I Can't Love You escrita por Mrscaskett


Capítulo 57
Capítulo 57 - Visita surpresa.


Notas iniciais do capítulo

Olá gente!! Quero primeiramente agradecer a cada um de vocês que comentam, aos que favoritaram e aos que recomendaram. Isso é a resposta de vocês à fic. Fizemos 1 ano de fic semana passada, eu não esqueci, mas infelizmente não tive como vir postar o cap antes.

Em um ano tantas coisas aconteceram. Eu tive muitas ideias novas com a ajuda de vocês e é por isso que nós estamos até hoje aqui. Eu amo essa fic e adoro escrever cada cap, e posso confessar que fico ansiosa para saber da reação de vocês. Obrigada a todos que me acompanharam até aqui e a todos que ainda vão me acompanhar ♥

Bom, eu não quero falar muito desse cap mas quero que saibam de um coisa: é agora que a coisa pega fogo shuashuas

Boa leitura ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/700343/chapter/57

KATE.

 

— Boa tarde. – cumprimento as poucas pessoas na recepção da clínica e caminho em direção a minha sala. Ainda estava na hora do almoço, mas eu não podia mais esperar para voltar para clínica, voltar para o meu trabalho.

Depois que Castle foi embora e me deixou sozinha naquela casa, eu resolvi ficar mais tempo por lá, refletindo sobre tudo o que ele me disse. Talvez ele estivesse mesmo certo, nós precisamos de um tempo. Mais tempo. Isso não significa que não vamos mais nos ver, ao contrário, vamos nos ver muito ainda. Eu ainda sou a veterinária do rancho, ainda tenho a Alexis e, claro, ele. Não queria perder o carinho que tenho por ele, mas nós temos que arrumar um jeito de sermos somente amigos, por um tempo. Não importa o quanto a nossa necessidade de estar um com o outro fale alto, nós precisamos desse tempo.

No fundo eu sabia que ainda estava magoada com ele, mas a culpa que eu senti quando Will me beijou tomou conta de mim e eu não consegui sentir mais nada além de culpa. Só depois da nossa discussão eu pude perceber o quanto eu ainda estou magoada com ele, e eu não posso simplesmente ignorar isso. Sua explicação do que aconteceu naquela noite não fez essa magoa ir embora e, com certeza, não diminuiu a dor que eu senti quando ele me expulsou de sua casa. Pela primeira vez desde que nos conhecemos eu senti que ele não me queria ali naquele momento. Ele me queria longe, e isso doeu.

Doeu muito.

Fiquei o resto da manhã ali, sentada no balanço da varanda enquanto o vento fresco batia contra meu rosto. De longe eu podia ouvir o barulho da cachoeira e tive que controlar a vontade de ir até lá e mergulhar naquela água fria que sempre fez eu me sentir em paz. Mas só o barulho da água caindo me acalmava. Fechei os olhos e me permiti pensar sobre as últimas semanas, sobre tudo o que fiz. Analisei cada atitude minha. Revivi cada momento, desde a última noite que estive com Castle até hoje, em minha memória. Tanta coisa mudou desde então e eu não tive tempo de pensar sobre nada disso. Eu não queria pensar. Me entreguei ao trabalho para tirar Castle da minha cabeça, mas não adiantou muito. Fingi para mim mesma que estava interessada em outro quando na verdade eu nunca senti interesse em outra pessoa que não fosse Castle, e esse foi meu pior erro. Eu não deveria ter me enganado.

Tudo o que fiz foi comparar Will com Castle, mesmo Castle sendo incomparável com qualquer outro homem. Ele é único. Eu lembrava dele mesmo quando não queria. Uma simples conversa sobre qualquer coisa me fazia lembrar dele. Uma lembrança. Um sorriso. Uma piada. Um beijo. Um abraço. Tudo. Absolutamente tudo me lembrava ele. Nessas últimas semanas eu me dei tempo para resolver toda a minha vida profissional, que ia muito bem, mas não me dei tempo para resolver meus sentimentos. Eu amo Castle e quero ficar para sempre com ele, mas, mais uma vez, ele estava certo. Eu tenho que perdoa-lo antes de tentarmos qualquer coisa novamente. Caso contrário, isso nos destruiria depois.

Quem sabe esse tempo nos deixe mais fortes?

— Ei... – Lanie me chama quando eu passo por ela. – o que você está fazendo aqui? – ela se apressa e me acompanha até minha sala.

— Eu trabalho aqui também sabia? – digo o obvio, tentando esquecer do fato de ela ter ajudado a Alexis a me trancar com Castle.

— Eu sei... – ele revira os olhos. – mas você não deveria estar aqui. Você deveria estar trancada com seu escritor bonitão, matando a saudade... sei lá, qualquer coisa, mas não deveria estar aqui.

— Não. Eu deveria estar aqui desde cedo, e não trancada com meu... – paro antes continuar e lembro que Castle não era mais meu. – com o Castle. – completo.

— Kate eu cuidei de todos os seus pacientes marcados. Então sim, era para você estar nos braços do Castle. – eu sento na minha cadeira e encaro Lanie de pé, me olhando de braços cruzados. – o que aconteceu? Vocês brigaram?

— Lanie o que deu em você para ajudar nesse plano maluco da Alexis? – mudo de assunto. – porque eu sei que isso foi ideia dela, mas você ajudou... não deveria ter ajudado.

— A menina só quer vocês dois juntos de novo, e eu também. – ela se senta de frente para mim. – como vocês saíram?

— Castle conseguiu abrir a porta com um grampo.

— Droga. – resmunga. – ele não parecia o tipo que sabia abrir a porta com um grampo. – me controlo para não rir de sua cara frustrada.

— Mas sabe. – rebato. Apesar de não concordar com a ideia de me trancar com Castle naquela casa, eu não estou brava com Lanie. Eu sei que ela e Alexis só quiseram dar um jeito na situação. No fim das contas foi bom. Castle e eu conseguimos conversar sobre o que tinha acontecido, e mesmo não nos acertando, eu sei que ele ainda gosta de mim. Que me ama. Eu só espero que durante esse tempo, ele continue me amando. – ele é um escritor e gosta de viver as experiências antes de escrever. – esclareço.

— Eu deveria ter imaginado isso. – ela resmunga novamente e dessa vez eu rio.

— É, devia. – concordo e me levanto. Vou até a cadeira ao lado dela e me sento. Lanie se vira e me olha. – eu agradeço o que vocês fizeram, mas não posso resolver as coisas assim.

— Vocês conversaram? – balanço a cabeça. – e...? – ela me incentiva. Respiro fundo.

— E que nós decidimos que precisamos de mais tempo.

— Mais? Kate vocês se gostam. Nada do que aconteceu pode impedir vocês de ficarem juntos.

— Ainda tem muita mágoa, Lanie. É difícil seguir um relacionamento quando se tem mágoa. – baixo o olhar, encarando meus dedos. – ele errou e isso me magoou, mas eu também errei. Errei muito. – volto meu olhar para ela. – eu beijei outro cara. – assumo de uma vez, sem saber de onde veio a coragem para falar sobre isso novamente. Lanie me encara em silencio, sem saber o que dizer. Eu sei que quando Lanie fica assim, é porque ela não esperava por essa atitude minha. Ela está surpresa, chocada, espantada, tudo. Começo a sentir uma agonia se agitar dentro de mim.

— Lanie fala alguma coisa, por favor. – imploro. Meus olhos começaram a marejar.

— Você beijou outro cara? – ela pergunta confusa.

— Ele me beijou. – esclareço. – mas isso não tem importância, eu me sinto culpada do mesmo jeito. Eu não fui clara o bastante quando disse que gostava de outro ou que tinha outra pessoa na minha vida. Eu deveria ter imaginado que isso iria acontecer... deveria ter impedido... – começo a me explicar rápido demais.

Lanie me escutava com atenção enquanto eu desabafava e contava como tudo aconteceu. Ela não disse nada, não sei se foi porque eu não parei de falar ou porque ela realmente não tinha nada a dizer. Mas eu tinha que desabafar com minha melhor amiga. Eu tinha que contar como eu me senti para ela me ajudar a me sentir menos culpada, porque era nisso que Lanie era boa. Sempre que eu estava paranoica com alguma coisa, ela me fazia voltar para realidade.

— E você contou para o Castle? – ela pergunta quando eu finalmente me calo.

— Sim. – pressiono meus lábios antes de continuar. – eu contei tudo, mas ele não acreditou.

— Como você sabe?

— Eu conheço ele. – me levanto e começo a andar pela sala. – eu vi nos olhos dele que ele não acreditou em mim.

— Quer saber minha opinião? – faço que sim com a cabeça. – eu acho que você não deveria ter contado. – tento falar alguma coisa, mas Lanie se apressa em continuar. – foi um beijo sem importância, você empurrou o cara... isso podia ter acontecido com qualquer pessoa Kate, não tinha como você saber que esse tal de Will ia te beijar.

— Eu nunca iria esconder isso do Castle.

— Ok, mas você escolheu uma péssima hora para isso.

— Lanie ele tinha acabado de dizer que me amava. – me viro para ela. – ele finalmente disse e ao invés de me sentir feliz eu só me senti culpada.

— Kate eu te entendo, mas vocês estavam juntos, estavam se acertando. Castle disse que te amava e você jogou essa bomba nele, você pode imaginar como ele se sentiu? Depois de tanto tempo para conseguir dizer o que sente ele descobre que você foi beijada por outro cara... até eu estaria magoada, me sentindo enganada.

— Você acha que ele se sentiu enganado? – pergunto preocupada. Não queria que Castle se sentisse assim, eu sei o quanto é ruim. Meu coração começa a se apertar dentro do meu peito.

— Meu bem, eu posso apostar que sim. – ela dá um leve sorriso tentando me consolar, mas é em vão. – mas vocês precisam conversar.

— Não dá Lanie... não agora. Nós realmente precisamos desse tempo. – suspiro cansada e me sento novamente.

— Kate você não está nada bem com essa história de tempo... eu te conheço. – fico em silencio. Eu não estava nada bem com esse tempo, eu queria Castle de volta, queria voltar aos dias em que tudo estava bem, mas esse tempo é necessário e eu preciso conviver com isso. Apesar do medo, sou que quem mais precisa desse tempo. – Porque você não fala o que está se passando nessa cabecinha? – Lanie segura minhas mãos. Eu encaro nossas mãos unidas e meus olhos se enchem ainda mais de lágrimas.

— Eu tenho medo de perde-lo nesse tempo... – assumo quando finalmente a encaro novamente.

— Vem cá... – Lanie se levanta e me puxa para um abraço apertado e o soluço sai alto da minha garganta enquanto as lágrimas descem despreocupadas pelo meu rosto.

 

CASTLE.

 

Vejo Alexis se acabar em uma taça de sorvete recheada de muito chocolate na sua frente. Ela já estava com a boca melada e aposto que seu uniforme da escola também está. Não sei explicar o quanto eu me sinto feliz em ver minha filha assim. Nós passamos muito tempo juntos nesses últimos dias, e como não quer nada, nós criamos nossa tradição semanal. Uma vez por semana eu a levo para almoçar depois da escola e ela pode comer doces a vontade de sobremesa. Era uma espécie de recompensa depois da mudança do cardápio lá de casa. Agora nós seguíamos uma alimentação mais saudável. Eu não gosto muito, mas tinha que incentiva-la. Mas hoje é diferente. Ela tinha aula até o meio da tarde e eu a peguei para um lanche e um passeio. Nós precisávamos conversar sobre o que ela fez.

Quando cheguei de frente a escola ainda faltavam quinze minutos para o sinal tocar. Fiquei esperando no carro, já que as duas loiras que normalmente puxam assunto comigo estavam paradas na porta da escola. Hoje eu não estava disposto a ficar conversando besteiras enquanto esperava. Preferia o silencio. Quando o sinal toca as crianças começam a sair. Como sempre, eu espero alguns muitos a mais até Alexis finalmente saia. A menina tinha seu próprio ritual de todos os dias. O sinal tocava, ela fechava os livros e guardava o material, se despedia da professora e ia direto para a biblioteca, onde ela entregava o livro pego no dia anterior e alugava um outro livro. Eu gosto de pensar que ela puxou esse lado de mim, eu também amava ler quando criança.

Durante o lanche Alexis me contou sobre como tinha sido na escola e alguns trabalhos que ela tinha que fazer, mas o que mais me chamou atenção foi seu novo amigo, David, de quem ela não parava de falar. Sempre era alguma brincadeira que esse tal de David tinha feito, ou um trabalho em grupo que eles fizeram juntos. Fiquei interessado nesse novo amigo – e espero que seja apenas amigo mesmo. Depois do almoço nós fomos caminhar na praça. O dia está nublado, perfeito para brincar no parque. Alexis se animou com a ideia e eu pensei que seria um bom lugar para tocar no assunto. Alexis correu e brincou nos brinquedos, fez dois amigos novos que, dez minutos depois, pareciam velhos amigos.

— Filha, você sabe porque nós estamos aqui? – pergunto enquanto caminhamos de mãos dadas até um banco. Ela estava cansada e ofegante da correria.

— Para brincar. – ela responde como se não soubesse o real motivo de estarmos ali. No fundo ela sabia, Alexis é inteligente o bastante para isso.

— Também. – respondo com um sorriso. Nós nos sentamos e ficamos de frente um para o outro. – mas eu quero conversar sobre o que aconteceu hoje cedo... sobre o que você fez.

A menina fica calada enquanto me encara. Ela bebe um gole de sua água e respira fundo.

— Eu estou de castigo? – ela pergunta depois de um tempo, visivelmente preocupada. Eu sorrio.

— Não. – balanço a cabeça. – mas você tem que entender que o que você fez foi errado.

— Mas eu só queria ajudar. Pensei que se vocês ficassem trancados iriam conversar e voltariam a namorar.

— Eu sei meu amor, e é exatamente por isso que você não está de castigo. – acaricio os cabelos ruivos. – você só quis ajudar, eu entendo... mas esse é um assunto meu e da Kate, você não pode interferir...

— Mas dá certos nos filmes. – ela lamenta e sua inocência é admirável. Para as crianças tudo pode se resolver em um passe de mágica, mas na realidade não é bem assim que funciona.

— Mas nós não vivemos em um filme. – sorrio. – eu achei bonito o que você quis fazer... acho lindo o carinho que você tem pela Kate, e o que ela tem por você também, mas infelizmente as coisas não se resolvem assim...

— Vocês não conversaram?

— Conversamos. – seus olhos começam a brilhar. – nós decidimos continuar assim... mas ainda somos amigos.

— Mas pai... – eu a interrompo.

— Alexis, lembra que esse assunto é apenas meu e da Kate, ok? – falo com carinho, mas firme.

— Mas eu queria saber porque.

— Amor, isso não é para sempre... eu e a Kate vamos nos ver todos os dias, vamos conversar e quem sabe a gente se entende?

— Você ainda ama ela?

— Amo. – assumo com facilidade. Nesse momento a única coisa de que eu tinha certeza era dos meus sentimentos.

— Você promete não arrumar outra namorada antes de conversar com a Kate? – eu rio.

— Prometo. Eu só vou arrumar outra namorada depois que você aprovar.

— Eu não vou aprovar. – ela é direta. – só a Kate, porque ela é a melhor.

Eu não tinha o que discutir. Kate era realmente a melhor, e não tinha outra mulher que chegasse aos seus pés. Não me vejo saindo com outra pessoa que não seja ela. Não vejo minha filha gostando de outra mulher que não seja a Kate. Eu a amo, é uma pena estarmos passando por tudo isso.

— OK. – sorrio. – agora vamos.

Me levanto e seguro sua mão novamente enquanto caminhamos. Eu gosto da sensação de sua mão pequena junto a minha. Me faz perceber o quanto eu tenho que proteger esse serzinho pequeno e ruivo. Alexis se tornou a razão da minha vida. O ponto mais alto dos meus dias. O motivo do meu sorriso todas as manhãs. Eu nunca pensei que pudesse amar tanto uma pessoa quanto eu a amo.

— Pai...

— Oi. – olho para baixo.

— Como vocês conseguiram sair? – ela me olha.

— Você não sabia? Eu sou o mestre das fechaduras. – brinco, fazendo movimentos de mágico com as mãos.

— Tipo um mágico?

— Tipo um mágico. – concordo animado. Eu gosto de mágica.

— Você me ensina esse truque depois? – sorrio.

— Claro.

 

KATE.

 

Saio da sala de cirurgia e vou direto para minha sala. Tudo o que eu queria agora era me sentar confortavelmente na minha cadeira enquanto a dor que eu sentia passava. Passei as últimas três horas em pé numa cirurgia de emergência. Antes eu passava bem mais tempo e não sentia nada, mas depois de duas semanas afastada eu me desacostumei.

— Kate? – Lanie bate na porta antes de abri-la um pouco e colocar a cabeça para dentro de minha sala.

— Oi, entra. – respondo sem me mexer e nem abrir os olhos, estava cansada demais para isso. Permaneço recostada sobre a cadeira, quase deitada.

— Nossa, você parece acabada. – sua voz parece mais próxima agora. – bastou alguns dias longe para você esquecer como é o ritmo daqui? Olha que quando o Hospital estiver funcionando vai ser pior. – sorrio. Ela tinha razão. Quando inaugurarmos o Hospital Veterinário o ritmo vai ser bem mais puxado do que o que estamos acostumadas.

— Eu só estou um pouco enferrujada, só isso. – abro um pouco meus olhos e a vejo parada de frete a minha mesa. – o que você queria?

— Duas coisas. – ela se senta. – a primeira é que eu quero confirmar sua presença hoje a noite. – reviro os olhos.

— Lanie quantas vezes eu faltei sua festa de aniversário?

— Nenhuma...

— Então... pode me esperar que eu vou. – pisco para ela e fecho os olhos novamente. – e a segunda coisa?

— Bom, eu não sei como dizer isso, mas... – ela hesita.

— Mas...? – ela permanece em silencio e eu a olho. – Lanie você está me assustando, fala de uma vez.

— Will Sorenson está aqui. – ela é direta.

— O quê? – me levanto em um pulo. – você está falando sério? – ela balança a cabeça.

— Ele está te esperando na sala de espera há duas horas. Eu falei que você estava em cirurgia, mas ele disse que esperaria a noite toda se precisasse.

— Lanie o que ele está fazendo aqui?

— Eu não sei, ele não disse. – ela se levanta também. – ele não quis deixar nenhum recado, disse que precisava falar com você e que era urgente.

— Era só o que me faltava. – passo a mão no cabelo, nervosa. – o que ele quer falar comigo? O que pode ser tão urgente?

— Meu bem, isso você só vai descobrir quando falar com ele.

— Mas eu não vou falar com ele. – rebato. – eu não quero.

— Não quer ou está com medo?

— Do que eu sentiria medo, Lanie? – reviro os olhos e começo a andar por toda a sala, ainda mais nervosa.

— Não sei. Essa história de vocês é toda muito estranha...

— Não tem história. – eu a interrompo.

— Que seja... mas ainda assim é estranha. – eu paro e a encaro. – o cara te beijou e você fugiu. Ok, você não queria o beijo, mas depois você evitou ele de todas as maneiras.

— Eu não tinha motivos para ver ele. Não queria mais mal-entendidos.

— Ok, mas você não pode dar uma chance para ele se explicar? Nem que seja para dizer que está perdidamente apaixonado por você... – reviro os olhos e volto a andar pela sala novamente. – pelo menos assim você vai ter a chance de dizer de uma vez por todas que não está interessada e acabar com tudo isso.

— Não sei se é uma boa opção...

— Kate, faça isso e vire essa página de uma vez. – ela fala firme e eu paro, encarando-a. – Chega de culpa. Chega de fugir.

Será que ela tem razão? Será que esse é o melhor caminho? Pelo menos nessa conversa eu posso dizer que tudo foi um erro e eu não tenho interesse nele, só assim para ele ir embora de vez da minha vida e eu posso virar essa página e me concentrar no que eu mais quero, me reconciliar com Castle. Respiro fundo.

— Ok. – falo baixo e Lanie me olha interessa. – Ok, eu vou falar com ele, mas aqui na minha sala e com você aqui.

— Não querida, eu não posso.

— Lanie... – choramingo.

— Você pode deixar a porta aberta, e se ele tentar algo você grita, bate nele, faz qualquer coisa... – ela se aproxima de mim e sorrir. – eu vou estar na sala ao lado, vou escutar seus gritos. – eu assinto e ela pisca para mim antes de sair da sala. Volto para meu lugar e respiro fundo antes de pegar o telefone e pedir para minha recepcionista acompanhar Will até minha sala.

Os poucos minutos que se passaram mais pareciam uma eternidade. Meu coração disparou e parou de bater infinitas vezes até que Will finalmente apareceu na minha porta. Ele ficou para me encarando. O mesmo homem charmoso e elegante de sempre, mas isso não me causou efeito nenhum. Respirei aliviada. Acho que Lanie tinha razão. No fundo eu estava com medo de encontra-lo novamente e ficarmos a sós. Medo de sentir alguma coisa. Mas não tinha nada para sentir. Ele não me atraia. Will não era Castle.

— Kate. – ele me cumprimenta, ainda parado na porta.

— Will. – sorrio e me endireito na cadeira. – entre.

— Desculpa aparecer sem avisar e insistir tanto para falar com você, mas é urgente.

— O que é tão urgente para você ficar esperando tanto tempo... – aponto as cadeiras a minha frente e ele finalmente entra na sala. Seu semblante estava sério, confuso. Seus olhos não brilhavam como antes. Ele não tinha mais aquele sorriso charmoso em seu rosto que chamou minha atenção em Nova Iorque.

Deve ser algo muito sério.

— Eu liguei algumas vezes, mas você ainda não tinha aparecido aqui... – ele começa e eu me recordo de receber os recados das suas ligações, que eu fiz questão de não retornar. – Kate você se afastou de mim depois do que aconteceu e eu não tive a chance de pedir desculpas. Eu sei que você ama outra pessoa, eu não medi as consequências da minha atitude naquele momento.

— Will se você veio aqui para falar disso, eu...

— Não, eu não vim aqui falar disso. – ele me interrompe. – eu só quero ter a chance de me desculpar com você e dizer que não vou mais repetir esse erro. – ele diz olhando em meus olhos, e eu posso ver o quanto ele está sendo sincero. – nós nos tornamos amigos nesses últimos dias... eu confiei em você e você confiou em mim... – ele sorrir pela primeira vez desde que chegou, mas ainda assim é um sorriso triste. – e eu não quero que um erro meu acabe com isso.

— Eu acho que isso aconteceu porque eu não fui totalmente clara com você... eu não estava e não estou pronta para outro relacionamento. O que eu tenho... ou tinha... já está complicado demais.

— Não, Kate... você foi bastante clara. Mas eu me deixei levar por um desejo que foi maior que eu naquele momento. Quando você foi embora e eu vi que tinha estragado tudo percebi o quanto fui idiota. – ele fala melancólico. – eu perdi uma amiga. E eu não tenho muitos amigos...

Will tinha uma tristeza na voz que eu não sabia explicar, e isso me preocupou, nunca imaginei vê-lo assim. Ele estava sempre sorrindo, brincando, paquerando... estava acontecendo alguma coisa a mais do que ele estava falando, não acho que ele está tão mal assim só por ter cometido um erro.

— Você veio até aqui para se desculpar?

— Não... – ele para e fica em silencio por um tempo. Seus olhos começam a marejar, mas as lagrimas não caem. – eu vim saber se apesar de tudo.. – ele hesita, mas respira fundo antes de continuar. – se aquela oferta de emprego ainda está de pé.

Aquela pergunta me pegou totalmente de surpresa. Eu não tinha parado para pensar nisso ainda, e para falar a verdade eu não me lembrava que tinha oferecido um emprego para ele. Depois de tudo eu só queria esquecer que ele existia, mas agora ele está aqui pedindo desculpas e o emprego que ele não queria aceitar. Eu pensei que depois do que aconteceu ele não tivesse coragem de vir, muito menos de pedir o emprego. Era estranho. Era errado. Isso nunca daria certo se eu quiser realmente voltar com Castle algum dia.

— Porque você resolveu querer esse emprego? – a pergunta pula de minha boca. – você não parecia convencido de que essa era uma melhor opção quando eu fiz a oferta.

— Pelo meu filho. – ele é direto. – você sabe que eu tenho um filho e que ele mora aqui com a mãe... – eu balanço a cabeça, nós nos conhecemos a primeira vez no cinema, onde ele estava com o filho. – ele está passando por alguns problemas de comportamento e eu acho que é por minha culpa... eu não sou o melhor pai do mundo, então eu acho que se eu estiver por perto, eu posso ajudá-lo.

— É só por isso mesmo? – eu o encaro, sabendo que ele me esconde algo.

— Você me conhece não é? – ele solta um riso fraco. – eu tive uma discussão com meu pai... ele me despediu e disse que eu não era capaz de nada. – ele me olha e eu vejo o Will determinado que eu conheci assim que cheguei a Nova Iorque. – eu quero mostrar que eu sou capaz fazendo aquilo que eu sei fazer. – ele fala firme. – você sabe que eu sou bom, eu descobri o problema com aquela papelada toda que você tinha e... eu prometo que não vou repetir meu erro. Seremos apenas colegas de trabalho.

Errado. Muito errado. Eu não posso permitir que ele trabalhe aqui.

— Como você mesmo disse, eu conheço você... e sei que tem mais alguma coisa por trás dessa história. – dou um leve sorriso. – eu não posso mentir e dizer que para mim está tudo bem você trabalhar aqui... mas nós fomos amigos, e quero acreditar que ainda podemos ser amigos em algum momento.

— Isso é um não ou um sim?

Respiro fundo e fecho meus olhos com força.

Errado.

Eu não posso.

— Eu não estou num momento bom com o Castle e ele vai me odiar por fazer isso, mas... – eu o olho novamente. – isso é um sim. Você pode trabalhar aqui conosco... nós também precisamos de você.

Mesmo sendo errado, eu não podia dizer um não.

— Kate eu não sei como te agradecer... – ele sorrir abertamente. Aquele sorriso triste foi embora e deu seu lugar para um sorriso sincero. Will relaxa os ombros e eu tive a sensação de que ele tirou um enorme peso das costas.

— Não precisa agradecer. – sorrio. – só vamos esquecer o que aconteceu naquela festa, ok?

— O que aconteceu? – ele franze o cenho. – eu não sei de nada.

— Eu também não. – jogo os ombros e sorrio.

— Será que eu posso te dar um abraço? – ele se levanta e abre os braços. – como amigos. – se explica.

— Claro. – me levanto e o abraço. Sem malicia, sem segundas intenções. Apenas um abraço de amigos. – se você quiser conversar, você pode contar comigo. – murmuro antes do abraço se quebrar.

Nós caminhos de volta a recepção enquanto eu explicava um pouco do trabalho que ele iria fazer aqui, já que ele iria se dividir entre a clínica e a reforma do Hospital por enquanto. Mostrei algumas partes da clínica para que ele fosse se familiarizando e o apresentei a alguns funcionários que encontramos no caminho. Will parecia interessado e disposto a fazer parte da equipe. Diferente de Nova Iorque, ele não me deu nenhum olhar sugestivo ou indireta, ao contrário, me tratou com gentileza e educação, um pouco de receio também. Ele precisava desse emprego e nós também precisávamos dele. A papelada está acumulado e virá muito mais com o início da reforma chegando. Eu não sei se daria conta, e o trabalho dele será de grande ajuda.

Não posso mentir e dizer que estou bem com essa situação toda, mas também não podia virar as costas para ele quando eu podia ver que tinha algo de errado acontecendo na sua vida. Will foi sim meu amigo naquela viagem, e se não fosse a sua atitude naquela noite, nós ainda seriamos amigos. Ele pediu desculpas e prometeu que não seriamos nada além de amigos, eu espero não me arrepender de ter acreditado na sua palavra. Não quero imaginar em como isso tudo vai abalar ainda mais a minha relação com Castle, mas ele não sabe — e nem vai saber – que Will é o cara que me beijou, pelo menos não por enquanto.

— Will você já conhece a Lanie... – digo quando chegamos na recepção e nos aproximamos dela. – Lanie é minha sócia aqui.

— Sim. – ele sorrir para Lanie e segura a mão dela. – a Kate não me falou que você era tão bonita. – ele diz levando a mão dela até seus lábios.

O lado galanteador dele voltou.

— Sossega aí que ela também é comprometida.

— Ah, mas é sempre bom receber um elogio.  – Lanie joga os ombros e sorrir, encantada com a beleza de Will, assim como eu fiquei quando o conheci. Will sorrir divertido.

— Lanie, o Will vai trabalhar aqui com a gente. – eu digo e ela me olha de um jeito estranho. – antes de voltar de Nova Iorque eu tinha oferecido um emprego a ele e agora ele resolveu aceitar.

— E nós estamos bem com isso? – ela tentar disfarçar, mas é em vão.

— Sim, Lanie. Nós estamos bem com isso.

— Bom, nesse caso... – ela abre os braços. – seja bem-vindo. – ela diz já o abraçando. Will rir e retribui. Posso apostar que ele ficou até envergonhado, mas não recusou o abraço.

— Lanie o Espo sabe o quanto você pode ser atirada as vezes? – ela se desfaz do abraço e me encara.

— Eu só estou abraçando um colega de trabalho. – se explica. – você ver maldade nisso? – ela olha para Will. Eu podia ver em seus olhos o quanto ele estava se divertindo com aquela situação e me senti feliz. Não sei o que está se passando na sua vida, mas se esse emprego trouxer um pouco de alegria para ele, eu já me sentiria satisfeita.

— Eu acho super normal. – ele entra no jogo dela e rir.

— Eu já gostei dele. – Lanie sorrir e pisca para mim. – bom, já que você vai fazer parte da equipe você precisa conhecer todos os funcionários...

— A Kate já me apresentou alguns e...

— Não. – ela balança a cabeça e o interrompe. – você vai a minha festa hoje. A maioria do pessoal vai estar presente e vai ser bom socializar um pouco para você se acostumar com o pessoal.

O quê? Ela está mesmo o convidando para a festa?

— Festa? – ele me olha confuso. – eu não sei se seria uma boa ideia... cheguei de viagem hoje, ainda nem fui ao hotel e..

— Nem pensar. – Lanie balança a cabeça. – vai ser legal, você precisa ir. – ela insiste.

Sinto vontade de matar a Lanie.

— Tudo bem por você? – Will me encara.

— Claro. – forço um sorriso. – vai ser bom.

— Bom, então por mim tudo bem. – ele sorrir satisfeito.

— Ótimo, a gente se ver as nove. Kate pode te passar o endereço por mensagem, porque agora eu tenho que ir... – ela olha no relógio do braço. – estou atrasada para o salão, beijos. – Lanie solta beijos no ar e sai correndo.

— Sua sócia é divertida. – Will me olha sorrindo.

— Ela chega a ser hilária as vezes. – penso alto demais. – mas é a melhor amiga que uma pessoa pode ter.

— Kate, você não tem mesmo nenhum problema em ralação a festa? Porque se você tiver eu...

— Claro que não. – insisto. – e você já disse que ia, se você desistir Lanie vai ficar magoada de verdade. – ele sorrir.

— Bom, então eu vou indo... preciso me instalar no hotel e descansar um pouco antes da festa.

— É, faz isso. – forço outro sorriso.

— Até mais tarde... – Will de aproxima e me puxa para um abraço. Sem malicia ou segundas intensões, assim como antes, mas mesmo assim me pegou de surpresa.

Kate? — ouço a voz de Castle e me afasto do Will na mesma hora. – atrapalho?

— Castle, oi... – me afasto ainda mais do Will. – o que você faz aqui? – me viro para ele, que estava parado na porta da recepção segurando a mão da filha.

— Kate... – Alexis solta a mão do pai e corre na minha direção.

— Oi princesa... – me abaixo e abro os braços para ela. – minha nossa, o que é isso em sua roupa. – olho o corpo na menina. O uniforme da escola estava inteiramente sujo. – você estava bolando pelo chão? – pergunto rindo.

— Não. – ela rir também. – a gente foi tomar sorvete e depois fomos brincar no parque. Eu me sujei só um pouquinho... – ela faz um cara travessa que me faz rir. Dou um beijo em suas bochechas rosadas e olho rapidamente para Castle.

— E depois vieram me visitar... – concluo.

— Viemos fazer uma surpresa e...

— Mas não queremos atrapalhar. – Castle interrompe a menina, eu volto meu olhar para ele e vejo o quanto ele ainda está sério e imóvel.

— Você não está atrapalhando nada, Castle. Aliás... – olho novamente para Alexis em minha frente. – nenhum de vocês está me atrapalhando. – dou mais um beijo na menina e me levanto. Olho para Castle e o vejo fuzilando Will com o olhar. Ele deve estar pensando um monte de besteiras, mas eu tinha que esclarecer de uma vez por todas o que realmente estava acontecendo aqui. – Will deixa eu te apresentar... – me viro para ele. – esse aqui é Richard Castle, meu... amigo. – me viro para Castle. – Castle, esse é Will Sorenson, um amigo também.

— Prazer. – Will estende a mão para Castle, que estranhamente ainda o fuzilava pelos olhos. Isso não era apenas ciúmes por ter me visto abraçando Will, tem algo mais ali. Segundos torturantes de passaram enquanto os dois se encaravam. Will com um sorriso simpático no rosto e Castle travando seu maxilar. Eu podia ver os músculos de sua face se contraindo. Will rir e volta a colocar a mão no bolso. – Kate eu acho que nós já terminamos. – ele me olha. – a gente se ver mais tarde.

Will dá mais um sorriso simpático e sai. Castle agora encarava o lugar vazio onde Will estava sentado. Aquilo já estava até me preocupando. Ele nem sabe quem Will realmente é e já estava agindo assim, imagina quando ele descobrir. Respiro fundo e seguro a mão da Alexis.

— Meu amor, você pode me esperar lá na minha sala enquanto eu converso com seu pai? – Alexis me encara preocupada.

— Vocês não vão brigar, vão? – sorrio.

— Não, meu amor. Nós vamos apenas conversar. – coloco uma mecha de seu cabelo ruivo atrás da orelha. – o computador está ligado, você pode jogar...

— Ok. – ela sorrir e me beija antes de sair. Alexis já veio tantas vezes a clínica que aposto que ela já sabe onde é cada sala desse lugar melhor do que eu. Assim que ela dobra o corredor eu me viro para Castle, que agora me encarava.

— Vamos conversar lá fora?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "I Can't Love You" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.