Try Again escrita por Deh


Capítulo 4
She is


Notas iniciais do capítulo

POV Gibbs
Espero que gostem *-*


OBS: capítulo editado em 19/06/2020!



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“She is everything I need that I never knew I wanted

She is everything I want that I never knew I needed”

She is - The Fray

 

 A primeira semana está sendo difícil, no segundo dia já é tarde da noite quando desço para a cozinha. Tomo um copo d’água e fico pensando no que minha vida virou: Num dia acordo em uma cama de hospital, sentindo a dor de perder Shannon e Kelly, e alguns dias depois estou em casa com minha ex esposa e nossos filhos.

Confesso que no início duvidei quando ela disse sobre as crianças, mas então eles apareceram e eu sabia que eram meus. Talvez porque Jasper lembrasse eu mesmo em sua idade e Jesse, bem quando finalmente a olhei nos olhos, embora eu tivesse tido um vislumbre de Kelly, de alguma forma eu soube que ela é minha também, embora ela tenha herdado mais traços da mãe, do que Jasper fez.

Ouço alguém se aproximar, e vejo a caçula da família.

—Oi papai. –Ela disse.

—Oi Jesse. –Eu digo, apesar de ainda ser difícil encarar a garotinha que me faz lembrar muito Kelly, faço o possível para não agir como um idiota para ela, afinal ela é só uma garotinha.

Ela sorri e então pergunta:

—Já podemos tomar café da manhã?

Olho o relógio da cozinha que marca duas da manhã, sendo assim respondo:

—Em algumas horas, você está com fome?

Ela faz que sim com a cabeça e então pergunto:

—O que você quer comer?

—Cookies de chocolate. –Ela diz com um sorriso animado.

—Acho que sua mãe não aprovaria isso, que tal um copo de leite quente? –Sugiro para a pequena, afinal algumas das regras da casa, incluem um sério controle no consumo de doces das crianças, foi o que senhora Martinez disse.

—Pode ser. –Ela disse em um tom levemente derrotado e foi inevitável que eu não sorrisse diante da visão da menininha contrariada.

Estávamos nós dois sentados, ela tomava o leite, quando Jenny chega e pergunta assim que adentra a cozinha:

—Lanchinho da meia noite?

A ruiva mais jovem sorri e a mais velha me pergunta:

—Ela acordou você?

Sou capaz de detectar algo como preocupação em seu tom de voz, não sabendo ao certo se era comigo ou com Jéssica, eu respondo:

—Não, já estava aqui quando ela chegou.

Ela então se abaixou na altura de Jessica e lhe deu um beijo em sua cabeça, logo se sentou ao lado da caçula e com um olhar maternal observava tranquilamente tomar o seu leite.

—Terminei. –Jéssica anunciou.

Peguei seu copo e fui lava-lo, enquanto estava de costas eu sentia que era observado, não era necessário ser um gênio para saber que era Jenny, não demorou muito e ela estava ao meu lado na pia.

—Está tudo bem? –Ela me pergunta em um tom baixo, faço que sim com a cabeça.

Quando nos viramos, Jessica havia feito a mesa de travesseiro e já estava cochilando, Jenny estava sorrindo. Ela se aproximou para pega-la, mas eu a impedi:

—Pode deixar, eu levo ela.

—Tem certeza? –Ela perguntou um pouco receosa.

—Ela é minha filha não é?

E assim ela apenas me encarou nos olhos por longos segundos.

Dois dias depois, Jenny havia me comunicado que tinha encontrado meu antigo chefe no NCIS e havia convidado ele para uma visita, ela também comentou que ele era um chauvinista. Mike Franks, acabou me visitando na casa de Jenny, tive então flashback’s de quando eu era seu probie, ele também me contou coisas como o porquê deixou a agencia, o onze de setembro e sua mais recente insatisfação com o NCIS, estar sob o comando de uma mulher.

—Mas você tem uma boa vida probie, olha essa casa. –Ele disse analisando o ambiente.

—Não é minha, é de Jen. –Respondi sem ao menos perceber que eu usava a forma curta do apelido dela.

—Quem diabos é Jen? –Ele perguntou com uma careta confusa.

Antes que pudesse dizer sobre ela, ouço a movimentação das crianças chegando em casa. Logo que senhora Martinez abriu a porta, veio Jesse para me abraçar.

—Papai! –Ela disse em alto e bom som.

Mike que observava a cena, comentou:

—Presumo que seja uma ruiva.

Não demorou muito e logo Jasper também apareceu, sendo assim fiz as apresentações:

—Jéssica, Jasper esse é Mike meu chef... amigo.

—Oi – Ambos disseram, não ficando por muito tempo, pois logo após as apresentações eles seguiram a senhora Martinez para a cozinha.

Probie... filhos? –Mike perguntou ainda chocado.

Dei de ombros antes de responder:

—É uma longa história, que nem eu sei bem.

Após mais uma hora de conversa, durante exatamente o momento em que Mike fala:

—As mulheres deveriam parar de tentar empregos que pertencem a homens.

Jen abre a porta e diz:

—Chauvinista.

Ele se vira a encarando, ela está com um de seus ternos elegantes, o cabelo está o mais preso que se pode, levando em consideração que ele é curto e ela segura algumas pastas, além da própria bolsa.

—Madame diretora? –Ele diz.

Acredito que ele esteja fazendo a ligação, ela então se levanta da poltrona em que estava sentado e caminha em direção a ela e estende a mão para um aperto, desde quando Mike tinha aprendido ser tão educado?

—É bom conhecê-lo pessoalmente. –Jenny diz, mas algo no tom de voz dela, embora tenha sido aparentemente gentil, me fez detectar um certo sarcasmo.

Mike apertou a mão dela e então me encarando ele disse, como se explicasse toda a situação:

—Probie não me disse que a diretora é ruiva.

Logo Jesse aparece para das um abraço na mãe, penso que seja pelo fato de que hoje ela não tenha visto a mãe, já que Jenny teve que sair muito cedo, por causa de algum tipo de emergência.

—Mamãe! Eu estava com saudades. –Ela disse e começou a divagar sobre seu dia, não demorou e logo ambas foram em direção ao escritório de Jenny para que ela deixe os documentos como sempre faz.

Não muito tempo após Jenny chegar, Mike vai embora não ficando para jantar. Comemos enquanto as crianças contavam sobre o dia deles. Ela escutava tudo atentamente, vez ou outra sorrindo para ambos, pelo que observei desde que cheguei aqui, ela é uma mãe bem amorosa, que faz o possível para estar presente, apesar de ter uma rotina não muito convencional.

Na hora de dormir, não tive escapatória, tive que ler uma história para Jessica. Sua escolha foi a pequena sereia, tentando então saber mais sobre ela perguntei:

—Essa é sua história favorita?

Ela fez que sim e sorriu.

—Por que? –Perguntei, afinal eu precisava saber mais sobre meus filhos.

—Ariel tem o cabelo vermelho, assim como mamãe e eu, e príncipe Eric tem os olhos azuis como você. Ele também tem o cabelo preto, mas mamãe me disse uma vez que há muito tempo seu cabelo também era preto, então vocês se parecem. –Ela disse satisfeita.

Sorri com o raciocino dela.

Quando terminei de ler, ela já se encontrava dormindo, enrolada em um cobertor rosa, me levantei e antes de sair, dei um beijo em sua testa.

Sai de seu quarto e notei que Jasper não estava no dele, pelo que observei ele não gosta de dormir cedo. Desci as escadas e entrei no escritório de Jenny, confesso que me surpreendi com o que vi, ao invés de estar sentada lendo documentos, ela estava sentada no chão jogando um jogo com ele, observei que ambos sorriam e esse simples fato me fez sorrir.

Então ela percebeu a minha presença:

—Jethro. –Seu sorriso sumiu e não tardou em se levantar. –Ela dormiu?

—Como um bebê. –Respondi.

Jasper então já começava a recolher seu jogo, mas não hesitou em perguntar:

—Tenho mesmo que ir mãe?

—O trato era eu jogava com você, enquanto seu pai colocava Jessica na cama. Sem exceção. –Ela disse e ele suspirou derrotado, ele se aproximou dela e deu um beijo em sua bochecha.

—Boa noite mamãe. –Ele disse finalmente se dando por vencido.

—Boa noite honey, quer que eu leia uma história? –Ela perguntou.

—Mãe, já estou grande para histórias. –Ele disse e pude ver um olhar quase que melancólico surgir no rosto de Jenny.

Ao passar por mim, Jasper diz:

—Boa noite pai.

—Boa noite marine. –Respondo quase que em reflexo.

—Devo ler uma história para ele também? – Perguntei quando percebi que ele já havia subido as escadas, ela parecia estar pensando em algo.

—Oh não precisa. Ele provavelmente nem vai dormir por enquanto. Vou esperar uma meia hora para ir lá e verificar o que ele está fazendo.

Me aproximei do local onde ela agora já estava sentada, notei então que havia dois porta-retratos sobre a mesa, um com uma foto das crianças, talvez há um ano e o outro de um senhor de olhos verdes com uniforme.

—Seu pai? –Perguntei.

Ela assentiu, não tardando em dizer:

—Coronel Jasper Shepard.

—Você tem os olhos dele. –Disse me movendo em direção a uma das cadeiras em frente a sua escrivaninha, ela sorriu fracamente.

—Então Jasper é em homenagem a ele?.

Ela fez que sim, dizendo em seguida:

—Jasper Jackson Gibbs.

Ergui a sobrancelha e não tardei em comentar:

—São muitos jotas em um nome.

Ela sorriu e logo acrescentou:

—Seu pai gostou.

—Claro que sim. –Murmurei.        

Após não mais que dois minutos em silêncio, noto que ela está mordendo o lábio, será que ela quer dizer algo?

—Você quer me contar alguma coisa? –Pergunto.

Ela se aconchegou mais em sua poltrona e finalmente me encara fixamente antes de dizer:

—Combinei de irmos visitar seu pai amanhã.

A olhei um tanto surpreso e até mesmo irritado.

—Você não deveria ter me consultado antes? –Demonstrei minha clara insatisfação.

Ela suspirou.

—Jethro seu pai está preocupado com você. Passei as últimas semanas fazendo de tudo para que ele não ficasse, ele me ligou hoje e me deu duas opções, ou eu levava você e as crianças para Stillwater ou ele viria aqui. E não quero que ele seja preso como no Natal passado, já que aparentemente a condução Gibbs infringe as leis de transito.

Eu estava lhe lançando o meu melhor olhar intimidador, mas parece que isso não estava funcionando, já que logo ela disse:

—Nós sairemos amanhã, após a aula das crianças, chegaremos lá a noite e eu estarei dirigindo. Agora se me der licença preciso adiantar meu trabalho.

Seu tom de voz era autoritário e logo voltou a ler os papeis, não voltando a me encarar.

—Como quiser madame. -Eu disse antes de me retirar.

Enquanto subia as escadas em direção ao quarto em que estou ficando, não posso deixar de me sentir irritado com o fato dela me comprometer em algo que eu não sabia e talvez nem queira, mas também começo a ficar intrigado com essa mulher, que insiste em me desafiar e a me dar ordens sempre que possível.                  


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Notas finais do capítulo

Gostaria muito de saber o que estão achando.

Bjss e até breve :*