A Filha da Noite escrita por sutekilullaby, izacoelho


Capítulo 28
Capítulo 28




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Eu mal conseguia acreditar. Havia terminado. FINALMENTE havia terminado.

 

  Olhei para onde Tífon estava antes. A lava borbulhava tranquilamente como se nada anormal tivesse acontecido.

 

  Só então percebi como eu estava cansada, faminta e com sede. Todo o meu corpo doía ou ardia. Sentei onde eu estava e me olhei. Minha perna esquerda tinha uma queimadura feia. Minhas roupas estavam completamente sujas, queimadas, rasgadas ou algo do gênero, e eu nem queria saber como estava o meu cabelo. Quanto tempo fazia desde que eu havia escovado ele pela última vez? Ok, eu pareço uma filha de Afrodite falando assim. Mas nem falo por vaidade, é mais por saúde e higiene, mesmo. Quer dizer... Ok, chega do papo sobre cabelo.

 

  Thalia e Percy vieram até mim montados em Blackjack. Todos estávamos mais ou menos no mesmo estado. O cabelo repicado de Thalia parecia que ela havia enfiado o dedo na tomada. Eu ri com a comparação. Percy era o único sem nenhum tipo de queimadura, mas ele estava suando litros.

 

  — Ei, Mel. Como se sente? — Ele me perguntou.

 

  — Bem o suficiente.

 

  — Sobe aí. A gente tem que sair daqui.

 

  Blackjack relinchou, e Percy bufou.

 

  — Ah, cara. Desculpa por isso, mas a gente PRECISA sair daqui. Não é muito aconselhável dormir dentro de vulcões, sabe. Só deixa a gente lá fora. Prometo te dar torrões de açúcar extras quando nos virmos de novo no Acampamento.

 

  Blackjack relinchou de novo, com mais ânimo.

 

  — Er, Percy... Só uma coisa. Como você pretende sair daqui? A gente simplesmente voa pra fora daqui pela cratera do vulcão?

 

  — Hm, é. Alguma idéia melhor?

 

  — Mas não podemos. Quer dizer, vamos sentir frio, e tem a coisa da pressão e do ar rarefeito e tal. Quer dizer, 2500 metros, Percy!

 

  — Dá pra você parar de dizer “quer dizer”? — Thalia ironizou, cansada e visivelmente entediada.

 

  Preparei uma resposta para ela, mas uma voz se atravessou na minha frente.

 

  — HEY, CRIANÇAS!

 

  Olhamos na direção da voz grossa de homem que havia nos chamado. Flutuando sobre a lava estava um cara que não demorei muito para reconhecer, mesmo sem nunca tê-lo visto na vida. Ele tinha músculos fortes e pele morena. Seu rosto era grande e completamente desfigurado. Ele parecia um pouquinho cansado em seu macacão de mecânico. Hefesto.

 

  — Então. Vocês salvaram o mundo. Não sozinhos, mas salvaram. Foram corajosos. Por causa disso, vou dar uma ajudinha a vocês. — Whoa. Direto ele, não? — Sei que vocês estão cansados e tudo mais, mas acho que o filhote de peixe aqui já pode dirigir, né?

 

  Percy assentiu.

 

  — Ok, ok, eu já sabia. Quantos anos você tem? 18? 19? É, você com certeza pode dirigir. A coisa é que tem um carro esperando por vocês na estrada. Eu a recém consertei ele. Agora vão. Acho que vocês vão querer dar uma passada em Los Angeles antes de voltar para Nova York, né?

 

  — Obrigada, Senhor Hefesto. — Thalia disse com um movimento de cabeça.

 

  — Ok, ok, eu sei. Agora vão logo. Tenho que reconstruir minha forja. Por que Zeus tinha que trancar esse maldito justo na minha forja preferida...?

 

  Hefesto fez um movimento com a mão, e o cenário mudou de repente. Não estávamos mais dentro do Monte Santa Helena. Agora estávamos de volta à floresta. A primeira coisa que fiz foi olhar para o céu. Toda aquela tempestade havia passado. As nuvens agora eram poucas, e eu podia ver um lindo céu estrelado com uma lua cheia brilhando no alto. Respirei fundo o ar fresco, aliviada por não sofrer mais com dores de cabeça por presenças excessivas. A noite me trouxe mais energia, e de repente nem parecia que eu havia acabado de lutar com o pior monstro de todos.

 

  Então baixei os olhos e vi um Fusca antigo estacionado no meio de uma estrada à nossa frente.

 

  — Ah, não! — Percy reclamou, completamente indignado. — Ah, fala sério. Hefesto poderia ter nos dado alguma coisinha melhor... Mas um Fusca velho?

 

  — O que você tem contra os Fuscas? Eu gosto deles. — Eu disse. Até meu humor havia melhorado com aquela noite linda. — Ok, eu obviamente gosto é dos Fuscas novos. Mas, ah, vamos lá, Cabeça de Alga. O que você queria, uma limusine?

 

  — Ah, não! Você também, não! — Demorei pra entender do que ele estava falando, mas quando entendi comecei a rir. Pensei que Percy não se importasse em ser chamado de Cabeça de Alga. Todas as garotas amigas dele o chamavam assim.

 

  — Certo. Vamos entrar na droga do carro, agora? — Ele perguntou, impaciente.

 

  — Acha que é seguro dirigir à noite? — Thalia perguntou. — Quer dizer, nós estamos cansados.

 

  — Você falou “quer dizer”! — Eu exclamei com cara de criança feliz. — Aliás, eu não estou cansada. Eu posso dirigir.

 

  Percy e Thalia me olharam como se eu tivesse dito que queria dançar tango com o Sr. D em cima da cabeça de Zeus.

 

  ECA!

 

  — Que foi? Eu tenho umas noções básicas de direção. A única coisa que temos que fazer é ficar longe de cidades, onde tem vários policiais. E aí, quando o sol nascer, Percy assume o volante.

 

  — Tanto faz. — Thalia deu de ombros e entrou no carro, deitando no banco de trás. Percy suspirou e sentou no assento do carona. Abri a porta do carro e entrei, sentando no assento do motorista.

 

  — Sinto que não vou conseguir pregar o olho com você dirigindo. — Ele disse. Eu sorri.

 

  — Ai, Percy! — Reclamei em um bom humor repentino. Estou dizendo, Heidi não é a única com distúrbios de personalidade por aqui. Eu devo ser bipolar. — Tá comigo, tá com Deus.

 

  — Qual deles? — Ele perguntou cansado, mas com humor. Eu ri.

 

  — Com Nyx, e também Nêmesis, Tânatos, Hipnos, Éris... — Comecei a citar vários dos meus nada adoráveis irmãos, e Percy estremeceu. Liguei o carro (ah, sei lá se é assim que se fala. Veja bem, eu não estava mentindo quando disse que tinha noções básicas de direção. Mas termos de carros não são comigo) e comecei a dirigir em uma velocidade baixa, mas aumentando cada vez mais. Liguei o aparelho de som antigo do Fusca, que tinha um cd dentro. Nem me dei ao trabalho de ver que cd era, simplesmente apertei play, e começou a tocar Highway to Hell.

 

  — Ah cara, Hefesto só pode estar de sacanagem com a gente! — Percy exclamou. Eu ri da indignação dele. Tirei o cd e vi que continha a lista das músicas.

 

  — Cara, Daemonia Nymphe! Desde quando os deuses gostam de folk music? — Perguntei, bem atenta à lista de músicas.

 

  — A ÁRVORE, MELANIE! — Percy gritou, me dando um susto. Levantei o olhar do cd e vi que eu havia desviado ‘um pouquinho’ da estrada e que estávamos indo em alta velocidade em direção a um pinheiro. Agarrei o volante e freei, fazendo uma curva. Ou pelo menos era o que eu pretendia, porque o carro bateu em alguma coisa e meio que capotou. Ok, ele não ‘meio que capotou’. Ele capotou mesmo. Hefesto aparentemente fez algumas mudanças no carro, porque ele continuou inteiro.

 

  — Eu falei que não ia dormir com você dirigindo! — Percy disse, se agarrando ao banco.

 

  — AH, MERDA! MINHA CABEÇA! — Thalia gritou no banco de trás. — MELANIE, SAI DESSE VOLANTE! PERSEU, DIRIGE VOCÊ! VOCÊ PODE SER UM CABEÇA DE ALGA IDIOTA, MAS DIRIGE MELHOR QUE ELA!

 

  — Também te amo, Thalia. — Disse Percy.

 

  — Ah, dá um tempo, Thalia. Eu só tenho 14 anos. Queria que eu fosse uma expert em direção?

 

  — 14 ANOS? CARAMBA MELANIE, SAI DAÍ...

 

  Ela ia continuar a sessão de xingamentos quando senti uma presença de longe. Ah, não.

 

  — THALIA! CALA A BOCA! E PÕE O CINTO DE SEGURANÇA!

 

  — O quê? Por quê? —Thalia e Percy perguntaram, confusos.

 

  — SIMPLESMENTE PONHAM!

 

  Eles me obedeceram. Pisei no acelerador como se minha vida dependesse disso (vai saber se não dependia...) e vi o marcador de velocidade chegar ao limite, até que, quando o marcador parou na última velocidade, o painel começou a brilhar e a mudar. As velocidades ficaram mais altas, e o marcador fez o caminho por todas elas, até que uma última velocidade surgiu, mas esta não era representada por um número, e sim por uma letra: a letra grega ômega.

 

  A presença continuava no nosso encalço, mas cada vez mais distante. Era algo rápido, porque devo dizer que não estávamos indo exatamente devagar. Sem hesitar, pisei mais fundo no acelerador, e o marcador atingiu o ômega. Vi a expressão de pavor de Percy, mas não me virei para ver a de Thalia.

 

  Onde antes estava um velho aparelho de som agora havia uma pequenina tela touchscreen de LCD. Podia-se ler ali “Escolha o seu destino”, e havia várias opções: Olimpo, Acampamento Meio-Sangue, Mundo Inferior, Jardim das Hespérides, Ilha de Polifemo, entre outros. Selecionei Mundo Inferior. Uma voz agradável soou no carro, dizendo que, em caso de humanos ou semideuses presentes no carro, favor fechar os olhos. Foi o que fizemos, e acabei pegando no sono logo em seguida.

 

  Acordei dentro do carro, na frente de um lugar chamando Estúdios de Gravação MAC.


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Notas finais do capítulo

então, gente, esse é o ultimo capitulo que eu (izacoelho) posto, vocês já tão livres de mim, joeiajioajeoia. comentem, recomendem e respodam o comunicado da bru, please. quanto a parte que ninguém respondeu, pergunto aqui de novo: vocês querem que a história continue tendo a melanie como personagem principal?