Um Ser mutante escrita por Tabatta Darrow


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amores!
Obrigada por acompanharem a história ♥
Boa leitura ;*



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/700469/chapter/6

Hoje tive as minhas primeiras aulas de História dos Seres com o professor...Anthor. Nunca foi tão divertido, quero dizer, eu não sabia que poderia ficar ainda mais divertido estudar história. Espero que no futuro eu possa, como ele, acumular minha participação nos eventos históricos para poder conta-los em primeira mão. Mas não importa quão boa estava a aula, eu tive que convencê-lo a terminar mais cedo para apresenta-lo à Fabrina. Afinal meus professores preferidos precisam se conhecer e se dar bem não é mesmo? E a Val não conta porque tia é tia... E eles vão tretar de qualquer jeito por causa dessa ideia dele de se meter na sua matéria.

Então... Eu não avisei à Fabrina que ia visitar ela fora das minhas horas extras... Espero que eu não a atrapalhe muito. Chegamos em frente à sua sala e não falei? Concentração assustadora. É possível ver o rosto dela de perfil deste ângulo. Está inclinada em direção à amostra, o rosto duro, olhos vidrados e a boca está mexendo? É novidade ela falar sozinha. Anthor raspa a garganta atrás de mim e pouco antes de me virar para ele vejo... Não, não pode ser. Deve ser minha imaginação.

— Desculpe. Me distrai vendo a concentração dela. – Digo sorrindo. Ele sorri de volta.

Me viro de volta e dou de cara com a Fabrina. Ela está sorrindo abrindo a porta para nós.

— Oi Fabrina. Desculpe atrapalhar. Queria te apresentar uma pessoa.

— Ah, que isso. Você é sempre bem-vinda. E quem é...? – Ela se vira para Anthor antes que eu pudesse responder – Prazer, Fabrina. Dou aula de Feitiços e Poções e a Katia faz as aulas extras aqui comigo.

— Meu nome é Anthor. Vim substituir o antigo professor de História dos seres e vou estar em cargo das aulas extras da Katia. É um prazer te conhecer. – Fabrina cora. Pera, o que? – Katia me contou muito sobre os seus experimentos ...– E eles continuam batendo papo sem nem se lembrar de mim. Ok. Acho que essa é a minha deixa. Vou indo para a minha aula de Desenvolvimento.

Sigo em direção à sala da Val e encontro ela do lado de fora da sala com a porta fechada... Ué.

— Oi...? – Chego com cara de ponto de interrogação. E é claro que logo ela entende por causa da sua habilidade.

— Oi. Não se preocupe. Consegui alguém para a aula de hoje sim. O problema é que ele é um pouco temperamental. Queria te avisar da situação antes que falasse com ele. Eu tinha planejado que copiasse o Bryan hoje mas esse Serzinho se meteu e insistiu que ele fosse primeiro para ver se era “seguro” Hahaha Acho mais que tem ciúme da sua relação com o Bryan e quer ver qual é a sua.

— Espera. OI? Como? Vamos por partes. Eu vou poder copiar o Bryan? Finalmente? Cara isso vai ser muito foda. Sabe o quanto vocês me enrolaram pra isso? – E esse Ser metido vai me fazer esperar mais um dia? Aff – E o Bryan aceitou que ele se meter assim? Geralmente ao primeiro indício de ciúmes ele manda a pessoa ir passear.

— Eu achei estranho também, mas logo que os vi juntos eu entendi. O Bryan está comendo na mão desse bichinho. Não sei o que ele fez, mas deu certo.

— O Bryan? Comendo na mão de alguém? Só acredito vendo. – Digo rindo.

— Vai ter essa oportunidade amanhã. Ele quer estar lá quando acontecer. – Eu suspiro.

— Tão ruim assim? – Ela eleva uma sobrancelha e aponta com a cabeça em direção à porta. Suspiro de novo e entro.

Em cima da mesa está sentada uma criatura de outro mundo. Seu corpo esguio está levemente inclinado para trás em direção aos raios de sol que fazem sua pele brilhar e seus cabelos são de uma cor única. Uma mistura de ruivo com roxo. Lentamente sua cabeça se vira em minha direção e vejo que seus olhos são de um tom de âmbar. Ele semicerra os olhos e pula de cima da mesa.

— Você. – Ele me encara e levanta uma sobrancelha. Me olha de cima a baixo e dá uma meia risada. Eu reviro os olhos.

— Eu não tenho nada com o Bryan. Ele é só meu amigo. Vamos fazer isso ou não? – Digo levantando uma sobrancelha.

— Hunf. – Ele vem na minha direção e fica cara a cara comigo. Quase perto demais. – Tem que me beijar ou o que? – Franzo as sobrancelhas e dou um passo para trás.

— Que tipo de rumores... – Balanço a cabeça e suspiro. – Não. Só me diga onde se sente mais à vontade para ser tocado. – Geralmente são as mãos mas é sempre melhor perguntar. Ele pega as minhas mãos e as coloca no seu rosto. Levanto uma sobrancelha. – Tá. – Fecho os olhos e libero as minhas mãos do bloqueio copiando-o imediatamente.

Me assusto com a enxurrada de informação. Vejo diversas imagens, sons, cheiros. Sinto como se estivesse em outro local. Uma sequência específica de imagens chama a minha atenção. Aquele é Bryan? Se agarrando com... migo?! Que? Eu??! o largo, ajeito minhas roupas e saio da enfermaria deixando ele... Sou desprendida das imagens pisco várias vezes e vejo que ainda me encontro dentro da sala de aula da Val, o Ser na minha frente com um enorme sorriso.

...Eu vi as lembranças dele? Ah. Então foi ele que deixou o Bryan frustrado aquele dia. Começo a rir e meu sorriso congela. Se a habilidade dele é ver as lembranças e com o toque eu vi as dele então ele viu as minhas... Arregalo os olhos assustada. O homem da gaiola! Porra nem sei o nome dele também.

— É melhor ir para a floresta onde sempre treina. Não quer liberar o meu poder aqui. – Ele diz e pisca um olho para mim. Ele vai em direção à saída e no caminho toca meu braço na área coberta. Logo sinto nossa energia fluindo uma para a outra. Ele um pouco surpreso sorri. – Foi uma boa ideia fazer isso. Legal te conhecer. – Ele sai da sala.

“Te conhecer” nunca significou tanto... Ele com certeza conhece pelo menos metade da minha vida agora... Suspiro. Pelo menos não comentou nada sobre o que viu... Eu olho para a Val e ela está com uma sobrancelha levantada em pergunta. Eu dou de ombros, selo as minhas mãos e vou em direção à floresta. Nunca criei uma conexão física tão forte com alguém depois de copiar. Imagino que tenha algo haver com a habilidade dele também, a troca de memórias...

Como não tenho habilidade para treinar... Vi memórias suficientes de outra pessoa por hoje, muito obrigada. Vou direto para lá. E... Hoje eu tenho uma bermuda, yay. Sigo o caminho de sempre e me pergunto se devo ou não perguntar o nome dele... Não acredito que ainda não fiz isso. Bom, não que eu conseguisse decorar de primeira... Entro na sala e diferente do normal ele está me esperando no canto oposto. Bom, acho que ele não precisa se enfiar lá longe né. Está casualmente encostado nas grades da ponta direita, a mais perto da abertura, com o rosto virado para mim. Sorrio e vou na sua direção.

Argh. Ele não podia pelo menos sei lá dobrar as pernas? Na maior cara de pau com as pernas esticadas se exibindo. O olho feio e ele me responde com um meio sorriso sacana. Idiota. Taco a bermuda na cara dele. Nem sei como consegui ter tempo de arranjar ela mas fico feliz que sim.

— Veste logo caramba. – Fico olhado para longe enquanto espero ele se vestir. Me sento de costas para a gaiola e espero. Quando ouço ele se sentando de novo eu me viro em sua direção.

— Oi. – Digo com um largo sorriso. Ele me responde com outro.

— Oi. – Mas é minha impressão ou ele parece cansado?

— Você está bem? Não parece estar com a mesma energia que o normal... – Preocupada estico a minha mão através da grade em sua direção. Ele semicerra os olhos e fica encarando a minha mão. Quando percebo a recolho, sem tocá-lo. Ele ainda está com a guarda levantada... Apesar de tudo. Suspiro triste – Estão seladas. Eu só queria ver a sua temperatura... – Ele me olha em desculpas.

— Estou apenas um pouco cansado... Não é bom ter contato com ninguém neste estado. – Hum... Bom, não sei se acredito plenamente que não deixaria ninguém tocá-lo mas o cansaço é visível... Quando ele falou sobre isso só pareceu ainda mais exausto. Mas amanhã eu posso ajudar!

— Bom, o Bryan... Eu já te falei dele? – Ele semicerra os olhos. Continuo falando animada. – Acho que sim, bom, amanhã eu vou copiar ele e...

— Estou cansado demais para ouvir das suas aventuras. – Ele responde grosso. Levanto uma sobrancelha. – Se for ficar aqui falando de outra pessoa pode ir embora. – Que? Isso pareceu estranho dentro do contexto... Parece até que... Não. ...Mas parece. É como se ele estivesse com ciúmes. Nah. A gente não tem esse tipo de relacionamento... Tem? Nossa situação é no mínimo não convencional...

Observo seu rosto com atenção... Quando nossos olhos se encontram ele desvia o olhar. Passo minha mão através das grades de novo indo agora em direção à sua. Ele não fala nada nem faz menção de tirá-la. Quando estou prestes a tocá-lo paro. Eu não posso tocar nele. Olho rápido para o seu rosto e ele apenas me encara esperando para ver o que eu iria fazer. Não posso tocá-lo, não por causa da minha habilidade mas por causa da que eu copiei hoje. ...Como ele sabia? Eu retiro a minha mão e ficamos nos encarando em silêncio. Como no primeiro dia que o encontrei. Afinal não mudaram tantas coisas desde então... Ele ainda não confia em mim. Venho visitando ele todo dia para que? Achar que ele tem sentimentos por mim mas no final não tem o mínimo de confiança em mim. Todo esse tempo só estava coletando informações minhas... Contei tudo sobre mim e ele... Nada. Achei que demoraria um pouco mais pra se abrir mas parece que ele nunca vai. O olho magoada e me levanto.

— Espere. – Ele estica a mão em direção a minha perna para me segurar mas hesita e a recolhe antes de me tocar. Eu estou de shorts. Ele não quer tocar diretamente a minha perna. – Fica um pouco mais. – Me olha pidão.

— Para que? Não quer ouvir o que tenho a dizer e você não quer me contar nada, nunca. Mesmo depois de todo esse tempo não confia em mim. – Ele me olha culpado. Eu sabia. Me viro para ir.

— Eu confio em você. – Eu paro e me viro. O olho triste.

— O suficiente para pelo menos me falar o seu nome? – Ele abre a boca. – Sem mentir? – Ele fecha a boca. Aceno com a cabeça e vou embora em silêncio. Ele não tenta me impedir de novo.

Sigo através da floresta em direção à escola tentando manter as minhas emoções em ordem. A última coisa que preciso agora é me descontrolar em sala de aula. Não sou tão ruim em manter minha cabeça no lugar mas faz tempo que não sou tão magoada... Nem sei porque estou assim. Eu não o conheço. Não o conheço mesmo... Seguro as minhas lágrimas. Vejo logo à frente luz entrando pelas arvores... A saída da floresta. Respiro fundo e saio. Minha intenção era ir em direção a sala de aula mas...

— Professor Anthor, o que faz aqui? A nossa aula é só a última... – Ele sorri para mim.

— Sua primeira aula foi cancelada. Vamos ter duas de treinamento hoje. – Ok. Agora o sorriso dele está ficando assustador. Duas aulas direto? É hoje que eu morro. ...Pelo menos posso liberar a minha frustração.

— Foi cancelada, ou você cancelou? – Semicerro os olhos. Ele sorri.

— Foi cancelada. – Hum, tá. – Muito bem, sem enrolação. Vamos começar com alongamento já que vamos treinar por um bom tempo. – Argh. Ele realmente quer me fazer treinar direto. – Depois quero ver sua flexibilidade e agilidade. E então treinamos. – Suspiro e começo a me alongar.

A primeira parte foi tranquila. Alongar ok. Flexibilidade, ok. Agilidade, ok. Reflexos, ok. Obrigada mãe, parece que não foi só a sua visão de gato que eu mantive. Apanhar e levar chutes no traseiro, ok. Eu realmente estou me ferrando bonito nesta segunda parte.

— Concentração. Você pode fazer melhor que isso. Tem mais coisas na sua cabeça do que deveria. – Levo outra bronca. Delicia.

— É claro que tem mais coisas na minha cabeça que deveria. É difícil desviar dos seus ataques, atacar, tentar não te tocar e manter a minha cabeça aqui quando suas lembranças vem. – Porra sério. Copiar aquele moleque não poderia ter vindo em momento pior.

— Desculpas, Desculpas. Você não é tão assim. Teve sua cota de experiências. Consegue fazer tudo isso, controlar sua habilidade e a copiada e ainda usar as minhas lembranças contra mim. Só precisa de concentração. Cabeça na luta. Concentração na luta. Sentimentos bem longe daqui! – Suspiro. Tá bom, tá bom. Admito, parte da minha concentração está na caverna e estou meio que rejeitando o treinamento porque me lembra do meu passado...

Mas, eu respiro fundo. Tranco os pensamentos que não tem haver com o agora e qualquer sentimento no fundo da minha mente. Abro os olhos que nem percebi que tinha fechado, estalo o meu pescoço e me concentro. Ele me ataca principalmente pela esquerda... Por que não é o meu lado dominante? Bom, não pode ser porque eu não tenho lado dominante e ele com certeza já percebeu isso. Me desvio de um ataque tocando-o propositalmente e me foco nesta questão. Deixo meu corpo livre para ser guiado pelos instintos e presto uma rápida atenção na lembrança. É isso! Ops. Desvio rápido. O retorno ainda não é tão bom, mas meus instintos me seguraram bem. E agora eu sei o que fazer. Ele tem uma ferida na cintura do lado esquerdo. Por isso tem mania de me atacar com seu lado direito na minha esquerda. Não é nada grave... Mas um ataque direto deve fazer algum estrago. Ele é bem atento com as minhas mãos porque não costumo chutar então vai ter que ser isso. O ataco na direita com um soco me posicionando para tomar impulso pra o chute, miro logo abaixo da costela e pulo. No último segundo percebe a minha intenção, para o meu chute com as mãos e me joga para longe. Caio de bunda. Em cima de uma pedra.

— Ai! Caralho. Isso vai ficar roxo. – Digo esfregando o local machucado. Ele vem na minha direção abanando as mãos.

— Belo chute. – A palma das suas mãos está vermelha. – Acho que é só por hoje. – Ele estica a mão e me ajuda a levantar. – Melhor colocar um gelo nisso aí. – Suspiro. Me despeço e sigo em direção aos dormitórios. Suspiro. Que dia... As lembranças da caverna retornam. Ótimo. Agora não é só a minha bunda que está doendo.

Tomo um banho e percebo que tenho um pequeno corte no lugar machucado e ele já está ficando roxo. Ótimo então amanhã vai estar preto. Suspiro. Coloco um pouco de remédio e um band aid para protegê-lo. Coloco meu pijama e vou dormir. Se todo dia for assim eu estou frita.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentem e me falem o que estão achando *3*
Próximo capítulo: 05.02
Eu estou deixando as postagens bem espaçadas porque minhas aulas vão voltar logo e vai ser uma correria...
Assim não tem perigo de eu não conseguir postar e vocês não vão ficam sem capítulo novo ^~^
Beijos e até lá ;3



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Um Ser mutante" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.