I Can't Love You escrita por Mrscaskett


Capítulo 9
Capítulo 9 - she is dead


Notas iniciais do capítulo

Olá

Mais uma vez eu estou aqui no meio da semana. Ganhei uma folguinha e corri para postar um cap novo para vocês.
O cap passado rendeu. Uns achando que Rick estava sendo mal com a Kate, outros achando que ele precisa aceitar o sentimento que está surgindo, e outros achando a ideia dele de maltratar a Kate ruim.
Rick é complicado? sim. E nesse cap tem mais complicações.

Aproveitem.

OBS: um super obrigada para Maíra, winchesckett e Soraia, por favoritar a fic ♥
e claro, a todos voces que comentam a fic. Fico muito feliz ♥

Agora, boa leitura :)



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— Você precisa fazer esse mesmo procedimento todos os dias por mais duas semanas. Depois disso você pode examinar ela, se estiver tudo bem o procedimento vai ser feito apenas a cada duas semanas durante dois meses. Caso ele ainda continue assim ou piore, você continua fazendo todos os dias por mais uma semana. Até fazer uma nova avaliação.

Kate parecia dar ordens a alguém, mas não sei quem. Estou escondido escutando tudo o que ela diz, mas só escuto a sua voz. Ainda é cedo, mas como sempre ela veio ao celeiro olhar os animais. Principalmente a Juma. Imagino que ela esteja, finalmente, explicando como se faz o procedimento para o Esposito.

— Tudo bem, entendi. – Escuto uma voz masculina, que não pertence ao Esposito.

Saio do meu canto escondido e entro no celeiro. Mas não muito, fico apenas na porta. Fico observando Kate um rapaz. Os dois de jaleco, um estetoscópio em volta do pescoço e luvas nas mãos.

— Bom dia. – digo chamando a atenção dos dois.

Kate me olha e sai do estabulo, já tirando as luvas. O rapaz a segue, fazendo o mesmo movimento que ela. Ele era jovem, moreno, alto, de boa aparência. Tento criar mil possibilidades para descobrir porque ele está aqui, mas não consigo.

— Senhor Castle, que bom que chegou. – Ela se aproxima de mim falando formalmente enquanto força um sorriso no rosto.

— Pensei que tínhamos dispensados as formalidades, Kate. -  digo tentando ignorar a presença do homem ao lado dela. Por algum motivo ele me incomodava.

— Prefiro assim. – Ela diz e me olha nos olhos por um segundo. Mas é o bastante para eu ver o quanto ela está triste. – Esse aqui é o Michael. Ele é veterinário na minha clínica, muito com animais de grande porte. Aliás, você está se especializando nisso, não é? – Ela olha para o rapaz.

— Sim. -  ele fala, mas minha atenção está voltada para Kate. – pode ficar tranquilo que..

— Eu não ligo. – Corto o rapaz, mesmo sem saber onde ele queria chegar. Porque ele está aqui afinal?

— Bom, acho melhor o senhor ligar para isso, já que a partir de agora é ele quem vai cuidar de seus cavalos. Já passei todos os meus prontuários para ele, tudo o que ele precisa...

— Não quero ele, eu quero você. – A corto, mas ela não liga e continua falando.

— Ele entende do assunto. Já mostrei como eu estava cuidando da Juma, então não tem que se preocupar com isso. Ele pode passar o orçamento dos seus honorários depois. Mas acho que não vai ser um problema para o senhor. – Ela joga as palavras sem me olhar.

— Não quero ele, eu quero você! – Digo, mas dessa vez num tom mais alto e duro, a fazendo parar de falar e me olhar nos olhos novamente.

Eu não conhecia essa Kate que estava aqui. Eu sei que a magoei ontem, e ela está fazendo a mesma coisa comigo. Provar do próprio veneno não é tão bom assim.

—Desculpa Senhor Castle, mas eu não estou mais disponível. – Ela diz, com sua voz calma e aveludada de sempre.

— Que merda é essa, Kate? – Explodo. – Você disse que fazia questão de cuidar deles!

— Sim, mas isso foi antes.

— Antes de que?

— Antes de... – ela respira fundo e desvia seu olhar do meu, mas logo volta a me encarar. – Quer saber? Não importa. Eu preciso terminar de explicar algumas coisas para o Michael, então com licença.

Ela vira para o rapaz e começa a explicar algo que eu não consigo entender, minha cabeça está confusa demais. Ela me ignora completamente, e eu simplesmente não consigo vê-la me ignorar e me deixar para trás com esse moleque que nem sabe o que faz. Dou dois passos largos e a alcanço. Seguro firme seu braço com minha mão e a obrigo a olhar para mim.

— Será que dá para você conversa comigo?! – Digo bravo, olhando no fundo de seus olhos verdes, agora num tom mais escuro. Sua pupila estava dilatada, o que me fez não querer parar de admirar aqueles olhos lindos nunca.

— Você está me machucando, Castle. – Sua voz baixa e firme ao mesmo tempo.

— Oh, eu pensei que fosse Senhor Castle agora. – Digo irônico e posso ver a raiva em seus olhos.

— Meu braço está doendo. – Ela diz de novo, agora olhando para minha mão que apertava forte o seu braço.

Acompanho seu olhar e a solto. Sei que ela já baixou um pouco a guarda. A expressão de seu rosto não é de medo ou de raiva, é mágoa. Eu conheço bem essa expressão, eu posso identifica-la de longe. Eu mesmo convivi com essa expressão por tempos, e via ela sempre que me olhava no espelho. Era a magoa que eu sentia da Gina por ela ter escondido sobre sua doença por tanto tempo. Eu vi esse mesmo sentimento em meus próprios olhos por dias, e agora eu vejo ele nos olhos verdes da Kate.

— Você pode nos dar licença? – Digo para o rapaz atrás de Kate que me encara. Não me dou o trabalho de olha-lo. Estou completamente hipnotizado pela Kate.

Eu não apertava seu braço com tanta força agora, mas ainda segurava firme.

— Doutora... – ele começa, mas Kate o interrompe.

— Pode ir, Michel. Eu estou bem. – Relutante, o rapaz sai. – Pode me soltar agora?

Respiro fundo e a solto. Eu nunca a machucaria. Deus, eu nunca faria isso com ela ou com qualquer outra mulher. Nunca foi minha intensão deixar marcas nela, seja pelo vermelho em seu braço ou pela mágoa estampada em seus olhos.

— Desculpa. – Murmuro. – Mas o que é isso tudo, Kate? Porque você não quer mais cuidar dele? Pensei que gostasse deles.

—Eu os amo. E é justamente por isso que não quero ficar aqui para ver eles irem embora. Um por um. – Seus olhos começam a marejar. Se ela chorasse na minha frente eu nunca me perdoaria.

— Então é isso? Tudo bem. Eu não vendo. Todos eles ficam. Pronto, está decidido. – Digo rápido, sem notar sua cara de espanto.

— Porque você faria isso?

— Por você. Para você ficar. – Não era obvio isso?

Me dói pensar que ela pode não voltar mais. Eu pensei que ficaria bem com isso, mas só quando eu a vi pronto para ir e não voltar, eu sei o quanto isso pode doer. E eu não quero mais perder ninguém na minha vida.

Kate fica um tempo calada, apenas me observando. No seu rosto uma expressão séria e confusa. Eu não me entendo, e nem entendo essa mulher. Talvez seja por isso que ela me atrai.

— Não dá para acreditar em você. – Ela diz rindo irônica. Eu não falei serio o bastante para ela entender? Agora quem está confuso sou eu!

Sua mão presa na cintura e a outra cobrindo a boca. Até que ela solta e volta a falar.

— Ontem tudo o que você queria era ver todos eles longe daqui, vende-los o mais rápido possível. Provavelmente para não ter que olhar mais para mim. Para não correr o risco que correu naquele maldito bar. – Ela altera um pouco a voz. – Não precisa se preocupar Senhor Castle. Aquilo nunca vai acontecer!

— Que risco você está falando? – Pergunto, mesmo já sabendo a resposta.

Ela sorrir irônica mais uma vez enquanto solta o ar que parecia está preso dentro de si.

— Não dá para conversar com você. Não dá! – Kate vira de costas para mim por dois segundos, e logo me encara novamente. – Olha, vai ser melhor assim, ok? Você me quer longe, eu quero você longe. Então não tem porque adiar isso.

— Você acha que é melhor assim?

— Acho. – Ela diz firme.

— Então pode ir. Mas leva aquele moleque junto. Não quero ninguém cuidando dos meus cavalos.

— Como não? Juma precisa de cuidados, precisa ser examinada semanalmente. Ela precisa de tratamento.

— Se não for você, não vai ser ninguém.

— QUAL O SEU PROBLEMA? – Ela grita. Parece que eu despertei a fera que existe dentro dela. – Uma hora você me quer aqui, mas na outra quer que eu vá para o inferno. Um dia me recebe com sorrisos, no outro mostra o ogro que você realmente é. Eu não te entendo!

— Você nunca mais me entender.

— Tenta. Se abre comigo. Fala qualquer coisa para que eu possa entender porque você é assim. Porque ficar aqui sem saber o que eu vou encarar quando chegar aqui não é tão divertido quanto você pensa.

— Kate, não vamos falar disso. – Minha voz sai baixa. Estou quase implorando que ela pare de falar sobre isso.

—Você não pode ser amargurado assim porque sua mulher te traiu. – Assim que ela fecha a boca eu a encaro. Meu olhar duro preso nela. Kate não pode falar sobre isso. – Nem todas são igual a ela Castle.

— Não fala dela. Você não sabe de nada. Você não sabe do que está falando.

— Então fala comigo. Me explica o que eu não sei. Me deixa entender o porquê desse rancor que você carrega no peito. Me deixar entender porque você é assim. Me deixa entender você, Castle. – Seus olhos suplicavam por uma explicação, mas simplesmente não consegui falar.

— Não, Kate. Para, por favor. – Eu imploro. Fecho os meus olhos torcendo para que ela pare, mas ela continua.

Ela está tão próxima de mim que eu posso sentir seu calor.

— O que ela fez? Ela te traiu? Fugiu com outro? Ela te machucou de alguma forma, eu só não sei como...

— Para, Kate. – Imploro mais uma vez com minha voz baixa.

Sinto meus olhos começarem a arder. Não posso chorar agora.

— Ela nunca te amou, ficou com você por causa do dinheiro?

— NÃO! – Grito com a voz embargada. Eu não posso deixar que ela fale uma coisa dessa da Gina.

— Então o que ela fez?

— ELA MORREU, OK? ELA MORREU. – Digo de uma vez, soltando tudo o que estava preso em minha garganta.

Eu não aguentava mais a Kate falando sobre isso. Eu não aguentava mais isso. As lagrimas descem pelo meu rosto. Não importa o quanto eu as limpe, elas insistem em descer. Kate não fala mais nada, posso ver ela completamente desarmada na minha frente. Mas eu não posso encara-la agora. Não agora.

— Cas.. – Ela começa, mas eu não consigo nem ouvir sua voz.

Balanço a cabeça de um lado para o outro lentamente, fazendo um sinal negativo. Ela para de falar, mas ainda sinto o peso de seus olhos em mim.

— Talvez seja melhor você ir embora mesmo. – Digo e a deixo sozinha no celeiro.

Caminho rápido até meu carro e saio o mais rápido possível dali. Se antes eu queria ficar perto dela, agora tudo o que eu quero é manter distância. Ela não tinha o direito de falar sobre a Gina. Ela nem conhecia a Gina! Ela não esperou o meu tempo, ela só jogou na minha cara teorias do que poderia ter acontecido comigo. Ela levantou suspeita de coisa que a Gina jamais poderia fazer. E não há nada que me doa mais que uma desconfiança com alguém que não está mais entre nós. Gina era, de longe, a mulher dos sonhos de qualquer homem.

Kate não tem limites. Ela viu o quanto eu mudei quando ela começou a falar sore a Gina. Ela viu o quanto eu estava sofrendo com cada pergunta que ela fazia. Ela viu a dor em meus olhos. Mas mesmo assim ela não parou. Ela deveria ter parado. Teria sido melhor para nós dois. Agora ela me magoou. Ela mexeu na feria ainda aberta, e isso dói muito.

Dirijo um longo tempo sem saber onde estou indo. Deixo que a estrada me leve. Ao longe escuto o som de água batendo, paro o carro e sigo a pé para onde o som me leva. Entrei por meio de um monte de arvoes, tinham uma espécie de trilha. Segui o caminho até depois de umas pedras, que revelavam uma linda Cachoeira. Não era grande, mas era linda. O som da água caindo acalmava meu coração. A estrada me trouxe para um paraíso escondido.

Olho em volta e não vejo ninguém. Estou sozinho num paraíso que podia ser meu. Água cristalina e convidativa era tudo o que eu precisava. Tiro minha roupa e caio na água, nadando enquanto sinto aquele sentimento ruim de raiva e mágoa sair do meu corpo. As ondas calmas causadas pela queda d’água relaxavam meu corpo. E eu me deixo ser levado pela calmaria daquela água.

Fico ali por horas, não sei bem quanto tempo. Estava tudo tão bom, que eu não me permiti pensar em nada, apenas curti cada momento. Aqui eu posso esquecer todos os meus problemas, posso pensar só em mim. Eu chorei, lavei minha alma. Nesse local quase sagrado, eu entreguei minha alma. Há tempos eu precisava disso e não sabia. Eu precisava sentir que eu ainda sou aquele cara por quem a Gina se apaixonou. O cara que eu sempre fui está aqui. Eu só precisava descobrir isso.

Boiando praticamente no meio do nada nessa cachoeira eu fecho meus olhos e deixo o sol invadir meu corpo. Me sinto aquecido. Me sinto bem. Mas eu posso ver claramente o rosto de Kate se desarmando quando eu contei o que tinha acontecido com minha mulher. Agora eu posso ver o que eu não vi no calor do momento. Eu vejo o arrependimento em seus olhos. Vejo ela sussurrar o pedido de desculpa que eu não escutei na hora. Eu posso ver tudo agora. Seus olhos tinham vários sentimentos, só não tinham um. Pena. Kate não sentia pena de mim por ter perdido minha mulher, e eu agradeço mentalmente por isso. Eu não queria a pena de ninguém. Principalmente a dela.

Eu posso imaginar o quão culpado ela está se sentindo nesse momento, e eu não quero que ela se sinta assim. Eu queria estar com ela para lhe dizer que ela não precisa se sentir assim, que ela não precisa me pedir desculpas. Ela passou dos limites, eu sei, ela sabe. Mas ainda assim eu dei motivos para isso. Nós dois temos culpa nisso.

Eu queria entender o que essa mulher está fazendo comigo. Ela me deixa confuso. Eu não consigo entender meus próprios sentimentos. Era para eu está com raiva dela, muita raiva. Mas tudo o que eu quero é estar ao seu lado e dizer que tudo bem. Era para eu estar magoado com ela, mas tudo o que eu sinto é preocupação.

Deus! Eu não era assim. Costumava saber o que eu queria. Mas assim que pus os olhos nela, conheci sua teimosia e vi sua paixão pela profissão que escolheu, eu não soube mais o que eu queria. E por algum motivo agora pareceu tão certo ter abandonado tudo e ter vindo para cá, me esconder do mundo. Era como se tudo isso tivesse acontecido para eu encontrar a Kate. É difícil admitir, mas seja lá o que eu sinto por ela, eu nunca senti antes.

Quando volto para o carro o sol já está de pondo. É uma das coisas mais lindas que já vi na vida. O sol se escondia entre as montanhas, deixando para trás uma luz linda, que poderia deixar qualquer escritor cheio de inspiração para escrever um livro inteiro. Pena que eu ainda não estava assim. Na minha frente eu poderia ver a imensidão verde sendo iluminada pelo amarelado do sol mostrando um caminho infinito. Pena que já passava da hora de voltar para casa. Entro no carro e sigo pelo mesmo caminho que me fez chegar até aqui.

No caminho de volta eu penso na Kate novamente. Tenho certeza que ela não está mais lá, mas mesmo assim eu sinto vontade de vê-la. Quero saber como ela está. Eu não queria esperar até o dia seguinte, mas se aparecesse na casa dela, que nem sei onde é, iria parecer desesperado. Eu sei que ela vai voltar no rancho qualquer hora, eu só tinha que ser paciente e esperar.

Mais uma noite em claro me aguardava. Dormir já se tornava uma lembrança distante para mim. Dirijo por horas. Não sei se foi porque eu dirigi muito mais cedo, ou se é porque eu voltei para casa mais lentamente, curtindo as estrelas que iluminavam a estrada de volta. Eu já me sentia melhor, pronto para esquecer tudo o que aconteceu. Minha cabeça estava organizada novamente. Pena que não posso dizer o mesmo dos meus sentimentos.

Entro no rancho e para a minha surpresa, vejo um carro que eu conheço bem. Corro meus olhos pela minha propriedade e vejo ela sentada na minha varanda. Kate estava me esperando. Desço do carro e vou ao seu encontro. A medida que eu me aproximo ela se desencosta da cadeira e se senta ereta, fixando seu olhar no meu. Era hora de conversar com ela, e eu estava pronto para me abrir de uma vez para ela.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo cap ♥



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