I Can't Love You escrita por Mrscaskett


Capítulo 10
Capítulo 10 - Um novo começo.


Notas iniciais do capítulo

KATE POV.



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Eu fui longe demais. Eu cutuquei até ele me contar o que realmente tinha acontecido. Eu imaginei mil coisas em respeito a ele, mesmo isso. Meu mundo caiu assim que as palavras saíram de sua boca. ELA MORREU, OK? ELA MORREU. Eu não sabia o que falar, nem o que pensar. Pedir desculpas não era o bastante, mas mesmo assim eu fiz. Mas ele saiu tão rápido, que cheguei a pensar que ele não voltaria mais hoje. Ele queria ficar longe de mim, e eu tinha que respeitar. Eu toquei no ponto mais fraco dele. E mesmo sabendo que eu era a última pessoa que ele queria ver na vida, não consegui sair daqui.

Eu tinha que esperar ele voltar. Eu tinha que pedir desculpas por tudo. Não importava se ele não iria aceita-las, mas eu tinha que me desculpar. Eu pediria perdão se fosse preciso. Mas eu preciso olhar nos olhos dele para saber que ele não vai simplesmente me afastar dele. Eu precisava olhar para ele e saber que ele estava bem. Meu coração só ficaria tranquilo se isso acontecesse, então eu não fui para casa. Passei o dia inteiro vagando pelo celeiro. Ignorando qualquer um que viesse puxar conversar comigo, principalmente se fosse relacionado a briga que tinha acontecido ali. Por sorte todos me conhecem, e sabiam que tudo o que eu precisava era de um tempo sozinha para pensar na burrada que eu fiz.

Eu já estava a ponto de desistir. Já era noite e ele não tinha chegado. Imaginei as piores coisas, desde um acidente até ele está realmente me evitando e não querer me ver nunca mais. Eu já tinha me convencido de que voltaria todos os dias até ele falar comigo, e eu poder pedir desculpas a ele. Mas quando eu estou pronta para levantar e sair, vejo um carro se aproximar. Um carro pequeno e de luz branca. Eu sabia que era ele. Me sentei novamente e fiquei vendo ele adentrar na sua propriedade. Meu coração disparou quando ele saiu do carro. Mesmo de longe eu podia ver seu olhar fixo em mim. Ele estava sério, e isso dez com que eu estremecesse por dentro. Minha respiração lenta e cautelosa. Eu estava ficando sem ar a medida que ele se aproximava, mas acompanhava atentamente cada movimento seu.

Ele para em minha frente e eu não me movo. Continuo sentada de braços cruzados na grande cadeira estofada de sua varanda. Castle em analisa dois segundos e se senta ao meu lado. Eu viro minha cabeça de lado para olha-lo melhor, ele está sério e olhando para frente. Não tem nenhuma expressão em seu rosto. Eu não me espanto, ele era assim, não deixa ninguém entrar em sua vida. Ele tinha seu motivo, eu entendo, mas mesmo assim, ele era impenetrável, e tenho que aprender a lhe dar isso.

Nós permanecemos calados. Eu querendo saber como falar, e ele, provavelmente, esperando que eu fale alguma coisa. Então, num gesto totalmente inesperado, ele descruza meus braços e agarra minha mão, entrelaçando nossos dedos e as deixando descansar do estofado da cadeira. Eu não entendo sua atitude. Observo nossas mãos juntas e nada daquilo faz sentido. Mas, ainda assim, sentir sua pele macia e o toque de seus dedos, fez com que eu me acalmasse por dentro.

Um nervosismo começa a tomar conta de mim. Está na hora de falar alguma coisa! Mas tudo o que eu planejei de dizer nesse momento já se foi. As palavras não saem. Está tudo branco na minha cabeça. Tudo o que eu consigo me concentrar é nas nossas mãos juntas. Meus dedos finos e longos sendo emoldurados pelos dedos dele. Seria um quadro perfeito.

— Eu...

— Não. – Ele me interrompe antes mesmo que comece. – Não fala nada. Deixa que eu falo. – Pela primeira vez desde que sentou ele me olha.

Apenas concordo com a cabeça, e ele volta a olhar para frente. Aperta nossas mãos e passa seu polegar sobre minha pele delicadamente. Um gesto involuntário talvez, mas que faz meu coração se aquecer.

— Eu achei que tudo ia mudar se eu fosse para outro lugar. – Ele começa a falar. Sua voz meio melancólica. – Tudo me lembrava dela. A nossa casa foi ela quem decorou. O café na esquina onde íamos todos os domingos de manhã. O parque onde costumávamos passear nos fins de semanas. Nossos restaurantes favoritos. Tudo, absolutamente tudo naquela cidade me fazia lembrar ela. Eu estava cercado por lembranças que, no momento, só me faziam sofrer mais ainda. – Ele me olha e vejo um brilho no seu olhar. Lágrimas começavam a se formar ali.

— Então eu vi esse rancho a venda. Ela sempre quis morar num lugar como esse. Talvez sem os animais, mas assim... cheio de verde, numa cidade pequena. Eu nunca quis. Minha carreira estava indo bem, e todos os meus negócios estão lá, então não tinha sentido sair de Nova Iorque. Quando eu vi esse rancho achei a oportunidade perfeita para recomeçar. Eu estava cercado por lembranças dela que não me faziam senti-la perto de mim. E eu não queria deixar de sentir a minha mulher. Então recomeçar num lugar que parecia ser perfeito para ela, com minhas próprias lembranças, e assim eu poderia voltar a sentir ela comigo.

Ele para e limpa o rosto. Algumas lágrimas já tinham começado a descer.

— Ela descobriu que estava doente um ano atrás. Câncer. – Ele para um pouco antes de recomeçar. – Já estava em estágio avançado e não tinha mais nada que os médicos poderiam fazer. Quimioterapia e radioterapia foram descartados, só a deixariam mais debilitada. Então ela optou por tomar remédios. Ela não me contou. – Ele dá um sorriso fraco e me olha. E só com esse olhar ele me fez desmoronar. A triste misturada com decepção estava estampada ali. – Ela foi levando a doença sozinha por meses. E eu não notei que ela estava diferente, talvez se tivesse notado antes eu poderia ter ajudado, mas para mim ela estava normal. Ela não aparentava estar doente, sabe? Eu não podia fazer nada por ela. – O desespero em sua voz ao tentar me explicar seus motivos deixava claro que ele se sentia culpado.

— Castle você não tem culpa. Você não podia imaginar que ela estivesse tão doente. – Aperto sua mão na minha e ele concorda, espremendo os olhos e deixando as lagrimas caírem.

— Um dia eu acordei no meio da noite e ela não estava ao meu lado. Achei estranho, ela nunca foi de acordar no meio da noite. Acendi a luz e fui procurar ela pelo quarto, até que a encontrei caída no chão do banheiro. Eu entrei em desespero. Chamava por ela e ela não acordava, e eu não sabia a quanto tempo ela estava daquele jeito. Não esperei mais e a levei para o hospital o mais rápido que pude. Foi quando eu descobri da sua doença. Não por ela, mas pelos médicos. Eu fiquei com muita raiva. Porra eu era o marido dela, eu fiz votos a ela, eu disse que estaria com ela na saúde e na doença, e ainda assim ela escondeu isso de mim. Ela poderia ter confiado em mim. Eu nunca a deixaria na mão. Eu teria cuidado dela. Eu teria ido atrás de mais médicos, atrás de tratamentos. Mas não, ela simplesmente escondeu isso de mim. – Sua voz agora estava alterada. A raiva ainda estava lá, dava para sentir. – É por isso que eu não gosto que escondam nada de mim. – Ele me olha diretamente nos olhos, e agora eu entendo algumas atitudes dele.

— Por isso que você quer sempre saber de tudo. – Sorrio e ele concorda.

— Fizeram novos exames nela, e o estado dela só tinha piorado. Não tinha mais nada que se pudesse ter feito, era só esperar que ela se fosse. E ouvir isso dos médicos foi uma das piores coisas que eu já tive que escutar. Não é fácil saber que a mulher que você tanto ama está indo embora e não há nada que você possa fazer para ela ficar.

— A quanto tempo ela se foi? – Pergunto com minha voz um pouco falha. Eu podia sentir a dor dele agora.

— Quase um mês. Depois de sua cremação eu vim direto para cá. – Ele olha para o chão. Não posso deixar de ficar surpresa em saber do pouquíssimo tempo da morte de sua mulher. Castle muito forte. Se fosse qualquer outro não estaria aqui, como ele está agora.

— Quando o verão chegar eu vou jogar suas cinzas pelo rancho. Ela iria amar viver aqui, então vou deixa-la em cada pedacinho desse lugar. – Isso me faz sorrir, é um gesto bonito e delicado da parte dele.

Não falamos nada por um tempo, e isso não foi nenhum pouco desconfortável. Nada precisava ser dito no momento, então curtimos nossos silencio de mãos dadas. Tudo tinha sido muito recente para ele, e estava na cara que ele muito apaixonado pela mulher. Castle era diferente de qualquer homem que eu já conheci. Ele era especial.

— Desculpa. – Falo baixinho, mas tenho certeza de que ele ouviu.

— Você não precisa se desculpar, Kate. Eu fui grosso com você, e você não tinha culpa de nada. Eu culpo o mundo pelo o que me aconteceu, mas eu não posso deixar que isso machuque as pessoas que eu gosto. E eu gosto de você, e não te quero longe de mim. Então, me desculpa pelo o que fiz. – Eu sorrio, pensando se ainda tinha alguma coisa para desculpa-lo.

— Só se ainda me quiser como sua veterinária. – Eu provoco e ele sorrir, me deixando apreciar o quanto ele fica bonito assim.

— Você nunca deixou de ser. – ele me olha intensamente, e eu me perco naquela imensidão azul.

— Eu... eu já vou. Já está tarde. – Digo me movendo, mas ele não solta minha mão.

— Sabe... – ele começa, meio pensativo enquanto se acomoda mais na cadeira. – Dizem que a gente só ama uma vez. Quer dizer, um amor de verdade, daqueles que você seria capaz de tudo pelo parceiro, aquele sentimento forte e intenso. Aquele sentimento que você nunca sentiu com ninguém antes. E o meu foi assim com a Gina.

Não sei onde ele quer chegar com isso.

— Você já viveu seu grande amor, Castle. – Tento parecer firme, mas a decepção em minha voz são sai despercebida.

— Não... eu sinto que não. Por algum motivo eu sinto como o que eu vivi com ela fosse apenas um aprendizado para o que eu ainda vou viver. O que eu senti por ela foi muito forte e intenso, e mesmo assim eu acho que não era o meu verdadeiro amor. Então me assusta pensar em amar uma pessoa mais do que eu amei a Gina. Não sei se estou preparado. – Ele diz a última parte olhando nos meus olhos, como se estivesse dizendo para mim.

— Ninguém nunca está, Castle. O amor simplesmente acontece.

— É. – ele concorda e sorrir. – E você Kate, já amou alguém? – Sua pergunta me deixa sem jeito.

— Não. – Sou sincera. – Mas tenho vontade. Dever ser a melhor e assustadora coisa do mundo. – Ele rir.

— E é mesmo. – Ele segura minha mão no ar e leva até seus lábios, me permitindo sentir o quanto eles são macios e delicados. – Eu espero que um dia você ame e seja amada da maneira que merece, Kate. – Me sinto corar.

— E eu espero que um dia você possa viver seu segundo grande e verdadeiro amor.

— Meu verdadeiro amor verdadeiro. – Ele corrige. – Não se tem um segundo amor verdadeiro.

Eu sorrio e ele solta minha mão. Me sinto tão sozinha agora, mesmo com ele do meu lado. Me acostumei com o contato de sua pele com a minha, não queria que isso acabasse. Um vento frio passo por nós e eu encolho meus braços pelo meu corpo.

— Frio? – Ele me pergunta olhando de canto de olho.

— É.… melhor eu ir para casa logo. Já está tarde. – Levanto e ele me acompanha.

— Até amanhã, Kate. – Eu o encaro. Nós ainda estamos próximos, e agora eu noto nossa diferença de altura. Castle era bem mais alto que eu, mas eu gostava. Admirá-lo de baixo para cima era bem melhor.

— Até amanhã, Castle. – Ele sorrir e me abraça, me pegando de surpresa pela segunda vez essa noite. – Me promete que não vai de tratar mal amanhã. – Pergunto baixinho em seu ouvido enquanto ele me abraça.

— Eu prometo. – Sua voz grossa e firme faz meu corpo se arrepiar e algo surgir dentro de mim. Eu queria poder senti-lo mais vezes assim, falando baixinho no meu ouvido.

Ele desfaz nosso abraço e nossos olhares se encontram. Minhas mãos descem por seus braços, me permitindo sentir sua musculatura rígida ao meu toque. Eu queria poder senti-lo mais, mas desejar qualquer coisa dele nesse momento era um erro, e eu tinha que aprender a me controlar.

O vento frio já não me incomoda mais. O pequeno contato com ele já foi mais que o suficiente para me manter aquecida. Nossos rostos ainda próximos e o silencio entre nós. Tudo o que se conseguia ouvir eram nossas respirações pesadas. Meu olhar insiste em ir direto para sua boca, e eu não consigo controlar isso. Seus lábios finos me fazem deseja-lo junto ao meu, quem sabe por todo o meu corpo. Mas eu não posso. Ele não pode. Controle-se Kate. Repito para mim mesma e pensamento. Me desvencilho de seus braços fortes e caminho em direção a meu carro que estava logo ali.


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Notas finais do capítulo



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