Ainda estou um pouco triste, mas logo isso passa.

— Não queria nunca te ver triste. Se depender de mim ninguém nunca vai fazer mal para você de novo.

— Muito obrigada Peeta, você está sendo um ótimo amigo para mim.

— Kat, já que você não foi há escola hoje eu podia levar a matéria que você perdeu. Oque acha?

— Se não tiver nenhum problema pra você eu iria adorar.

— Então mais tarde eu vô na sua casa e deixo a matéria. Tenho que desligar agora, eu ainda estou em aula. Beijo.

— Tchau Peeta, beijo.

Ligação OFF

Desliguei o celular e voltei minha atenção para minha irmã que estava deitada nas minhas pernas.

Fiquei mais um tempo com Prim, até que Grease voltou do mercado e ficou com ela. Voltei para o meu quarto e fiquei pensando no meu pai.

Queria tanto que ele estivesse aqui comigo, com mamãe e Prim. E pensar que ele partiu sem saber que minha mãe estava grávida. Mamãe sempre está sendo forte na nossa frente, mas já vi ela chorando sozinha no quarto algumas vezes. Sei que ela é a que mais senti falta. Prim tem os olhos dele, sempre que olho pra ela vejo nosso pai em seus olhos e isso me faz sentir saudades.

Fiquei tão absorta em meus pensamentos que nem vi que já era hora do almoço, então quando percebi fui direto para a cozinha onde Grease já estava colocando a mesa.

— Precisa de alguma ajuda Grease? - Perguntei.

— Já terminei menina, só preciso que você vá pegar o suco na geladeira. - Falou.

Fui na geladeira e peguei a jarra. Coloquei na mesa e comecei a me servir.Comemos em silencio, até que o silencio foi interrompido.

— E então menina, como você está? - Perguntou.

— Ainda estou um pouco triste com o que aconteceu, mas já não está me incomodando tanto. - Respondi.

— Nunca deixe essas brincadeiras chatas te deixarem pra baixo. Essas pessoas não merecem suas lágrimas. - Falou.

— Obrigada Grease, você está sempre aqui para me ajudar. - Falei dando um abraço nela.

— Você é como uma neta para mim menina. - Falou passando a mão em minha cabeça.

Fomos interrompidas pela campainha. Então fui atender.

— Oi Katniss. - Falou Peeta. - Vim te trazer as matérias.

— Oi Peeta, entra. - Falei abrindo passagem para ele passar.

Fechei a porta e fui com Peeta até a sala.

— Fique á vontade, vou buscar minha mochila. - Falei indo em direção a escada.

— Tudo bem. - Respondeu.

Peguei minhas coisas e voltei para a sala. Sentei do lado dele e coloquei o material na mesinha.

— Então, por onde eu começo? - Perguntei.

— O professor de Filosofia passou um assunto novo. - Falou mostrando o caderno.

Comecei a copiar tudo o que ele tinha passado. Estava tão concentrada na matéria que não percebi quando Peeta deixou um embrulho do meu lado.

— O que é isso? - Perguntei olhando confusa.

— Abra. - Falou simplesmente.

— É pra mim? - Perguntei pegando o pacote.

— Abra. - Falou sorrindo.

Comecei a desfazer o embrulho e vi que eram livros, mas não eram quaisquer livros. Era igual a coleção que havia sido estragada. Fiquei completamente paralisada, não sabia o que dizer.

— Olha eu sei que não é a mesma coisa e que não dá para substituir pelos que o seu pai te deu, mas eu queria te fazer se sentir....- Não deixei que ele terminasse de falar e me joguei em cima dele fazendo com que Peeta deitasse no sofá.

— Muito obrigada, muito obrigada mesmo. - Falei o abraçando forte. - Eu amei o presente. É perfeito. - Beijei sua bochecha.

— Que bom que gostou. - Me olho nos olhos e me apertou mais no abraço.

Fiquei olhando nos seus lindos olhos azuis sem conseguir desviar a minha atenção. Tirei o cabelo que estava em seu olhos e continuei a admirar ele. Sua boca era fina e bem rosinha. Não sei que sentimento é esse que esta surgindo dentro do meu peito, mas é um sentimento muito bom.

— Você é tão linda. - Ele sussurrou passando o polegar em minha bochecha. - Sua pele é tão macia, seus olhos são lindos e eu estou com uma vontade enorme de beijar a sua boca. - Falou por fim.

— Não sei se sou muito boa nisso, nunca beijei ninguém. - Falei com vergonha.

— Só vai descobrir se é boa ou não se tentar e eu adoraria ser o primeiro. - Falou por fim e assim acabou com qualquer espaço que existia entre nós.

Era um beijo calmo e doce. Sua boca tinha gosto de hortelã, e era um gosto incrível. Ele pediu passagem com a língua e eu cedi. Não sabia o que fazer então simplesmente acompanhei ele. Era um primeiro beijo perfeito. Mas infelizmente o ar começou a faltar então tivemos que nos separar. Terminamos o beijo com alguns selinhos.

— Esse foi o melhor beijo da minha vida. - Ele falou sorrindo.

Acabei corando com o comentário. Levantei e sentei direito no sofá.

— Da minha também. - Sussurrei para mim mesmo, mas acho que ele acabou escutando pois sorriu com o que eu falei.

Ficamos um tempo em silencio e eu voltei a copiar a matéria. Demorou um tempo até que eu terminasse de copiar todos os conteúdos.

— Menina fiz um bolo de cenoura com chocolate e chocolate quente, está lá na cozinha. Porque vocês não vão lanchar? - Falou Grease entrando na sala junto com Prim.

— Nós já vamos. Peeta essa é Grease Sae, ela está aqui desde antes de mim nascer. Grease esse é o Peeta, um amigo da escola. - Apresentei.

— É um prazer conhecer a senhora. - Falou Peeta.

— Pode me chamar de Grease e é um prazer conhecer os amigos da menina Katniss. - Falou sorrindo.

— E que é essa bebê fofa?- Perguntou.

— Essa é a Prim, minha irmanzinha. - Peguei ela no colo e levei para perto dele.

— Oi princesa. Posso segurar ela? - Peguntou.

— Claro. - Coloquei Prim em seus braços.

Fiquei olhando ele brincar com ela e era uma cena muito fofa.

— Você gosta dele? - Levei um susto com a pegunta.

— Não sei. - Respondi.

— Dá pra ver o brilho nos seus olhos quando olha pra ele. - Ela respondeu.

Não sabia o que estava sentindo então acabei não respondendo. Fomos para a cozinha lanchamos conversando e rindo com as gracinhas que Peeta fazia.

Já estava ficando tarde então Peeta resolveu ir embora. Fui com ele até a porta e ficamos em silencio por um tempo só nos encarando.

— Mais uma vez muito obrigada pelo presente, eu amei. - Falei.

— Que bom que gostou. - Falou.

— Peeta eu queria dizer que não me arrependo de ter te beijado. - Falei abaixando a cabeça.

— Também não me arrependo. - Falou se aproximando. - E também não vou me arrepender agora.

Então ele simplesmente levantou minha cabeça e me beijou de novo. Um beijo urgente, coloquei meus braços em torno de seu pescoço e me aproximei mais. E então nos separamos.

— Você tem que ir agora, está ficando frio e escuro. - Falei preocupada.

— Tudo bem, então até amanhã. - Me deu um selinho e se afastou.

Entrei para dentro e fechei a porta, fiquei com cara de boba por um tempo até que ouço uma batida na porta. Pensando que era Peeta que deve ter esquecido algo abri a porta sorrindo. Mas esse sorriso se desfez quando vi que não era ele.

Era o correio.

— Boa noite, mandaram entregar isso aqui. - Falou me dando um envelope.

— Obrigada. - Recebi e voltei para dentro de casa.

Fiquei olhando o envelope até que vi da onde era o carimbo, então simplesmente abri a carta com muita ansiedade.

Li palavra por palavra e no fim já estava com lágrima nos olhos, mas não eram lágrimas de tristeza eram lágrimas de felicidade.