I Can't Love You escrita por Mrscaskett


Capítulo 8
Capítulo 8 - Distância


Notas iniciais do capítulo

Olá!!

Bom, esse cap eu escrevi quando estava na Bad, então ele ficou bem... bad.

Para quem estava esperando Kate procurar pela vida do Rick na net, ainda não é nesse cap. Mas isso vai acontecer, tenham calma. Vamos pensar assim: ela chegou do bar meio bebada e confusa com tudo que aconteceu, e preferiu ir dormir.

Bom.. boa leitura



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/700343/chapter/8

Assim que entro em casa vou direto para o banho. Eu necessitava disso. Estava desacostumado a sair, com apenas uma cerveja eu já sinto uma dor de cabeça enorme. Kate estava certa, eu estava parecendo com um velho de setenta anos de idade. Mas depois de um banho gelado e um bom aspirina, eu caio na cama e o cansaço me atinge em cheio.

Fecho meus olhos e sinto meu celular vibrar na mesinha ao lado da cama. Penso em deixar para lá, mas me lembro do meu último pedido para a Kate. Estico o braço e alcanço o aparelho. Na tela brilha o nome dela. Doura Beckett. E em baixo segue a mensagem dela.

 “Já estou em casa. Obrigada por ter ido, os meninos ficarão felizes por isso. Boa noite, KB.

ps: se amanhã você ainda tiver com olheiras vai parecer mesmo um velho de setenta anos.”

Um sorriso involuntário estampa meu rosto. Está ficando cada vez mais comum eu sorrir, e tudo por culpa da Kate. Talvez ela seja mesmo uma boa amiga. Fico feliz por ela ter mesmo mandado uma mensagem, sinal que tinha consideração por mim. Mesmo eu sendo um velho por dentro, como ela diz.

“Tenha bons sonhos. RC.” Respondo. E me arrependo assim que aperto ‘enviar’. Eu poderia ter escrito apenas um “boa noite” comum. Ou talvez um “durma bem”. Mas ao invés disso, saiu um “tenha bons sonhos”.

Hoje no bar nós tivemos um ‘momento’, se é que posso chamar assim. Não sei se foi imaginação da minha cabeça, ou se foi o clima que nos levou a isso, mas por um momento, mais de um na verdade, eu pensei que nós iriamos nos beijar. Na pista de dança ela acariciou meus cabelos, e só esse simples gesto fez meu coração se derreter. Não sei se foram suas mãos firmes e seus dedos cheios de carinhos, talvez seja a minha carência também, mas sentir ela me acariciando foi um dos momentos que fez com que eu não me arrependesse de ter saído de casa hoje. O cheiro que vinha dela era diferente tinha cheiro de cerejas. E era viciante, eu não queria parar de sentir esse cheiro, por isso a mantive cada vez mais perto de mim, e afundei meu rosto em seu pescoço, procurando por mais.

E depois na mesa. Nossas bocas estavam tão próximas que eu pensei, realmente, que nós iriamos nos beijar. Sua respiração ofegante, seu olhar penetrante e seu corpo, praticamente, em cima do meu me diziam que o próximo passo era nos beijarmos. Nós estávamos no fundo do bar, numa mesa totalmente solitária e escura, onde ela me convidou para sentar, apenas eu e ela, ignorando totalmente Jenny que estava numa mesa com visão privilegiada para os meninos. Ela quis sentar comigo. Sozinhos.

Por um segundo pensei que ela tivesse pensado que eu não queria me sentar com a Jenny, mas no segundo seguinte, eu achei que ela quisesse sentar apenas comigo, e não contestei isso. Fiquei feliz, porque eu também queria sentar só com ela. Não que eu me negasse a sentar com meus empregados, mas é que ela foi o principal motivo para querer ir naquele bar.

Eu me odeio mais ainda por ter desejado aquele beijo. Eu só estava esperando ela se mover um centímetro para frente. Mas tudo o que ela fez foi se afastar de mim. E o sentimento de decepção me pegou em cheio. Mas ao mesmo tempo que lamento ela ter fugido, eu agradeço. Porque mesmo desejando aquele beijo, eu não estou pronto para beijar outra mulher.

Eu não estou pronto para seguir em frente. E beijar alguém é o primeiro passo para isso, e eu não posso beijar alguém e depois me sentir culpado por achar que estou traindo a minha esposa. Eu nunca a trai quando estava viva, não iria fazer isso com a memória dela.

Eu não sei o que acontece, mas quando se trata da Kate, eu sinto como se pudesse me permitir sentir algo novamente. Como se meu coração dissesse que ele não está totalmente fechado, e que eu posso abri-lo na hora que quiser.

O único problema nessa história toda é que eu não posso ama-la. Eu não posso, e não quero, me entregar novamente para ninguém. Nem que fosse apenas uma aventura de amor. Não. Eu não posso fazer isso. O meu amor sempre foi, e sempre será, da Gina. Eu sou dela de corpo e alma. Só dela. E me doí profundamente que eu posso estar desenvolvendo algum tipo de sentimento pela Kate, porque isso quer dizer que eu não amava de verdade a minha mulher. E isso significa que os meus últimos anos foram uma mentira.

É, eu estava totalmente errado. Essa noite eu não dormiria. E o motivo da minha insônia era só um. Kate. Não paro de pensar o quanto ela estava linda dançando, em como nós dois fazemos um belo par na pista de dança. Ela cantava as músicas no ritmo certo, e devo confessar, ela canta muito bem. A forma como ela jogava a cabeça para trás quando ria, fazendo seus cabelos se moverem e ficarem lindamente desajeitados. Ela tinha alguma coisa que me cativava, uma alegria que vinha de dentro dela que era impossível não contagiar quem estava em sua volta. Ela me atingiu com seu jeito de ser. Durona, teimosa, divertida, e uma ótima amiga.

Olho em volta e vejo meu casaco jogado na poltrona do meu quarto. Me levanto e vou até lá, nem sei porque eu faço isso, eu apenas faço. Pego-o em minhas mãos e levo até o meu rosto, inspirando aquele cheiro que eu sei bem de quem é. É o cheiro dela impregnado aqui. É o cheiro de cerejas que eu senti mais cedo, que tomou conta do carro quando eu voltava para casa. Mais um motivo para ela não sair de minha cabeça, seu cheiro era maravilhoso.

Céus, eu tenho que tirar essa mulher da minha cabeça. Eu tenho que afasta-la de mim antes que seja tarde demais. Jogo meu casaco de volta na poltrona e volto para a cama. Eu tenho que tirar essa mulher da minha cabeça! Repito silenciosamente para mim. E o único jeito de afasta-la é a tratando mal, do jeito que eu a tratei quando a conheci. Vou ser rude. Ela não poderia gostar de alguém rude, e eu não posso gostar de alguém que não está na minha vida. Então tudo irá voltar ao que era antes. Ela vai cansar de ser maltratada por mim e vai embora. Fecho os olhos e peço para que meu plano der certo. Eu preciso que esse plano der certo.

O sol toma de conta do meu quarto. Mais uma vez eu esqueci de fechar as cortinas. Abro meus olhos lentamente para me acostumar coma luz. Não dormi mais que duas horas essa noite, mas foi mais do que qualquer outra noite nesses últimos dias. Me levanto e tomo um banho gelado para acordar de vez. Minha cabeça parece que vai explodir. A aspirina de ontem a noite não fez muito efeito. Tento me distrair arrumando alguns livros em meu quarto, mas minha cabeça sempre vaga para onde eu menos queria. Para as lembranças de Kate.

Ouço um carro entrar no meu rancho, e sei que é ela. Reconheço o barulho de seu carro de longe. Ainda é cedo, e eu sei que ela está aqui para fazer o procedimento da Juma, que ainda precisa de cuidados.

Desço e encontro Jenny na cozinha. Mais uma vez a mesa do café da manhã está posta e farta, mas como sempre, eu só me sirvo de café. Cumprimento a loira e elogio a noite de ontem, os meninos eram talentosos, tenho que admitir. O sorriso no rosto dela deixa claro o quanto ela estava orgulhosa do marido. Eu sei disso porque Gina costuma ter esse mesmo sorriso a cada livro que eu lançava. Deixo Jenny na cozinha cuidando de seu serviço e sigo para o celeiro com minha xícara de café.

Assim que entro no celeiro a vejo conversando com os animais. Nenhum sinal de Esposito ou Ryan, então fico observando ela fazer o procedimento. Kate está tão concentrada que nem nota minha presença. Seus movimentos são firmes, ela sabe exatamente o que fazer até de olhos fechados. Kate é realmente uma profissional respeitável. Não é à toa que ela é a melhor da região.

Assim que ela termina faz um carinho em Juma e sai do estábulo, abrindo um sorriso quando nota minha presença.

— Hey. – ela se aproxima. – acordou cedo para quem foi dormir tarde ontem.

— Nem dormi. Mas já tive noites piores. – digo num tom seco. Ela parece notar que não estou para gracinhas, porque o sorriso desaparece em seu rosto. – quanto tempo acha que vai durar esse tratamento na Juma?

— Mais duas Semanas, porque?

— Porque quero vende-los logo. Quero tirar esse celeiro logo daqui. – sua expressão muda. Não sei dizer se é raiva, mas ela me olha feio. – quando você pode fazer uma avaliação nos outros?

— Está com pressa de vender porquê?

— Não curto animais. Já disse. – ela solta uma pequena risada irônica, coloca as mãos na cintura, respira fundo e me volta a me encarar.

— Sabe, mesmo sem as olheiras você parece um velho de setenta anos quando age assim.

— Assim? – me aproximo dela. – assim como?

— Assim. – ela aponta para mim. – como se não tivesse um coração, como se você fosse apenas um cara durão, frio e calculista, quando eu sei que você não é.

— Esse sou eu. Se não gosta, vai embora. – aponto a porta do celeiro, mas ela não desvia seu olhar do meu um segundo.

— Não precisa se preocupar. Eu estou indo embora assim que acabar aqui. – ela diz caminhando para os fundos do celeiro, e me deixando falado sozinho.

— Ótimo! – falo alto e ela para bruscamente, virando para mim e me encarando com seu pior olhar.

— Eu realmente pensei que você tinha baixado essa guarda. Que tinha visto que somos todos de bem, e que ninguém aqui fez nada para você nos tratar assim. – ela joga as palavras em mim, enquanto anda em minha direção.

Eu a fito por dois segundos, mas logo saio do celeiro pisando firme. Chego até a porta e não avisto quem procuro.

— ESPOSITO! – grito firme. Mas ele não aparece. Então eu grito de novo e de novo até ele finalmente aparecer ao longe.

Esposito corre até onde eu estou, e em pouco segundo se junto a mim. Olho para dentro do celeiro e vejo Kate juntando as coisas dela, olhando fixamente para baixo. Parte meu coração em pensar que ela possa está juntando suas coisas para nunca mais voltar, mas tenho que ser firme.

— Eu quero que você apresse a venda dos cavalos. – digo voltando minha atenção ao Esposito, parado a minha frente. Você vai ganhar uma boa comissão por cada cavalo vendido, então ande logo com isso. – minha voz sai firme e brava ao mesmo tempo.

Antes de sair eu a olho novamente, e essa foi a pior escolha que fiz. Kate agora me olhava com desprezo. Ela parou de juntar as coisas, e apenas me encarava. Eu não queria o seu desprezo, mas isso foi tudo o que consegui.

Mas essa era a única solução. Sem os cavalos aqui ela não tinha porque vir. E se ela nunca mais aparecesse em minha vida, eu não precisaria me preocupar ou me sentir culpado por estar pensando em outra mulher. Eu esqueceria ela e só lembraria de uma mulher, a minha.

Antes de entrar em casa novamente eu a vejo passar no carro, arrancando com toda a velocidade. Ela está brava. Ótimo, era isso que eu queria. Meu plano estava começando a dar certo. Não me sinto bem em trata-la assim, mas é preciso. No fim, isso será bom para mim e para ela.

Eu não sabia se isso era possível, não depois do que eu passei, não depois da intensidade do meu amor pela Gina. Eu não posso me permitir sentir nada por ninguém com poucos dias da morte do amor da minha vida. Isso não é certo. Isso é impossível.

— AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH! – grito atirando um objeto qualquer que estava na minha frente na parede.

Os cacos caem no chão de maneira desajeitada. Minha respiração acelerada parecia que não ia se controlar, e eu tenho vontade de chorar, mas não choro. Fico observando os cacos até minha respiração se normalizar, vendo o quanto eles eram pequenos e a enorme quantidade de cacos que tinha. Era exatamente como meu coração, partido em mais de mil pedaços.

Ergo meu rosto e dou de cara com meu reflexo no espelho da sala. Eu não me reconheço. Esse cara que está aqui não sou eu. Mas ele é a única coisa que restou de mim, e é ele quem eu vou ser agora.

Jenny me observa da cozinha. Não a vejo, mas sinto seus olhos em mim. Mas eu não me movo. Fico para aqui, com meus olhos totalmente focados na ceda que acontece lá fora, e eu posso ver tudo pelo vidro da janela da sala. O carro de Kate está parado na entrada do rancho. Não sei bem o que ela está fazendo, mas ela não sai daqui, e permanece dentro do carro todo o tempo. Algo dentro de mim se agita ao pensar que possa ter acontecido alguma coisa, vou em direção a porta, quero ir lá saber se ela está bem, mas quando saio de casa ela acelera o carro novamente. Agora ela anda lentamente e vira à esquerda, indo em rumo a cidade.

Volto para dentro de casa e me jogo no sofá, sentado desajeitado enquanto encaro o nada por meio dos vidros da porta e janelas. Era tudo tão claro aqui, enquanto eu me sentia tão escuro por dentro. Essa casa iluminada demais não combina comigo no momento. Eu não quero claridade em casa enquanto minha vida inteira parece estar no meio de uma escuridão.

 — Senhor, está tudo bem? – a voz baixa e meio tenebrosa da Jenny me desperta.

— Sim. – não me dou o trabalho de olhar pra ela. – apenas limpe isso, por favor. E peça para um dos rapazes te levar a cidade. Compre cortinas para a casa, quero cortinas escuras, que impeçam esse sol de entrar aqui. – tiro meu talão de cheques e preencho, entregando a ela em seguida. – não precisa se preocupar com o almoço. Não estou com fome.

Ela concorda e eu saio. Vou para meu quarto, me perder mais uma vez em meus pensamentos e amarguras. Os mesmos pensamentos que não me deixaram dormir essa noite. Os mesmos pensamentos que não querem deixar minha cabeça. Todos eles envolvendo uma só pessoa. A Kate.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Calma. tudo o que eu peço é calma kkk
Próximo cap tem mais confusão hahahaha

vejo todos vocês nos comentários.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "I Can't Love You" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.