KATE.

Novamente eu estava deitada na maca, pronta para fazer a ultrassom. Duas semanas já haviam se passado desde a primeira vez que estive aqui e tive a certeza que estava esperando um filho. Agora eu estava mais nervosa do que a última vez, mas eu tinha um apoio extra, Alexis. A ruiva estava ansiosa para vir conosco e eu não pude negar. Ela queria fazer parte da vida do irmão desde agora, isso era maravilhoso. Ela será uma irmã maravilhosa.

Apertei a mão de Castle que não saiu do meu lado desde que chegamos, e sorri vendo Alexis olhar atentamente cada detalhe da sala. Ela estava tão ansiosa quanto Castle e eu. A ruiva já me perguntou se nós veríamos o irmão mil vezes, e agora sim ela vai entender porque nós chamamos ele de pontinho. Talvez até se sinta decepcionada por não vê-lo completamente, mas mesmo assim eu acho que ela vai gostar.

A porta da sala se abre e uma jovem loira e sorridente entra.

— Boa tarde senhorita Backett, eu sou Elena a nova estagiária da Doutora Davidson. Ela me pediu para começar os procedimentos, mas logo estará aqui. Tudo bem?

— Sim, claro. – sorrio para a menina jovem, que deveria ter seus vinte e poucos anos e ainda estava na faculdade. Não liguei por ser atendida por ela, aprender faz parte e eu não posso me negar a isso.

Estava vestida naquela velha roupa de hospital. Sempre que vinha fazer consulta eu tinha que vestir, e agora não é diferente. Olho para Castle e o vejo observar os movimentos da menina com atenção, até perceber que eu o observava. Ele sorrir para mim e se inclina beijando minha testa para me tranquilizar, ele sabe o quanto estou nervosa com tudo isso. Nervosa e animada.

— Nós vamos ver o meu irmão? – Alexis pergunta olhando curiosa para a estagiária.

A loira sorrir e olha a ruiva um instante.

— Sim, nós vamos ver ele aqui por esse monitor. – ela liga o monitor e aponta para Alexis.

Elena sobe um pouco a bata hospitalar que eu estava usando e despeja um pouco do gel em minha barriga. Era gelado. Sorrio e ela me olha, sorrindo de volta.

— Ansiosa?

— Um pouco.

A vejo espalhar o gel gelado na minha barriga. Era uma sensação estranha, mas eu foco meu olhar no monitor ao meu lado. Queria entender o que se passava naquela tela, mas eu não vejo nada, apenas movimentos.

— Você está de oito semanas, certo?

— Isso, oito semanas e dois dias. – Castle se adianta. A loira assente e continua olhando para o monitor. – Está tudo bem?

A voz preocupada de Castle me alerta. Tinha algo errado? Sei que ele está mais nervoso que eu, mas o olhar sério e o sorriso forçado da loira não me deixou mais tranquila.

— Eu vou chamar a Doutora Davidson e já volto. – ela limpa um pouco a minha barriga e se levanta, retirando as luvas.

Tinha alguma coisa errada!

Perguntei o que estava acontecendo, mas ela não quis me responder. A loira saiu da sala e eu olhei para Castle. Ele tinha o mesmo o olhar preocupado que eu, mas insistia em dizer que estava tudo bem. Mas não estava tudo bem. Ele queria me tranquilizar, mas não estava funcionando.

Meu coração começa a acelerar.

Tinha alguma coisa acontecendo e aquela estagiária não queria me dizer! Meus olhos se encheram de lágrimas e eu me esforcei para não chorar. Alexis percebeu toda a situação e se aproximou de mim, beijando meu braço e se debruçando sobre mim e me abraçando. Não queria chorar na frente dela e a deixar preocupada, mas estava ficando difícil. Fechei meus olhos e acariciei os cabelos ruivos da menina repetindo as palavras de Castle que estava tudo bem.

A porta da sala se abriu novamente e eu vi Érica entrar junto com a estagiária. Ela tinha um sorriso no rosto, mas isso não me acalmou em nada. Érica cumprimentou Castle, que apresentou Alexis e contou o quanto a ruiva estava animada em ver o irmão. Eu não disse uma palavra, estava concentrada em não chorar na frente de todo mundo, mas mesmo assim uma lágrima escorreu no canto do meu olho.

Érica sentou no banco perto do aparelho e sorriu me olhando.

— Calma, ok? – ela sussurrou só para que eu escutasse. – Vamos ver o seu bebê.

Balanço a cabeça positivamente e sinto ela despejar um pouco mais de gel em minha barriga. Novamente o movimento do aparelho sobre minha pele faz com que a tela do monitor comece a se mover. Eu não entendo nada, mas tudo o que eu queria era que ela me mostrasse o meu pontinho e me dissesse que ele estava bem. Muito bem.

— Nós chamamos ele de pontinho, porque o papai disse que ele é menor que uma ervilha. – Alexis diz descontraindo o ambiente e eu ouço a risada de Érica.

— Pontinho é um bom nome, mas ele já está um pouco maior que uma ervilha. – ela diz concentrada no monitor. De repente seu sorriso morre e ela fica séria.

— O que tem de errado, Érica? Fala de uma vez. – Castle aperta forte a minha mão, mas eu não conseguia de encarar ela. – o que tem de errado com meu filho?

— Não tem nada de errado com ele. – ela volta a sorrir me olhando. – ou melhor, eles.

— ELES? – Castle e eu falamos juntos.

Ela balança a cabeça e para de mexer o aparelho em minha barriga, apontando o monitor.

— Não deu para ver na primeira ultrassom que fizemos, mas são dois. – ela me olha sorrindo. – você tem dois pontinhos aí dentro. – ela pisca e eu sinto o ar escapar dos meus pulmões.

DOIS? COMO ASSIM DOIS?

UM JÁ ERA COMPLICADO, MAS DOIS?

DOIS?

SÃO DOIS PONTINHOS?

DOIS PONTINHOS.

DOIS!

— Dois? – pergunto e ela balança a cabeça. Olho para Castle que tinha um sorriso surpreso no rosto. – dois. – repito olhando para ele.

Castle balança a cabeça e olha para Érica, que continuava o exame.

— Você tem certeza? Tipo, são dois mesmo? Não há chance de estar errado ou...

— Não, dessa vez está bem claro. Aqui está um... – ela aponta no monitor. – e aqui o outro.

Olho atentamente para o monitor e vejo dois pequenos pontinhos dividindo o mesmo espaço. Sinto meus olhos molharem novamente. Queria olhar para Castle e perguntar se tudo isso era verdade, mas eu não consigo tirar os olhos dos meus dois pontinhos.

— Mamãe... – ouço a voz de Alexis ao meu lado e a olho.

— Oi, meu amor?

— Eu vou ter dois irmãozinhos? – ela tinha um brilho nos olhos que me fez sorrir.

— Sim. Você vai ter dois irmãozinhos. – confirmo e a menina abre um sorriso enorme que faz seus olhos quase desaparecerem. Igual a Castle.

— Ebaaaa. – Alexis comemora e Érica rir. – eu quero ver.

Érica aponta mais uma vez no monitor e a ruiva faz uma cara estranha que me faz sorrir ainda mais.

— Bom, já temos uma irmã coruja aqui. – Érica brinca e nós rimos.

Castle estava encantado olhando a tela do monitor. Sua boca entreaberta e seu sorriso bobo faz meu coração se acalmar. Apesar do meu problema com a gravidez, eu sei que posso levar até o fim para ter o prazer de ver esse sorriso no rosto do homem que eu amo.

— Isso muda alguma coisa? – minha pergunta sai baixa. Érica me olha e dá um meio sorriso.

— Antes que vocês pensem no pior, vamos terminar o exame e depois nós conversamos, ok?

Balanço a cabeça concordando e ela volta a sua atenção ao monitor e suas anotações. Érica conhecia meu problema melhor do que ninguém e sabia do meu receio em engravidar. Quando eu soube que estava gravida eu fiquei assustadíssima, mas agora que eu sei que são gêmeos, me fogem as palavras que possam me definir nesse momento. Eu estou feliz, mas o medo mais uma vez está presente, e dessa vez eu não sei se ele vai embora.

Gêmeos!

Dois bebês.

Isso é uma loucura!!!

— Aqui está o resultado da ultrassom, está tudo bem com seus bebês. Eles estão do tamanho certo para oito semanas, não tem nada errado com eles então podem ficar tranquilos e tirar essa cara de preocupados do rosto. – Érica diz sentando em sua cadeira.

Nós já estávamos no consultório dela, Castle estava ao meu lado e apesar de está sorrindo, eu sei que ele também está preocupado. Érica pediu para Elena levar Alexis para comprar um sorvete enquanto nós conversávamos, então o assunto é sério.

Ouvir o coração dos meus dois bebês foi ainda melhor do que a primeira vez. Como era de se esperar, eu chorei, mas era de felicidade e não de medo. Ouvir os corações deles era como ter a certeza de que estava tudo bem.

— Ficaram surpresos? – ela pergunta olhando entre Castle e eu.

— Muito. – sinto Castle buscar minha mão com a sua. – nossa eu nunca iria imaginar que estaria grávida de gêmeos, eu estou bem mais apavorada que antes, apesar de feliz...

— Quando Elena veio me chamar achei que ela tinha se enganado, mas quando vi, também fiquei surpresa.

— Foi por isso que ela saiu da sala? Nossa eu pensei que tinha acontecido algo mais sério.

— Ela começou agora aqui, ainda está pegando o jeito, mas fez muito bem em me chamar. – Érica abre um sorriso e nos encara. – felizes?

Castle e eu nos olhamos. Sim, nós estávamos felizes. Apesar do medo, da incerteza e das dúvidas, nós estávamos felizes.

— Eu não quero que vocês se apavorem, ok? – Érica quebra o silencio. – nada do que eu disse na consulta passada vai mudar. Nós vamos conseguir, Kate. Eu vou acompanhar de perto a sua gestação e você vai conseguir levar essa gestação até o fim, ok? Confia em mim?

A firmeza em sua voz faz tudo parece possível.

— Sim.

— Ótimo, então não tem com o que se preocupar. – nós sorrimos e eu respiro fundo. – Agora me diga como você está. Tem sentindo algo?

— Enjoos. – Castle se adianta e eu reviro os olhos.

— Eu estou bem, Érica. Muito bem, na verdade. Às vezes eu nem me lembro que estou grávida. – sorrio olhando para Castle. – diminui meu tempo no trabalho, estou resolvendo tudo por computador. Os enjoos ainda estão me matando, todo dia pela manhã eu sinto enjoo que me faz querer morrer, mas fora isso está tudo bem.

— Está tomando as vitaminas e os suplemento que te passei? – confirmo com a cabeça. – ótimo. Agora vou pedir novos exames e novamente te ver daqui a duas semanas. Quero acompanhar de perto cada passo da sua gravidez.

— O que nós devemos fazer? – Castle se manifesta. – digo, está gravida de gêmeos traz mais risco para Kate e para os bebês?

— Bom, o que a Kate tem é um problema no útero que pode fazer com que ela entre em trabalho de parto antes do tempo, que pode ser ao fazer um esforço físico por exemplo, então nós temos que evitar isso. Não é tão grave para que a gente possa se alarmar só porque são dois. Lógico, com o peso extra de outra criança a gente vai tomar mais cuidados, mas eu vou passar algumas injeções que vão ajudar a levar a gravidez até o fim. Além disso, quero que você diminuía ainda mais seu ritmo. Nada de esforço, estresse, nada de exercícios longos e intensos. Repouso, dona Katherine.

— Nossa, isso vai ser um saco. – resmungo e ouço uma risada baixa de Castle.

— Pode deixar que eu e Alexis cuidaremos bem dela.

— Acredito nisso. – Érica responde sorridente. – Kate, nada de dirigir, nada de ficar montando nos cavalos e muito menos ficar se esforçando para examinar eles. Você tem dois bebês agora, não apenas um, então se você quer mesmo levar essa gravidez até o fim, siga todas as minhas instruções.

— Pode deixar, eu não vou mais levantar da cama. – aviso. E era verdade, eu estava disposta a passar os próximos meses sem sair da cama se fosse necessário. Eu faria tudo para que meus filhos ficassem bem.

Érica anotou algumas orientações e passou uma nova lista de exames e medicamentos, inclusive algumas injeções que eu teria que tomar, começando hoje mesmo. Odeio tomar remédio, mas se era isso que eu preciso fazer pelos meus filhos, é isso que vou fazer.

Saímos do consultório meio que anestesiados com a notícia que teríamos dois pontinhos em breve. Castle estava estranhamente quieto, já Alexis não parava de falar um só segundo. Ela estava animada em ter dois irmãos e queria que fosse um menino e uma menina para ela poder brincar com os dois. É divertido ver ela fazer planos com os irmãos que ainda nem chegaram.

Já era fim de tarde e nós iriamos direto para casa, mas ao invés disso Alexis deu a ideia de irmos ao parque. Achei uma ótima ideia, já que lá ela poderia brincar e eu poderia conversar um pouco com Castle. Assim que nós chegamos no parque a ruiva correu pela grama até os brinquedos e eu e Castle ficamos para trás, andando juntos. Sinto sua mão segura a minha e nós seguimos até um banco, onde ficava perto o bastante para olharmos Alexis e longe o suficiente para conversarmos.

— Você está calado. – quebro o silencio entre nós.

Sinto seu olhar sobre mim, mas permaneço olhando para frente.

— Só fiquei assustado... não me intenda mal, dois bebês parece incrível, principalmente para quem sempre pensou em ter uma família grande. Mas eu fico preocupado com você... com o que pode acontecer.

— Eu sei... – olho para ele. – eu também estou. Mas acontece que eu não posso passar a minha gravidez inteira preocupada pensando se eu vou ou não conseguir levar até o fim. Eles sentem, sabia? E eu não quero que meus filhos pensem que eu não os amo, porque eu amo eles. Amo muito.

Castle abre um sorriso tímido lindo.

— São dois. – ele toca minha barriga por cima da blusa.

— Nós vamos dar conta, né? Quer dizer... quando eles nascerem e tiverem chorando a noite inteira e sujando todas as fraldas e depois correndo pela casa e quebrando as coisas, riscando as paredes e rasgando nossos livros... – falo rápido e Castle me interrompe.

— Nossos filhos vão ser tão terríveis assim? – ele faz um careta.

— Não sei, mas você tem cara de quem não era nada fácil quando criança, e se um deles puxar a você vai ser bem complicado, mas se forem os dois.... nós estaremos ferrados.

— Kate nós vamos tirar de letra, fica calma. – ele segura minha mão.

— Como você pode ter tanta certeza?

— Porque somos eu e você. Nós sempre damos um jeito em tudo... e também temos uma ajudinha. – ele olha para frente vendo a ruiva descer feliz pelo escorregador.

— Alexis é um pequeno furacão que não cansa nunca.

— Por isso mesmo. – ele rir. – a gente deixa ela brincar com eles, e aposto que eles vão cansar em menos de dez minutos. Fica tranquila, amor. – ele me olha. – nós vamos ser demais.

Castle beija meu rosto e me puxa para perto dele, me aquecendo do vento que começava a ficar frio.

1 SEMANA DEPOIS.

KATE.

— Pronto. – Castle se aproxima sorridente e senta ao meu lado no sofá. – falei com aquela arquiteta que vimos na internet e ela vai está a nossa disposição para fazer o quarto dos bebês

Deixo meu livro de lado e me volto para ele.

— Castle nós nem sabemos o sexo ainda. – ele joga os combros e põe a mão em minha barriga que já começava a ficar visível e bem notável a qualquer distância. Por isso estou usando uma camisa de moletom de Castle, que era folgada o suficiente para mais ninguém perceber e quente o suficiente para me aquecer nesse dia frio.

— Não importa. Nós temos quer montar o quarto dos pontinhos de qualquer forma, e decidimos que seria ela a arquiteta, então só quis garantir. – ele me olha um segundo e sorrir. – sua barriga cresceu mais de ontem para hoje.

— Você sabe que eu adoro quando você faz carinho na minha barriga, mas se continuar fazendo isso aqui a Jenny vai perceber e adeus nossa surpresa.

— Ah, e você acha que vai conseguir esconder essa barriguinha amanhã? Meu amor, qualquer um dos seus vestidos extremamente colados vai deixar aparente sua gravidez. – ele abre um sorriso malicioso. – mas você vai ficar linda e sexy, então eu não vejo a hora de te ver...

Eu rio e reviro os olhos.

— Eu comprei um vestido folgadinho para amanhã, então tira essas ideias pervertidas da cabeça.

— Droga. – ele resmunga e volta sua atenção para minha barriga. – eu acho que vão ser dois meninos. – ele solta fazendo eu largar o livro novamente.

— Você acha ou você quer que seja? – arqueio uma sobrancelha e ela joga os ombros como não quer nada.

— Os dois? – ele pergunta na dúvida e eu rio. – seria legal, né? Três meninos para te enlouquecer.

— Três?

— Sim. Eu, Roy e Taran.

— TARAN?! – minha voz sai alta. – meu filho não vai se chamar Taran, muito menos Roy. Isso é nome de cachorro Castle.

— Achei que você ia gostar, você é veterinária.

— Mas meus filhos não são bichos. – sussurro firme.

— Tudo bem amor, não precisa se estressar. – ele se inclina para conversar com os bebês. – a mamãe é muito nervosa. – ele beija minha barriga e me olha. – que tal Timóteo?

— Não. – respondo rápido e pego meu livro novamente. – e nós já combinamos que eu vou dar a palavra final sobre o nome dos bebês.

— Enquanto isso eu vou continuar dando ideias. Um dia você se acostumar em chamar nosso filho de Gerson.

— Castle! – o repreendo e ele rir, me beijando em seguida.

Ouço a campainha tocar e antes que eu possa pensar em levantar, Alexis desce as escadas correndo e gritando repetidamente “eles chegaram, eles chegaram”. Meus tios chegavam hoje para passar o natal com a gente, onde nós finalmente contaríamos que estamos esperando um filho. Bom, dois.

Nesses últimos dias eu conversei muito com a Alexis sobre a chegada deles e como eles eram importantes para mim. Como meus tios cuidaram de mim quando meus pais se foram e que eles eram a minha única família antes de eu conhecer Castle e a ruiva chegar na minha vida. Alexis ficou animada em conhecer meus tios, principalmente depois que falou no telefone com tia Thereza e ela prometeu fazer a torta de chocolate de sobremesa no natal, coisa que Alexis adora.

Me levanto do sofá e a ruiva se aproxima de mim, ofegante.

— Eles chegaram, mãe. – eu rio e acaricio seus cabelos.

— Eu sei, vamos abrir a porta.

— Eu acho. – ela se adianta e corre até a porta. Castle e eu chegamos logo depois, mas meus tios já estavam cumprimentando a menina.

— Você é a famosa Alexis. – minha tia diz se abaixando na frente da menina, que balança a cabeça confirmando. – eu não sei o que papai noel vai trazer para você, mas olha o que eu trouxe. – ela entrega um embrulho.

— Nossa, obrigada. – Alexis pega o presente e abraça minha tia, que não esperava. Em seguida cumprimenta meu tio Robert e vai para sala correndo para abrir seu presente.

Eu quase posso imaginar no próximo natal mais duas crianças começando a andar e abrindo os presentes no chão da sala junto com Alexis.

— Oi minha querida. – minha tia abre os abraços para me receber. – estava com saudade.

— Eu também tia. – me afasta sorrindo para ela e vejo meu tio sorridente logo atrás. – Oi tio. – abraço ele apertado.

— Você está diferente Katie. Parece mais feliz, e com certeza está mais bonita. – ele sussurra.

— Eu estou muito feliz, tio. Muito. – me afasto sorridente e olho para Castle, parado logo atrás de mim com um sorrido tímido no rosto. – bom, isso deveria ter acontecido bem antes, mas... Castle esses são meus tios, Thereza e Robert. Tios, esse é Castle... – eu o olho. – o amor da minha vida.

— Já ouvi falar muito de você, Castle. – tio Robert começa, cumprimentando o meu moreno.

— Kate também já me falou bastante de vocês, e é um prazer finalmente conhece-los e um honra poder ter vocês conosco no nosso primeiro natal em família.

— MÃE OLHA O QUE EU GANHEI. – olho para Alexis que vinha com dois patins rosas nas mãos. Eu reconhecia bem aqueles patins, eram meus. Rosas e com borboletas. As rodinhas eram novas, mas ainda assim era o meu patins.

— Como? – olho para minha tia.

— Você entrou na adolescência e deixou muita coisa de lado, sua mãe pediu para eu guardar algumas porque você queria jogar tudo fora. – eu sorrio lembrando da minha fase meio rebelde. – estava arrumando o depósito esses dias e encontrei. Mandei dar arrumar um pouco para ficar mais seguro para Alexis, mas acho que ela gostou.

— Não é lindo, mãe?

— É sim, meu amor. – me abaixo segurando o objeto. – E quer saber? Eles eram meus quando eu tinha sua idade, e agora são seus.

— Você ainda sabe andar? – eu rio nervosa. Provavelmente eu cairia assim que subisse nesse patins.

— Não. Mas eu me lembro bem de como meu pai me ensinou e posso te ensinar.

— Agora? – seus olhos brilham.

— Não, agora não. – respondo rindo. – depois, ok? Vamos instalar primeira meus tios e depois almoçar, ok?

Alexis balança a cabeça.

— Obrigada, tia Thereza. – mais uma vez Alexis abraça minha tia a deixando surpresa e volta para a sala admirando seu novo brinquedo.

— Obrigada por isso. – aponto para a menina quando me viro para minha tia. – ela adorou.

— Não me agradeça por isso. – ela me puxa para um abraço. – e eu estou feliz por você. – sussurra como se soubesse de algo.

Eu me afasto e olho nos seus olhos. Sim, ela sabia de algo. Será que ela sabia da gravidez? Ou pelo menos desconfiava? Bom, em todo caso eu não tocarei no assunto até amanhã a noite.

— Vamos subir? – Castle quebra o silencio. – preparamos um quarto para vocês. Acho que estão cansados e querem um banho, certo?

Meus tios concordam e nós subimos com eles. Alexis veio junto e fez questão de apresentar o andar inteiro, desde seu quarto até o futuro quarto dos bebês. Quase que ela deixou escapar que seria “o quarto dos meus irmãozinhos”, igual ela gosta de falar, mas Castle interrompeu dizendo apenas que esse quarto estava pronto para ser reformado.

Estava ficando difícil para a ruiva guardar esse segredo. Nós combinamos que não contaríamos a ninguém até o natal e ela pareceu entender, mas Alexis gosta tanto de falar, que as vezes fica difícil. Principalmente esse segredo. Ela está tão animada com a chegado dos irmãos que seria capaz de sair gritando pela cidade para qualquer um que passasse que seria a irmã mais velha.

Nós tínhamos preparado o quarto de Martha para meus tios, já que a ruiva que tinha se mudado para a casa de Jackson. Me lembro bem desse dia porque Alexis não saia de perto da avó até o momento que ela teve que ir. Parecia que Martha voltaria para Nova Iorque e nunca mais se veriam, mas a ruiva se mudou para uma casa próxima a nossa e vinha aqui todos os dias.

♦♦♦

— Alexis é um amor. – minha tia comenta começando a desfazer as malas. Meu tio e Castle tinham ido olhar os cavalos, já que fazia tempo que tio Robert não vinha aqui.

— Ela é. – concordo abrindo um sorriso de ponta a ponta. – Alexis é uma criança ótima e que se apega fácil. Ela gostou da senhora desde que se falaram pelo telefone, e agora já está te chamando de tia. – sorrio ainda mais. – espero que não se importa.

— Claro que não, Katie. – ela me olha como se o que eu disse fosse loucura. – você é a mãe dela, e eu sou sua tia, então sou tia dela também. E seu tio está tão encantado que está se considerando avô da menina.

Eu rio. Era fácil imaginar meu tio como avô, mesmo não tendo filhos.

— Então... de quantas semanas você está? – ela pergunta casualmente enquanto tira mais roupa da mala.

— O quê? – pergunto confusa.  Ela sabia! Como?

— Eu não sou boba, Kate. – ela me olha sorrindo. – eu te conheço, sei que esse brilho nos seus olhos não é só porque você está feliz com o amor da sua vida.

Me sinto corar. Há muito tempo eu não fico tão envergonhada como agora. Contar para minha tia que estou grávida é a mesma coisa que contar para a minha mãe, e não importa a idade, sempre ficamos nervosa.

— Nove semanas. – digo baixinho.

— Meu Deus, Kate. – ela larga o que estava fazendo e me abraça forte. – eu pensei que era coisa da minha cabeça, mas você está mesmo grávida, minha querida.

— Estou. – confirmo me afastando dela e limpando o canto dos meus olhos molhados de lágrimas. – eu ia contar para todo mundo no jantar amanhã, mas já que a senhora descobriu...

— Kate, eu estou tão feliz por você. – ela me abraça mais uma vez e logo se afasta tocando minha barriga por cima da blusa. – eu sabia que você não estava usando uma camisa do Castle apenas pelo frio... sua barriga já está grande.

E estava mesmo. Desde que descobrimos que eram dois bebês, minha barriga resolveu crescer do dia para a noite. As roupas que eu usava antes estavam ficando apertadas e eu estava cada vez mais confortável nas roupas largas de Castle.

— É mais confortável. – me limito a dizer omitindo o fato de serem dois bebês dentro da minha barriga. Ela tinha que surpreender em algo no jantar também. – meu tio sabe?

— Não. Acho que ele vai ficar maluco. – eu rio. Ele realmente ficaria animado. É como imaginar dois Castle de uma vez, só que pior. Meu tio e Castle se combinam, são exagerados e dois crianças. Aposto que quando ele descobrir vai se juntar com Castle e fazer todos os planos para os bebês até a faculdade.

— Bom, vamos manter segredo por enquanto. Ele vai saber quando eu anunciar para todo mundo.

— Mas me conta, já fez consulta? O que a médica disse? – ela pergunta mudando o tom de voz para preocupado. Tia Thereza sabe sobre o meu problema para manter uma gravidez, mas mesmo preocupada, não tirou o sorriso do rosto.

Me sento na cama e começo a contar como tudo aconteceu, desde o momento que eu descobri até agora. Ela escuta tudo com atenção enquanto desfaz a sua mala e a do meu tio. Seu rosto as vezes preocupado e as vezes divertido. Dava para ver que ela estava feliz com essa minha nova fase. Era fácil falar sobre como eu estava me sentindo com tudo o que tem acontecido nessas últimas semanas.

Sobre como tudo mudou e como tudo vai mudar.

Mudar para melhor.