Inocência Premeditada escrita por Bia


Capítulo 6
Harry Potter


Notas iniciais do capítulo

Draco Malfoy (x)
Rony Weasley (x)
Harry Potter (x)
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Harry Potter

Para alguém com o seu passado, confiança não era algo básico, conquistado durante o convívio. Confiança era questão de fé, de vida. Um passo em falso, uma palavra errada para a pessoa errada e era o fim.

Durante a infância, com os Dursley, as únicas coisas que tinha certeza eram, primeiro, que seria punido por qualquer coisa que Duda fizesse, quisesse ou dissesse e, segundo, que não podia contar com os tios para nada. Não podia confiar neles nem quando cortava o dedo com uma faca, nem quando sentia que sua cabeça iria rachar de dor ou que iria vomitar suas entranhas. Se, por acaso, contasse o que estava sentindo, Tia Petúnia simplesmente se fingiria de surda e o encheria de tarefas, de qualquer modo.

Muitas vezes, a maioria das vezes, sofria em silêncio, esperando a noite cair e todos irem dormir, para assaltar a caixinha de remédios no armário da sala. Pegava o primeiro que via, sem ao menos ler – uma vez ouviu tia Petúnia reclamar que um dos seus anticoncepcionais tinha sumido – e corria de volta para cama. Sempre, perto de adormecer, ficava se perguntando se seria diferente caso demonstrasse o quão mal estava, mas sabia que não.

Estava sozinho.

Então, veio Hogwarts e Hagrid e Rony.

Quando conheceu o meio gigante, soube que poderia confiar nele para qualquer situação, soube que ele não o abandonaria em hipótese alguma, mas também soube que não poderia dizer-lhe tudo. Hagrid era do tipo que deixava escapar. Não por maldade, claro. Nunca por maldade, porém, quando se sentia pressionado, o amigo ficava nervoso e acabava falando demais. Pior, com a inocência que tinha, ainda que não falasse, demonstrava saber ou ter feito algo. Não tinha escapatória, era um livro aberto. Esse era o seu defeito mais perigoso, principalmente para ele mesmo.

Com Rony, Harry sentiu que podia confiar tudo, ações e palavras. O Weasley era o seu melhor amigo e Harry achou que ele via além da cicatriz e da celebridade. Achou que Rony sempre estaria do seu lado, não importava o que acontecesse. Conseguia até imaginar o futuro, os dois aurores, lutando lado a lado.

Como é estranho o que sentimentos quando alguém nos decepciona. É uma mistura de revolta e ingenuidade que nos enche até a boca e nos faz perguntar o porquê.

Foi só no quarto ano, com o Torneio Tribuxo, que Harry percebeu que a imensa confiança depositada no amigo não era nem recíproca, nem devida; e a certeza que possuía de que Rony o via além da cicatriz, não passava de ilusão. Foi a primeira vez que sentiu o que é ser traído. No entanto, foi também nessa situação que o Potter notou o quanto era míope. Precisou se aproximar muito de uma outra pessoa para perceber que ela sempre estivera do seu lado e, diferente de Rony, estivera até mesmo quando não concordava com algumas de suas atitudes.

Hermione. Parecia tão óbvio, mas não foi.

Como não tinha percebido antes era uma pergunta que Harry se fazia com frequência. Hermione era do tipo de pessoa que gostava de fazer a coisa certa, que gostava de regras e, ainda assim, tinha quebrado inúmeras para ajudá-lo. Era dessas que gostava de dar conselhos e dizer “eu te avisei”, mas que nunca, por isso, abandonaria o amigo. Sabia que, se a situação obrigasse, ela deixaria qualquer coisa por ele, sua família, Hogwarts.

Com a demora dessa revelação, Harry se sentiu envergonhado, ao mesmo tempo em que sentia a admiração pela amiga crescer a níveis extraordinários. Até apaixonados. Era sim apaixonado por Hermione, era apaixonado pelo porto seguro que ela representava. Algo que nunca tivera. Era apaixonado pela confiança que ela lhe transmitia, pela certeza que ela lhe dava que não estaria mais sozinho.

Isso Cho não entendia. Para as pessoas românticas como ela só existia um tipo de paixão e esse tipo de paixão deveria prevalecer sobre todas as demais.

Quando a viu sair da biblioteca, sinceramente pensou em ir atrás e se explicar. Explicar que o que sentia pela amiga estava longe de ser o tipo de sentimento que imaginava. Explicar que o que sentia por ela não envolvia o físico de forma alguma, ainda que sua presença o deixasse mais tranquilo. Explicar que o que sentia era mais puro e forte e complexo que simples paixão. Mas, Cho mal interpretaria suas palavras e as confundiria e também confundiria a ele, única e exclusivamente por que confiava sua vida a Hermione...

Parou.

Apoiou a cabeça em uma das mãos, um pouco chocado.

Talvez Cho não estivesse tão errada, afinal.


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