Um Ser mutante escrita por Tabatta Darrow


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amores.
Queria agradecer de novo a todos que estão acompanhando a história, em especial à SheppadLink por favoritar a história e à Gaby Cardoso (espero que não tenha problema me referir à você assim) pelo carinho e apoio à cada capítulo. Amo todos vocês ♥
Boa leitura ;*



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Abro os olhos e encontro o campo negro do meu dia-a-dia... Fecho os olhos fortemente. Não. Este campo não faz parte do meu dia. Já não faz há muito tempo. Com os olhos fechados esfrego as minhas mãos no chão sentindo a terra seca entre meus dedos, tudo parece tão real. Sente-se tão real. Mas não pode ser real. Abro os olhos apenas por uma fenda e vejo que local não se alterou. Minha respiração acelera, meu coração bate em desespero, meus olhos se enchem de água e sinto a minha energia se desprender do meu corpo. NÃO. Respira Kátia, respira. Aperto as minhas mãos e tento regularizar a minha respiração. Não importa onde estou. Não posso entrar em estado de choque nem desespero. Minha energia não pode ser liberada assim. Se for um sonho, eu posso destruir o lugar onde estou ou até mesmo machucar alguém. E... Se for ...Real? Respiro fundo. Eu vou precisar da energia para me defender. Falando nisso, estou desprotegida assim, distraída e com os olhos fechados. Hora de encarar a realidade. Abro os olhos e procuro por perigo. Suspiro. Por enquanto não tem ninguém por perto que vá me atacar. Olho para o céu, cheio de fumaça e nuvens pretas... Nunca chove, nunca tem sol, mas é sempre quente. Estou encharcada e coberta por terra negra. Suspiro. Preciso confirmar se estou sonhando. Qual é a minha última lembrança? ...Ontem eu não estive aqui. Pelo menos não fisicamente.  Já é um começo. Mas preciso de uma lembrança concreta para me manter sã. Este lugar perturba a mente de qualquer um, mesmo em sonho. Preciso de uma lembrança forte.

...”Meu nome é James” escuto uma bela voz dizer. Fecho os olhos em deleite e sinto seus lábios carnudos sob o meu dedo. Lentamente um rosto se forma a partir destes lábios e eu vejo a bela imagem de James à minha frente. Coro e abro os olhos. Raspo a garganta. Acho que isto serve de lembrança. Me levanto finalmente encarando o ambiente como um todo. Estou parada em um campo negro, negro porque o fogo consumiu tudo e a areia toma conta do ambiente. A única outra cor visível é o vermelho das fogueiras. Campo porque não tem nenhuma construção ou natureza. Nada que se eleve da altura do chão. A única coisa ocupando o ambiente são as montanhas. ...Montanhas de corpos espalhadas por todo o espaço. Mas tenho certeza que há alguns vivos escondidos pelo meio. Para caçar ou para se proteger. Eu tendo que sair daqui. Chegar à floresta. Da área que estou não é tão longe... Chamo de floresta mas não sobrou tanto do vivo também. É apenas uma área que de árvores secas e negras, mas dão uma cobertura melhor que este campo e um mínimo de proteção. Me viro para olhar em sua direção e em seguida me abaixo lentamente. Isto por dois motivos. Ficar em pé é a coisa mais idiota que se pode fazer aqui, é como colocar um alvo enorme sobre si. O segundo motivo...

Olho para baixo para encará-los. Os meus pais. Cansados demais e machucados não conseguiram chegar à floresta. Eu vinha todos os dias da floresta para vê-los e lhes trazer comida. Entregava a eles tudo que desse mais energia e deixava o resto para mim. Eu falava que tinha mais do mesmo na floresta mas sabia que eles não acreditavam. Eu comia apenas cogumelos e champions. Mas valia a pena. Escuto um pequeno barulho e olho em volta atenta. Não vejo nada. Retorno minha atenção para à minha frente. Valia a pena porque a cada dia eles conseguiam se mover um pouco mais para perto da floresta. Mas só chegamos até aqui... Tão perto, mas tão longe...

Sem eu saber, eles estavam mantendo um pequeno estoque de comida para que, quando chegassem à floresta, conseguissem ter energia por mais tempo. Mas, alguém descobriu. Alguém estava com fome. Alguém estava disposto a matar para saciar essa fome. Mesmo que suas vítimas nem pudessem se defender. Depois disso, apareceram os que não se importam com que carne é, desde que seja comestível. O que esse lugar não faz ...Fez com as pessoas. Observo os meus pais novamente. Sujos desta de terra que gruda e nunca mais sai do corpo. Tento não reparar no sangue que os suja e os pedaços de “carne” que faltam e me aproximo pra ver os olhos da minha mãe pela última vez. Lentamente abro suas pálpebras. Suprimo um grito. Seus olhos foram arrancados. Escuto mais uma vez um pequeno barulho e olho desesperada em volta. Mas só consigo ver corpos, corpos, fogo e corpos. Lágrimas escorrem pelos meus olhos. “... James”. Travo ao ouvir novamente aquela deliciosa voz dizendo o próprio nome.

— James. – Eu repito. Isto mesmo sem pânico. É só um sonho. Está tudo bem. Eu posso... Escuto um barulho mais próximo que todos os anteriores e rapidamente pulo para longe. Burra. Falei em voz alta é claro que alguém iria ouvir. Desvio um pouco tarde demais e acabo tendo o meu braço arranhado. Meu oponente leva suas garras à boca e sorri sombriamente. Consigo ver plenamente seus caninos amarelados. Urgh. Não é a toa que eu não me dou com vampiros. É capaz que seja mais um trauma desta época do que uma real rejeição da minha habilidade. Me afasto e me concentro na luta. Desprendo minhas mãos do bloqueio e deixo minha energia fluir para baixo. É algo que aprendi bem depois, no caminho pela floresta até uma civilização, mas foda-se. Não sou obrigada a agir como na época. Ele se aproxima em um ataque e eu desvio por baixo do seu braço rapidamente dando uma volta e ficando de frente para as suas costas. Movimento os meus braços e estalo a minha energia em suas costas, como um chicote. Isto ainda me cansa e gasta minha energia mas ainda é melhor do que os arremessos que eu usava antes. Furioso ele me ataca com mais força. Eu desvio de novo e acerto o seu braço, minha energia se prende ali e eu aproveito para arremessá-lo para longe. O resto da energia que externei se desfaz e eu fico sem fôlego. Ele se volta na minha direção com a boca toda vermelha. Urgh. Vampiros. Ele usou os corpos à nossa volta para se alimentar e recuperar força. Bloqueio minhas mãos novamente. Isso não vai dar certo. Vou me cansar muito rápido. Ele volta a me atacar, mais forte do que antes. Mas dessa vez eu começo a contra-atacar, diretamente. Quem é que disse que eu não deveria depender apenas da minha energia para me defender em uma luta corpo à corpo? Dou um chute em sua perna esquerda e um belo soco no rosto. Ele cai para trás. É mesmo. Anthor. Preciso agradecer à ele um dia desses.

 

Tomo consciência. Escuto pessoas conversando à minha volta mas não consigo identificar o que estão falando. Lentamente abro os meus olhos mas sou cegada pela luz. Levanto meu braço em direção ao rosto para aplacar o brilho e sinto uma enorme dor pelo movimento. Remexo o meu corpo em resposta e sinto que estou dolorida por todo o corpo. Gemo baixinho.

— Ela está acordando! – Alguém berra ao meu lado. Franzo o rosto em incômodo. – Bryan! Ela está acordando. – E precisa gritar desse jeito? Abro a boca para falar mas ela está muito seca. Tento então abrir os olhos novamente. Desta vez é mais fácil porque o meu braço está largado na minha cara e aplaca um pouco da luz. Pisco várias vezes até me acostumar e conseguir manter os olhos abertos. Olho em volta. Estou na enfermaria. Me viro para ver quem está berrando tão desnecessariamente mas o meu braço está no caminho. Tento então com cuidado mover ele de volta para o colchão. Faço uma careta. Parece que fiz treinamento corpo a corpo por um dia inteiro. Uma visão de mim lutando com um vampiro em um campo cheio de corpos flutua em minha visão. Chacoalho rapidamente a cabeça e gemo de dor.

— Está tudo bem? Quer alguma coisa? – Porra. Eu estou com problema no ouvido também ou o que? Por que essa pessoa não para de berrar?

— Á-água, por favor. – Consigo espremer pela minha garganta seca.

— Vai! Pega uma água para ela! Sim! Agora. – Caralho. Que saco. Meu ouvido não é alto-falante não. Me viro lentamente em direção à voz e encontro ninguém mais ninguém menos que Lio. Seus olhos estão esbugalhados e voltados em minha direção. Isoces chega segundos depois com a minha água mas não consegue nem estender na minha direção porque Lio está me abraçando “delicadamente” depois de gentilmente PULAR em cima de mim.

— Por-ra Lio. Eu es-tou to-da dolo-rida. – Espremo mais algumas palavras que saem entrecortadas por causa da sua “delicadeza” comigo. Ele se afasta e vejo seus olhos encharcados e inchados e as bochechas completamente coradas. Ele conseguiria parecer fofo mesmo nessa situação... Se não fosse o lindo catarro escorrendo pelo seu nariz. Ironia, claro.

— K! Não fala assim. Eu achei que... Eu achei que... – E ele começa a chorar se jogando, DE NOVO, em cima de mim. Reviro os olhos. E com uma careta e estico o braço livre (já que o outro está ocupado com catarro e o Lio) em direção ao Isoces. Ele me entrega a água e o Lio levanta a cabeça. – Precisa de ajuda? – Agora quer me ajudar? Só reviro os olhos em resposta e bebo a minha água. – Por que você é sempre assim nessas situações? Toda grossa e irônica! – E os berros recomeçam. Pelo menos agora estou hidratada e consigo responder direito.

— Por quê? Por que você é uma Drama Queen! Está esmagando as minhas costelas e pulando em cima do meu corpo dolorido! – Ele me olha como se fosse começar a falar, de novo. – E não para de berrar!

— Mas eu estava preocupado. E é você que está berrando. E eu não sou... Eu só... Eu... Humpf – E ele faz sua famosa expressão de Hamster emburrado. Dou um meio sorriso.

— Você é uma Drama Queen. ...Mas eu te amo mesmo assim. Já pode desfazer essa cara de Hamster emburrado. – Quando eu ia levantar o meu braço para bagunçar o seu cabelo (e provavelmente me arrepender do movimento) escuto uma risada abafada. Quando olho atrás do Lio, é Isoces, agora não conseguindo parar de rir.

— Você... Você chama a expressão de Hamster emburrado? – E começa a rir de novo. Lio antes emburrado começa a ficar alegre e espera o namorado o defender. – Nunca vi uma descrição tão perfeita. – E não para mais de rir. Lio murcha. Querendo mostrar que está bravo mas sem fazer a expressão de novo, fica uma resultado bem estranho. Isoces logo percebe e tenta parar de rir, sem muito sucesso. – Amor, não fica chateado. – Ele respira fundo e para de rir. – Eu amo muito você... Meu Hamster. – Seu sorriso se alarga e a única coisa que o impede de começar a rir como um louco de novo é a expressão de ofensa do Lio. Rir eu não consigo por causa da dor mas eu não consigo parar de sorrir largamente com essa cena. Eles conseguem ser tão fofos. Dá quase para esquecer que o Isoces é um vampiro. Ugh. Quase.

Ele está tentando distrair o Lio com um beijo mas ele não está muito animado. ...Ou já perdoou mas quer uma desculpa para deixar para lá. Observo ele mais atentamente. Yep é isso mesmo. Enquanto Isoces distribui beijos em suas bochechas, seus lábios estão tremendo, ameaçando virar um sorriso mas ele fica segurando para trás. Decido dar uma ajudinha.

— Não precisa ficar assim Lio. É um elogio. – Ele olha para Isoces em forma de pergunta e ele afirma energeticamente. Lio olha de volta para mim com os olhos espremidos. – Significa que você fica fofo. – Pisco um olho para ele. Ele me encara por mais um tempo.

— Está bem. Vou aceitar. – Isoces suspira aliviado. Ele realmente estava preocupado. Coitado, ainda não conhece tão bem o namorado. Lio se aconchega no peito do Isoces, puxando seus braços para frente para ficar brincando com a sua mão. Isoces encosta contente o queixo na cabeça do Lio. Eles estão felizes. É o que importa.

— Você me largou sozinho o dia inteiro! Não pode fazer isso. Eu quero a sua companhia, não pode me largar na mão assim! – Falando em felizes... Escuto um suspiro. Bryan e o namorado aparecem na frente da porta do quarto.

— Eu tenho pacientes para atender. Não posso ficar te mimando o tempo inteiro. Eu não posso largar eles. Agora você sobrevive sem mim algumas horas. – Ele revira os olhos. Eu acho que esses vão precisar de um tempinho para ficarem felizes.

— Eu apenas disse que queria a sua companhia... Pode me chamar para vir junto ao serviço, prometo não atrapalhar. – Ele diz colocando as mãos em seu abdômen e lentamente subindo, ao passar pelos mamilos Bryan dá uma pequena estremecida. Um sorriso leve aparece no rosto do outro que continua até chegar à gola da camisa. Ele segura a gola e o puxa para baixo, em sua direção. Quando estão à uma pequena distância um do outro ele para. – E quem disse que sou eu que recebe os mimos? – Com os olhos brilhando ele dá um pequeno sorriso malicioso e Bryan cora. ...Talvez eles já sejam felizes. A sua maneira. Dou uma pequena risada.

— Uh! Novela! Queria tanto ter pipoca agora. – Lio anuncia. Alto demais. De novo.

— Lio... – Isoces o repreende. Bryan dá um olhar assustado em nossa direção. Seu namorado só aumenta o sorriso. O safado sabia que tinha público. Está apenas exibindo seu relacionamento. Ele dá um sorriso metido em minha direção. Bryan limpa a garganta.

— É por isso que eu não te trago para o meu trabalho. – Dá as costas para ele e segue em nossa direção. Deixando o outro assustado para trás.

— Bryan, espera. Não fica assim. Eu só estava brincando. – Ele vai ter que aprender algumas coisinhas também antes de irritar o Bryan. Até porque ele não perdoa tão fácil quanto o Lio. Mas quando perdoar... Eu não quero estar por perto. Porque ele faz as pazes na cama. Suspiro. Eu só tenho amigos loucos hein? Não tem como não amá-los.

— Qual é o diagnóstico Doutor? – Pergunto piscando para ele. Meus olhos começam a pesar. Essa bagunça toda me cansou legal. Ele dá um pequeno sorriso mas logo fica sério.

— Você foi encontrada na floresta, desmaiada. Anthor a encontrou. Depois de te examinar descobri que absorveu a dor de alguém SEM seguir as minhas instruções. Em vez de dispersar a dor, você absorveu tudo para o seu corpo. Ele entrou em choque pelo impacto repentino e você desmaiou. Eu já limpei tudo o que podia mas ainda deve estar dolorida, isso eu não consigo limpar, e nem se pudesse eu faria. Você não deveria fazer coisas que não está preparada, PRINCIPALMENTE se não prestou atenção nas instruções. Agora sabe porque não queríamos que me copiasse. – Suspira. – Esta loucura deve ter te cansado. Seus olhos mal se mantém abertos. Precisa ficar aqui mais um pouco mesmo, então descanse. Amanhã conversamos.  – Espera amanhã? Hoje é quando? Quanto tempo eu fiquei aqui? ...James... Será que está preocupado comigo...? ....


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Notas finais do capítulo

Consegui responder algumas perguntas? *3*
Eu queria mesmo postar capítulos em períodos menores mas com a faculdade é tudo tão corrido e agora consegui um estágio na minha área então a loucura só vai aumentar. ;p
Próximo capítulo então, dia 05.03.
"Vejo" vocês lá ;3



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