I Can't Love You escrita por Mrscaskett


Capítulo 74
Capítulo 74 — Pontinho.


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente!! Cap novo saindo do forno agora. Eu amei escrever cada palavra e espero que vocês consigam imaginar cada momento desse cap como eu imaginei enquanto escrevia.

Obrigada mais uma vez a todos que comentam e acompanham a história. Eu realmente estive sem tempo de responder todos os comentários, então pensando em estar mais próximo de vcs, eu criei um twitter (como muitos já vinham me perguntando se eu tinha)
Então me sigam @mrspatcfb e a gente bate um papo sempre que der.

Beijos e boa leitura ♥



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Acordei atordoado. O sol estava literalmente na minha cara. Lanie quase jogou água no meu rosto para que eu acordasse de vez. Ela só sabia falar que alto importante ia acontecer hoje, mas não falava o que. Me fez levantar de ressaca as nove horas da manhã e tomar um banho gelado.

Ela era mais mandona do que Kate e minha mãe juntas.

Quando eu saí do banho uma mochila com algumas roupas minhas estavam me aguardando. Agradeci mentalmente por quem quer que tenha tido essa ideia. Não estava a fim de vestir as mesmas roupas de ontem, elas estavam fedendo a bebida e, sinceramente, eu não queria ver uma gota álcool na minha frente.

Minha cabeça estava explodindo.

Não lembro de muita coisa da noite passada, apenas de Lanie e Esposito aparecerem no bar e me carregarem para cá. Eu queria ir para a casa da Kate, mas ninguém deixou. Quando cheguei na cozinha a mesa estava posta, mas o que me chamou a atenção foi Lanie parada, encostada na parede de braços cruzados, me encarando feio.

— Eu devo pedir desculpas por alguma coisa? – amasso minha cara com medo da resposta.

— Não. – Lanie balança a cabeça. – Pelo menos não para mim. – ela fala calma. Eu estava encrencado.

— Para quem então?

— Kate. – ela é direta. Nos encaramos alguns segundos e ela aponta a mesa. – vamos conversar enquanto comemos.

Nós nos sentamos e enquanto eu me servia, ela apenas me encarava. Aquilo estava virando uma tortura.

— Lanie, você está me assustando. O que eu fiz noite passada?

— Não se trata da noite passada e você sabe disso. – ela diz firme e eu sei exatamente do que ela está falando. Suspiro. – eu não quero saber o que vocês decidiram, se gostaram da novidade ou se você deu um show na clínica ontem. Eu não quero saber nada disso. Eu só quero te avisar uma coisa... essa gravidez não pode ser a melhor coisa do mundo para você, mas para Kate ela é. É um sonho impossível que está se realizando e você precisa estar ao lado dela.

— Eu nunca disse que não estaria! – respondo rápido. De onde ela tirou aquilo?

— Mas também nunca disse que estaria. – ela rebate. – Kate precisa de você, precisa do homem que ela ama. – ela me olha alguns segundo indecisa sobre algo e depois volta a falar. – eu não ia te falar, mas acho que você merece saber.

— O quê? – meu coração dispara. Largo a xícara de café e volto minha atenção toda para a morena a minha frente.

— Ela tem uma consulta hoje. A primeira consulta... ela me disse ontem à noite que queria ir sozinha, mas sinceramente... eu acho que ela não quer isso. Ela não consegue. Isso tudo é demais para ela.

— Mas ela não me disse nada... – murmuro pensativo. Porque ela não me disse nada?

— Claro que não. Você é o cara que não quer essa gravidez. – ela diz com um sorriso irônico que me mata. Porque o rumo dessa conversa está sempre indo para o lado de que eu não quero essa gravidez? Eu quero! É claro que eu quero. É meu filho!

— Então é isso que ela pensa? Que eu não quero esse filho? – Lanie não diz nada e aquilo foi pior do que levar um soco bem na minha cara. – Não é nada disso, Lanie...

— Não diga isso para mim. – ela me interrompe. – diga para ela. A consulta dela é nesse endereço. – ela arrasta um papel sobre a mesa. – liguei para confirmar, e é exatamente daqui a trinta minutos, então é melhor você correr.

Encaro o papel dobrados sobre a mesa antes de pega-lo e conferir o endereço. Eu li e reli as informações por incontáveis minutos, mas na verdade eu só estava tentando criar um pouco de coragem.

— Se você não for, eu vou. – saio dos meus pensamentos escutando a voz preocupada da morena. – Mas eu não deixarei ela sozinha, então me diga logo de uma vez.

— Eu vou. – a olho. – é claro que eu vou.

— Ótimo. – ela abre seu primeiro sorriso sincero do dia. – então coma rápido ou vai se atrasar.

— Eu preciso saber da Alexis... ela deve estar querendo me ver e...

— Alexis está bem, ela está com a mãe.

— Ok. – digo e sorrio nervoso encarando o papel novamente.

Será que ela vai me querer por perto?

 

♦♦♦

 

O elevador apita o sétimo andar e as portas se abrem direto na clínica. O lugar não estava cheio, apenas dois casais e uma mulher sozinha. Vou até o balcão saber se Kate já chegou e a mulher me afirma que não. Olho no relógio e falta cinco minutos para a consulta, então ela não deve demorar.

Me sento e tento me acalmar. Eu sei que minha reação de ontem não foi das melhores, e qualquer outro homem ficaria feliz em saber que seria pai, mas tudo isso é diferente para nós. Existe riscos e medos. Mas eu nunca rejeitaria esse filho, mesmo sendo difícil ele ainda era nosso filho. O fruto do nosso amor. E eu lutaria por ele!

Não demora muito para as portas do elevador se abrir e eu ver uma Kate correndo desesperada. No mesmo instante eu me levanto e vou na mesma direção. Ela parecia estar passando mal. Senti meu coração apertar ao lembrar de todas as vezes que ela passou mal sozinha sem que eu soubesse. Eu não queria que isso acontecesse de novo. Queria estar ao seu lado nas próximas vezes.

Senhor, aí é o banheiro das mulheres. O senhor não pode entrar.— escuto a voz de uma mulher atrás de mim.

— É a minha namorada, ela está passando mal... eu vou ajuda-la. – ameaço entrar, mas ela não deixa.

— O senhor não pode. – me viro para ela.

— Então entra você... ela tem uma consulta agora com a Doutora Davidson...

— Sim, eu conheço a Katherine... pode deixar que eu ver como ela estar. Mas o senhor precisa esperar na recepção.

— Tudo bem. – dou um leve sorrio e volto para a recepção, vendo de longe a mulher entrar no banheiro. Dois minutos depois ela volta. – então?

— Ela está bem, foi só um enjoo... estava ao telefone e disse que já saía. Porque o Senhor não senta, ela já é a próxima paciente.

— Ok, obrigado. – digo ainda sério. A jovem moça sorrir e volta para seu lugar na recepção.

Tento me acalmar, mas não consigo. Os minutos passavam e Kate não saía do banheiro. Eu queria vê-la, dizer que estou aqui por ela. Por nós. Queria abraça-la e dizer que eu a amo. Queria fazer tudo o que eu deveria ter feito ontem e não fiz.

— Senhor? – me viro e vejo a moça que me chamava. – A Doutora Davidson já está à espera da Kate, eu expliquei que ela se sentiu mal, mas se o senhor quiser entrar...

— Eu vou. – não deixo ela terminar.

— A esquerda, primeira porta. – ela diz e eu não perco tempo.

Entro na sala e vejo uma mulher da mesma idade da Kate sentada digitando algo no computador. Ela logo nota minha presença e me encara tirando os óculos.

— Sim? – ela me olha sem entender.

— Oi, eu sou o Castle... eu e a Kate... bom... eu sou o namorado dela... o pai da criança. – digo nervoso sem saber como agir. Ela rir.

— Richard Castle. – ela diz e se levanta. – Kate me falou de você na última consulta quando vocês começaram a namorar.

Eu aperto a sua mão e sorrio.

— Espero que ela tenha falado bem.

— Ah, sim. Primeiro fiquei sabendo do cara chato que tinha comprado o rancho, só depois fiquei sabendo dos encantos desse cara. – ela brinca e eu rio sem graça. – você precisava vê-la, parecia uma adolescente apaixonada e totalmente enfeitiçada pelo namorado.

— Vocês conversam tudo isso nas consultas?

— Não. – ela rir. – além de médica dela, somos muito amigas.

— Ela nunca me falou de você... – ela levanta a mão e mostra o dedo com a aliança.

— Casei a poucos meses e estou morando fora, mas venho sempre para ver meus pacientes. Ela deu sorte de eu estar aqui essa semana. Onde ela está?

— Está no banheiro, mas já vem. – sorrio. – será que podemos conversar enquanto isso?

— Claro, sente-se. – ela aponta a cadeira e volta para seu lugar. – você tem alguma pergunta que não quer fazer na frente dela?

— Sim. Mas você pode não querer responder como médica então... de namorado para a amiga da minha namorada... qual o real problema da Kate?

Meu coração dispara e minhas mãos soam. Eu nunca soube o que realmente impedia a Kate de engravidar, apenas aceitei o fato de que era perigoso e que eu não queria perde-la.

— Como assim? – ela apoia os cotovelos na cadeira e entrelaça os dedos, em encarando.

— Eu sei que ela tem uma dificuldade para engravidar e sustentar essa gravidez até o fim, mas ela nunca me disse qual o real motivo. É alguma coisa grave?

— Bom, como a amiga da sua namorada eu posso dizer que depois do acidente ela passou por algumas cirurgias. Ela estava grávida e não sabia, ela passou muito tempo sem ajuda. A cirurgia foi complicada e Kate teve algumas infecções...

— Como você sabe de tudo isso?

— Eu tenho uma cópia do prontuário do hospital. – ela dá um leve sorriso. – olha, não vai ser fácil, mas não é impossível. O problema da Kate é complicado, mas com tratamentos a gente podia tentar dar uma chance maior a esse bebê. Mas agora já aconteceu e nós vamos fazer de tudo para manter a gestação até o fim, ok?

Balanço a cabeça. A firmeza em suas palavras fez com que a agonia que eu sentia dentro de mim diminuísse. Ela gostava da Kate, eram amigas, e eu sabia que ela faria tudo para Kate ficar bem. De repente a porta se abre e o sorriso da mulher a minha frente aumenta, me viro e vejo Kate parada na porta. O leve sorriso que tinha em seu rosto se desfaz assim que me ver.

— Castle? – sua voz é assustada e falha. Ela estava realmente surpresa em me ver ali.

— Oi, Kate. – dou um leve sorriso.

Seus olhos estavam fixos em mim. Ela ainda estava parada na porta segurando a maçaneta. Será que ela não gostou de me ver ali? Ou simplesmente não esperava?

— Kate, entre... – escuto Erica falar, mas não consigo desviar meu olhar dela. Ela estava pálida e com uma cara não muito boa. Minha preocupação só aumenta. – eu estava aqui conversando com seu namorado... – Erica fecha a porta atrás de Kate e ela finalmente sai do seu transe. – como está tudo?

Kate senta na cadeira ao meu lado e eu ainda não consigo tirar os olhos dela. Nós tínhamos tanto o que conversar. Ela dá um leve sorriso para a amiga.

— Estão bem. – ela olha a médica. – ótimas, na verdade.

— Você passou mal... não estão bem. – digo e sinto o peso de seus olhos me repreender.

— O que tem sentido Kate?

— Enjoos, só isso. Totalmente normal para uma mulher grávida.

— Isso não é normal! – protesto.

— Na verdade, é sim. – Erica intervém. – algumas mulheres não sentem nada, já outras sentem esses enjoos... alguns leves e outros nem tanto, mas passa.

— Quanto tempo? – Kate pergunta e eu vejo que ela está odiando essa parte.

— Depende. As vezes dura até o fim do primeiro trimestre, mas algumas sentem durante toda a gestação.

— Você não vai me fazer passar por isso por nove meses. – ela fala olhando para a barriga. Foi a cena mais linda que eu já vi na vida. Meu filho estava recebendo sua primeira bronca e ainda assim era lindo. Pareceu tão natural, como se ela já estivesse acostumada a conversar com ele desde sempre.

Sorrio e penso em quando eu vou ter a chance de fazer o mesmo.

— Bom, antes de tudo eu quero fazer seu exame, ok? – Kate assente. – eu vou preparar a sala, você sabe onde se trocar.

Erica avisa e entra numa porta que ficava dentro de sua sala. Kate permanece parada. Eu me viro e fico encarando seu perfil. Eu sei que ela tem perguntas, mas aqui não era a hora e nem o lugar. Eu só precisava que ela soubesse que eu estou aqui. Com meus medos e mágoa, eu estou aqui. Por ela. Por nós.

— Ei... – seguro sua mão que estava tremendo levemente. Kate vira o rosto e eu vejo que ela estava prestes a chorar. – eu estou aqui. – aperto sua mão.

Kate balança a cabeça e respira fundo antes de levantar. Mesmo sem saber o que fazer, eu a acompanho até um pequeno espaço dentro da sala fechado com cortinas. Nós entramos e eu a vejo se despir. Não tinha nada sexual, mas ela ainda conseguia ser a mulher mais linda do mundo.

— A Lanie te contou não é? – ela pergunta se virando para que eu fechasse a camisola típica de um hospital. Eu balanço a cabeça.

— Você deveria ter me dito... eu nunca perderia essa consulta. – murmuro.

— Eu não sabia se você queria vir... entre não contar e receber um não eu preferi não falar nada. – eu a viro para mim.

— Você está pensando um monte de coisa, eu sei... mas eu quero te pedir uma chance para gente conversar sobre tudo isso.

Eu encaro seus olhos verdes molhados, mas não fala nada. Aquilo parte meu coração. Não seria nada fácil me desculpar com ela, mas eu não desistira.

— Vamos... a Erica deve estar nos esperando. – ela tenta passar por mim, mas eu a seguro.

— Kate... – seguro seu rosto entre minhas mãos. Nossos olhos se encontram e eu tenho vontade de abraça-la. O verde molhado a minha frente me tem por inteiro. Sem reservas. Não consigo mais me segurar e apenas a puxo para meus braços, a prendendo o mais forte que posso.

Tão urgente quanto esse abraço aconteceu, os seus braços me agarram tentando ter o máximo de mim para si. Eu sentia a respiração acelerada de Kate em meu pescoço. Nossos corações batiam fortes e apressados.

Ainda era nós.

— Eu estou com medo, Rick. – meu coração se aperta ao escutar sua voz de choro.

— Eu estou aqui. – sussurro em seu ouvi e me afasto o suficiente para olha-la nos olhos. – sempre.

Limpo o seu rosto com meus dedos e dou um beijo em sua testa. Ela também estava com medo. Talvez até mais que eu. Nesse momento ela precisava de mim. Eu tinha em meus braços uma Kate frágil e indefesa, e eu nunca tinha a visto assim. Minha vontade era de mantê-la aqui, agarrada a mim, e protege-la de todo o mal possível.

Quando finalmente estávamos prontos, saímos e entramos na sala ao lado por uma porta dentro do consultório. Kate se deitou na mesa de exames e, automaticamente, procurou minha mão.

— Kate você vai sentir uma pressão. – Erica fala e Kate aperta os olhos, segurando minha mão firme. Tudo fica no mais absoluto silencio. Eu olhava para aquela tela pequena esperando ver meu filho e não entendia nada, mas o sorriso que surge no rosto da médica me faz sorrir também. – você está no início da gestação, seis semanas. – ela olha para Kate que sorrir.

— E ele está bem? Porque eu não escuto o coração? Eu vou escutar o coração? – ela começa a falar rápido demais e eu a interrompo.

— Ei, calma... ela começou a fazer a ultrassom agora. – acaricio seus cabelos e ela suspira.

— Só estou ansiosa. – nós voltamos a atenção para a pequena tela.

— Está vendo isso aqui? – a médica aponta na tela.

— Esse pontinho pequeno? – estreito os olhos para ver melhor e ela rir.

— Exatamente. Esse pontinho aqui é o filho de vocês.

Minha expressão muda e eu não consigo mais tirar o olho da tela. De repente tudo se torna tão real. Tão maravilhoso. Olho rapidamente para Kate e a vejo praticamente chorando olhando fixamente para o nosso pontinho.

— Ele está bem? Os dois estão bem? – pergunto com minha voz um pouco embargada.

— Os dois estão ótimos. – ela sorrir. – a gravidez continua sendo de risco, mas eu não vejo motivos para se alarmar agora. Ele está no tamanho normal para o tempo de gestação.

— Nós vamos ouvir o coração dele? – Kate pergunta saindo de seu transe.

— É difícil ouvir o coraçãozinho dele agora, mas eu vou tentar.

Olho para Kate e a vejo de olhos fechados e algumas lágrimas caindo. Aquilo era um sonho para ela e eu não acredito que quase estraguei tudo. Quase deixei o meu medo estragar tudo. Mas agora eu já sabia exatamente o que fazer.

Um barulho alto nos faz voltar a realidade. Kate vira o rosto na direção da tela assustada e eu encaro a médica. Erica ficou em silencio e o barulho só se tornou mais alto.

— Estão ouvindo? É o coração do filho de vocês. – ela diz feliz. – está fraco ainda porque ele só tem seis semanas, mas é perfeitamente normal.

Eu respiro aliviado e ao mesmo tempo emocionado. Kate estava carregando um filho meu, como eu sempre quis. Era um barulho lindo que não fazia sentido, mas ainda assim enchia meu peito de amor por um bebê que ainda nem conheço. Agora nós temos um pontinho em nossas vidas que em breve vai crescer e nos fazer ainda mais felizes.

Olho para Kate quando escuto seu primeiro soluço. Ela tapa o rosto com as duas mãos tentando esconder seu rosto, mas seu corpo tremia pelo choro que estava saindo livre. Escuto a médica dizer algo sobre nos deixar a sós, mas minha atenção estava totalmente em Kate. Ouço a porta se fechar atrás de mim e finalmente estávamos a sós. O barulho do coração do nosso pontinho parou e só se escutava o choro de Kate, que parecia estar guardando isso a muito tempo.

Seguro suas mãos e, devagar, vou tirando elas de seu rosto molhado.

— Rick, me deixa chorar... – ela pede com a voz embargada.

— Mas eu não vou te pedir para parar de chorar. – digo e ela me olha surpresa. – eu só quero que nós dois choremos juntos. Nós escutamos o coração do nosso filho, Kate. – digo sorrindo e sinto meus olhos se encherem ainda mais de lágrimas.

— Sim, nós escutamos. – ela confirma e as lagrimas voltam a rolar por seu lindo e delicado rosto. Queria coloca-la em meus braços e aperta-la até ela se sentir segura, e foi exatamente isso que eu fiz.

Não me importei se estávamos bem ou não. Tudo o que importava agora era esse pequeno pontinho em seu ventre. Kate esconde o rosto em meu pescoço e chora descontroladamente. Sussurro o quanto eu a amo enquanto acaricio seus cabelos, mas isso só a faz chorar mais. Ela precisava saber que eu não iria a lugar nenhum, precisava sentir que eu sempre estaria aqui. Por ela e por nosso pontinho.

 

KATE.

 

— Então, como está? – Erica pergunta sorrindo enquanto me entrega uma caixa de lenços.

Podia apostar que meus olhos estavam inchados de tanto que chorei. Castle e eu ficamos um bom tempo na sala de exames antes de voltarmos para o consultório. Confesso que o ver aqui no começo foi estranho, não esperava por ele. Mas foi melhor do que eu imaginava. Se ele não estivesse aqui eu realmente nunca o perdoaria.

Castle segurou minha mão e me abraçou nos momentos certo. Disse as palavras que eu precisava ouvir e isso só me faz ter mais certeza de que ele é o homem da minha vida. Que nós vamos conseguir enfrentar tudo isso, juntos. Sempre juntos.

Enxugo meus olhos que ainda transbordavam e sorrio agradecida. Castle ainda segurava minha mão, ele não soltou nem por um segundo, nem quando eu tive que vestir minha roupa novamente.

— Se toda vez que eu vier aqui for assim eu vou acabar seca de tanto que eu vou chorar. – brinco e Erica rir.

Ela era minha médica desde que terminei a faculdade e voltei para aqui e cuidar da clínica. Logo que comecei a namorar com Castle eu a procurei para fazer alguns exames e me prevenir de qualquer possível gravidez. Além de médica nós éramos amigas, muito amigas, mas acabamos nos distanciando quando ela casou e resolveu morar fora. Agora ela só ficava na cidade uma semana por mês para cuidar de seus pacientes. O que era uma pena, eu sinto falta da nossa amizade.

— Então... – começo. – eu sei que essa é a parte ruim da consulta. Será que podemos ser o mais direta possível?

Erica fica séria e concorda.

— Kate, você sabe melhor do que ninguém que engravidar seria um risco. Eu te falei de alguns tratamentos que a gente podia tentar, mas você não quis nem discutir sobre isso.

— Eu sei, me desculpe... – peço envergonhada. Eu já estava acostumada com a ideia de que nunca teria filhos, que nunca engravidaria. Mas foi só conhecer Castle e ver o seu desejo por uma família que eu comecei a sonhar com tudo isso.

— Você não precisa se desculpar, Kate. Estar grávida não é ruim. – Erica me dá um sorriso que me acalma.

— Quais são as recomendações? – Castle se manifesta.

— Bom, como eu falei lá dentro não tem nada errado com o bebê. Ele está bem, vocês estão bem. – ela aponta para mim. – mas você precisa se cuidar. Eu vou passar alguns remédios para você, e eu preciso que você se alimente melhor. Você perdeu peso nesses últimos dias?

— Acho que um ou dois quilos nas últimas semanas. Eu tenho passado muito mal. – digo e vejo Castle suspirar ao meu lado. Evito de olha-lo. Ver o olhar culpado que ele tinha acaba comigo. Eu sei exatamente como ele está se sentindo. Culpado e incapaz.

— Ok, então toda vez que você não quiser comer eu quero que você pense em seu filho. Ele precisa se alimentar. – eu balanço a cabeça.

— Eu vou cuidar disso. – Castle diz apertando minha mão.

— Ótimo, temos um pai participativo. – ela brinca e eu olho para Castle. É impossível segurar o sorriso que surge em meu rosto. Ele seria um excelente pai, e eu não tenho dúvidas de que ele cuidaria muito bem de mim. – fora isso eu vou precisar que você faça alguns exames. Eu quero te ver a cada duas semanas para ver como estão as coisas.

— Mas você mora fora e...

— Não importa. – ela me interrompe. – virei apenas para te ver. Eu quero garantir que sua gravidez seja a melhor possível.

— Obrigada. – murmuro e seguro sua mão por cima da mesa.

— Me agradeça se cuidando e me obedecendo. Nada de pegar peso, sem estresse e fortes emoções. Esforço físico? Nem pensar. Eu quero que você descanse.

— Sexo?

— Castle! – eu o repreendo com o olhar na mesma hora e Erica rir.

— Essa é uma questão bastante comum aqui no consultório, não se preocupe. – ela diz e eu começo a ficar vermelha. – sexo normal, nada radical, está liberado. Só sejam cautelosos nessas primeiras semanas, ok? Algumas mulheres não se sentem bem, então conversem e vejam como se sentem melhor. Se algo te incomodar Kate, pare na hora. Se houver algum sangramento me ligue. Eu vou te dar o número de um médico que mora aqui, ele é meu amigo e obstetra, vou dividir o seu caso com ele, então se sentir dores, corrimento... qualquer coisa, ligue para ele e vá para o hospital, ok?

— OK. – pego o cartão de visitas com o nome do médico. – obrigada Erica...

— De nada. – ela abre um sorriso amável. – você e seu bebê vão ficar bem. Não tem motivos sentir tanto medo.

Nos despedimos com um abraço e eu saio da sala acompanhada de Castle. Totalmente diferente de quando cheguei aqui, eu estava confiante. O medo ainda estava dentro de mim, mas não me assustava como antes. Nós entramos no elevador e o silencio se instalou. Ele ainda segurava minha mão, mas olhava fixamente para a cabeça de uma mulher a sua frente. Sorrio. Ele estava nervoso e isso o deixava lindo.

Caminhamos pelo estacionamento ainda em silencio e só quando paramos em frente ao meu carro ele me encara. Seus olhos não estavam tão azuis como costumavam estar. Permaneço séria enquanto o encaro, e eu sei o quanto isso é torturante para ele.

— Alexis quer que a gente almoce juntos, hoje. – quebro o silencio que já estava começando a me incomodar.

— Eu posso pega-la na escola e a gente se encontra no restaurante. – ele olha para o relógio em seu pulso. – já está quase na hora dela sair.

— Acho uma boa ideia, mas nós precisamos conversar primeiro. Eu não vou aguentar ficar sentada ao seu lado fingindo que está tudo bem para nossa filha. Ela é bem mais esperta do que imaginamos.

Castle abre um sorriso lindo e eu quase tenho vontade se sorrir também.

— O quê?

— Você nunca se referiu a Alexis como nossa filha. Parece mais real agora. Nós já temos uma filha e vamos ter mais um agora... – o sorriso surge em meu rosto. Aquilo era a verdadeira definição de felicidade. Nós estávamos construindo nossa família como tanto sonhamos. – Kate me desculpa...

— Aqui não. – eu o corto. – vai buscar a Alexis na escola, ela está morrendo de saudade de você. Depois vocês podem ir para a clínica... eu peço para Lanie ficar com ela enquanto a gente conversa.

— Tudo bem. – ele murmura e coloca as mãos nos bolsos enquanto me encara. – eu queria te beijar... – ele confessa tão baixo que eu mal posso escutar.

— Castle...

— Eu sei, eu sei. Nós não estamos bem e você provavelmente deve estar com muita raiva de mim, mas eu estou com saudade. – sua voz fica mais suave no fim. – e eu também estou com medo de que você queria um tempo de nós, então eu queria te beijar para saber se você ainda me ama como antes. Eu te decepcionei com a minha reação, eu sei. Eu só queria...

Calo sua boca com um beijo. Castle demora a reagir, mas logo coloca suas mãos em minha cintura. Com minhas duas mãos em seu rosto eu o seguro firme enquanto eu provo os lábios que tanto me fizeram falta durante a noite passada. Puxo seu lábio inferior e o acaricio com minha língua fazendo Castle soltar um pequeno gemido. Encerro o beijo e abro os olhos.

Ainda estávamos próximos.

Sua respiração batia contra meu rosto.

— Eu não vou a lugar nenhum e espero que você também não. – murmuro em seus lábios.

— Eu também não vou. – ele diz e me puxa para um abraço apertado.


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