Amores Congelados - Filha Do Gelo escrita por Koelinha


Capítulo 6
Capitulo 3




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Antes da voltar para a mesa onde Arthur comia meio que desajeitadamente e com um visível ml humor, passei no banheiro para limpar a maquiagem borrada, tirei o gloss e reapliquei o lápis de olho, limpei o blush junto com o restante de lágrimas que ainda restavam em minha cara.
Estava sentindo raiva de tudo. Dos meus pais, da minha vida, dos meus amigos, de tudo mesmo.
Antes mesmo deu sair pela porta pude jurar que vi meus o
olhos mudarem para um prateado vivido e gelado. Mas quando fui confirmar meu reflexo no espelho novamente, eles estavam da mesma cor de sempre, violetas.
Sinceramente. Que fossem pratas, mais comuns do que violetas.
Me sentei na cadeira em frente ao meu companheiro e pedi uma massa para mim, o prato chegou cinco minutos depois. Arthur também estava comendo mas pude sentir seu olhar sobre mim, me avaliando, observando cada movimento meu. Esperando que eu jogasse outra indireta na sua cara. E isso me deixou desconfortável, mas eu não demonstraria isso daria esse gostinho a ele, por um momento antes eu fraquejei e ele pareceu gostar disso.
Babaca.
— Então, Alex... Posso te chamar de Alex não é? - ele perguntou dando um meio sorriso.
O apelido me pareceu um tanto íntimo mas acenei com a cabeça, que mal haveria?
— Você sempre vem aqui? — ele me perguntou com um sorriso.
Eu lancei um olhar de Isso é sério? e ele parou de sorrir.
— Pelo menos eu tentei — pude ouvi-lo dizer bem baixinho. — Então Alex... sei que você deve achar estranho nosso casamento arranjado mas sei que vamos nos dar muito bem.
Na hora em que ele falou aquilo eu estava bebendo minha água com limão, e por isso engasguei.
— O que? — sussurrei.
— Pois é! Tive a mesma reação, mas quando vi você tive 100% de certeza de que você era a mulher ideal para mim. Principalmente os seus olhos. Eu os achei... realmente interessantes. Eles são, como posso dizer, fora do comum.
Por acaso ele está falando que meus olhos são anormais e esquisitos?
— Não, o que você disse? Antes, sobre o casamento.
— Ah, nossos pais estão pensando em juntar nossas empresas por meio de uma união do casamento, nosso casamento.
Eu o fitei, seus olhos esmeraldas emitiam um brilho brincalhão quando ele pronunciou a palavra "nosso", mas infelizmente ele não parecia estar brincando.
— Só podem estar de brincadeira com a minha cara! — o ar ao meu redor estava começando a realmente ficar frio e até Arthur começou a tremer - qual é, por acaso virei Mãe Natureza para o ar mudar quando eu estiver com raiva? Agora vão dizer que eu sou um fada... - já eu estava numa boa. — Primeiro meus irmãos e depois isso!? Bem, pra mim já chega. Não sou obrigada a participar disso.
Me levantei da cadeira mas Arthur tentou me impedir.
— Para onde vai? — seus olhos estavam tensos, como se algo ou alguém o estivesse assustando. — Não pode sair e me deixar aqui.
— Na verdade, posso. E vou. — me levantei para ir embora.
Ele se levantou junto e me puxou para um outro canto mais reservado.
Me soltei de seus braços a força.
— O que deu em você?! — sibilei.
— Não, o que deu em você? Estou tentando ser gentil, mas você só fica me dando patada. Se você não quiser que eu seja gentil pode me avisar ok?! — gritou. Sorte que não tinha ninguém naquela área.
Ele calou a boca e comprimiu os lábios.
— Droga, não era para ser assim. — ralhou a si mesmo. E passou a mão pelos cabelos pretos os bagunçando um pouco.
Fiquei tempo suficiente para que eu me acalmasse e me dirigisse a ele novamente. Fitei-o com pena. E ele anuiu com o olhar que lhe mandei. Desta vez falei calmamamente.
— Olha, vou te dar um conselho. Não chegue mais perto de mim. Desfaça o acordo do casamento, diga que me odeia, diga que me achou desagradável e que não quer mais nem ver minha cara. E corte todas as ligações que você e sua família tem conosco. Essa vai ser a decisão mais sabia que você tomará na vida.
Saí dali e me virei para ele pela última vez.
— Ah e, não se preocupe, vou pagar pela minha comida. — fui até a recepção deixando Arthur para trás e paguei pela comida, agora vinha a parte mais difícil.
— Boa noite Sr. E Sra. Lemúrian, foi realmente um prazer conhecê-los.
A mãe de Arthur se levantou e me abraçou bem apertado, um tipo de afeto que nunca recebi da minha mãe. O pai de Arthur apenas deu um sorrisinho e acenou a cabeça bem-humorado.
— Oh minha querida, também foi um prazer finalmente conhecê-la. — ela chegou um pouco mais perto com um sorriso gentil. — E então, gostou de Arthur?
Corei. Mas não respondi a pergunta.
— Vocês poderiam me dar licença? — falei baixo.
— Como?
— Não estou me sentindo muito bem, e tenho prova amanhã, queria revisar mais um pouco, quero dizer, antes de dormir.
— Oh meu coração, mas é claro.
Mas como minha mãe é uma fuxiqueira ela ouviu tudo.
— Alexya, do que está falando, você não tem prova amanhã.
Droga, será que ela não podia ficar fora disso?
— Oh mãe, esqueci totalmente de te avisar, me perdoe. — minha voz saiu gentil, mas meu olhar era frio e cortante.
Mas minha mãe, como sempre, não recuou.
— Não tem problema. De qualquer maneira suas notas são as melhores da sala. Não tem porque estudar mais.
— Vamos lá Elizabeth, deixe sua filha, ela deve estar cansada. E tem prova amanhã, não tem nenhum problema. — falou a mãe de Arthur me olhando ternamente. Quase senti culpa por estar mentindo para ela. Quase.
Valeu Sra. Lemúrian!
— Muito abrigada, vou levar os meninos também, eles têm uma competição de matemática amanhã e devem descansar para conseguirem se esforçar ao máximo.
— Claro querida. — a Sra. Lemúrian me abraçou e depois foi a vez do Sr. Lemúrian.
— Obrigada, venham meninos.
David e Henrry se levantaram da mesa e me acompanharam. Nós saímos do restaurante e ficamos andando até chegarmos em um lugar deserto. Me virei para eles e pedi para se sentarem no banquinho que ali tinha.
— Muito bem meninos, é o seguinte, eu não queria que isso acontecesse mas será necessário. Nesse último ano eu tenho conversado com o professor de Artes, que é super confiável, ele até tinha dito que assumiria a nossa guarda e aí poderíamos sair daquela casa. — parei por um momento, mas eles não demonstraram nenhum sinal de interrupção, então continuei. — Eu contei a ele sobre minha situação e vou ao invés de mandar vocês para a guarda dele daqui a um tempo vou mandá-los hoje, tenho provas, testemunhas oculares e as vítimas para denunciar mamãe e papai.
— O que!? — gritaram. Acho que não gostaram muito da ideia. — Você não pode estar falando sério. Mas e você? Não pode continuar naquela casa.
Sorri gentilmente.
— Obrigada, mas a segurança de vocês vem em primeiro lugar. Não posso deixar vocês se machucarem mais por minha causa.
Peguei o telefone na minha bolsa e digitei o número.
— Alô? — disse uma voz grossa e sedosa do outro lado da linha.
O professor Alan de Artes era muito bacana, acho que eu nunca tinha o visto bravo, ele era gentil e era como um pai para mim, na verdade, acho que isso foi o mais perto que eu consegui de um pai.
— Sr. Alan, é a Alexya.
— Ah, Alexya. Em que posso lhe ajudar querida?
— Preciso que cuide de meus irmãos.
— O que aconteceu? — a voz agora estava séria.
— Acabei descobrindo que faz dois anos que meus irmãos estão sendo espancados pelos meus pais. Quero que você assuma a guarda deles para eu poder finalmente denunciar meus pais.
— Você tem certeza que quer denunciá-los?
— Completamente. — minha voz saiu convicta, mas eu estava tremendo por dentro, eu teria que fazer um monte de documentos para a transição em segredo. Se meus pais descobrissem eu estaria morta. — Se eles forem para a cadeia eu estarei mais que feliz.
— Ok. Vou arrumar um quarto para os garotos. Mas e você?
Agora vem o inferno parte II.
— Terei que ficar com eles até tudo estar pronto.
Um minuto de silêncio se seguiu.
— Sr. Alan? Ainda está aí?
— Só estou tentando confirmar que você é a Alexya mesmo. Vai ficar lá? Pensei que os odiava.
— Eu odeio. Mas tenho que tirar as suspeitas deles sobre meus irmãos. Senão tudo vai pelo ralo.
— Entendo.
— Posso levá-los hoje?
— Claro, estou vendo aqui com meu filho mais velho se ele pode se mudar para o quarto do irmão.
Sorri ao escutar isso. O Sr. Alan tinha uma esposa e dois filhos. Marry era uma linda mulher, ela tinha cabelos ruivos que caíam até os ombros, tinha pele morena e um sorriso branco lindo. O Sr. Alan não era aquele simples professor gordinho de artes que todos sempre imaginam, ele era na verdade musculoso e mais parecia um astro de cinema, tinha cabelos castanhos, olhos azuis, uma barba por fazer e a pele clara. Eu nunca vi o filho mais velho dele, apesar de frequentarmos a mesma escola. Eu já tinha visto o filho mais novo, e eu o conhecia, apesar dele não me conhecer.
— Muito obrigada Sr. Alan, não sei como te agradecer.
— Me agradeça só depois de você sair de perto daqueles dois imbecís.
Ri alto.
— Claro. Te vejo daqui a pouco.
— Te vejo daqui a pouco Srta.Alexya.
Desliguei o telefone e o guardei de volta na bolsa.
— Então, quem quer se livrar de um pesadelo?
— Eu! — falaram ambos.
Ri mais um pouco e eles me acompanharam.
— O plano é o seguinte: vamos voltar para casa e pegaremos todas as suas coisas. Depois vamos pegar um táxi e ir para a casa do Sr. Alan.
— Sr. Alan? — perguntou David.
— O marido da Srta. Marry, a professora de matemática de vocês.
— A mãe do Matt?
— Acho que sim. - sorri.
Liguei para um táxi e ele nos pegou em um certo ponto, para onde tivemos que ir, porque antes estávamos no meio do nada. Fomos para casa e eu pedi para que o táxi nos esperasse, achei duas malas grandes e fui colocando todas as roupas deles que eu encontrava, peguei seus eletrônicos, carregadores e outros pertences e os coloquei em uma mochila separada. Em meia hora já tínhamos catado tudo deles.
Saímos da casa e eu falei o endereço do Sr. Alan, chegamos lá em 15 minutos. Toquei a campainha duas vezes e não teve nenhum retorno, quando eu ia apertar pela terceira vez um rapaz alto que parecia ter 1,80 de altura, olhos azuis, cabelos ruivos castanhados,  pele clara meio bronzeada e só de bermuda apareceu na porta e eu corei.
Nossa que bife!, disse meu subconsciente.
Cala a boca subconsciente idiota!
— Errrmm, essa é a casa do Sr. e da Sra. Hadclliff?
O garoto olhou para mim como se finalmente percebesse a minha presença e ficou em silêncio, logo em seguida ele fechou a porta.
Não falei nada e fiquei olhando para a porta perplexa.
Sem educação!
— Acho que me enganei de endereço, vamos meninos.
Estamos quase saindo da varanda da casa quando uma porta se abriu e uma voz familiar veio de dentro.
— Srta. Alex, meninos, o que estão fazendo aí fora, venham para dentro.
Me virei e vi o Sr. Alan e a Srta. Marry na porta sorrindo para nós.
— Graças aos céus, encontrei vocês — falei abraçando ambos, que retribuíram o abraço calorosamente. —, pensei que tivesse errado o endereço.
Me voltei para os meninos e os chamei com um sinal de mãos. — Venham.
Os garotos correram e abraçaram a Srta. Marry e deram um aperto de mão ao Sr. Alan. Logo atrás deles apareceu uma criança da idade de David e Hennry que eu suspeitava ser Matt.
— Henrry! David! Vocês vieram morar conosco?
Eu soltei um sorriso amarelo.
— Oi Matt. Meu nome é Alexya, mas pode me chamar de Alex. E a resposta é sim, eles vão ficar com você por um tempo.
— Ah, oi Alex, você é a irmã deles?
Abri outro sorriso.
— Sou sim.
Dessa vez foi ele quem abriu o sorriso.
— Bem — disse ele abrindo os bracinhos. —, seja bem vinda a nossa casa.
Alarguei ainda mais o sorriso.
— Muito Obrigada. Eu lhe agradeço por sua hospitalidade. — disse fazendo uma leve mesura.
Ele pareceu gostar da brincadeira e correu para dentro, David e Hennry correram junto, antes segui-los em sua brincadeira coloquei as coisas deles na sala, depois expliquei a situação para o Sr. Alan e ele e a Srta. Marry ficaram horrorizados, chamei os dois e mostrei as marcas para eles, depois de conversarmos por mais um tempo parti para a brincadeira de castelos e dragões com os meninos, até que deu minha hora.
Dei um beijo na testa de cada um deles e me despedi do Sr. Alan e da Srta. Marry. Chamei outro táxi e voltei para minha casa, vi que meus pais ainda não tinham chegado em casa, o que me deu certo alívio. Subi as escadas até o corredor e fui para meu quarto, troquei minha roupa ( finalmente ) e deitei na minha cama pensando em tudo o que tinha acontecido comigo até agora, a última coisa que me veio na cabeça foi aquele estranho garoto seminu de olhos azuis profundos, logo depois esses olhos foram substituídos por um par de olhos esmeraldas.
Estou maluca, só pode!
Me virei para o outro lado, sem limpar a maquiagem nem nada, me aninhei comeu travesseiro extra e adormeci. Naquela noite eu sonhei com um lugar estranho.


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