Fui cedo para a casa dos Mayvic, arrumei Ivy e saímos às pressas, rumo à empresa. O dia seria beeem longo e cheio de trabalho. No caminho, aproveitei para fazer alguns comentários com ela.

— Pesquisei tudo sobre a banda e descobri coisas bem interessantes.

— Muito bom, Ludo! Podemos falar sobre isso no almoço? Agora preciso me focar inteiramente nesse ensaio.

— Claro, como quiser!

Ao chegarmos, Ivy deixou as suas coisas na sua sala e eu fiz o mesmo. Em seguida, descemos direto para o andar onde seria a sessão de fotos. A equipe já havia preparado o cenário da, separado os looks nas araras em ordem de uso e as modelos estavam acabando de serem produzidas.

— E o fotógrafo, cadê? – pergunto à Joanne, uma das produtoras.

— Chegará oito e meia. Não deve demorar, pois já são oito e dez. Aquele moço ali trabalha para ele e terminou de montar as luzes.

— Menos mal então! Não podemos nos atrasar, caso contrária desandará todas as outras tarefas do dia.

Ivy veio chegando perto de nós.

— Vou terminar meu trabalho, com licença. – Joanne sai.

— Ludo, você conhece esse fotógrafo? Nunca trabalhamos com ele antes...

— Só de nome. Mas ele é um dos melhores e mais famosos da atualidade.

Sinto meu celular vibrando e vou olhar o que se trata.

— O que foi? – ela pergunta.

— A sua secretária está perguntando se pode confirmar a reunião das duas e se tem um telefone que pode ligar para os clientes.

— Diga à Lauren que pode confirmar. Agora, quanto ao telefone, eu não sei. Peça a ela para ligar para o Adam e pedir o número do Jost. – bufa.

— Ok. Está tudo bem? – pergunto, percebendo sua reação.

— Sim, mas é que em horas como essa que eu percebo o quanto um celular me faz falta.

— Não se preocupe. Vou comprar um para você sem que o Boss saiba. Qualquer coisa eu digo que é meu.

— Faça isso, por favor! – ela dá uma piscadinha para mim e eu rio sarcasticamente.

O fotógrafo enfim aparece, se apresenta ao nos cumprimentar e dá início ao seu trabalho. Percebo que nas pausas, ele não tirava o olho de Ivy, que estava no backstage observando e ajudando no que podia. Mas pelo visto, ela não notou isso, pois não fez nenhum comentário comigo.

No fim da sessão, que durou por volta de três horas, ele veio para perto de nós.

— Ivy, não é? – aponta para ela.

— Sim! – responde, de forma simpática.

— Você já pensou em seguir carreira de modelo? Garanto que daria um banho em todas essas aqui. – cochicha e ri.

Ivy fica estática. Mais uma coisa que jamais passou por sua cabeça. E que seria impossível pelo mesmo motivo de sempre: Adam.

— Err... Acho que não levo nem um pouco de jeito para isso, mas obrigada pelo elogio.

— Mas isso se pega com o tempo! Queria muito fazer uma sessão de fotos sua. Pode ser para a HERSCH mesmo. Fará muito sucesso, pode ter certeza!

— Quem sabe um dia, não é?

— Aqui está o meu cartão. – entrega para ela. – Espero muito que esse dia se torne realidade! Foi um prazer trabalhar para sua marca.

— Nós da HERSCH que agradecemos! Os resultados superaram nossas expectativas!

— Esse é o meu trabalho! Bom, mas preciso ir. Até mais!

Eu e Ivy o acompanhamos até a porta do estúdio e em seguida vamos até um restaurante no quarteirão da empresa, para almoçar. Entramos e sentamos na mesma mesa de sempre. Fazemos nossos pedidos ao garçom, que sai em seguida.

— E então, Ludo? Conte-me tudo que você pesquisou sobre a banda do Jost.

— Pois bem... Eu acho que dependendo da proposta deles, pode ser bem vantajoso, minha querida! Porque pelo que pude perceber, eles possuem uma grande influência no mundo, mas principalmente na Europa. Sem contar que a maior parte dos seus fãs são mulheres, então podemos abranger os dois gêneros, fazendo uma coleção unissex, já que é uma tendência em alta no mundo da moda também.

— Interessante...

— O estilo deles sempre foi mais diferenciado, o que nos permite continuar saindo da linha convencional.

— Preciso conhecer os perfis de cada um para ter ideias de criação e saber quais são as propostas.

— Isso será importante, porque cada um tem um estilo diferente do outro. Quando à isso, está nas duas mãos decidir se será um projeto viável ou não.

— Será um desafio. Vamos ver onde isso vai dar.

***

Bill andava impaciente de um lado para o outro da sala. Gustav e Georg estavam sentados no sofá, mas Tom ainda não havia descido.

— Por que será que ele está demorando tanto? – olha no relógio.

— Às vezes ele está esperando a Ria tá se arrumar para ir também. – o baixista comenta, para irritar Bill.

E consegue.

— O QUE? – ele arregala os olhos. - Ela está querendo ir? DE JEITO NENHUM! Sem chance!

— Relaxa, Georg tá te zoando, Bill. – Gustav diz.

— Não diga isso nem brincando, senão eu a tiro do carro puxando aqueles mega-hair de quinta categoria que ela usa.

Georg ri alto e o baterista também.

— Do que estão rindo? – Tom aparece.

— De nada! – o irmão desconversa. - Que demora foi essa? Estamos super atrasados!

— Eu estava tomando banho!

— Agora que você já tá pronto, podemos ir?

— Sim.

No caminho até a HERSCH, Bill comenta que está confiante, mas não descarta a possibilidade de Ivy não aprovar suas propostas. E por isso, bola em sua mente argumentos que acha que serão extremamente convincentes.

Depois de alguns minutos, chegam na empresa. Tom entra com o carro no estacionamento, após se identificar para o segurança, que libera passagem. Eles descem do veículo, vão direto para a recepção e anunciam sua chegada. A secretária de lá faz uma ligação e os acompanha até o elevador.

— A senhorita Ivy está esperando em seu escritório, no nono andar. Tenham um boa tarde.

Eles seguem rumo ao local indicado. Quando a porta do elevador abre, dão de cara com uma sala de espera e Lauren, que já está de pé para recebê-los.

— Por favor, senhores. Me acompanhem. – ela sai na frente e abre a porta do escritório.

Os quadro adentram a sala. Até que Ivy saiu de trás de sua mesa e chegou perto deles, depois de ficar uns cinco segundos estática, olhando para eles. Ou para um deles

— É um prazer recebê-los aqui na HERSCH. – quebra o silêncio. - Eu sou Ivy Mayvic e este é meu assistente pessoal, Ludovico. – estende a mão para cumprimentá-los e eu faço o mesmo. Cada um se apresenta, dizendo o seu nome. – Por favor, sentem-se e fiquem à vontade.

Eles puxam as quatro cadeiras que haviam no outro lado da mesa e se acomodam.

— Eu não sei se você irá se lembrar, mas nos conhecemos há um tempo atrás, num evento beneficente. – Bill começa. – Eu e Tom estávamos juntos com o Jost, quando foi cumprimentar seu marido.

— Ah, sim! Claro que lembro... Mas como aquele dia estava um pouco escuro não tive a oportunidade de ver claramente vocês. – pelo tom de voz dela, percebo que não está sendo muito sincera quando diz isso. A conheço muito bem.

Eu fiquei em pé, apenas observando cada um deles. O primeiro da esquerda, Gustav, olhava a sala ao redor, curioso. O segundo era Tom, que tentava não olhar fixamente para Ivy, o que achei bem estranho. Quando pousei meus olhos sobre Bill, fiquei sem ar. Meu coração parou por um instante, mas tentei a todo custo manter a pose. Ele é intensamente magnífico! Já o último, Georg, olhava para a dona da empresa completamente perplexo, como se estivesse vendo algo de outro mundo.

— Em que a HERSCH pode ajudá-los?

— Bom, estamos prestes a lançar um novo álbum que é diferente de tudo que já fizemos. – Bill começa. - Estou com várias ideias na cabeça e quando vi suas criações numa revista de moda, achei que encaixariam perfeitamente no que pensei, por serem diferenciadas!

— Diga-me o que você tem em mente.

O vocalista nos entrega um portfólio e coloca todas as suas propostas. Na visão dele, produziríamos as roupas que eles usariam nas fotos do encarte do álbum, da turnê e peças exclusivas para serem vendidas para os fãs em cada show e pelo site da banda. Alicia ouviu tudo atentamente e eu também. Achei que Bill foi bem convincente e persuasivo.

— E então, o que acha? – pergunta, ansioso pela resposta dela.

— Diante de tudo que você me apresentou, creio que será uma grande parceria que tem tudo para dar certo! Temos sim interesse em trabalhar com vocês. – ela anuncia e sorri. – Nós já tínhamos pensado em começar uma coleção voltada para o público masculino, mas não sabíamos em que momento isso seria colocado em prática. Quando podemos começar?

O vocalista fica surpreso e animado pelo fato dela ter aceitado.

— O quanto antes! Você não irá se arrepender, prometo!

— Tenho certeza que não. Bom, mas já que vamos trabalhar juntos, deixe-me apresentar a empresa para vocês.

Ivy os conduz por todos os andares e setores da HERSCH, mostrando cada canto e falando um pouco sobre cada espaço e sua função na empresa. Por último, chegamos na sala de reuniões, que estava com a mesa cheia de comida pronta para o café da tarde, como ivy havia solicitado mais cedo.

— E, por fim, essa é a nossa sala de reuniões. Sentem-se por favor. Bom, mas para darmos início aos trabalhos, preciso reunir mais vezes com vocês, para saber o perfil de cada um, as ideias, o que gostam e se sentem confortáveis em vestir e o que jamais usariam. A participação de cada um na criação dos looks é essencial e de extrema importância para que tudo saia como planejado.

— Podemos nos encontrar novamente amanhã? – Bill continuava conduzindo a reunião pelo grupo, que só observava e concordava com o que ele dizia.

— Sim, claro! Ludo, por favor verifique os horários disponíveis de amanhã na agenda.

— Hoje na hora do almoço um cliente europeu desmarcou uma reunião por causa de um atraso no vôo. – afirmo. – Temos um buraco amanhã na parte da tarde, de uma e meia até quatro horas.

— Tudo bem esse horário para vocês? – ela questiona. - Precisamos de um tempo maior para discutirmos tudo que eu disse anteriormente, começarmos a criar os croquis, fazer um cronograma e tirar as medidas.

— Ótimo! Amanhã estaremos aqui.

— Eu preciso ir. Mas fiquem à vontade para conversarem enquanto tomam esse café que preparamos com muito carinho para vocês. – se levanta. – E não se preocupem, aqui não tem câmeras e nem escutas. Vocês terão privacidade.

— Muito obrigada Ivy! – Bill agradece.

— Eu que agradeço por terem escolhido a HERSCH. Até amanhã então! – ela se despede.

Nós saímos em seguida, deixando-os à sós.