Secrets escrita por K Valentine


Capítulo 10
Chapter IX


Notas iniciais do capítulo

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— Presos?

— Sim! – Ivy diz, passando a mão por seus cabelos soltos e visivelmente aflita. – O trinco do lado de dentro quebrou faz alguns dias e ainda não foi arrumado...

— Vamos tentar gritar por ajuda. Talvez alguém que esteja passando nos ouça. Vem! – Tom a puxa.

SOCORRO! ESTAMOS PRESOS AQUI! SOCORRO!— os dois gritam em couro esmurrando a porta por algum tempo mas ninguém dá sinal de vida.

— E agora, o que faremos?

— Calma, Ivy! Vou tentar abri-la com um chute e...

— Está louco? Você pode se machucar! E eu não vou permitir que isso aconteça com um cliente da empresa. – respira fundo. – Pegue seu celular, vamos tentar ligar pra alguém da empresa vir nos tirar daqui.

Tom coloca a mão por fora dos bolsos, tentando ver em qual deles estaria seu iPhone.

— Não está aqui... Acho que deixei no carro. E cadê o seu?

— Eu não tenho celular. – ela respondeu rápido, sem pensar.

— Como assim? Você não tem celular? – indaga, olhando-a sem entender.

— Er... – ela se dá conta que falou mais do que devia. - Quero dizer que não tenho um celular aqui comigo... – desconversa.

— O jeito então é esperarmos nos acharem. – Tom senta n sofá.

Ivy fica andando de um lado para outro do cômodo, tentando pensar em uma maneira de sair dali. Também não sai de sua cabeça a situação de seus pais e o que Adam fará se descobrir que ela ficou presa com um de seus clientes.

— Ivy, quer, por favor, relaxar? Está me deixando nervoso ver você andar de um lado para outro! Senta aqui, vem. – ele dá dois tapas no sofá ao seu lado. -  Vamos conversar, pelo menos assim o tempo passa mais depressa.

Ela pára de andar e o olha por alguns segundos sem dizer nada.

— Me desculpe por te colocar nessa situação. – senta ao seu lado. - Hoje definitivamente não é o meu dia de sorte.

— Mas fui eu quem nos colocou nisso, sem querer... – ele faz uma pausa. – Queria também me desculpar pelo que aconteceu mais cedo, na hora da prova das roupas.

— Está tudo bem. – ela diz, olhando para suas mãos apoiadas em seu colo. – Eu fui rude mais do que devia com você, sem necessidade para tanto. - Não, não foi. Você estava apenas fazendo o seu trabalho.

Ela sorri de forma fraca, apenas com os lábios. Tom nota que a moça não está bem. Tem algo acontecendo e ele queria muito saber o quê. Ivy era uma pessoa completamente discreta e enigmática para ele, que não esperava que a empresária desse abertura para saber mais sobre sua vida do que o guitarrista já sabia. Mas ele não iria desistir.

— Mas me conta, por que você decidiu criar um marca de roupas? – ele muda de assunto para tentar melhorar o clima.

Ivy olha para ele e ecoa pela sua cabeça as palavras de Adam dizendo que não quer que ela dê abertura aos clientes. Eles não deveriam se aproximar. Não é certo e nem profissional. Mas ela estava li, no depósito, presa com Tom Kaulitz e só Deus sabe por quanto tempo. Não queria deixar a situação mais pesada do que a própria situação já se encarregava de ser. E não parece haver maldade na intenção dele. Só queria conversar. Tentar ser legal com ela. Não tinha porque desviar e dar motivos para especulações desnecessárias. Mas também não era necessário ser cem por cento sincera e sair contando sua vida inteira.

— Eu sempre gostei muito de desenhar croquis e tinha isso mais como um hobby. Um dia Ludo viu meus desenhos, ficou empolgado dizendo que eles valiam ouro e seriam um sucesso na indústria da moda. Foi dele a ideia de criar uma marca com minhas criações, que graças à Deus vem dando muito certo até hoje. Apesar de portas emperradas.

— Você desenha muito bem mesmo! E pelo que pude perceber, controla sua empresa de forma bastante responsável e comprometida. Sucesso depende disso.  – elogia.

— Obrigada. – sorri. – Estamos no início ainda, mas colhendo os frutos do nosso trabalho duro.

— Você e Ludovico já se conhecem há muito tempo?

— Sim, ele é meu personal stylist e amigo desde que me mudei para Los Angeles.

— Você não é daqui?

— Sou da Irlanda.

— Notei que seu sotaque é um pouco diferente mesmo...

— Você gostou das roupas que fizemos? – muda de assunto.

— Sim! Ficaram ótimas, do jeito que eu gosto, sem nada me apertando.

— Que bom.

— Acredita que antigamente quando eu era moleque, usava roupas dez vezes maiores que meu número?

— Tá brincando!

— Não, não estou. Procure no Google depois fotos minhas em 2007, 2008 e tal que você terá a prova disso que estou lhe dizendo.

— Porque você fazia isso? Deviam ficar caindo suas calças!

— Era legal, mas as roupas pesavam muito por serem maiores que eu... Você veio da Europa e nunca ouviu falar do Tokio Hotel antes? Somos mais famosos lá do que aqui na América.

Antigamente Ivy era pobre e por isso começou a trabalhar cedo. Não tinha tempo de ver televisão e ouvir rádio. Por isso ela não os conhecia.

— Eu nunca fui muito de ouvir rock, deve ser por isso. – ela tenta ser convincente.

— Agora com esse novo álbum estamos tentando sair um pouco do rock e entrar no pop. Acho que vai ser muito bacana essa nova experiência.

— Não entendo muito de musica para dar uma boa opinião sobre o assunto, mas se vocês acham que esse caminho é o melhor e confiam nisso, com certeza será.

— Estamos apostando nisso!

Os dois ficaram conversando sobre coisas aleatórias por muito tempo. Ivy não dava muita abertura para Tom perguntar sobre a sua vida pessoal e sempre que ele tentava, ela respondia mas logo tentava mudar de assunto.

Estavam se dando bem. O guitarrista era um cara bacana, muito divertido e ela pôde notar isso no tempo que passaram juntos. Já ele, jamais imaginou que ela fosse daquela forma, o que foi uma grande surpresa, pois Ivy sempre se manteve séria das outras vezes que se encontraram.

— Meus pés estão doendo muito. – ela diz, tirando os sapatos.

— Você fala como se tivesse 40 anos de idade. – ele ri.

— Ah, é? E quantos anos você acha que eu tenho, Kaulitz? – ergue a sobrancelha.

— Uns 29?

Ivy solta uma gargalhada. Tom jamais pensou vê-la rindo daquela forma.

— O que foi?

— Eu tenho 24.

— S-sério?

— Sério. Mas seu palpite é aceitável, já que por causa de toda a maquiagem que eu uso, me faz parecer ser um pouco mais velha.

Os dois ficam em silêncio.

— Quantas horas? – indaga.

— São cinco. – ele olha no relógio em seu pulso.

Já estão lá dentro faz algum tempo e Ivy novamente se dá conta que Adam não pode ficar sabendo disso. Caso contrário, surtará.

— Posso te pedir uma coisa? – ela pergunta.

— Sim, claro.

Pode manter em segredo que ficamos presos aqui?

— Posso... – ele fica surpreso com o pedido. - Mas, por que, qual é o problema?

Ivy demora um pouco para responder. Ela tenta pensar em algo que possa dizer, sem citar Adam.

— Porque é um pouco ruim pra imagem de uma empresa se vazar que eu fiquei presa com um cliente por horas... Podem surgir boatos negativos, entende?

— E seu marido pode não gostar? – Tom não consegue se segurar e solta essa pergunta.

Ivy olha pra ele completamente desconcertada e sem saber o que responder. Ele a pegou de surpresa. O guitarrista nota sua reação e tenta contornar a tensão que ficou no ar, mas sua curiosidade ainda fala mais alto.

 - Não se preocupe, vou guardar o nosso segredo. Me desculpe, mas por que você é casada com um cara bem mais velho que você?

— E você acha que eu sou interesseira. – ela afirma. Ivy já estava acostumada a ser taxada assim e já não se importava mais.

— Não acho. Só que não entra na minha cabeça como que uma pessoa como você pode ser casada com um cara daquele...

— Você não o conhece...

Só de olhá-lo, é o suficiente para saber que ele não te merece.

Quando ela ia argumentar, eis que a porta se abre e eu apareço.

— Ivy, você está aí! Estou há um tempão te procurando por toda a empresa e...

Ela sai correndo desesperada, com os sapatos na mão, em minha direção.

— Ludo, vamos depressa, eu preciso da sua ajuda! – olha para Tom e sai rápido em seguida.

O gêmeo mais novo saiu do depósito também e já foi rumo ao estacionamento, pegar o seu carro para ir embora. Quando entrou no veículo e pegou seu celular, percebeu que haviam 23 chamadas não atendidas. Delas, dezenove eram de sua namorada e as outras, de Bill. Ele respirou fundo, pois sabia que os dois o encheriam de perguntas.

***

Eu e Ivy chamamos o elevador e subimos rumo ao último andar. Quando entramos em seu escritório, eu não me contive e precisei perguntar.

— Posso saber o que você e o guitarrista magya estavam fazendo trancados dentro do depósito? – ergo a sobrancelha.

— Pode, mas só depois que você me ajudar a me arrumar porque Adam já deve estar irritado me esperando!

Ela estava com o cabelo um pouco desarrumado e sua maquiagem começando a querer sair. Enquanto eu fazia os retoques necessários, ela me contou tudo que aconteceu eu precisava muito de alguém para me amarrotar, porque fiquei passado!

— Mas nem rolou um clima? Eu já vi bem da forma como ele te olha e se isso não é interesse, eu não sei mais o que é...

— Que clima, Ludo! Você quer parar com isso? Se o Adam suspeitar que ficamos presos lá ele me mata, mesmo não tendo acontecido nada de mais!

— É uma pena, porque bonito ele é, você não pode negar!

— Ludo! – chama minha atenção, vermelha de vergonha.

— É bonito ou não é, Ivy? Me fala! – eu olhava fixamente esperando a sua resposta.

— Concordo com você, ele é bonito sim. – ela diz, desviando o olhar de mim.

— Eu sabia! – vibro.

— Agora podemos encerrar esse assunto e ir embora para casa?

— Claro, senhorita Herschlag.

Chegamos em casa e Adam reclamou que a esposa demorou a sair da empresa. Ela justificou que teve muito trabalho, por isso não conseguiu sair antes daquele horário e lhe pediu desculpas. O milionário não desconfiou e nem notou que a esposa escondia algo e ela continuou permanecendo normal, como se nada tivesse acontecido.

Na hora do jantar, assim que se sentou ao lado do marido, não hesitou em anunciar sua vontade.

— Quero visitar meus pais.


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