I Can't Love You escrita por Mrscaskett


Capítulo 73
Capítulo 73 — Você está grávida! / E você está bêbado.


Notas iniciais do capítulo

Oláaa, como estão?

Muito feliz com os comentários de vcs. Como todos desconfiavam Kate está mesmo grávida *-* e agora nossa história começa a fica mais família que nunca, mais apaixonante que nunca e, claro, mais tensa que nunca.

Preparem-se para os próximos capítulos!!!

Agradeço muito o apoio de vocês e estou fazendo de tudo para escrever mais e postar mais para vocês ♥

Aproveitem o cap e boa leitura :)



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CASTLE.

Tudo pode estar bem em um momento, mas no segundo seguinte tudo pode desmoronar.

Você pode estar vivendo o momento mais feliz de sua vida agora, mas de repente você vai estar vivendo um pesadelo.

A verdade é que tudo pode mudar em uma fração de segundos, e eu sei disso mais do que ninguém. Eu tinha uma mulher linda e saudável num dia, e o outro ela tinha câncer. Eu a tinha em meus braços um segundo e no outro ela estava morta. Eu era feliz e depois meu mundo caiu. Estava no fundo do poço e fui tirado dele. Eu vi a luz de novo e agora parece que ela estava se apagando e eu estava entrando no meu buraco escuro novamente.

Agora eu estava feliz e novamente estava tudo mudando. Para bom ou para ruim? Eu não sei. Mas tudo estava prestes a mudar e eu não acredito que Kate escondeu isso de mim. Ela estava grávida e escondeu de mim. Tudo o que eu mais pedi foi que ela não mentisse, não escondesse nada. Ela sabia o quanto eu fiquei magoado por ter sido colocado de lado na doença da Gina, e agora ela faz a mesma coisa.

Kate estava me deixando de lado, assim como a Gina.

Eu vi o exame jogado no chão, perto da lixeira, no nosso banheiro. Vi a palavra “pregnant” estava escrita nele e meu coração parou por longos segundos antes de voltar a bater e eu ter consciência do que estava acontecendo. Eu não podia acreditar que ela descobriu que estava grávida e não me contou, mesmo depois de eu insistir tanto. Eu sabia que tinha algo errado, mas nunca imaginei que Kate estaria grávida.

Como isso foi acontecer?

Começo a sentir uma raiva se espalhar pelo meu corpo. A quanto tempo ela sabia? A quanto ela pelo menos desconfiava? Porque ela não me contou nada? Como isso pôde acontecer? Nós conversamos sobre ter filhos e aumentar a família, mas não decidimos nada. Nós iriamos a uma consulta, mas eu adiei o máximo que pude com medo do que nós descobriríamos. Mas agora já aconteceu. Ela estava grávida e meu mundo estava prestes a mudar mais uma vez.

Se isso é bom ou ruim? Eu não sei e tenho medo de descobrir.

— Você achou... – ela sussurra e se encosta na beira da mesa de sua sala. Por um momento pensei em ir até ela e segura-la. Kate estava pálida e isso me preocupava, mas a raiva que eu sentia me impedia de me aproximar.

— Eu achei. – digo seco. – a quanto tempo você sabe?

— Descobri hoje. – ela fala baixo e eu me controlo para não explodir.

Eu pensei que saber o porquê de tudo me ajudaria, mas eu estava errado.

— Quando você ia me contar?

— Quando eu tivesse certeza. – seus olhos começam a se encher de lágrimas. – Esses testes podem ser falsos, não queria fazer disso uma grande coisa antes de saber se era verdade.

— A quanto tempo você desconfiava?

Eu estava tentando me controlar e estava conseguindo. Minha voz saia extremamente calma, disfarçando perfeitamente o turbilhão de emoções que eu sentia dentro de mim.

— Eu venho sentido enjoos há algum tempo... sempre ao acordar ou depois do café...  às vezes no fim da manhã. Não cogitei estar grávida até perceber que estava atrasada.

— Você tem sentido enjoos quase todos os dias... – concluo e ela confirma com a cabeça. – e você não pensou em me contar? – minha voz saí um pouco mais alta dessa vez e ela fica calada. – você não pensou nisso mesmo sabendo que eu detesto ser deixado de fora de qualquer coisa?!

Kate permanecia calada me encarando. Aquilo era pior do que ouvi-la dizer que não. A vejo limpar um lagrima em seu rosto e fungar, ela também estava se controlando para não chorar de verdade. Meu coração acelera e eu sinto a raiva querer transbordar. Aperto meus pulsos forte e prendo a respiração.

— MERDA! – esbravejo e jogo o teste de gravidez na parede. Precisava descarregar essa energia que estava em mim. Respiro fundo e ofegante evitando olha-la. Aquilo não foi o suficiente, mas consegui aliviar um pouco da pressão que eu sentia por dentro.

— Castle eu sei que você não quer essa gravidez, então porque eu iria te perturbar antes de saber a verdade? Isso só ia nos fazer sofrer mais.

— Não. – me viro para ela e balanço o dedo. Kate me olhava assustada, como se estivesse com medo de mim. – não. Não é essa gravidez que eu não quero. Eu não quero é você correndo risco de vida. Você tem noção do quanto é perigoso? Para você e para o bebê? Se você fizesse um tratamento já seria perigoso, mas engravidar sem fazer tratamento é burrice! É mil vezes mais perigoso.

Me arrependo das minhas palavras assim que eu fecho a boca. Mas agora era tarde, eu já tinha dito. Era isso que eu sentia, não posso me culpar por falar o que sinto.

— Eu não fiz essa criança sozinha! – ela fala alto e firme, me fazendo calar a boca. – você estava lá também. Você queria tanto quanto eu! – ela para e respira fundo. – não fui só eu quem esqueceu a camisinha naquela noite.

Aquela noite? – ela balança a cabeça. Kate parecia ter certeza do momento exato em que concebemos essa criança.

— Se eu estiver mesmo certa foi na primeira vez que ficamos juntos quando eu voltei de Nova Iorque.

— Eu pensei que você tomasse alguma coisa... você sempre disse que se cuidava e... – ela me interrompe de novo.

— Eu parei quando nós terminamos. – ela dá um leve sorriso culpado. – E eu não esperava você na minha porta naquela noite e muito menos que a gente fosse transar! A culpa não é minha. Eu não engravidei de propósito. Eu não sou burra a esse ponto.

Sua voz é calma, mas é carregada de mágoa pelas minhas palavras de mais cedo. Ficamos em silencio por um tempo. Só se ouvia nossas respirações pesadas. Eu queria sair dali e tomar um ar, pensar... mas não conseguia me mexer.

— Eu não disse que você é culpada. Não existe culpa nessa história... Mas eu estou magoado por ter sido colocado de lado nessa história. Eu tinha o direito de saber no momento que você desconfiou...

— Eu já disse, queria ter certeza antes de te contar.

— Você fala que queria ter certeza antes de me contar... então você já tem? Você tem certeza que está grávida e que não é só um resultado falso? – ela balança a cabeça e pega um papel em cima de sua mesa e me entrega. – o que é isso?

Pergunto já abrindo o papel dobrado. Aquele era seu exame de gravidez. Varri a folha rápido com meu olhar para onde era mais importante, e lá estava. No final da folha estava escrito POSITIVO em letras grandes. Ler essa simples palavra fez meu mundo cair novamente.

Aquilo era a prova de que tudo era real.

Kate estava mesmo grávida. Eu deveria estar feliz, dando pulos de alegria, mas tudo o que sinto é culpa e medo.

— Kate, eu preciso de um tempo... – me viro para sair e ela me chama.

— Rick! – o medo em sua voz faz com que meu peito se afunde. Eu nunca quis fazê-la sofrer, mas nesse momento eu só precisava de um tempo. Mesmo de costas eu sabia que ela estava chorando e se eu a visse assim eu não aguentaria.

— Eu só preciso de um tempo. – falo sem olha-la. – eu preciso pensar...

Saio da sala antes que eu perca o resto de coragem que eu tinha. Eu queria abraça-la e limpar suas lágrimas. Queria dizer que tudo ficaria bem, mas eu simplesmente não podia. Eu não conseguiria. Eu precisava de um tempo para pensar e organizar minhas ideias. Precisava me livrar da mágoa de ser colocado de lado antes de conversar com ela novamente. Precisava ficar sozinho. Apenas eu e meu medo.

Como isso foi acontecer comigo novamente?

O medo de perder Kate toma conta de mim. Novamente eu estou no mesmo impasse de meses atrás, correndo o risco de perder a mulher que eu amo e não poder fazer nada. Essa não seria uma gravidez fácil, e nós dois sabíamos. Eu queria muito aumentar nossa família, mas NUNCA colocando a vida dela me risco. Isso me dói. Apesar de Kate esconder suas suspeitas até agora, a culpa por engravida-la sempre será minha.

Eu fui atrás dela aquela noite. Eu não resisti e praticamente a ataquei. Fui eu quem começou tudo. Viro minha dose e faço uma careta. Já era a décima dose e eu precisava de algo mais forte. Eu sentia meus olhos arderem e não tinha vergonha de chorar aqui, no balcão do bar. Deixo algumas lagrimas caírem e nem faço questão de limpa-las. Eu não tinha mais forças para esconder minha dor.

O meu mundo estava desabando sob meus pés e eu não podia fazer nada. DE NOVO!

Meu celular apita e eu vejo uma mensagem de Kate. Estava decidido a ignorar, mas eu não resisti e li. “Peguei Alexis na aula de piano. Nós estamos no meu apartamento, eu disse que ela dormiria comigo hoje, mas sinta-se à vontade para pega-la mais tarde.” No meio disso tudo eu me esqueci completamente da ruiva. Respondo sua mensagem com um simples “OK” e desligo o celular. Não queria mais ser incomodado. Eu queria beber.

Peço outra dose e viro de uma vez.

 

KATE.

 

Alexis dormia tranquilamente em minha cama. Seus cabelos ruivos espalhados pela colcha branca e suas pernas entrelaçadas nas minhas. Fiz cafuné em seus cabelos até a menina adormecer. Eu podia ter carregado ela até o quarto de hospedes, mas eu gostava de dormir agarradinha com ela. Sinto ela se mexer e passar o braço na minha cintura, me abraçando. Aquele simples gesto inconsciente me fez sorrir. Nós não estávamos mais sozinhas. Agora eu tinha um pequeno ser crescendo dentro de mim. E eu já o amo tanto.

De repente me vi feliz. Pela primeira vez desde que descobri que estava grávida eu estava feliz. Realmente feliz. Eu estava com medo da reação de Castle já que ele sempre fugia do assunto, mas depois que ele descobriu, da pior maneira possível, eu me senti aliviada e meu coração abriu espaço para a felicidade de saber que eu seria mãe novamente.

Toquei minha barriga e fechei os olhos tentando imaginar como seria essa criança. Foi impossível não imaginar um menino exatamente igual a Castle. Os olhos azuis penetrantes e os cabelos escuros. O sorriso mágico que deixam seus olhos pequenos. E sem esperar o soluço escapara de minha garganta e o choro se rompe. A lembrança da minha discussão com Castle na minha sala hoje veio e eu finalmente me permiti chorar.

Depois que ele saiu eu fiquei mais alguns minutos parada, tentando assimilar tudo. Algumas lagrimas caíram, mas eu não chorei. Pelo menos não de verdade. Peguei minha bolsa e saí. Passei por Lanie como um furacão e depois me senti mal por não dar alguma explicação a minha amiga, mas eu precisava ver a minha filha. Cheguei mais cedo e peguei Alexis na aula de piano. Nós andamos pela praça, comemos besteira e eu vi a minha ruivinha feliz. Era tudo o que eu precisava para ficar bem.

Alexis não entendeu quando eu disse que ficaríamos em minha casa hoje. Castle não tinha dado notícias e eu queria ficar com ela hoje. Nem cogitei aparecer no rancho, Castle precisava de um tempo e eu respeitaria. Ele sempre precisa de um tempo. Ele sempre foge. Eu sei que ele está sofrendo, ele não queria isso. Castle estava chateado e com medo, e eu entendo isso. Mas será que ele parou para pensar em mim?

Será que ele pensou que eu também estou com medo?

Medo de perder esse bebê.

Medo de não ser forte o suficiente para encara a batalha que estava por vir.

Castle pensou em mim por um segundo ou só pensou nele?

Castle se fechou em seu mundo mais uma vez e eu não sei mais o que fazer. Mandei outras mensagens durante a noite, mas ele não respondeu. Eu estava começando a ficar preocupada. Suspiro cansada e resolvo dormir. Aquilo estava me matando também e eu não podia pensar só em mim, ou nele. Agora eu tinha um bebê que dependia de mim e eu precisava pelo menos tentar ser o suficiente para ele.

Fecho os olhos sentindo o sono chegar, mas fico em alerta quando ouço meu celular tocar. Estranhamente o número da Lanie aparece na tela. Já era madrugada, então ou ela estava preocupada demais comigo ou tinha acontecido alguma coisa.

— Lanie? – sussurro tentando não acordar Alexis.

— Você está grávida. – a voz grave e embolada de Castle surge. Olho a tela do celular para conferir se era mesmo o número de Lanie.  O que diabos Castle está fazendo com a Lanie essa hora? Ele está bêbado?!

— Castle?

— Sim, sou eu. – ele fala ainda mais embolado. – você está grávida!

— Sim, estou. E você está bêbado. – digo tentando não rir. Sinto um alivio no meu peito ao saber que ele estava bem. Bêbado, mas bem. E por algum motivo estava com a Lanie.

Me levanto devagar e ando até a sala. Não queria que Alexis escutasse nada agora.

— É o que os homens fazem... eles bebem para comemorar ou porque estão com medo e assustado. Eles bebem. Você sabia? Eles bebem.

Ele não estava falando coisa com coisa, mas suas palavras pareciam verdadeiras.

— E você bebeu porquê? Alegria ou medo? – a pergunta pula da minha boca e eu sinto o medo se instalar novamente em mim.

— Eu quero te ver. Eu estou indo aí. – ele tenta parecer firme.

— Me deixa falar com a Lanie, por favor.

— Nãaao. – sua voz foi ficando longe.

— Kate, sou eu. Só um minuto... – escuto a voz da Lanie e suspiro aliviada por ela está sobrea. – Javier leva ele para tomar um banho, por favor. E gelado. – ela diz distante do telefone.

— Lanie, o que está acontecendo? Porque vocês estão com ele?

— Desculpa querida. – ela fala e eu posso apostar que estava rindo de alguma coisa. – Castle estava no bar, bêbado. O dono conhece o Javier e sabe que ele trabalha no rancho, então ligou para avisar. Nós chegamos lá e ele estava muito mais bêbado do que você pode imaginar. Virando uma dose atrás da outra...

— E onde vocês estão agora?

— Na minha casa. Trouxe ele para passar a noite aqui, mas ele quer ir para sua casa.

— Não! – respondo rápido. – a Alexis está aqui, é melhor você tentar acalmar ele e...

— Castle! Você está molhando toda a minha casa. – Paro de falar e escuto ela dar uma bronca nele.

Então me deixa falar com ela. KATEEE... – escuto ele gritar distante.

— Castle vai tomar seu banho e deixa que eu falo com ela. – escuto Lanie tentar. Eu permaneci em silencio, apenas escutando apequena discussão dos dois.

Deixa eu falar com ela... eu só quero dizer que eu a amo. — ouço a voz de Espo no fundo conversando com Castle, mas não consigo entender o que ele diz. – Lanie, diz que eu estou indo para a casa dela...

— Tudo bem, eu digo... mas agora vai tomar seu banho. Você quer chegar assim lá? Quer que ela te veja bêbado?

Não... – ele murmura derrotado.— só pergunta se ela ainda me ama.

Senti meu peito doer ao escutar isso. Ele estava se sentindo culpado. Eu queria abraça-lo agora, mas ele estava bêbado e eu não queria outra discussão. Muito menos que Alexis presenciasse isso.

— Tudo bem, eu vou perguntar. – Lanie fala e tudo fica em silencio por alguns segundos. – Kate você ainda o ama? Sim, ela disse que sim. – ela fala sem me dar a chance de responder.

Escuto mais vozes do outro lado da linha, mas não sou capaz de compreender. Sinto as lagrimas descerem silenciosamente pelo meu rosto. Ele queria saber se eu ainda o amo... não consigo conter o sorriso, como ele pode ser tão idiota? Eu nunca deixaria de ama-lo.

— Pronto, ele foi tomar um banho. Eu vou dar um café e tentar deixar ele dormir. – ela fala um pouco cansada e eu sorrio. Castle dava trabalho até bêbado.

— Obrigada, Lanie...

— Não me agradeça por isso. Amanhã vocês conversam e vai ficar tudo bem.

Eu balanço a cabeça silenciosa como se ela pudesse ver esse gesto. Tento controlar meu choro e respiro fundo.

— Amanhã eu tenho uma consulta no fim da manhã. Só vou trabalhar depois, ok? – minha voz chorosa me entrega completamente.

— Tudo bem... Castle vai com você?

— Não. Eu vou sozinha.

— Kate... você não precisa fazer isso sozinha. – ela fala calma. – olha, se você não quer que o Castle te acompanhe, eu vou com você.

— Não precisa... Eu já fiz muita coisa sozinha em minha vida, mais uma não vai fazer diferença.

— Mas e o Castle? Você quer que eu conte?

— Não, eu vou fazer isso sozinha. Não precisa se preocupar. Quando eu sair da clínica eu vou trabalhar e a gente conversa, ok? Boa noite, Lanie. Obrigada mais uma vez.

Desligo a chamada sem esperar que Lanie responda. Eu sabia que ela iria me convencer de não ir sozinha e eu não queria isso. Fiquei esperando que ela retornasse, mas isso também não aconteceu. Deixei o telefone de lado e voltei para cama. Alexis resmungou algo enquanto se aconchegava em meu corpo de novo e nós ficamos assim, agarradas, o resto da noite.

Eu vi a noite ir embora e o novo dia começar. Não consegui fechar os olhos nem por um segundo depois que desliguei o telefone. Eu queria mandar mensagens e perguntar se estava tudo bem com Castle. Ele estava bêbado e provavelmente tinha dado muito trabalho a Lanie e Esposito. Com certeza Castle ficaria devendo uma para os dois, e não seria qualquer favor.

Meu despertador tocou exatamente às seis horas da manhã. Me apressei em desliga-lo para não acordar Alexis. Ela estava na semana da gincana em sua escola e não precisava chegar tão cedo. Me levantei e fui até a cozinha decidida a fazer um belo café da manhã. Eu não estava com fome, mas precisava comer. Não estava sozinha agora.

Preparei a mesa com algumas frutas e torradas que ainda tinha aqui. Por mais que eu não viesse com muita frequência para meu apartamento, já que eu praticamente me mudei para a casa de Castle, eu sempre fazia algumas compras durante a semana. Preparei a minha droga matinal e, só de sentir o cheiro, eu já estava melhor da dor de cabeça que estava sentindo.

— Ok, você não vai fazer isso comigo. – digo tocando minha barriga. Essa era a hora que eu normalmente sentia enjoos, e hoje não foi diferente. Fechei os olhos e me concentrei em não passar mal.

Mãe?— escuto a voz sonolenta de Alexis e abro os olhos.

— Oi, meu amor. – digo sorrindo e colocando o suco na mesa. – vem, o café está pronto.

A menina se aproxima e fica na ponta de pés para me dar um beijo. Eu me inclino e sou agarrada por seus dois braços finos, mas bastante fortes. Nós nos sentamos a mesa e eu fico observando a menina se servir. Ela parecia está com fome. Sorrio vendo seus cabelos bagunçados e seu rosto inchado se sono.

— Cadê o meu pai? – ela pergunta naturalmente. – ele não veio ficar aqui ontem.

— Eu disse que ele precisava de um tempo para escrever, lembra? – ela balança a cabeça. – eu falei com ele de madrugada, ele passou a noite acordado... deve estar dormindo ainda.

Eu detesto mentir, principalmente para Alexis. Mas nem tudo era mentira, ela só não precisava saber da verdade nua e crua.

— Você não vai comer? – ela pergunta me olhando desconfiada.

— Vou, claro. – sorrio e coloco uma fruta no meu prato. Eu ia me esforçar para comer pelo menos isso. Me sirvo de uma xicara de café e levo até a boca. – droga... – murmuro baixinho antes de beber o liquido quente. Coloquei a xicara em seu lugar e me servi de suco.

Quase me esqueci de que não posso tomar café. Bom, eu até posso. Mas levando em consideração que minha gravidez é de risco, eu não iria fazer nada que fizesse mal ao meu bebê. Meu bebê. Olho para Alexis brincando distraidamente em um jogo no meu celular enquanto comia. Como será que ela reagiria quando soubesse que vai ganhar um irmãozinho? Ou irmãzinha.

 

•••

 

— Mãe, a gente vai almoçar hoje? – sorrio vendo a menina distraída mexendo em suas coisas.

— Sim. Porque? – eu me viro e a olho. Tinha acabado de estacionar o carro em frente a escola dela.

— O meu pai vai? – ela desvia o olhar de suas coisas por um segundo. Seus olhos azuis podem ser tão penetrantes quanto os do seu pai.

— Não sei... mas eu vou ligar para ele e combinar tudo, ok? Agora vem cá me dar um beijo. – a menina sorrir, tira o sinto e me beija. – tchau meu amor, eu te amo. Boa sorte.

— Obrigada. Eu também te amo. – ela bate a porta do carro e corre até a entrada da escola.

— Arrasa! – grito antes que ela se distancie de vez.

Alexis era a líder de torcida do time de futebol da sua escola. Se ela ficava linda com o uniforme normal, vestida de líder de torcida ela estava ainda mais linda. Sorte dela que Castle não a viu hoje cedo, se não ele não deixaria a filha sair de casa.  Alexis estava com o cabelo preso num rabo de cavalo alto, um laço na cabeça, uma camisa verde com o nome da escola e uma saia com pregas da mesma cor. Estava linda. Simplesmente linda. Pena que eu não podia vê-la torcer pelo seu time por causa da minha consulta.

Respiro fundo e fecho meus olhos momentaneamente. Estava tentando criar coragem para ir nessa consulta sozinha e enfrentar tudo o que a médica vai me dizer. Eu sempre me preparo para o pior, mas tudo isso pode ser bem mais complicado do que se imagina. Eu sempre fui corajosa e enfrentei meus problemas sozinha, mas agora era diferente. Eu me acostumei com Castle ao meu lado me apoiando e me dando força.

Mas ele não está aqui agora.

Paro em um sinal vermelho e meu olhar cai direto para o meu celular jogado no banco do passageiro. Eu deveria ligar? Castle teve uma reação pior do que eu esperava e eu não sei se ele quer essa criança tanto quanto eu. Escuto os carros buzinando atrás de mim e continuo meu caminho. Eu precisava ser forte.

Paro meu carro no estacionamento do prédio e saio antes que me falte coragem. Meu enjoo matinal estava começando a surgir. Já eram quase dez da manhã e é nesse horário que geralmente eu coloco tudo para fora de novo. Outra coisa que eu tinha que controlar hoje.

Subir de elevador estava me matando. Nunca tive medo ou senti algo coisa quando estava em um, mas agora até no meu prédio eu subia de escadas. Respirei aliviada quando as portas se abriram e fui direto para o banheiro do andar. Passei pelas pessoas como se fosse uma verdadeira louca, mas consegui chegar a tempo. Assim que entro na cabine e me abaixo coloco todo o meu lanche para fora.

Quanto tempo isso vai durar?

Lavo meu rosto e, sem hesitar, tiro meu celular de dentro da bolsa.

— Você precisa vir. – digo de uma vez quando a Lanie me atende.

— Para onde? Você está bem? – sua voz era preocupada.

— Estou. – respiro fundo. – eu estou no banheiro da clínica. Achei que podia fazer isso sozinha, mas não posso.

— Como assim sozinha? Você está sozinha aí? Eu mato aquele desgraçado...— a última parte sai como um sussurro e eu quase não escuto.

Eu não entendi e nem fiz questão de entender o que ela dizia.

— Lanie, por favor... – imploro. – eu não sei se consigo ser racional nisso tudo, e eu preciso da minha melhor amiga.

Sinto as lagrimas se acumularem em meus olhos, mas eu os limpo quando eu vejo uma jovem entrar no banheiro.

— Katherine, você está bem?— me viro e vejo Clarisse, a secretária da minha médica. –aconteceu alguma coisa?

— Não... – sorrio. – eu só senti um enjoo, nada demais.

— Ótimo. – ela sorrir simpática. – você já é a próxima. – avisa.

— Eu já estou saindo. – dou um sorriso fraco e vejo ela sair. Me olho no espelho e volto a falar com Lanie no telefone. – me diz que você vem.

— Fica calma, você não vai estar sozinha. – ela fala firme e eu suspiro aliviada.

Eu não estaria sozinha. Eu nunca mais estaria sozinha. Passo a mão em minha barriga ao lembrar disso. Agradeço a Lanie e desligo a chamada. Dou uma leve retocada na maquiagem para que ninguém se assuste com minha total palidez. Eu estava mesmo parecendo doente com todas as minhas ânsias e a falta de apetite. Volto para a recepção e vejo Clarisse sorrindo e me dizendo que Erica já estava a minha espera.

Entro num pequeno corredor e paro em frente a primeira porta. Lanie não estava aqui ainda e eu tinha que começar isso sozinha. Eu podia fazer isso. Respiro fundo e entro na sala. Vejo o sorriso amável da minha médica e só depois me dou conta da presença de mais uma pessoa na sala.

— Castle? – minha voz falha. Ele se vira e dá um leve sorriso.

— Oi, Kate.


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Notas finais do capítulo

CASTLE FOOOOOOOOI *-*

eu pareço uma boba hauhsuha mas por mais que eu escreva a história, quando eu leio o cap pronto eu me sinto exatamente como vocês...

bjs e até o próximo ♥



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