I Can't Love You escrita por Mrscaskett


Capítulo 48
Capítulo 48 - Consequências.


Notas iniciais do capítulo

Olá!! Como prometido, aqui está mais um cap.

Como eu já falei respondendo alguns comentários, esse cap é contando uma versão de Rick sobre tudo o que aconteceu. Novamente, é uma versão dele. Não é uma justificativa pelo o que ele fez ou por qualquer outra coisa, é apenas a versão dele.

Bom, como eu mencionei em alguns comentário, o cap anterior e esse é importante para outros caps que estão por vir. Teria outra forma de escrever o cap sem o Rick ser grosso e magoar Kate? Sim, teria. Mas eu optei por essa. Apesar de ser uma fic, até Rick comete erros. mesmo um erro desse. Se Kate o perdoará? Bom, isso nós ainda vamos ver. Mas até lá, espero que vocês continuem comigo.

Tem muita gente com raiva do Rick, e eu entendo. Até eu fiquei quando escrevi. Mas eu nao estou fazendo dele um vilão ou qualquer outra coisa. Não quero que ele seja odiado. Apenas quero que vocês vejam que até como o "mocinho" de uma fic pode magoar quem se ama. Todo mundo está sujeito a isso em um relacionamento.

Bom, era isso que eu precisava dizer. Até mais, e aproveitem o cap ♥

Boa leitura :)



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Me disperso de Kate e Alexis. As duas estavam indo para um dia inteiro juntas. Alexis estava feliz. Radiante. Kate tinha me convencido em ligar para Meredith e deixar minha pequena ruiva falar com ela. E, como sempre, ela tinha razão. Aquele telefonema, de quase uma hora, fez toda a diferença no dia da minha menina. Assim que o carro de Kate sai da minha propriedade, eu fecho a porta atrás de mim. Eu poderia ter ido junto, mas eu tinha outros planos hoje.

Eu observei Kate dormir por uma boa parte da noite. Ela estava tão tranquila ali, em minha cama. Seu corpo nu jogado ao meu lado. Sua feição tranquila. Seus cabelos jogados pelo travesseiro. Suas costas nuas descobertas viradas para mim. Seu rosto sereno, como se não se importasse com nada. E nem precisava, eu estava ali, eu a protegeria de qualquer coisa. Fiz carinho em sua pele nua e vi quando ela se arrepiou inteira. Meu peito quase explodiu de felicidade. Não me lembro de ter sentido algo assim antes. Nem mesmo com Gina. Ela estar ali comigo parecia o certo. Era tudo o que eu precisava para ser feliz. Foi nesse momento que eu percebi que a amava e não podia mais esconder isso. Eu precisava dizer. Mesmo que ela não escutasse e não lembrasse de nada amanhã, eu precisava dizer. Amanhã eu diria novamente. E depois de amanhã também. Todos os dias eu diria que eu a amo, porque é isso que eu sinto.

Ela adormeceu dizendo que me amava. As mesmas palavras quase pularam da minha boca, mas me contive. Kate nunca me pediu para que eu dissesse o que sinto, mas sempre que podia ela declarava seu amor por mim. Isso não me assustava, só me fazia ter mais certeza de que ela era a pessoa certa.  

Tirei a mecha de cabelo de seu rosto e a observei por alguns segundo. Ela é tão linda. Toquei seu ombro, vendo-a se mexer. Ela vira na minha direção e sorrir, ainda de olhos fechados. Não diz nada, parecia que estava sonhando. Um anjo lindo que apareceu em minha vida e a transformou totalmente. Aproximei nossos rostos e rocei meus lábios por sua bochecha. Ela soltou um suspiro leve que me fez sorrir. O eu te amo saiu quase na mesma hora. Um sussurro. Quase inaudível até mesmo para mim. Uma risada baixa saiu de mim. Eu finalmente tinha conseguido dizer tudo o que eu sentia. Não com ações. Não com olhares. Mas com palavras. Eu consegui. E esse foi um dos momentos em que eu fui mais sincero na minha vida. Eu a amo.

Repeti mais algumas vezes enquanto a puxava para meus braços. Kate abraçou minha cintura e deitou a cabeça sobre meu peito. Um sorriso satisfeito estava em seus lábios, como se tivesse realmente escutado algo, mas ela não escutou. Seu sono estava tão profundo que ela não poderia ter escutada nada. Mas não tinha problema. Amanhã eu diria novamente.

Pego a chave do meu bolso e abro a porta do quarto ao lado meu. Entro e me tranco ali. Hoje eu vou fazer o certo. Hoje eu vou, finalmente, seguir em frente. Vou deixar o meu passado apenas em minhas lembranças. Abro as janelas e deixo que a luz do sol entre. Aquele quarto já passou tempo demais fechado. Olho para a cama desarrumada desde a última vez que estive aqui, logo quanto cheguei de Nova Iorque. Fazia muito tempo que eu não entro aqui e não senti falta nem por um segundo. Sem perceber, eu acho que superei a morte da Gina. E hoje eu daria o ultimo passado para superar de vez.

Enquanto Kate tentava acordar as meninas, eu liguei para os pais da Gina. Avisei que estava com alguns objetos pessoais dela e, caso eles quisessem alguma coisa, poderia falar com meu advogado em Nova Iorque, eu mandaria tudo para ele ainda hoje. Não queria mais aquelas lembranças físicas da minha mulher ali. Gina sempre seria minha mulher. Meu primeiro amor. A pessoa que me fez ser quem sou. Mas eu tinha que seguir em frente. Tinha que continuar minha vida. E eu não podia simplesmente seguir tendo um quarto cheio de coisas que me lembravam ela e magoariam Kate.

A decisão estava tomada, mas não seria simples. Nada é simples. No momento em que conheci Gina, eu soube que ela era diferente. E eu estava certo. Logo nós começamos a namorar. Eu pensei ter encontrado a mulher da minha vida. A mulher com quem eu envelheceria. A mãe de meus filhos. Minha parceira. Mas infelizmente não foi assim. A vida dá muitas voltas. Umas para melhor, e outras nem tanto. Hoje eu acordei com uma mulher totalmente diferente de Gina. Kate ocupou todos os espaços que estavam vazios em meu coração muito antes da Gina morrer. Espaços que eu nem sabia que existia, mas que hoje eu posso ver claramente que estavam lá, eu apenas não queria ver. Kate é a mulher com quem eu quero envelhecer agora. A mulher com quem eu espero dividir todas as minhas alegrias e tristezas.

Mas isso ainda não faz disso uma coisa fácil de se fazer.

Pego a garrafa de Whisky que trouxe comigo e me sirvo uma dose. Precisava de coragem para seguir em frente. Eu sei que na primeira caixa que abrir, as lembranças irão voltar à tona. Ainda tinha fotos do casamento jogadas pela cama. Olho cada uma delas. Não, eu não me livraria delas. Eu as guardaria. Foi um momento feliz para mim. E caso Alexis perguntasse, eu queria que ela soubesse que eu já fui casado antes com uma mulher incrível, mas que eu amo a Kate. Arrumei cada uma delas no álbum do casamento e separei. As caixas vazias ainda estavam no quarto. Separo as roupas que pertenciam a Gina e as coloco dentro de uma das caixas. Guardo os objetos pessoais e as joias. As lembranças invadem minha cabeça aos poucos. Paro para admirar cada um dos objetos enquanto arrumo tudo. Ao mesmo tempo que tento não chorar, eu peço ajuda ao álcool para isso. A garrafa quase cheia de Whisky já estava na metade, e ainda tinha tanto para fazer...

Aos poucos, sem que eu perceba, as lagrimas começam a correr pelo meu rosto. Não era como antes. Não se tratava do amor que eu sentia por Gina. Não se tratava mais de querê-la de volta. Agora era tudo saudade. Saudade da pessoa que ela era. Da amiga que, acima de tudo, ela foi para mim. Saudade de seu sorriso. De suas conversas. De seu jeito alegre. Saudade dela.

Eu amo a Kate. Amo mais do que eu amava a Gina. Mas sentir saudade é algo que eu não posso evitar. Não posso controlar isso. Viro mais uma dose. E depois outra. E mais outra. Releio a carta que ela deixou para mim. Olho cada foto. Lembro de cada momento junto. Sinto o cheiro dela que ainda estava em suas roupas. Fico ali por horas e horas. Só não perdi a noção do tempo, porque a claridade que entrava pelas janelas abertas vai caindo e eu sei que já é noite. Hoje era dia de dar mais um passo na minha relação com Kate, e eu precisava afazer. Não fazia isso por Kate, mas por mim. Eu precisava me livrar do meu passado para seguir em frente.

E eu não conseguia fazer isso sozinho. Continuo bebendo. Me permitindo sentir o que eu tenho que sentir. A garrafa está quase vazia. A luz do quarto já estava acesa. Só faltava apenas uma coisa para que eu, finalmente, terminasse tudo de vez. Peguei o objeto redondo no meu bolso e olhei. Aquela aliança grossa a gente tinha escolhido juntos.
I WILL ALWAYS LOVE YOU estava gravado na parte interna. E seria para sempre. Mesmo seguindo em frente, o que eu senti pela Gina não ia acabar. Nunca. Coloquei-a no meu dedo uma última vez. Queria sentir como era ter aquele anel ali novamente. Queria sentir a emoção que senti na primeira vez que coloquei. Mas nada veio. A essa altura eu já estava sentado no chão, com a garrafa de whisky ao meu lado e um copo pela metade na minha mão.

Relembro dia de sua morte. O choro. O movimento de médicos entrando no quarto. Ela não reagindo. Ela morrendo em meus braços. Novamente aquela sensação de querer ter feito mais me atinge. E se ela tivesse confiado em mim? E se ela tivesse me dito da sua doença? E se eu tivesse percebido antes? E se? E se? E se... Eu não podia fazer muita coisa. Ela não queria ajuda. Não queria a minha ajuda. Eu a amava e ela não confiou em mim. Dessa vez será diferente. Com Kate será diferente. Eu vou fazer de tudo para que ela confie em mim. Que me conte tudo e não me esconda nada. Eu não posso perder outra pessoa que amo. Não posso!

Uma raiva começa a tomar conta de mim. Raiva por não ter feito nada por Gina. Raiva por tê-la perdido. Raiva por coisas que ainda nem aconteceram. Uma raiva que não fazia sentido agora. Mas eu sentia. Todos aqueles sentimentos ruins de meses atrás estavam voltando em forma de raiva. Eu tinha que me livrar dessa raiva antes que eu machuque quem não deve. Não sei quantas horas se passaram, mas sei que já deve ser tarde. Kate pode voltar a qualquer momento e não pode me ver aqui.

Pela primeira vez, eu nota a porta aberta. Não é preciso levanta o olhar para saber que a sobra que vejo é de Kate. Eu não queria que ela me visse aqui. Não queria que ela me visse chorar. Ergui meu olhar para ela e a encarei. Ela não fala nada. Seus olhos assustados me encaravam de volta. Ela não deveria me ver aqui. Eu preciso me levantar e explicar porque eu estou aqui. Preciso fazer alguma coisa. Mas não consigo. Os olhos dela varrem todo o lugar e eu percebo seus olhos mudarem para um tom mais escuro de verde. Ela abre a boca para falar algo, mas nada sai. Meu peito se aperta.

Ela não podia estar aqui.

— O que você está fazendo aqui? – minha voz sai mais carregada do que eu gostaria. Não posso falar com ela assim.

Eu sabia que meu olhar vazia podia dizer várias coisas para ela, mas a verdade é que eu só estou bêbado e carregado de sentimentos que não deveria estar sentindo. Que deveria ter esquecido. Kate já me viu chorar antes e isso não me incomodou naquele momento, mas agora, por algum motivo totalmente desconhecido, eu não quero que ela me veja assim. Não quero que ela pense que eu sou fraco. Não quero que ela pense que eu estou aqui pela Gina. Eu estou aqui por mim, por ela. Por nós.

— O que você faz aqui, Kate? – minha voz ainda sai carregada e eu não consigo evitar. Não queria estar falando assim com ela, mas esse era meu modo de defesa, afastar as pessoas. Eu fiz isso quando a Gina morreu, eu sai de Nova Iorque e vim morar aqui.

Ela não responde. Levo o copo em minhas mãos até a boca e bebo o resto de whisky que tinha ali. Minha boca estava seca, eu precisava beber. O liquido desce resgando minha garganta.

— Eu trouxe a Alexis... – ela diz finalmente. Sua voz fraca e magoada. Droga!— ela está dormindo.

— Certo. – eu não consigo olha-la. Meus olhos começam a marejar novamente e eu não queria que ela me visse chorar. Eu preciso que ela saia. Que me deixe sozinho. – fecha a porta quando sair. – aviso.

Ela se move, mas para. A porta ainda estava aberta e ela ainda estava ali. Porque ela ainda estava ali? eu preciso que ela saia. Preciso deixar o choro preso em minha garganta sair e ela não pode ver isso. Eu não quero que ela veja. Lentamente, os segundos vão passando torturantes. A agonia que eu sentia dentro de mim começava a incomodar. Eu sabia o que esse quarto causava em Kate. Ela quase terminou tudo comigo uma vez e eu não queria isso de dono. Queria me levantar e explicar tudo, mas não podia. Eu precisava desse tempo para extravasar a raiva que sentia dentro de mim. Para criar coragem para fechar aquelas caixas e saber que o passado era, finalmente, passado. Mas Kate ainda continuava na porta.

— FECHA A DROGA DESSA PORTA! – eu grito, mas me arrependo no segundo seguinte. Que merda eu estava fazendo? Eu estava magoando ela sem motivos. Ela não merecia isso. Kate bate a porta e eu sinto raiva de mim mesmo. Respiro fundo. A parte ruim de eu amar as pessoas é que eu não quero que elas vejam minhas fraquezas e infelizmente, ou felizmente, Kate passou a ser uma dessas pessoas. Num impulso, levanto rápido. Precisa ir até ela. Precisava explicar. Não importa que ela me veja assim. Eu só preciso explicar... Me sinto tonto e me apoio na cama. Fecho os olhos com força. Tudo parecia estar girando no momento. Merda!

♦♦♦

Entro no quarto de Alexis e a vejo dormindo. Me aproximo dela e me sento ao seu lado, alisando seus cabelos lentamente. Ela se mexe e abre os olhos.

— Pai? – ela sussurra com sua voz rouca e coça os olhos.

— Oi, meu amor... pode voltar a dormir. O papai está aqui.

Ela balança a cabeça e fecha os olhos, acomodando sua cabeça no travesseiro novamente.

— Onde está a Kate? – pergunta ainda de olhos fechados.

— Ela teve que ir para casa, mas te deixou um beijo. – ela sorrir e eu me inclino, beijando seus cabelos.

— Você está cheirando estranho. – ela faz um careta e eu sorrio.

— Eu estava correndo. – dou mais um beijo. – agora volta a dormir.

Ela abraça seu urso de pelúcia e balança a cabeça.

— Amanhã nós vamos deixar a Kate no aeroporto? – ela pergunta quase dormindo novamente. Fico em silencio. Eu não sabia a resposta exata para aquela pergunta.

— Sim, nós vamos. – digo antes de me levantar.

Arrumo os lençóis sobre Alexis e saio do quarto. Já era tarde. Passava das duas da manhã. Eu não tinha conseguido dormir. A cena com Kate se repetia como um filme em minha cabeça. Eu precisava vê-la. Precisava explicar tudo. Mas ela não me atendia. Resolvi correr para gastar a energia que estava presa dentro de mim. Alexis estava sozinha em casa comigo, eu não podia simplesmente ir até Kate. Corri em volta da casa por mais de uma hora. Não me sentia exausto. Só queria correr e esquecer tudo. Mas não esqueci.

Olhei o celular mais uma vez, mas ela não havia retornado minhas ligações ou respondido minhas mensagens. Tomei um longo banho e quando voltei para o meu quarto, tudo parecia diferente. Estava maior sem ela aqui. Eu me acostumo rápido com coisas boas, e a presença de Kate em minha vira tinha sido a melhor coisa em anos. Mas eu estraguei isso. A presença dela se tornou essencial nessa casa, nesse quarto... na minha vida. Sinto meu coração se apertar e meus olhos arderem novamente. Lembrar da maneira como eu falei com ela me deixa pior do que se pode imaginar. Eu a magoei. Eu a tratei mal e não há nada que eu possa fazer para me desculpar por isso.

Não posso culpar o álcool por nada do que eu fiz. Por mais bêbado que estivesse, eu sabia o que estava fazendo. Eu tratei Kate de um jeito que eu nunca imaginei tratar novamente. De repente me vejo como há algumas semanas atrás. Eu a tratei assim várias vezes, mas nenhuma doeu tanto quanto hoje. Me deito na cama e pego meu celular. O cheiro dela ainda estava na minha cama. Eu precisava falar com ela. Não conseguiria dormir ali sozinho sabendo que ela está magoada comigo.

Chama.

Chama.

Chama.

Ela não me atende.

♦♦♦

Minha cabeça dói. Parecia que eu carregava o peso do mundo em cima dela. O som irritante do despertador me faz acordar. Tateio pela cama procurando o aparelho sem abrir os olhos. Assim que o alcanço eu olho a tela brilhante com uma pequena mensagem “Levar Kate ao aeroporto”. Eram cinco horas da manhã. Eu tinha colocado o despertador para leva-la ao aeroporto. Suspiro e fecho os olhos. Ela não podia viajar sem que eu falasse com ela. Me levanto de pressa e visto algo rápido. Não podia perder tempo. Acordo Alexis. A menina pareceu bem disposta quando eu disse que nós levaríamos Kate ao aeroporto. Ajuda ela a vestir uma roupa rápido e nós saímos.

Dirijo o mais rápido que posso. Kate não podia sair sem falar comigo! Estaciono o carro atrás de um táxi na porta de seu prédio. O motorista guardava uma mala dentro do carro. Eu desço e ando na direção dele. Olho dentro do carro, mas ela não está.

— Kate! – Alexis grita e passa por mim correndo. Acompanho ela com o olhar e a vejo se jogar nos braços de Kate, que saia do prédio.

Kate sorrir, abraçando a menina também. Por um momento, assistir aquela cena era como se nada tivesse acontecido. Seu sorriso é tão lindo que faz meu coração disparar. De repente eu estou nervoso. Fico parado onde estou. Kate me olha enquanto abraça a menina, mas seu sorriso se desfaz. Uma facada em meu peito doeria menos.

— A gente veio te levar para o aeroporto. – Alexis fala animada.

— Mesmo? – Kate fala sorridente, mas me lança um olhar rápido. – eu não sabia que vinham.

— Foi surpresa. – a menina diz contente. – você gostou?

— Eu amei. – Kate passa as mãos nos cabelos de Alexis e beija seu rosto.

Não consigo me conter, me aproximo delas. Ouvir que ela gostou que estávamos ali me deu coragem para seguir em frente. Kate me olha quando eu paro ao seu lado. Um olhar cheio de mágoa e eu me arrependo ainda mais por tudo que fiz.

— Alexis, você pode esperar a gente perto do carro? – ela fala docemente, mas sem olhar para a menina.

— Vocês querem namorar, não é? – ela pergunta inocente. – eu deixo.

Eu sorrio para ela e a vejo sair. Kate não sorrir. Na verdade ela não demonstra nada em sua feição. Isso me assusta.

— O que você veio fazer aqui? – ela me devolve a pergunta da noite passada. Sua voz, ainda mais carregada que a minha. Eu não tinha noção do quanto a magoei até agora. Desfaço meu sorriso e a encaro.

— Eu vim te levar ao aeroporto... nós combinamos isso ontem... – digo sem jeito, sem querer tocar no assunto.

— Então você lembra? – ela cerra os olhos verdes para mim.

— Claro que sim. – sorrio nervoso. – e eu pensei que a gente podia conversar antes de você...

— Não. – ela me interrompe. – eu não tenho tempo para isso. Aliás, eu não quero conversar.

— Kate me deixa explicar... – peço quase desesperado. Meu coração acelerado. – não é nada do que você pensa... eu não estava lá por...

— Eu não me importo porque você estava lá. Eu não quero saber.

Ela tenta passar por mim, mas eu seguro meu braço. Kate encara nosso contato. Aos pouco seu olhar sobe e encontra o meu. A raiva ali era visível.

— Castle... – ela segura minha mão em seu braço e se solta sem muito esforço. – você não deveria ter vindo.

— E deixar você viajar sem ao menos me escutar? Não! – minha voz sai alta. – eu não vou deixar.

Ela deixa um sorriso fraco escapar.

— Felizmente, você não tem poder para isso. – ela respira fundo e olha para frente. – eu tenho que ir.

Ela começa andar em direção ao táxi, mas para. Se vira para mim e dá pequenos passos. Naquele momento eu tive esperança. Um pequeno fio de esperança de que ela fosse me ouvir.

— Eu acho melhor darmos um tempo. – ela fala firme. Seus olhos mostravam o quão decidida ela estava. Na hora eu soube de que nada do que eu dissesse ou fizesse a faria mudar de ideia.

Mas eu tentaria.

— Você está terminando comigo? – o medo de ouvir a resposta era maior do que tudo que eu já senti antes.

— É o melhor para mim.

— Mas não é para mim! – rebato. Tento me aproximar, mas ela recua. – não é o melhor para mim. – repito.

— Infelizmente eu não posso me preocupar com você agora. Eu te coloquei em primeiro lugar tempo demais, agora eu preciso pensar em mim. Não em você.

— Kate... – eu seguro seu braço novamente quanto ela começa a andar. – por favor, não vamos acabar as coisas assim... ontem eu estava apenas querendo seguir em frente.

— Estava? – ela se vira brutalmente para mim. Seus olhos marejados e suas pupilas dilatadas. Raiva. Magoa. Uma mistura de todos os sentimentos. – a única coisa que eu vi foi você chorando a morte da mulher que você ama e sempre vai amar! Nós perdemos tempo... – ela solta uma risada irônica e corrige. – eu perdi tempo.

— Você não está me escutan...

— E nem vou. – ela me interrompe. – eu não quero escutar suas desculpas. Eu não quero escutar mais nada que venha de você. Agora... – ela solta seu braço do meu contato. – eu preciso ir.

Kate se afasta e anda até Alexis. Ela se abaixa na frente da ruiva e começa a falar algo que não consigo ouvir. Era incrível como Kate conseguia mudar o tom de sua voz e a expressão em seu rosto em segundos. Quem a visse conversando com Alexis agora não saberia a magoa que ela sente de mim agora.

— Mas você vai voltar? – escuto Alexis perguntar chorosa quando eu me aproximo das duas.

— Claro que sim. – Kate sorrir abertamente e eu gravo aquele sorriso na minha memória. – e eu prometo trazer um presente de Nova Iorque para você.

Alexis balança a cabeça e abraça Kate.

— Eu vou sentir saudade, Kate. – sua voz chorosa sai abafada.

Kate a aperta nos braços e sussurra alguma coisa em seu ouvido. Por fim, as duas se separam e Kate beija seu rosto, limpa algumas lagrimas da menina e sorrir.

— Duas semanas passa rápido. – ela diz tentando animar a menina. – assim que eu chegar eu vou te ver, ok?

Alexis concorda silenciosa. Eu encaro Kate, que se levantava e arrumava a bolsa no ombro.

— Duas semanas? – pergunto confuso. Eu não sabia que ela ia ficar tanto tempo. Quando conversamos, ela me disse que ficaria apenas uma semana fora.

Kate me encara.

— Sim. – se limita a dizer. Ela se vira para Alexis e sorrir docemente. – agora eu tenho que ir.

Kate abraça novamente Alexis e abre a porta de trás do carro amarelo.

— Não vai se despedir do papai? – Alexis pergunta inocente.

— Nós já nos despedimos. – ela diz firme, me encarando.

— Eu acho que merecemos mais um abraço. – eu podia sentir ela me fuzilando com o olhar, mas não ligava. Eu só queria um abraço. – um último abraço. – insisto.

Mesmo contrariada, ela concorda. Eu sei que ela só está fazendo isso pela Alexis, mas mesmo assim, era bom senti-la em meus braços novamente. Envolvo meus braços em sua cintura e a abraço forte.

O adocicado de seu perfume enche meus pulmões.


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Notas finais do capítulo

it's over...



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