Try Again escrita por Deh


Capítulo 6
Have You Ever Seen The Rain?


Notas iniciais do capítulo

POV Gibbs
Eis aqui um capítulo mais curtinho, mas com direito a flashback jibbs, para finalizar a noite e claro com o clássico "Have You Ever Seen The Rain?" *-*
Espero que gostem!

OBS: capítulo editado em 20/06/2020!



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“Someone told me long ago

There's a calm before the storm

I know, it's been comin' for some time”

Have You Ever Seen The Rain? - Creedence Clearwater Revival

 Já se passou quase uma semana desde que fomos visitar meu pai, talvez eu e ele possamos fazer as pazes de novo. Chegamos no domingo à noite e já na segunda Jenny me disse que o psicólogo no NCIS queria me ver. Neste momento pensei em contar a ela os pequenos flashbacks que estava tendo com pessoas que acredito ser da minha equipe, mas não o fiz. Me lembrei também da conversa que tivemos no sábado à noite, o modo como ela se sentou no banco despertou uma memória em mim.

—Estamos a quase uma semana nesse fim de mundo sem nada para fazer. –Ela disse com raiva.

—Na verdade podemos fazer... –Comecei a sugerir.

—Nem vem Jethro. –Ela me cortou e saiu do que pareceu ser uma cabana, fazendo questão de bater à porta.

Esperei por alguns minutos e sai a sua procura.

Não foi difícil encontrá-la, já que ela estava sentada no degrau da varanda olhando as estrelas, me sentei ao seu lado e fiz o mesmo.

—É difícil ver estrelas em Washington. –Ela comentou sem ainda me olhar nos olhos, no entanto eu a observava atentamente.

Seu cabelo ruivo e longo estava preso em um rabo de cavalo, o brilho da lua refletindo em seu rosto a deixava ainda mais pálida e seus olhos esmeralda estavam escuros.

—Saudades de casa Jennifer? –Perguntei, estranhamente usando seu nome completo, algo que percebo não usar.

—Não e você Leroy? –Ela devolveu minha pergunta com outra pergunta.

—Finalmente encontrei você. -Ouvi sua voz me despertando da memória da Sérvia.

Olhei para o lado e lá estava ela, com um rabo de cavalo e vestindo um traje de corrida, devo acrescentar que essa foi a primeira vez que a vi calçando tênis, ao menos a primeira vez que eu me lembre.

—Você vai correr madame? –Eu não resisto em perguntar, desde que soube desse apelido eu gostava de usá-lo, não sei exatamente o motivo, mas gosto de usá-lo eventualmente.

Ela me olhou cética, e então devolveu minha pergunta:

—Não posso fazer exercícios agente Gibbs?

—Claro que pode, só não imaginei que você seria do tipo que corre. –Eu disse dando de ombros.

Ela ergueu a sobrancelha desafiadoramente e disse entredentes:

—Pensou que eu faria yoga?

Inevitavelmente eu deixei um pequeno sorriso me escapar, afinal isso havia despertado minha imaginação, sendo assim achei melhor voltar a correr.

Surpreendentemente, ou não, ela seguiu meu ritmo.

—Quem está com as crianças? –Perguntei protetor, desde que eu havia os visto, apesar de tudo, eu sentia a necessidade de protegê-los.

—Eles estão com a babá Jethro. –Ela respondeu levemente ofendida.

Mantivemos nosso ritmo por mais dez minutos, quando a chuva começou, e ela parou de correr, quase que instantaneamente.

—Temos que voltar. –Ela disse.

—Está com medo de estragar o penteado? –Eu brinquei.

E isso foi o suficiente para ela fechar a cara.

—Certo... Então vamos lá Shepard. –Eu disse, por algum estranho motivo eu não queria a irritar.

Sendo assim voltei a correr, mas dessa vez em direção a casa dela, só ouvi o grito perplexo:

—Jethro!.

Chegando na porta da casa, estávamos já encharcados. De repente ela começou a rir, fazendo com que sua risada contagiante, fizesse aparecer em mim um pequeno sorriso. Definitivamente essa mulher deveria rir mais vezes.

—Deus, o que o Washington Times falaria de mim? –Ela dizia entre risos.

Neguei com a cabeça e arrisquei:

—Que a diretora está igual a um cachorro molhado.

Ela se fez de ofendida e deu um leve tapa em meu braço, mas logo começou a rir de novo.

Entramos na casa e ela ainda mantia um sorriso no rosto. A governanta se assustou com o estado em que nos encontrávamos e tratou logo de nos advertir, como se fossemos crianças também:

—Vocês precisam tomar um banho quente ou vão pegar uma gripe.

Não foi preciso ela dizer duas vezes.

Subimos as escadas juntos, fui para o quarto de hospedes e ela para o dela, mas sem ao menos me repreender por pensar em voz alta, disparei:

—Precisa de ajuda?

Ela ficou em silêncio por meros segundos, até sorrir maliciosamente, juro que pensei que ela concordaria, no entanto sua resposta foi um sonoro:

—Não.

E assim ela adentrou seu quarto, após ela entrar no quarto dela, ainda fiquei por alguns segundos encarando a porta fechada, merda, o que estava acontecendo comigo? Dei um tapa em minha nuca.

Após o almoço, Jenny deu folga a governanta e as crianças nos obrigaram a assistir filmes a tarde toda.

A noite, após colocar Jessica na cama, o que já vinha se tornando uma rotina, fui ao encontro dela em seu escritório, lá encontrei ela sentada e Jasper em frente a sua mesa, creio eu que eles estavam tendo uma disputa de encarar.

Em silencio eu observava a disputa deles.

—Mamãe... –O garoto começou.

—Não. –Ela o interrompeu.

—Mas hoje é sábado. –Ele argumentou.

—E ontem foi sexta e amanhã será domingo. –Ela disse incisivamente.

—Mas... –O garoto definitivamente não se dá por vencido tão facilmente.

—Sem mas Jasper. Este é o combinado. –Ela disse por fim, demonstrando claramente que aquela discussão estava fadada ao fracasso.

—Eu não estou com sono. –Ele disse e o vi abaixar os ombros em derrota.

—Quando você deitar ele vai vir. –Ela argumentou.

Aquilo me parecia um argumento sem fim, por mais que Jasper soubesse que não ganharia, ele não estava disposto a assumir a derrota tão facilmente e eu começava a perceber que Jenny já estava ficando irritada, sendo assim, não sabia se era o correto, mas decidi intervir:

—Ei Jasper, que tal eu lhe contar uma história?

Ao que parece, finalmente eles pareceram finalmente notar minha presença, rapidamente Jasper me olhou fixamente.

—Não gosto de contos de fadas. –Ele disse mal humorado.

Desviei o olhar para Jenny que tentava disfarçar um pequeno sorriso.

—Não disse que seria conto de fadas. –Falei.

Ele me olhou desconfiado, deu um último olhar a Jenny, que manteve a expressão séria, então finalmente ele veio em minha direção.

Antes de sair dei uma última olhada em Jen, e aparentemente ela me lançava um sorriso agradecido.

Após terminar de contar a ele uma história e verificar que ele realmente estava dormindo, apaguei as luzes do quarto dele e sai. Desci as escadas e adentrei o escritório dela.

Eu fiquei ali em silêncio por um bom tempo a observando ler um documento. Seus óculos estavam na ponta do nariz, ela segurava a folha com a mão esquerda e com a direita uma caneta. Percebi que ela não notaria minha presença tão cedo, assim, limpei a garganta, fazendo com que ela notasse minha presença.

Ela ergue o olhar e apontou a cadeira em frente a mesa.

Assim que sentei, ela perguntou:

—Ele realmente dormiu?

Fiz que sim com a cabeça.

—Que história você contou a ele? –Ela perguntou e eu vi seus olhos verdes brilharem em curiosidade.

—Segredo. –Foi a única coisa que eu disse.

Ela ergueu a sobrancelha, mas não insistiu.

—Você está lembrando que tem uma consulta na segunda certo? –Ela perguntou, já mudando de assunto.

Fiz que sim com a cabeça.

—Vou com você. –Ela disse.

—Não precisa, você já faz tanto por mim Jenny, não posso deixar que se atrase por minha causa. –Eu disse, pois por mais que eu quisesse e ansiasse a presença dela nos últimos tempos, eu sentia que a proximidade só dificultaria quando eu tivesse que voltar para minha casa sozinho.

Ela suspira e murmura um:

—Okay.

Teria ela ficado decepcionada?

O domingo se passou tranquilo e logo chegou a segunda.

Peguei um taxi e fui para minha consulta. O médico fez alguns testes, ele disse que eu já poderia voltar ao trabalho, mas somente para o trabalho de mesa, também me disse que eu já estava apto para voltar a dirigir e a certas atividades digamos assim físicas. Ele ainda faz questão de deixar bem claro, que eu ainda não poderei ficar sozinho, pois corro o risco de ter fortes dores de cabeça.

Assim que a porta do elevador do NCIS se abre no meu andar, piso para fora e observo o local. O flash de uma memória vem a minha mente, mas no momento eu tenho uma missão. Passo entre as mesas da minha equipe e lá vejo, DiNozzo de costas falando algo, sendo observado por como era mesmo o nome dele? Ah sim McGee e... a morena Ka... não. Ziva. Prestei então atenção no que DiNozzo falava:

—O Chefe com certeza já se recuperou, aposto que ele deve estar com alguma ru... –Antes que ele concluísse a frase dei um tapa na nuca dele.

—Chefe? –Ele disse e então se virou sorrindo, para quem acabava de ganhar um cascudo ele estava bem satisfeito.

—Volte ao trabalho DiNozzo. –Eu disse, antes de seguir até as escadas.

Não me perguntem como lembrei de onde exatamente era o escritório dela, só sei que cheguei a uma porta de madeira onde lia-se: J. Shepard, diretora. E quando estava prestes a abrir a porta, a mulher que creio ser a secretaria disse suspirando:

—Bem vindo de volta agente Gibbs.

—Acho que você não se lembrou que devemos bater antes de entrar. –Ela disse sem levantar o olhar.

Coloquei minha autorização em suas cima da mesa dela, ela deixou o que estava lendo de lado e a pegou.

Após analisa-la em silêncio, ela deixou o papel em cima da mesa e disse:

—Aqui diz que você está apto para voltar ao trabalho de escritório.

—Entre outras coisas. –Murmurei.

Ela ergueu a sobrancelha, mas não disse nada.

Ela retira os óculos e os coloca em cima da mesa e então se acomoda mais em sua cadeira, antes de dizer:

—Você pode voltar amanhã, mas estará vendo um profissional indicado pelo NCIS, uma vez por semana até que ele diga que você não ficou com nenhum trauma.

Abri a boca para protestar, mas ela me cortou:

—E isso não está em discursão agente Gibbs.

Definitivamente a ruiva sabe ser autoritária.


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Notas finais do capítulo

Então???
Tempestades estarão a caminho?