No dia seguinte, David Jost ficou ocupado o tempo todo com o novo álbum do Tokio Hotel. Por causa disso, não teve condições de ligar para Adam e comunicar sua intenção de visitá-lo. Ele não queria chegar de surpresa. Dessa forma, quando conseguiu terminar tudo que tinha para fazer, pegou seu celular e discou o número do amigo. Já estava quase anoitecendo, então com certeza ele estaria em casa.

— Fala meu amigo!— o empresário atende.

— Como vai, Adam?

— Estou ótimo e você, está aqui em LA?

— Sim, já faz uns dias! Estou ligando para perguntar se posso ir aí na sua casa para conversamos. Tenho um assunto que preciso tratar.

— Por que não vem agora? É bom que me acompanha no whisky e janta conosco!

— Se não foi incomodá-lo...

— Claro que não! É sempre um prazer recebê-lo.

— Em meia hora eu chego aí então.

— Ok, estou aguardando. Até mais!— desliga a chamada.

Jost rapidamente mandou mensagem para Bill avisando que estava a caminho da casa de Adam e iriam conversar hoje ainda. Assim que leu o sms, o vocalista mandou outro pedindo para que o manager ligar assim que deixasse a casa dos Mayvic. Ficou animado e desejando que tudo dê certo. Por um lado, queria ir também. Mas sabia que, nesse caso, era melhor não intervir.

***

Depois de um dia bastante corrido e cansativo na HERSCH, eu estava arrumando Ivy para o jantar. Venho junto deles todos os dias assim que saímos da empresa. Mais uma das muitas exigências do Boss. Ele não gostava que ela jantasse de pijamas e por isso, eu tinha que trabalhar.

— Prontinho! – disse, ao terminar. – Você já vai descer?

— Ainda não, quero enrolar mais um pouco. – ela suspira. - Não vá embora ainda, por favor. – ela pede.

— Não se preocupe, minha querida! Fico aqui o tempo que quiser. – sentei-me no sofá, de frente para ela.

— Hoje foi bem puxado, né? – comenta.

— Demais! Pelo menos conseguimos fazer tudo que precisava a tempo e...

— Ouça... – ela me interrompe. – Parece que...

— Ivy, venha até aqui...

— Adam está chamando! – dizemos em couro, ela se levanta rapidamente e vai.

Ainda estava cedo para o jantar, por isso eu fui tentar descobrir o que se tratava. Parei no topo da escada, escondido e percebi que havia mais alguém na casa. Dava para ouvir e ver toda a movimentação de lá, então decidi permanecer, minha curiosidade falou mais alto, ló-gi-co.

Ivy desceu as escadas, foi em direção à sala e parou em pé do lado de Adam, que estava sentado no sofá com um whisky na mão.

— David. – o cumprimenta e continua em pé.

— Ivy, como vai?

— Muito bem, obrigada. – ela sorri sem mostrar os dentes.

Ela olhou para Adam, que assentiu e então se sentou ao lado do marido.

— Jost veio falar sobre a sua grife de roupas. – Boss informa.

— É mesmo? – fica surpresa. - Em que posso ajudar?

— Bom, é o seguinte, a banda da qual sou produtor vai lançar um novo álbum agora em outubro e sairão em turnê ano que vem. A proposta desse novo trabalho é diferente de tudo que eles fizeram. Bill, que é o mais ligado em moda, viu suas criações e as achou espetaculares. Por isso queriam ver se é possível que o Tokio Hotel e a HERSCH façam uma parceria.

— Jost, não se se vocês notaram, mas a marca é do segmento feminino.

— Sim, daí surgiu a ideia de que a marca começaria a produzir também para o público masculino. Há alguma possibilidade disso acontecer?

— Confesso que nós ainda não havíamos pensado nisso, mas é algo que pode dar certo, se for bem executado. Podemos marcar uma reunião amanhã na empresa para tratarmos do assunto com mais calma?

— Por favor!

— Vou consultar a agenda e te informo agora mesmo o melhor horário para averiguarmos isso com calma, tudo bem assim?

— Ótimo, Ivy!

— Com licença. – ela olha para Adam, que assente de novo e sai. – Já volto.

Quando percebi que ela vinha em minha direção, eu voltei para o quarto rapidamente.

— Você ouviu? – nos anos de convivência, Ivy já me conhecia o bastante para saber que eu ficaria espionando a conversa com certeza absoluta.

— Sim, tudinho! E estou passado três vezes com essa proposta!

— Você acha que isso dará certo, Ludo? Tenho minhas dúvidas...

— Não sei, honey... Mas não se preocupe que vou pesquisar tudinho sobre a banda e sua influência no mundo. Precisamos partir desse princípio para podermos argumentar e saber se não será um tiro no pé da HERSCH.

— Faça isso, por favor. – ela pega a bolsa e procura a agenda. – Já que se trata de um amigo do Adam, eu não posso decepcionar. O pior é que amanhã estamos lotados de trabalho o dia todo, não sei que horas marcar...

— Marque depois do almoço. Antes temos que nos concentrar inteiramente naquela sessão de fotos para a revista de moda, lembra-se?

— Sim... Essa sessão é extremamente importante! – ela folheia a agenda. – Duas da tarde?

— É um bom horário.

— Vou descer para comunicar o David. – ela sai do quarto e volta para a sala.

— Não se preocupe. – a paro antes de passar pela porta. – Eu estarei com você e dará tudo certo. Eu vou ter que ir agora, mas amanhã te deixo a par de tudo que pesquise.

— Obrigada. – ela me abraça. – Até amanhã.

Após o jantar, Jost precisou ir embora. Adam e Ivy o acompanharam até a porta. Quando estavam voltando pelo jardim, Boss parou por um instante.

— Gostei da forma que você conduziu as coisas enquanto Jost fazia a proposta. Se tornou realmente uma ótima empresária, estou impressionado.

— Obrigada. – ela dá um sorriso curto. – É bom saber que superei as suas expectativas.

— Eu espero que amanhã não se esqueça das coisas importantes.

Ivy sabia exatamente o que o marido queria dizer. Ele não queria de maneira nenhuma que ela se aproximasse dos seus possíveis novos clientes.

— Desse jeito você me ofende. Eu sei o meu lugar e a minha posição desde que assinei aquele contrato quando nos casamos. Estou fazendo isso porque se trata do pedido de um amigo seu, então no mínimo preciso tratá-los de uma forma que se sintam confortáveis.

— Não estou lhe ofendendo e sim, reforçando um ponto extremamente importante. Espero que não fiquem confortáveis demais e acabem extrapolando os limites.

— Eu vou entrar, estou morrendo de dor de cabeça. – ela sai andando na frente, antes que ele falasse mais alguma coisa.

***

No manhã seguinte, David chegou na casa dos Kaulitz bem cedo.

— Graças à Deus você apareceu! – Bill atende a porta. - Já estava aqui impaciente! Entra, entra. – dá espaço para ele passar.

— Primeiramente, bom dia. Calma!  Você é muito desesperado! Cadê o resto dos rapazes?

— Tom tá apagado porque a Ria chegou e fez ele ficar na rua até tarde. – cochicha.

— Ela chegou ontem?

— Infelizmente. – revira os olhos. - Georg está correndo no condomínio e Gustav está na cozinha. Vamos até lá.

Os dois seguem caminho, entram no cômodo e sentam junto do baterista.

— Bom dia, Gustav.

— Bom dia!

— Pare de enrolar e conta logo! – apressa Bill.

— Não sem mim! – Georg aparece e senta junto deles.

— Chega pra lá que você tá todo suado! – o vocalista reclama.

— Quem um abraço?

— Nem pensar! – faz cara de nojo.

— Bom, resumindo deu tudo certo. Vocês têm uma reunião hoje às duas na HERSCH, para apresentar as propostas.

— Ufa, ainda bem! Mal posso esperar! – Bill comemora.

— A dondoca aceitou assim, de boa? – pergunta o baixista.

— Ela não é dondoca, você vai ver hoje. E sim, disse que pode dar certo lançar uma coleção masculina, mas precisa ver o que vocês tem de ideias.

— Conta direito como foi! – pede Gustav.

— Mas não tem o que contar! Eu liguei para o Adam perguntando se podia ir até sua casa e ele me chamou até pra jantar. Cheguei lá, ficamos tomando whisky e eu disse o assunto que precisava tratar. – ele faz uma pausa e fica pensativo. – Mas teve uma coisa que me chamou atenção.

— O que? – Bill ficou curioso.

— Ele chamou Ivy, que até então não estava conosco. Quando ela apareceu, ficou em pé do lado dele, que estava sentado e meio que pediu permissão para sentar com a gente.

— Como assim pediu permissão? Não tô entendendo, Jost! – Georg fica confuso.

— Ela me cumprimentou, em seguida olhou para Adam, que assentiu e só após esse gesto dele, ela sentou.

— Que esquisito...

— Também achei, Bill. Bom, mas eu vim aqui só para falar da reunião. E vocês vão sozinhos, não poderei acompanhá-los.

— Beleza. Duas horas, né?

— Isso mesmo.

— Vou pautar todas as minhas ideias. – Bill se levanta. - Você me ajuda, Gustav?

— Sim, claro. – os dois saem da cozinha.

David vai embora resolver suas coisas e Georg segue para o banho.

Algumas horas depois, perto do almoço, Tom se levanta e deixa Ria no quarto, ainda dormindo. Ele desce as escadas e não encontra ninguém no andar de baixo. Vai até a cozinha pegar algo para comer e depois volta para cima. Até que chega em frente à porta do quarto de Georg e bate.

— Entra!

— Só você que está em casa?

— Não, Bill e Gustav estão em algum lugar preparando a pauta da reunião de hoje.

— Que reunião? – se espalha no sofá que havia no quarto.

— Jost conseguiu conversar com o amigo ricaço dele e temos reunião com a esposa dondoca na tal grife hoje, às duas.

— Duas? Merda!

— O que foi?

— Ria tinha me pedido para irmos à praia hoje.

— Bill vai ficar puto se você não for, ainda mais por causa dela.

— Eu sei, cara! Ela veio numa hora que estamos atolados de compromissos!

— Porque você não a avisou sobre isso? Susanne também queria vir, mas eu expliquei que agora seria complicado.

— Ela simplesmente veio sem avisar! Já estava de passagens compradas e eu não quis desperdiçar meu dinheiro pedindo pra ela simplesmente as rasgar.

— Dá o seu cartão nas mãos dela que tenho certeza que arrumará ocupação a tarde toda.

— Você ao invés de me ajudar, está é atrapalhando! – joga uma almofada no amigo.

— Quero ver a cara dessa moça hoje. Como ela é?

— É jovem e bem bonita, pelo que me lembro. De onde surgiu toda essa curiosidade?

— David estava contando sobre ela e o marido. Disse que ela meio que pediu permissão para sentar junto deles...

— Pediu permissão? Explica isso direito.

Georg contou tudo que ouviu mais cedo à Tom, que também ficou intrigado com a história. Ele sabia que havia algo estranho nisso e queria muito descobrir o quê.