Um Ser mutante escrita por Tabatta Darrow


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Trago mais um capítulo fresquinho para vocês. ♥
Boa leitura ^~^



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Acordo animada. Hoje finalmente vou poder copiar o Bryan. Estou querendo isto a tanto tempo mas nem ele nem a Val achavam uma boa ideia... Não tenho certeza do porquê não permitirem que eu o copie, nossas energias são bastante compatíveis e as habilidades dele não permitem nenhum tipo de efeito colateral...

Sigo para meu armário e fico encarando as minhas roupas. O que eu coloco hoje? Hum... Eu gosto daquela blusa mas eu já usei uma parecida essa semana. ...Desde quando me importo com o que visto? Olho pela janela, suspiro. Está chovendo. Pego uma camisa de manga comprida quadriculada marrom e branca, uma calça confortável e a minha bota impermeável. Nada contra chuva, mas odeio molhar os pés. Saio em direção à sala da Fabrina andando tranquilamente de um prédio para o outro. Quando chego no coberto chacoalho meus cabelos e os prendo em um coque. Depois que secar ele vai ficar super volumoso, do jeito que eu gosto. Vou direto para a sala da Fabrina mesmo estando adiantada. Chegando perto da porta eu travo chocada. Fabrina está cantarolando enquanto troca as amostras... Cadê a concentração assustadora? Dou um sorriso malicioso. Ela e o professor Anthor estão se dando muito bem então é? Contenho uma risada e entro na sala. Ela nem percebe a minha presença, outra coisa rara. Raspo a minha garganta para chamar a atenção. Ela olha surpresa na minha direção.

— Kátia! Nem te vi entrar...

— Pois é... – Ela me olha confusa – Conversaram muito, você e o Anthor ontem? – Pergunto. O sorriso nunca saindo do meu rosto. Ela cora.

— Bem... – Ela raspa a garganta. – Conversamos sim. É um homem muito interessante. Obrigada por nos apresentar. Mais do que isso agora não te interessa. Se ajeite. Preciso que encha dois frascos com energia... Não queremos que tenha que fazer tudo de uma vez de novo, certo? – Desviando rápido do assunto não é? Espertinha... Enfim. Não vou cutucar mais, se ela quiser contar ela vai.

Desligo o celular e me ajeito para depositar a energia. Fico observando ela enquanto faz os experimentos. Eu sempre disse que ela precisava conhecer mais pessoas... Parece tão mais relaxada e feliz agora. Mais do que eu jamais vi... Acho que nunca percebi o quanto a morte de seus pais ainda a afeta... Ou eu simplesmente não quis. Deve ter sido uma experiência realmente traumatizante... Minha visão se nubla e eu vejo um campo negro cheio de ondas do que não quero admitir consciente, fogo queima por toda parte mas sem se espalhar muito. Me viro lentamente para ver o que já sei que vou encontrar atrás de mim... Fecho os olhos e chacoalho a cabeça para me livrar daquela visão tão conhecida antes que a cena se complete. Suspiro. O segundo frasco já está cheio. O fecho e guardo em seu devido lugar. Fico o encarando por um tempo. Suspiro. Retorno para a mesa onde está Fabrina.

— Você parece bastante cansada... Não quer sair mais cedo hoje? – A olho surpresa. Suspiro. Vou estar adiantada para tudo hoje?

— Na verdade estava pensando em ficar um pouco mais que o normal... Hoje eu teria aula de meditação... Teria. Pensei que poderíamos almoçar juntas e talvez...

— Seria ótimo. Mas vou almoçar com o Anthor. – Me dá um pequeno sorriso e cora levemente. Suspiro.

— Tudo bem. Eu arranjo algo para fazer. – Lhe dou um sorriso leve.

— Aproveite o seu tempo para descansar um pouco. Por favor. Me sinto culpada de pedir que armazene a sua energia neste estado. Vá. Coma e descanse. – Eu a olho como se estivesse louca.

— Como assim? Acabei de chegar! Não posso sair agora. Eu nem ajudei.

— Acabou de chegar? Amor, Já são 11:00h... Você demorou bem mais que o normal para encher os frascos e depois ficou pelo menos uns vinte minutos os encarando depois de guardar... Te chamei e não ouviu então acabei te deixando quieta... – Franzo as sobrancelhas... Não acredito que fiquei tanto tempo ali.

— Acho que vou indo então... Até. – Saio da sala sem nem ouvir a sua reposta... Minha cabeça está estranha hoje... Não acredito que perdi a noção do tempo desse jeito.

Enfim, já que tenho todo esse tempo livre, vou almoçar fora hoje. Tem um restaurante que gosto muito no leste da cidade e como a escola é um pouco afastada e fica na área sul, tenho um bom caminho para andar... Observo a paisagem de campos verdes que ficam entre a escola e a cidade. Um flash de um outro tipo de campo entra na minha visão. Um campo nada comparado ao que acabei de ver, muito mais sombrio, um campo negro com montanhas de... Fecho os olhos rapidamente. Porque estou tão sensível a esta visão? Esta... Lembrança? Perceber a dor da Fabrina e seus traumas desencadeou os meus próprios?

— Haaaa... E eu achei que já tinha superado tudo isso. – Murmuro. Bom, quem superaria? O máximo que posso fazer é trancar as lembranças e os sentimentos relacionados no fundo da mente como tenho feito até agora.

— Com licença. – Uma moça pede ao passar ao meu lado.

— Desculpe. – Respondo rapidamente. Pisco algumas vezes. Estou parada em frente do restaurante. ...Faz quanto tempo? Suspiro e entro no restaurante. Escolho uma mesinha no canto ao lado da janela. Logo chega o garçom e peço o primeiro prato do cardápio. Eu gosto tanto da comida daqui que não tem erro. Chega a bebida e o garçom informa que logo meu pedido irá chegar, dá um estalo no meu cérebro quando ouço o nome do prato. Olho rapidamente no cardápio. Urgh. Minha atenção está um caos mesmo. Suspiro. Peço para que removam o Champion do prato que aparentemente pedi. O seu gosto é um dos poucos gatilhos que me levam de volta àquele campo... É só o que se encontrava para comer. Mas... Qual foi o gatilho dessa vez? Todo mundo tem um trauma ou um medo. Simplesmente reconhecer o trauma de outra pessoa não deveria significar nada. Ainda mais na situação da Fabrina. Não tem nada a ver com a minha. Eles morreram de doença. Meus pais... Raspo a garganta. Estou realmente cansada.

Logo chega o meu pedido e o degusto devagar. Aproveito a Wi-Fi do restaurante para checar os meus e-mails. A Val está pedindo que eu vá mais cedo. O Bryan quer me dar algumas explicações e treinamento básico na enfermaria antes de me liberar e parece que ele tem alguns pacientes a mais para lidar. Aviso que já estou a caminho, termino rapidamente minha refeição e peço a conta. Depois de chegar sigo direto para a enfermaria, onde encontro todos já me esperando.

— Vamos começar? – Bryan chama a atenção de todos. – Eu ainda tenho muito serviço hoje.

— Sim. Claro. Desculpa. – Eu me aproximo dele liberando as minhas mãos do bloqueio no caminho. – Onde prefere ser tocado? – Ele dá um sorriso malicioso e eu coro um pouco. Recebemos um grunhido do namorado em resposta. – Idiota. – Lhe dou um meio sorriso. Mas ele ainda precisa responder... Não posso tocar suas mãos, é onde está também concentrada a sua habilidade. Levando uma sobrancelha esperando sua resposta. Ele não responde. Suspiro levando minhas mãos ao seu pescoço. Ele fecha os olhos e eu o sigo logo em seguida. Sinto uma energia calma e gelada subindo pelo meu braço em seguida meus ombros, descendo pelas costas até chegar ao pé e depois subindo pela frente se concentrando no meu peito e se esvaindo. Abro os olhos surpresa.

— Isso foi... Diferente. – Bryan sorri para mim.

— Seres com grandes fontes de energia ou habilidade são mais complexos então você deve precisar de mais tempo para copiar. Por isso demoramos para permitir. Você pode achar as habilidades do Bryan fáceis mas é preciso muita energia para curar alguém e não sabíamos como seu corpo ia reagir a ainda mais energia. – Hum. Isso explica muita coisa. Minhas mãos ainda estão no pescoço do Bryan, recolho-as selando rapidamente. Hum? O que é isso? Respiro fundo o ar está mais gelado e grosso. Parece que estou inalando água e toda vez que o faço, sinto uma corrente elétrica descendo pelos meus braços. Franzo as sobrancelhas. Raspo a garganta.

— Não acho que seja um problema. A energia dele é bem diferente da minha... Não tem conflito. ...Bryan, o que tem de errado com o ar? – Me viro para ele, as sensações de inspirar nunca indo embora. Ele dá uma pequena risada.

— Não tem nada de errado com o ar, mas como as habilidades de um curador precisam de muita energia, nós – Ele dá um sorriso. Está realmente gostando disso. Não existem muitos curadores, deve estar animado em ter alguém para ensinar. – Absorvemos ao inspirar a energia que os outros soltam naturalmente. O que sente nos seus braços é a energia se acumulando no centro da nossa habilidade. – Ele levanta ao braços. – As suas mãos. Mas é só você não prestar muita atenção que nem percebe mais. – Ele pisca um olho. – Enfim. Vamos ao resto. Não importa o que você irá fazer, as coisas não vão acontecer só de encostar em outra pessoa. Até porque tem vezes que nem precisa encostar. É uma questão de concentração. Sua mente precisa estar tranquila, concentrada no que precisa fazer e no seu fluxo de energia. Acredito que isso não seja muito difícil para você, em base a minha energia funciona assim como a sua. No geral, existem quatro coisas que um curador pode fazer: Curar, ajudar a recuperar energia, absorver dor e ajudar a recrescer membros, mas não faça isso. Por favor, nem tente.  – Sorrio para ele. Ele levanta uma sobrancelha.

— Ah gente, por favor. Acham que eu sou tão inconsequente assim? É obvio que isso gasta uma quantidade de energia enorme. Uma que eu com certeza não vou conseguir adquirir antes a cópia se esvair. – Ele continua me encarando com a sobrancelha elevada. – Aff. Eu, Katia Stryder juro em sangue e energia a não ...ajudar a crescer um membro em alguém hoje. Melhor? – Bryan ri e acena com a cabeça. Reviro os olhos. Seriamente desnecessário isso. – Enfim. É possível diminuir o cansaço também? – Não é como se eu estivesse perguntando só por causa do Ser... Eu nem vou visitar ele hoje. ...Talvez. Eu sou uma idiota mesmo.

— Sim. Por incrível que pareça funciona da mesma forma que absorção de dor. Precisa tocar a pele e concentrar a energia no local. Concentre-se na energia da pessoa e tenta separar o que é dor/cansaço. Esta parte precisa ser puxada até a região que está tocando para que seu corpo absorva. Mas precisa tomar cuidado com... – Será que ele está tão cansado quanto ontem? Ou mais? Estou preocupada... Pelo menos vou poder ajudar ele. Espera. Eu não decidi visitar ele ainda. – Tranquilo K? Entendeu tudo? – Merda. Não consegui ouvir o resto... Engulo em seco.

— Sim. Tranquilo. É bem parecido com a minha habilidade, a questão do fluxo de energia e tudo mais. Obrigada por me explicar tudo. – E desculpa não ouvir a sua explicação. Dou um grande sorriso. Espero não ter falado nada errado. Ele retorna o meu sorriso. Ok. Tudo certo.

— Por fim, caso não encontre um animal com problemas na floresta, me ajude aqui com um paciente, assim não pode treinar a habilidade, comigo para auxiliar. Darvin aqui, está com o tornozelo luxado, cure-o.

— Ahm... – Ok. Fodeu. Não ouvi essa parte. Não sei como fazer...

— Ah não nem vem. Você não vai tocar em mim. Bryan, não pode fazer isso comigo! – “Bryan”? Para chamar pelo nome deve ser um dos seus bichinhos. Alguém não deve estar feliz. Olho para o namorado e ele está encarando feio o paciente. Bom, pelo menos sei que não vou ter que tocar já é um começo.

— Não se preocupe. Não preciso te tocar para te curar. Vou fazer a uma pequena distância ok? É só não se mexer que não vai me tocar. – Ok. A energia dele é como a minha e se para absorver é só concentrar a energia e puxar, para curar é só concentrar a energia e penetrar na pele e vai curar o machucado. Psicologia reversa.

— Tsk. – Ele faz em desgosto. Você tem que escolher melhor os seus parceiros Bryan, o olho feio. Suspiro. Bem, vamos lá. Coloco ambas as minhas mão pouco acima do tornozelo dele e fecho os olhos para me concentrar. Sinto a energia se acumular nas minhas mãos e a libero aos poucos sentindo quando entra em contato com a pele. Quando acho que tem energia acumulada o suficiente no local, me concentro em penetrar a energia na pele. Essa parte é mais difícil que imaginei mas logo consigo. Retiro as mãos e me afasto, sorrindo vitoriosa.

— Muito Bem K. – Ele sorri para mim e estica a mão para bagunçar o meu cabelo, mas eu estou com um coque então não dá. Mostro a língua para ele e ele ri. – Agora, xo, xo. Tenho muito o que fazer.

— Ok. Até mais. – Lhe dou um beijo na bochecha, saio correndo e berro um tchau para a Val. Melhor sair rápido né. Vai que o namorado decide me atacar ou o outro está bom o suficiente para fazer um estrago. Quando percebo já estou correndo em direção à floresta. Paro encarando-a incerta. Foda-se estou indo. Depois brigo comigo. Fecho os olhos e sigo o pulso como sempre, soltando o cabelo no caminho. Suspiro pra que ficar bonita? Ele não tá nem aí... Sorrio triste e continuo seguindo.

Hesito um pouco antes de entrar e me choco com o que vejo. Ele está no chão se contorcendo. Vou correndo em sua direção. Me pressiono contra as grades, o mais próximo dele que posso sem tocá-lo.

— Está tudo bem?? – Ele diminui a torção e abre os olhos me encarando. Não é dor, é agonia que tem em seu olhar.

— E-eu si-into... muito – Ele pressiona os olhos rapidamente antes de me encarar novamente. Falar lhe causa dor.

— Shh. Está tudo bem. Está tudo bem. Eu vou te ajudar. – Tento acalmá-lo e estendo meus braços pela grade.

— S-sin-to m-m..uito – Ele continua sussurrando sem parar. Meus olhos se enchem de lágrimas.

— Está tudo bem. – Falo baixinho tentando chegar perto para tocá-lo. Vou fazer isso ele querendo ou não. Ele me olha a culpa misturada a agonia. Segura a minha mão e a leva ao seu rosto. A palma da minha mão esquenta instantaneamente levando um choque elétrico até meu cotovelo. Ele fecha os olhos como se tivesse sentido o mesmo. É coisa do Bryan isso? Ele abre os olhos me encarando com... Carinho?

— E-eu... ...M-eu – Coloco o dedão sobre sua boca na intenção de calá-lo e coro pelo contato. Seus lábios são tão macios quanto imaginei. Esqueço completamente da situação e lentamente movo o dedo sobre eles. São tão carnudos... Seus olhos faíscam e seus lábios se repuxam em um sorriso. – Ja-am... – Abro a boca para pedir que pare de falar. – J-ames. Me-eu no-me é Jam-es. – Lágrimas escorrem pelo meu rosto. Ele fecha os olhos se contorcendo de dor. Chacoalho a cabeça e fecho os olhos para me concentrar. Não tenho mais tempo para perder. Sigo a sequência que o Bryan me passou e quando sinto a energia subir pelos meus braços grito de dor. Não solto nem paro de berrar. De alguma forma sinto-o tentando remover minhas mãos mas não consigo soltá-las até que não sinto mais nada. Minhas mão se soltam e caio para trás exausta... Ainda estou gritando? Não sei... Minha visão já nublada se torna preta e minha consciência começa a se esvair. Ao longe escuto alguém berrando o meu nome e passos...


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Notas finais do capítulo

E aí o que acharam? Postem um comentário por favooor :*
O nosso ser finalmente tem nome o/ James :3 ♥
Novo capítulo dia 19.02
Vejo vocês em breve. *~*



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