Try Again escrita por Deh


Capítulo 5
I'd Come For You


Notas iniciais do capítulo

POV Jenny
Gente eu amo essa música ♥

OBS: capítulo editado em 20/06/2020!



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“No matter what, remember you know
I'll always come for you”
I'd Come For You - Nickelback

 

Na noite passada, enquanto Jethro colocava Jessica na cama, Jasper me pediu para jogar um jogo com ele e como sempre tentou me persuadir a ficar um tempo a mais do que o horário de dormir. Cedi a ele, já que me sentia culpada por não ter levado eles a escola hoje de manhã, devido a emergência no NCIS, no entanto com uma condição, quando Jessica já estivesse dormindo ele iria fazer o mesmo.

Acabei me distraindo enquanto jogávamos, até que percebi a presença de Jethro em meu escritório. Não sei quanto tempo demorou para que eu o percebesse, mas não demorei em voltar a minha postura normal me levantando e Jasper já havia entendido que era hora de dormir, ou pelo menos tentar. Ainda em vão ele tentou me persuadir para ficar um pouco mais, mas não cedi. Após o beijo de boa noite de Jasper, ele deu boa noite ao pai, e o que ele respondeu fez com que eu me recordasse de algo.

—Boa noite marine. –Ele havia dito ao colocar o pequeno garotinho de um pouco mais de um ano na cama.

Eu o observava da porta, quando ele se virou sorriu para mim e eu sorri de volta. Quando saímos do quarto de Jasper, ele passou o braço pela minha cintura e me guiou até nosso quarto.

—Marine? –Perguntei a ele, ele deu de ombros.

—Ele gosta de água. –Ele respondeu simplesmente e eu rolei os olhos.

—Isso não significa que ele será um fuzileiro.

Ele me olhou nos olhos e disse como se fosse óbvio:

—Está na família.

—Vamos deixar que ele escolha quando crescer. – Eu disse simplesmente, pedindo a Deus que Jasper não escolhesse esse caminho tão perigoso.

Jethro apenas assentiu.

Na verdade o que eu realmente não queria, era que meu filho se sentisse pressionado a seguir uma carreira, só porque é o negócio da família, eu bem sabia como isso era....

—Devo ler uma história para ele também? –A voz dele me fez voltar ao presente.

Disse a ele que não precisava, pois Jasper sempre tem a mania de não dormir no horário marcado, vez ou outra tenho que me levantar para certificar que ele realmente esteja dormindo, ou pelo menos deitado em sua cama. Pois se deixar por conta dele, ele começa a montar quebra cabeças ou até mesmo tentando desmontar algo, porque aparentemente ele herdou aqueles genes Gibbs, que precisa sempre estar construindo algo, ou no caso dele, descobrir como as coisas funcionam. Dois meses atrás ele conseguiu desmontar o toca discos que foi do meu pai, isso desencadeou um castigo para ele e eu brigando com Jethro por incentivar a curiosidade de Jasper.

Ele notou a foto do meu pai, o que fez ele descobrir o nome de Jasper completo e me favoreceu, por dar uma chance de abordar um assunto com ele, que acredito ser um pouco polêmico. Iriamos visitar Jackson, ele claro não gostou da notícia, porém mostrei a ele que não tinha alternativa a não ser fazer o que eu tinha planejado, isso fez com que ele saísse um pouco zangado do escritório me chamando também de madame, pergunto-me se ele se lembra do quanto eu odeio que ele use, não é bem que eu odeio que ele use, mas não gosto da maneira como ele usa, sempre cheia de sarcasmo.

Enquanto ele sobe as escadas, pego-me pensando no fato de que tem razão das crianças ficarem emburradas facilmente, definitivamente é culpa dos genes dele.

Quando meu relógio de pulso marca quatro horas, já estou no estacionamento. Após passar pelas mesas da equipe de Jethro a caminho do elevador, enquanto eu esperava que o mesmo chegasse ao andar, não pude deixar de ouvir as especulações de DiNozzo a respeito do meu fim de semana e por algum estranho motivo desejei que Jethro estivesse ali, só para que eu pudesse me divertir vendo ele estapear DiNozzo.

—Para onde diretora? –Harris perguntou-me assim que adentrei o carro.

—Escola. –Respondi e ele, como um dos meus motoristas mais frequentes, já sabia o percurso.

Primeiro peguei Jessica na pré-escola e em seguida Jasper, adivinhem só, quem encontrei enquanto saia com Jasper? Não, por sorte não foi Diane, mas sim Fornell que apenas sorriu levemente ao me ver acompanhada de ambas as crianças.

Chegamos em casa e encontrei Jethro esticado no sofá, com certeza algo estava acontecendo. Falei com as crianças para se trocarem, pois iriamos visitar o vovô e claro Jasper subiu as escadas correndo, enquanto Jessica me olhava sorridentemente, esperando que eu fosse ajudá-la a se trocar. Enquanto subíamos as escadas, ela começou a divagar sobre o avô, escola e o quanto ela estava curiosa para conhecer a cidade do pai.

Desci com certa dificuldade, já que tentava ao mesmo tempo levar três malas médias e acabei encontrando Jehtro na mesma posição de quando havíamos chegado, a diferença é que agora, as crianças estão enchendo ele de perguntas sobre Stillwater.

—Podemos ir? –Pergunto, as crianças correm para esperar na porta, lanço um olhar para Jethro.

—Sua mala? – Pergunto.

Em resposta, ele pega a mochila, que geralmente usa para deixar roupas extras, ao lado do sofá e me ajuda com as malas, ao menos isso né.

—Pra que tanta bagagem? –Ele pergunta em descrença.

—Eles são crianças, sujam o tempo inteiro. –Apontei o óbvio.

—E você? –Ele perguntou com um olhar divertido no rosto.

Limitei a dar de ombros, fazendo ele provar do próprio veneno.

Após colocar o cinto nas crianças, percebo ele ir em direção ao banco do motorista e trato logo de dizer:

—Jethro, eu dirijo.

Ele me lança seu olhar assinatura, mas isso não me afeta.

—Vai pro banco do carona ou atrás se preferir. –Digo firmemente.

Finalmente já sentado no banco do carona, ele pergunta:

—Já foi em Stillwater?

—Não. –Digo e instantaneamente percebo um sorriso surgir em seu rosto.

Mas sendo a diretora de uma agência armada e uma mulher muito esperta, diga-se de passagem, era óbvio que eu tinha um plano.

—Mas sei o caminho. –Respondi confiante.

Ele ergue a sobrancelha em desafio, e sorrindo ligo o GPS.

Horas após saímos de casa, algumas paradas para ir no banheiro, inúmeras perguntas ‘Já chegamos?’, finalmente avistei a placa de bem vindo a Stillwater, mas nesse ponto as crianças já estavam dormindo. Foi então que eu percebi, eu não sabia exatamente qual era a casa de Jack.

—Algum problema? –Ele indagou.

Desviei o olhar para ele, aparentemente teria que admitir que meu plano não deu totalmente certo, sendo assim perguntei cautelosamente:

—Onde exatamente fica a casa do seu pai?

Embora ele não deixasse transparece, percebi o olhar divertido em seu rosto.

—Faz muito tempo que não venho aqui.

Ergui a sobrancelha, apostava que a pequena cidade não tinha mudado tanto assim.

—E ainda perdi minha memória. –Ele disse em um tom presunçoso.

Bufei.

—Jethro, ele ainda mora na mesma casa! –Eu disse não escondendo a minha crescente irritação.

Finalmente ele foi me dando as coordenadas, entretanto, após algumas voltas eu percebi e não tardei em dizer:

—Jethro! Você está nos fazendo andar em círculos! –Eu disse zangada, mas não alto o suficiente para que despertasse as crianças.

Ele se fez de ofendido, mas antes que pudesse responder, uma viatura apareceu fazendo sinal para estacionarmos.

Estacionei como solicitado, abaixei ainda mais o vidro e perguntei:

—Algum problema policial?

O policial ao perceber que era uma mulher, logo deixou o olhar cair mais abaixo do meu rosto, dando a típica ‘checada’, homens...

Sei que Jethro também percebeu isso, pois logo limpou a garganta, fazendo o policial perceber sua presença ali.

—Leroy? –Percebi um tom de escárnio na voz do homem.

—Ed. –Jethro respondeu no mesmo tom.

Então podemos dizer que embora sejam conhecidos, definitivamente eles não são amigos.

—A vizinhança percebeu um carro diferente circulando por aqui. Não estão fazendo nada de errado estão? – O policial disse.

—Visitando Jack. Jethro respondeu monossilábico.

O policial nos observou por alguns segundos, e então começou:

—Sabem, preciso mostrar que os estrangeiros não podem chegar e achar que são diferentes. Preciso revistar o carro.

Respirei fundo para protestar, mas percebi o sinal negativo que Jethro lançou para mim.

—A vontade. –Jethro disse saindo do carro.

Fui obrigada a fazer o mesmo, claro que ele aproveitou a oportunidade para descer o olhar além dos meus peitos, rolei os olhos e cruzando os braços em claro sinal de insatisfação pude ver Jethro travar a mandíbula, por algum estranho motivo eu estava levemente feliz em saber que ele estava tão descontente quanto eu.

O bendito policial finalmente encontrou as crianças,

—Netos Leroy? –Ele perguntou divertido.

Juro que ouvi um rosnado de Jethro, mas ele respondeu satisfeito:

—Filhos.

Após o homem nos liberar, claro que depois de verificar meus documentos e fazer um comentário desnecessário acerca de mulheres que não tem os sobrenomes dos maridos, Jethro parou de fazer brincadeiras e nos mostrou onde era a casa de seu pai, que fica ao lado da loja.

A essa altura as crianças já estavam semiacordadas, então logo estacionamos e toquei a campainha. Jack abriu a porta feliz dizendo:

—Pensei que não viriam.

Sorri de volta para o senhor que havia conhecido há pouco tempo.

—Alguém achou que seria interessante me mostrar a cidade. –Eu disse lançando um olhar acusador em direção a Jethro, que já estava pegando Jessica no colo, Jasper o seguia um tanto sonolento.

Jack deu espaço para ele entrar e disse:

—Coloque-a no seu quarto.

Voltei até o carro para pegar as malas e Jack seguiu para me ajudar.

Quando fui colocar as malas no quarto, percebi que Jethro havia colocado Jessica na cama de casal do quarto de hospedes, acabei deixando minhas coisas e as dela lá, enquanto a mochila dele e as coisas de Jasper, foram deixadas em seu antigo quarto, que com uma beliche ainda conservava a decoração de sua adolescência. Como já estávamos cansados da viagem, não demorou muito para que fossemos para nossas respectivas camas. Fiquei com Jessica no quarto de hospedes e Jethro e Jasper no antigo quarto dele.   

Na manhã seguinte, acordo em meu horário habitual, me deparo com Jéssica ainda dormindo, não que isso seja surpresa, afinal minha garotinha é bem dorminhoca, sendo assim me levanto para me preparar para o dia. Quando finalmente estou pronta, acabo chegando a cozinha para encontrar ambos os Gibbs grisalhos sentados na mesa tomando café.

—Sinta-se em casa Jenny. –Jack disse educado como sempre, pergunto-me por que Jethro não pode ser assim.

Em resposta eu assenti com a cabeça e logo peguei uma caneca para tomar café.

O clima ali não era dos melhores e eu estava pensando seriamente no que fazer a respeito, quando não mais que cinco minutos se passam e Jasper acaba aparecendo ainda vestido com seu pijama de dinossauros. Ele diz bom dia, e logo se senta em meu colo.

—O que você vai querer garoto? Temos panquecas, torradas e leite de verdade aqui. –Jack disse animado, talvez devido ao fato de que essa era a primeira vez que os netos o visitavam.

Jasper franziu o cenho e logo perguntou:

—Tem cereal também?

Jack sorriu para ele e disse satisfeito:

—Posso dar um jeito nisso.

E assim ele sai com Jasper para fora. Abri a boca para perguntar onde eles iriam, mas Jethro me interrompeu:

—Ele vai pegar o cereal.

Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, ouço um grito desesperado:

—Mamãe!

—Acho que Jessica acordou. –Eu digo e assim vou lá para cima.

Ao adentrar o quarto, encontro minha filha sentada na cama, olhando para todos os lados quando eu entro, percebo que ela está um tanto, quanto assustada.

—Bom dia honey. –Eu digo em um tom tranquilizador e então sento na cama.

Instantaneamente ela sorri, apesar de ainda estar um pouco sonolenta.

—Bom dia mamãe. Onde estamos? – Ela pergunta sentando-se em meu colo.

—Na casa do vovô.

Seu sorriso foi ampliado e eu sabia que ela já havia despertado completamente.

—Já podemos tomar café da manhã?

Sorri com sua pergunta matinal diária.

—Sim, mas você precisa trocar de roupas antes. –Eu digo a colocando no chão e indo em direção a mala, para pegar as roupas dela.

Enquanto a troco, lembro de um dos comentários cotidianos de Jethro a respeito dela. Ele sempre diz que ela é igual a mim, dorminhoca e a primeira coisa que pensa quando acorda é comer.

—O que é engraçado? –Jéssica me pergunta.

—Como assim querida? –Pergunto a ela franzindo o cenho.

—Você está sorrindo. Eu não disse nada. –Ela dizia me observando com aqueles grandes olhos inquisitivos.

—Oh... Eu estava apenas pensando. –Justifiquei.

Ela fez que sim com a cabeça, como se compreendesse o que eu estava pensando.

Após ambas as crianças tomarem o café, Jethro os chama para poderem passear pela cidade e assim eles fazem. Fico com Jack na loja, sentamos perto do balcão e ele começou:

—Como você tem passado?

Lhe lanço um sorriso fraco antes de responder:

—Agora estou bem... quando recebi a notícia que ele estava em uma explosão eu só larguei tudo e fui para o hospital. Eu não me importava o que iriam pensar, eu estava disposta a mexer qualquer pausinho para que pudesse estar ao lado dele e não me importava o que iriam pensar, naquele momento só importava se ele ficaria bem.

Ele assentiu com a cabeça, se levantando e pegando duas xicaras de café.

—Como ele tem sido? –Ele perguntou ao me entregar uma das xícaras.

—Ele é o Jethro. –Eu disse como se isso explicasse tudo e tomei o primeiro gole do líquido quente.

—Um Jethro que não lembra de você, ou as crianças. –Ele comentou.

Desviei o olhar para uma prateleira e sem olhá-lo nos olhos confessei:

—É difícil sabe? Fico esperando ele fazer alguma piada ou comentário sarcástico, mas...

Minha voz morreu, de repente eu não conseguia continuar, era difícil demais confessar que meu medo seja que o meu Jethro nunca mais volte.

—Ele parece estar tentando. –Jack diz tentando ao que parece me consolar.

Faço que sim com a cabeça, afinal é verdade.

—Com as crianças seu relacionamento tem sido levado um pouco devagar, principalmente com Jessica, mas eu posso ver que ele se importa. –Eu digo a ele.

Jack assente e acrescenta:

—Ele ama as crianças.

Faço que sim com a cabeça.

—E também ama você. –Ele completa.

Lanço a ele um olhar repreendedor o qual ele ignora e diz apenas:

—Não se faça de boba Jenny.

—Não estou. Mas ele nem mesmo se lembra de mim Jack. –Expressei minha indignação.

—Ainda. –Ele fez tal observação, e eu me peguei pensando no fato de que Jethro pode ter lembrado uma ou duas coisinhas sobre nós, mas é melhor deixar isso de lado.

—Você o ama. –Ele diz me tirando de meu devaneio.

Instantaneamente eu o encaro um pouco assustada e ele ri antes de dizer:

—Vejo isso no seu olhar.

Sou obrigada a rolar os olhos diante de suas palavras.

—Nós fomos parceiros, temos duas crianças, sou chefe dele. Eu só me importo com ele. –Disse a ele o que costumava repetir para mim mesma as vezes.

Ele assentiu e perguntou:

—Então é essa a desculpa que você usa? –Suspirei e ele continuou –Não sei por que vocês terminaram, mas das quatro ex-mulheres você foi a única que ele me apresentou.

Mordi o lábio e pela primeira vez eu admiti em voz alta:

—Talvez se eu tivesse descoberto que era a quarta esposa e não a terceira, as coisas poderiam ter sido diferente.

Agora foi a vez dele de desviar o olhar dizendo:

—Shannon.

Olhando para um ponto especifico da parede, comecei a divagar:

—Há muito tempo, quando ainda estávamos casados. Estávamos em um momento... Íntimo quando ele me chamou de Shannon. Desse dia em diante fiquei obcecada por descobrir quem era Shannon. A partir daí as coisas foram se complicando, ele se recusava a me dizer e eu me recusava a deixar para lá. No fim, Acabei por aceitar uma promoção em Londres, embalei Jasper e fui embora, deixando apenas uma carta e o pedido de divórcio assinado.

Ainda sem nos olharmos nos olhos, ele começou:

—Você estava magoada. Mas só estava assim porque você o ama, afinal se não tivesse feito. Jesse não estaria aqui.

Para evitar o assunto, me levantei e comecei a andar pela loja, observando as fotografias de suas viagens e acabei me deparando com uma em especial, o que acabou gerando uma pergunta:

—Você já foi no Cairo?

—Uma vez, muito quente. E você? –Ele me respondeu com outra pergunta.

—Há alguns anos, Jethro e eu já havíamos nos divorciado, eu fui pega em uma emboscada lá. Pensei que iria morrer. –Eu disse.

—O que aconteceu? –Ele questionou, definitivamente os Gibbs possuem um gene para a investigação.

—Obviamente não fiz, minha parceira me salvou e me colocou no primeiro voo para Londres. Quando cheguei na minha casa, Jethro estava lá com Jasper e a realidade me bateu. –Fiz uma pausa e ponderei se diria mais, afinal o que viria a seguir não contei nem ao Jethro, no entanto por algum estranho motivo me vi me abrindo com o velho Gibbs –Eu não poderia mais fazer o trabalho disfarçada, Deus eu tinha um filho para pensar, eu o deixei com uma babá para poder ir a um outro continente. Três semanas sem contanto e a babá chamou Jethro. Ele ficou com Jasper por duas semanas, pressionando a agência a revelar minha situação, mas eu estava desaparecida, então quando cheguei no meu apartamento, logo após me certificar que Jasper realmente estava lá, que ele estava dormindo tranquilamente, ele me abraçou o mais apertado que podia, tomando cuidado com meus ferimentos.

Desviei o olhar da fotografia, como se assim eu pudesse novamente enterrar em memória o período de cativeiro e assim me sentei novamente.

—E depois? –Jack me incentivou.

Respirei fundo, cogitei dar por encerrada a nossa conversa, entretanto, hoje eu estava me sentindo estranhamente na necessidade de falar sobre o passado, não sei se devido ao fato de Jethro ter o esquecido tão facilmente ou se talvez eu sempre tenha evitado pensar em certas coisas.

—Ele cuidou de mim por alguns dias, em uma noite ele finalmente revelou que havia se divorciado de Stephanie e estava voltando para os Estados Unidos. Uma coisa foi levando a outra. –Nesse momento eu fiz uma pausa, pois inevitavelmente flashes de uma noite ardente invadiram a minha mente, tomei então um gole do café que a essa altura já havia esfriado, para poder enfim prosseguir. –Na manhã seguinte eu acordei e ele havia ido embora. Na cozinha havia um bilhete dizendo que ele visitaria Jasper no aniversário dele.

—E? –Jack me perguntou um tanto quanto chocado, ouso dizer que vi seus olhos azuis refletirem decepção.

—Aquilo me matou. Ele não mencionou nada a meu respeito, nem mesmo um até logo. Eu queria castra-lo. –Confessei, sorrindo nessa última parte, antes de então prosseguir.

—Quase quatro meses depois, liguei para ele informando que estava grávida. Ele praticamente me pediu para casar com ele de novo, mas eu disse que não. Disse a ele que sim a criança era dele, mas isso não significava que ele precisava atravessar o oceano para se certificar que eu estava bem e muito menos nos casarmos de novo, disse também que quando estivesse prestes a nascer, eu ligaria para ele e desliguei. Claro que podemos ter discutido mais um pouco, mas isso não vem ao caso agora.

—Então foi essa a decepção que o fez vir me visitar. –Jack disse enquanto me observava atentamente.

Olhei para Jack confusa, ainda franzindo o cenho e ele então explicou:

—Há cinco anos, em uma noite de chuva, ele acabou batendo em minha porta. Ele estava desolado, em seu rosto, vi o mesmo olhar de quando ele havia perdido elas. Perguntei a ele o que havia acontecido, mas foi apenas na manhã seguinte, enquanto tomávamos café, ele me mostrou uma foto de Jasper e você, e pela primeira vez desde a morte de Shannon e Kelly, tivemos uma conversa decente. No fim eu disse a ele que tudo acontece no tempo certo.

Quando ele terminou, continuei a narrativa da minha história:

—Quando estava com vinte e três semanas, havia conseguido um dos meus maiores feitos, ser promovida a diretora assistente, o que significava voltar a Paris e assim eu fiz. No entanto Paris sem ele, era muito mais turbulenta e a vida de mãe solteira gestante com um garotinho de quatro anos não é fácil, mas as semanas passaram e três dias antes de Jessica nascer, eu tive um alarme falso, liguei para ele e ele pegou o primeiro voo para Paris, ainda me lembro perfeitamente da expressão preocupada que ele estampava no rosto ao me ver. –Digo com um leve sorriso, nunca tive a coragem de perguntar se ele estava preocupado comigo ou com o bebê, mas eu gostava de pensar que era com nós dois, se bem que naquela altura era difícil isso ser verdade.

Suspirei, antes de lhe contar:

—Foi só quando ele chegou e eu o tranquilizei em relação ao alarme falso, que finalmente contei que era uma menina. Foi também quando finalmente ele me contou sobre Kelly.

Antes que eu pudesse falar algo mais, Jethro e as crianças chegaram. Logo Jéssica ocupou meu colo e começou a contar sobre o passeio, vez ou outra Jasper fazia algum complemento.

A noite, após o jantar, enquanto Jack conta histórias para as crianças, Jethro e eu fomos dar uma volta pela cidade. Caminhamos até chegar a uma cafeteria, ele pediu um café preto puro e eu também, depois de pegarmos nossos cafés saímos de lá, pois aparentemente Jethro não gosta de estar muito próximo de seus conterrâneos. Caminhamos até chegar em uma espécie de praça e nos sentamos em um banco, enquanto eu tomava um gole do meu café quente ele começou:

—Meu pai poderia ter ido de ônibus.

Dei de ombros antes de responder:

—E eu viria por você Jethro.

Ainda sem nos olhamos nos olhos, ele perguntou:

—Por que?

Eu finalmente o encarei, para então responder:

—Porque nós somos assim. Você pode não se lembrar, mas mesmo com todas as brigas, nós nos importamos um com um outro e estamos sempre lá um para o outro.

—Brigamos muito? –Ele perguntou curioso.

Eu sorri antes de dizer:

—Um pouco, você sempre me desafia, principalmente a minha autoridade no trabalho.

Deixei de lado os pequenos conflitos que surgem ao se tratar das crianças.

—E mesmo assim você ainda sai da capital, para os confins da Pensilvânia? –Ele perguntou em um misto de surpresa e divertimento.

Sorri para ele por breves segundos, antes de voltar para a minha expressão séria usual.

—Sim eu viria por você, sempre. –Respondi a ele e voltei a observar as estrelas.

 


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Notas finais do capítulo

Então o que acharam de bate-papoda Jenny e do Jack???
Bjss e até logo :*