Quando Lily percebeu, ela quis, pela segunda vez naquele mês, dar uma de avestruz.

Era por volta do meio-dia de domingo quando a ruiva acordou com a sensação de que sua cabeça esta sendo esmagada contra uma parede. Ela não sabia exatamente como havia chego em casa ― não que os acontecimentos sumido de sua memória, ela apenas não estava acordada o suficiente para raciocinar direito. Resmungando palavras desconexas, Lily dirigiu-se ao banheiro e tomou um longo banho. Quando saiu, tratou de tomar uma aspirina e voltar para debaixo das cobertas (era domingo, ela tinha total direito).

Dormiu mais algumas horas antes de sentir seu estômago roncar. Lily respirou fundo, desejando que Lene tivesse voltado para casa com ela e não com Sirius Gato... Seja lá qual for seu sobrenome.

Lily preparou dois sanduíches e se dirigiu para a sala com o computador no colo, deslizando o mouse por sites aleatórios enquanto devorava o lanche frio.

― Merda! ― ela exclamou de repente, largando tudo no sofá e correndo em busca do celular pela casa. Havia esquecido de responder a mensagem do chefe e queria se estapear por isso.

Parecia que o aparelho havia sido engolido por um buraco negro, pois a mulher, já no auge do desespero, não o encontrava em parte alguma. A frustração em si estava crescendo e ela podia sentir sua garanta apertando. Quando pensou que estava tudo perdido, ouviu o toque do celular no chão ao lado de um monte de roupas sujas (que ela precisava lavar o mais rápido possível). Foi como se uma chuva de tranquilidade caísse sobre ela. Lily Evans nunca havia ficado tão feliz por conta de uma ligação.

Era Marlene, mas Lily estava tão apressada para responder ao Sr. Riddle, que recusou a ligação e abriu a mensagem do chefe o mais rápido possível, confirmando sua presença em sua sala, para só então respirar tranquila.

Quando estava pronta para retornar a ligação da amiga, percebeu algumas mensagens não lidas do contato ainda salvo como “Delicinha”. No mesmo instante sentiu-se soar frio e, tomada de coragem, abriu a mensagem.

Delicinha

Alem de bonita vc é engraçada (02:26)

Tbem gostei de saber que vc não tava tentando seduzir (02:26)

Se voce perceber provavelmente vai querer me matar, não sei (02:26)

Enfim, boa noite, Lily (02:27)

E bem, ela percebeu.

E quis pegar seu passaporte e ir para a Austrália para realizar seu sonho de infância e viver com cangurus. Quem sabe encontrasse Hugh Jackman passando as férias por lá, não seria nada mal.

Agora ela queria entender como diabos não havia percebido que James, o amigo do ficante da sua melhor amiga, era o mesmo cara que havia lhe dado seu número na farmácia. A mulher não havia mesmo o reconhecido, tanto é que quase tivera um surto ao ver o quão bonito o rapaz era. Mas agora tudo parecia fazer sentido e a única coisa que se passava em sua cabeça era a imagem de James mordendo os lábios e piscando para ela antes de ir embora, deixando-a com seu número em mãos.

Tudo piorou quando Lily lembrou como havia ido parar em casa: James a levara, no carro da própria ruiva, e fora embora com um táxi. Ela havia tagarelado a noite toda sobre sua vida, inclusive sobre o moreno da farmácia. A ruiva podia até imaginar um sorriso maroto no rosto do homem enquanto ela falava todas aquelas besteiras.

Lily só queria morrer. Então ligou para Marlene.

—x-

― Você ‘tá me zoando! ― a loira exclamou, ficando sentada na cama de Lily subitamente, com os olhos arregalados. ― Puta merda, Lily! É sério mesmo?

― Lene!, se acalma, por favor... ― Lily suspirou, mordendo os lábios e olhando para a melhor amiga. ― Eu realmente sou bem idiota por não ter percebido isso. Quem no mundo não reconhece um cara gato como James quando o vê?

Marlene pareceu pensar, voltando a deitar na cama em seguida, sendo imitada por Lily. As duas ficaram em silêncio por alguns segundos antes da loira voltar a falar.

― Você é uma pessoa bem paranoica com algumas coisas ― ela começou, cruzando os braços acima da cabeça. ―, às vezes um pouco dramática e exagerada. Não é tão difícil entender.

― Não...?

― Você ficou meio surtada sobre ter flertado sem querer com alguém. O seu cérebro ruivo estava tão concentrado em pensar sobre isso tudo que você não pensou realmente no rosto dele, tanto é que tudo o que você me disse era que o cara era moreno, nem sabia se ele era bonito. Agora que a ficha caiu que era a mesma pessoa foi pelo James ter praticamente te dito isso. Agora seu cérebro ruivo está raciocinando direito.

― Eu vou comprar minha passagem pra Austrália agora mesmo ― Marlene retirou os olhos para a amiga. ― Eu espero nunca mais ver James na minha vida. E desde quando você é psicóloga.

― Cala a boca e responde o cara.

Lily abriu os olhos e encarou Marlene. Ela estava falando sério, não havia um pingo de humor em sua voz e seu olhar estava perdido nas suas unhas pintadas de um azul escuro. A ruiva mordeu os lábios e pegou o celular da mesa de cabeceira e o desbloqueou, indo para as mensagens e encarando as do contato que havia alterado de “Delicinha” para “Porra JAmes”. Suspirou antes de enviar.

Você

Como vc sabe não fui eu quem começou essa conversa e, porra, eu só quero morrer. O quão patetica vc acha que eu sou agora??????? (16:35)

Ela se arrependeu no mesmo instante. Que merda de mensagem era essa? Mas o que restava era esperar por uma resposta.