I Can't Love You escrita por Mrscaskett


Capítulo 47
Capítulo 47 - Eu me enganei.


Notas iniciais do capítulo

Olá!!!

Bom, nao posso falar muito desse cap, vou deixar voces aproveitarem ele. Mas posso dizer que não vou demorar para postar o próximo (espero), no meio da semana eu posto.

Amo vocês ♥ & boa leitura :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/700343/chapter/47

— Bom dia... – sussurro passando a mão nos cabelos loiros de Jolie. Elas ainda dormiam tranquilamente na barraca improvisada no quarto de Alexis.

A pequena loirinha se mexe e resmunga de olhos fechados. Sorrio. Já passava das nove da manhã e elas precisavam acordar.

— Ei... – mexo nas outras duas, que dormiam pesado. – está na hora de acordar...

Escuto os resmungos delas e insisto mais.

— Eu não quero acordar... – Jolie reclama, cobrindo o rosto com o lençol.

— Mas já passou da hora de vocês acordarem... e está um dia lindo lá fora. Você não querem brincar? – tiro o lençol do rosto de Jolie, que faz uma careta e choraminga alto inaudível.

O silencio permanece, mas eu sei que elas já estão acordadas.

— A gente pode brincar de noite. – Alexis diz bocejando e com os olhos quase fechado de preguiça.

— Nem pensar. – digo rindo e puxo o lençol da ruiva também.

— Por favor, Kate... – ela choraminga também e puxa um pouco do lençol da Ana para si.

— Deixa a gente dormir só mais cinco minutos, tia Kate. – Ana pede sonolenta, nem se dá ao trabalho de abrir os olhos.

— Ok. – falo e me sento, encarando as três quase dormindo novamente. – mas o que eu digo para a mãe de vocês? – pergunto e, quase de imediato, as duas loirinhas abrem os olhos e me encaram. – ela está lá embaixo...

— Está mesmo? – eu balanço a cabeça para Ana e a menina sorrir.

— Estou mesmo... – Jenny diz aparecendo na porta da barraca. Eu me viro a ponto de vê-la sorrindo e abaixando para caber ali dentro.

— Mamãaaae... – as duas meninas gritam e pulam no colo da mãe, abraçando-a apertado.

Sorrio e me afasto, dando espaço para as duas aproveitarem a presença da mãe.

— Oi, meu amores... como passaram a noite? Eu estava morrendo de saudade. – Jenny dividia a atenção entre as duas filhas.

— Foi muito legal. A gente foi ao cinema e depois o tio Rick comprou pizza.

— Mesmo? – Jenny rir da empolgação da menina. – eu aposto que vocês comeram muitos doces. – ela me encara. Não estava brava, já era de se esperar por isso.

— Não olhe para mim. – ergo meus braços em sinal de redenção. – eu era a única adulta no meio de quatro crianças.

Jenny riu e olhou para as meninas novamente.

— Que tal a gente descer e tomar café? Lá embaixo tem uma mesa cheia de comida esperando por vocês. – as meninas sorrirem animadas e se levantam.

— Mas a Alexis já voltou a dormir... – Jolie lamenta.

Olho para a ruiva ao meu lado a ponto de vê-la fechar os olhos fortes e esconder o rosto, fingindo estar dormindo.

 — Porque vocês não vão indo na frente? Eu vou acordar a Alexis e já descemos... – olho para Jenny, que entende e chama as meninas para descer.

Olho novamente para Alexis, escondida em seus lençóis. Me deito ao seu lado e espero. Não demora muito e ela começa a tirar o lençol da frente de seu rosto. Sorrio para ela. Alexis não fala nada, apenas fica me encarando. Seus olhos pareciam tristes por algum motivo.

— Não que se levantar? – digo suavemente, passando as mãos pelos cabelos ruivos e colocando uma mecha atrás da orelha dela.

Alexis não fala nada, apenas balança a cabeça e fecha os olhos.

— E eu posso saber porque?

Mais uma vez o silencio foi minha resposta. Puxo um pouco do seu lençol para mim e cubro nós duas dos pés à cabeça. A menina me encara curiosa, mas permanece em silencio. Sorrio e me viro para olha-la melhor.

— Olha só... só estamos nós duas aqui. Esse lençol é como um... uma barreira. Tudo o que nós falarmos aqui, vai permanecer aqui. Então... você quer me contar porque está assim?

Ela faz que não com a cabeça e baixa o olhar. Seu nariz começa a ficar vermelho e eu sei que ela está prestes a chorar. Não poder fazer nada para impedir isso parte meu coração. Alexis esconde seu rosto entre suas mãos e começa a chorar baixinho. Puxo ela para meus braços e deixo que ela chore. Faço carinho em seus cabelos enquanto os soluços saiam de dentro dela. Nunca tinha vista ela chorar assim antes. Quando ela parece mais calma, eu seguro seu rosto com minhas mãos e limpo suas lagrimas. Sorrio e digo que está tudo bem. Ela derrama mais algumas lágrimas, mas parecia mais calma.

— Porque você não quer me contar?

Ela me encara com os olhos azuis molhados.

— Eu queria a minha mãe... – murmura baixinho e me abraça, escondendo seu rosto.

Abraço-a forte. É normal ela senti falta da mãe. Alexis passou por muitas mudanças e, por pior que seja uma mãe, sempre sentimos falta. Principalmente ela, que é apenas uma criança. Eu queria fazer alguma coisa, mas não posso fazer nada.

— Você sente falta dela?

— Mais ou menos. – sua voz sai abafada. – eu pensei que ela fosse ficar comigo depois que o vovô morreu.

Meu coração fica apertado.

— Mas você está com o seu pai... não é bom?

— É. – ela me olha. – eu amo o meu pai.

— Então você só acordou com saudade da sua mãe... – ela balança a cabeça. – então a gente pode ligar para ela. Que tal?

Alexis me olha esperançosa e eu sorrio.

— Podemos?

— Claro. – digo firme. – sempre que você estiver com saudade a gente pode ligar para ela.

— Sério?

— Sim. – passo meus dedos em seu rosto, enxugando suas últimas lagrimas. – mas para isso você não pode chorar. E se você levantar agora, a gente pode ligar depois do café.

Alexis abre ainda mais o sorriso e senta, puxando o lençol que estava sobre nós. Ela passa as mãos no rosto e arruma os cabelos apressada.

— Pronto. – ela diz com seus olhos brilhando de alegria.

Sorrio ainda mais.

— Então vamos. – me sento e a menina me abraça mais uma vez.

— Obrigada, Kate. – ela diz e beija meu rosto. – eu te amo.

Eu não sei como, mas Alexis sabia exatamente o que fazer para amolecer meu coração. Aperto-a em meus braços e beijo seus cabelos.

— Eu também te amo... – sorrio olhando-a. – e você precisa se lembrar, sempre que quiser falar com sua mãe, é só pedir. – ela assente.

— Mas... e meu pai? – ela pergunta com dúvida.

— Eu vou falar com ela agora... mas você precisa pedir a ele. – sorrio tranquilizando-a. – eu apostos que ele não vai impedir.

A ruiva concorda sorrindo.

— Eu queria que minha mãe fosse igual a você, Kate... – ela diz enquanto nos levantamos. Eu a encaro novamente e me abaixo, ficando da altura da menina.

— Ela ama você, Alexis...

— Ama? – a tristeza e a dúvida na voz da menina, parte meu coração. Toda filha deveria saber que a mãe lhe ama. Não deveria existir duvidadas quanto a isso. Mas, nesse caso, ela tinha muitas.

— Sim. – a firmo. – do jeito dela, mas ama... – olhos nos olhos dela, para ter certeza de que ela compreenderia isso. – não existe uma mãe no mundo que não ame seu filho. E a sua te ama muito.

— Mas eu queria que ela estivesse aqui para fazer as coisas que você faz comigo. – as lagrimas voltam a se formar nos olhos da menina. – ela nunca me levou a escola ou penteou meu cabelo...

Só então eu me dou conta de que a falta que ela sentia era bem mais do que a presença da mãe ali. Ela sentia falta do carinho, do amor que só uma mãe pode dar. Ela sente falta de tudo o que uma mãe deve ser para uma filha.

— Eu vou estar aqui para fazer tudo isso se você quiser... – sussurro, puxando-a para meus braços novamente. – eu amo muito você...

Ela balança a cabeça e um soluço escapa de seus lábios. Alexis me abraça forte. Sinto vontade de chorar junto com ela, mas eu não posso. Eu tinha que ser forte para ela agora. Nesse momento, eu seria qualquer coisa para ela, só para não vê-la chorar por algo que ela não tem culpa. Alexis é especial. Ela é o mais próximo de filha que eu vou ter, e saber que eu tenho um papel especial em sua vida, me conforta de algum modo.

— Você não vai embora como a minha mãe, não é?

— Não... eu sempre vou estar aqui para você. Independente de qualquer coisa, eu sempre vou estar aqui para você.

Ela balança a cabeça e eu a encaro. Queria deixa-la feliz antes de descermos, então resolvo contar logo a novidade para ela, na esperança de um sorriso sair daquele rosto hoje.

— Sabe onde vamos hoje? – ela faz que não com a cabeça e me olha interessada. – no haras, andar a cavalo. Lembra que eu te prometi?

— Sim. – ela responde animada com um sorriso contagiante no rosto. – nós vamos mesmo?

— Sim. Depois do café.

— Depois do café eu vou falar com minha mãe. – ela lembra.

— Depois que você falar com sua mãe então... – sorrio e seguro sua mão enquanto saímos do quarto dela. Seus olhos ainda estavam vermelhos, mas o sorriso em seu rosto já me fazia feliz.

— Meu pai já deixou?

— Claro. Ele está tão animado quanto você. – digo rindo. Ele estava mesmo empolgado para ver a menina vestida na roupa de equitação que ele havia comprado para ela.

— Ele vai com a gente?

— Não. Hoje somos só eu e você.

— Nossa... vai ser muito legal.

Assim que chegamos na escada escutamos as vozes animadas das gêmeas conversando com Martha. Alexis logo se juntou e começou a comer seu lanche. Vejo Castle do outro lado colocando a comida de Cosmo e sorrio.

Minha vida mudou completamente nas últimas semanas e tudo por causa dele.

Ele anda em minha direção. O mesmo sorriso lindo que encontrei quando acordei hoje pela manhã estava em seu rosto. Ele passa por Alexis e lhe dá um beijo de bom dia e depois completa seu caminho até onde estou. Castle chega perto e me beija demoradamente nos lábios. Nem parecia que tinha me beijado apaixonadamente a apenas alguns minutos atrás.

— Você é demais, sabia? – ele diz sorrindo. – como conseguiu tirar as três da cama?

Tinha uma certa admiração em seu olhar. Talvez seja porque ela já tinha tentado duas vezes antes, e não conseguiu em nenhuma.

— Foi difícil, mas de diz alguma coisa que eu não consigo? – ele cerra seus olhos na minha direção e rir.

— Tem razão. – ele joga os ombros e me beija novamente.

— A gente pode conversar?

— Claro. Só deixa eu pegar um pouco de café. Minha cabeça está me matando.

— Tudo bem.

Castle rouba um beijo meu antes de ir até a mesa de café e se servir. Pouco tempo depois ele me encontra na sala e me oferece uma xicara de café. Sorrio e aceito. Eu amo o café dele. Castle segura minha mão e me leva até o escritório.

— Vou sentir falta do seu café, sabia?

— Eu sei. – ele diz convencido. – mas eu posso te dar uma lista de luares que fazem os melhores café de Nova Iorque. Bom, não que sejam melhores que o meu, mas vão servir... – eu rio e me aproximo dele.

— Eu agradeço, mas eu já tenho os meus lugares favoritos por lá...

— Oh... – ele larga sua xícara sobre a escrivaninha e me abraça pela cintura. – nesse caso, eu podia ir com você e nós encontraríamos um lugar favorito juntos... tipo um lugar nosso.

Eu rio e me afasto dele. se continuássemos assim, não demoraria muito para eu esquecer o real motivo daquela conversa.

— Castle, eu não te chamei aqui para isso.

— E para que foi? – ele pega seu café e se acomoda na sua cadeira de escritor.

— Alexis está com saudade da mãe. – digo de uma vez e ele fica sério. Castle arruma sua postura na cadeira e me encara.

— Ela te falou isso?

— Sim. – me aproximo dele e sento na borda da mesa, de frente para ele. – ela chorou antes de sair da cama...

— Ok... – ele se acomoda na cadeira novamente. Pensativo. – você vai leva-la ao haras hoje, ela vai esquecer isso. – ele me encara e sorrir.

— Cas... – ele me interrompe.

— E se não esquecer, a gente pode ir ao shopping novamente. Comprar alguns brinquedos. Ela me disse que queria comprar um jogo, ou algo assim... – ele começa a falar rápido. – minha mãe é ótima em distrair pessoas também... ela pode...

— Castle. – falo alto e ele para, me encarando. – você não acha que existe uma solução mais simples do que esperar que ela esqueça?

— Qual?

— Ligar para a Meredith. – ele me olha estranho, como se eu tivesse digo algo absurdo. – Castle, vai fazer bem para a Alexis. Ela quer falar com a mãe... está com saudade.

— Não. – ele diz firme e se levanta. – ligar para Meredith está fora de cogitação.

Castle parecia nervoso. Ele começa a andar pelo cômodo pequeno.

— E o que você pretende fazer? Porque eu aposto que quando ela chegar em casa a noite e você for coloca-la para dormir, ela vai querer ligar para a mãe. E então, o que você vai dizer para ela?

— Não sei. Mas eu ainda não esqueci o que Meredith fez. E eu não vou ligar para ela. – ele diz firme. A voz mais alta que o necessário.

— Então você prefere ver sua filha sofrer? – pergunto calma e ele me encara incrédulo.

— Não! – responde rápido. – mas a gente pode comprar alguma coisa... um presente. Sei lá... tentar alguma coisa.

— Tentar subornar a menina?

— Não é suborno, é só... – sorrio e me aproximo dele.

— Castle... – digo calmamente me aproximando dele. Seguro seu rosto em minhas mãos e forço a olhar para mim. – ela só quer falar com a mãe...

Ele deixa a respiração pesada sair e seus ombros caem.

— Kate, será que... que eu falhei em alguma coisa? – ele diz com a voz fraca.

— Não. – sorrio. – não pensa nisso, você não falhou. Sua filha te ama. Ela só está com saudade da mãe.

— Porque isso de repente?

— Porque ela viu as amigas com a mãe. Viu Jenny cuidar delas e sentiu falta disso...

— Como se a Meredith já tivesse cuidado da Alexis alguma vez. – ele diz irônico.

— Bom, isso não quer dizer que ela não sinta falta disso.

— Então ela está sentindo falta de algo que nunca teve?

— Sim. Ela quer isso... não importa se já teve isso ou não.

Castle me olha e solta outro suspiro pesado.

— E se ela não quiser falar com a filha?

— Ela vai querer... apenas ligue...

— Tudo bem... – sorrio. – mas só porque você está insistindo. Por mim eu não ligava.

— Então me deixa agradecer... – fico na ponta dos pés e beijo seus lábios.

— Muito pouco. – ele protesta.

— E o que eu posso fazer para te agradecer?

Ele cerra os olhos e me encara.

— A noite você vai saber. – ele diz com malicia na voz. Eu rio.

— Ok, então até a noite.

Me afasto dele, mas ele me segura pelo braço e me puxa novamente para seus braços. Eu rio e Castle me prende em seu corpo e cola nossos rostos.

— Não tão fácil. – ele diz antes de me beijar.

♦♦♦

— Faz mais de dez minutos que ela está no telefone. – Castle diz impaciente olhando Alexis conversar com a mãe em seu escritório.

A menina ria de algo. O sorriso em seu rosto já era suficiente. Ganhei meu dia.

— Castle, já faz algumas semanas que ela está aqui. Tem muita coisa para contar a mãe.

— O que ela tem para contar? – ele me olha. Seus olhos arregalados.

Sorrio e o puxo para sentar comigo no sofá.

— A pergunta certa seria: o que ela não tem para contar? – me acomodo no canto do sofá e o puxo para perto. Ele deita as costas em meu peito. – quer parar de se incomodar com isso? A Meredith não vai fazer mal a menina em uma simples ligação.

Passo meus dedos por seus cabelos lisos.

— Foi exatamente o que eu pensei quando ela disse que ia viajar. E então ela viajou sem se despedir da filha.

— Mas é diferente...

— Como?

— Alexis me disse que a Meredith sempre costumava fazer isso...

— Quando ela disse isso? – Castle se senta e me encara.

— No dia que chegou. Parece que ela já esperava que ela não iria se despedir... não sei. – dou os ombros.

Castle respira fundo e olha novamente na direção do escritório. Outra gargalhada sai fácil de Alexis. A menina parecia feliz com a ligação.

— Vai ser difícil ter que encara a Meredith novamente um dia...

— Você sabe que não precisa pensar nisso agora, não é?

— Eu sei, mas... – ele me olha. – a Alexis não merece sofrer mais com tudo isso.

— E você não merece sofrer antecipadamente. – seguro suas mãos e olhar de Castle vai diretamente para elas. – olha, eu vou sair com ela hoje e você tira o dia para resolver essas... coisas que você disse que tinha para resolver hoje.

Ele balança a cabeça. Enquanto tomávamos banho hoje cedo, ele disse que tinha que resolver algumas coisas sozinho. Pediu para eu levar a Alexis para passear hoje e então eu tive a ideia de leva-la logo para o haras. Eu já tinha prometido isso a ela. Não perguntei que coisas ele tinha para resolver, ele não se aprofundou no assunto e eu resolvi não insistir.

— Se você continuar assim... – passo meu dedo nas rugas em sua testa. – você vai ficar velho muito cedo. – brinco e ele rir.

— Eu não posso ficar velho e deixar minha namorada maravilhosa para qualquer marmanjo. – Castle segura minha cintura e me puxa para mais perto dele.

— Você está se esquecendo que eu já me apaixonei por uma versão velha sua. – ele faz uma careta e depois sorrir antes de me beijar.

Aquele beijo era capaz de me fazer esquecer de tudo. Inclusive da saudade que eu vou sentir quando viajar amanhã.

♦♦♦

— Para onde estamos indo, Kate? – a menina me pergunta confusa.

Fiz um caminho totalmente diferente do que nos levaria para o haras, mas eu precisava mostrar isso para ela. Eu a olho e sorrio.

— Você já vai ver. – seguro firme sua mão e ela assente.

Nós andávamos pelo meio da mata em uma trilha quase escondida. Precisava me lembrar de pedir para alguém limpar isso aqui. Assim que avisto a casa ao longe eu sorrio e paro. Olho para Alexis e me abaixo.

— Esse é um lugar muito especial para mim.

— No meio do mato? – ela olha em volta, confusa.

Eu rio e volto a caminhar.

— Não é tão longe da casa do seu pai. Tem uma trilha que chega mais rápido, mas como estávamos de carro tivemos que vir por essa aqui.

— Mais rápida para quê? – ela andava com dificuldade devido a quantidade folha seca ali. Seus pés pequenos ficavam submersos naquele mar de folhas alaranjadas.

— Para aquilo... – aponto a casa velha a nossa frente.

Alexis olha na direção em que eu aponto e sorrir. Ela solta minha mão e começa a caminhar em direção a casa. O sorrio e o brilho em seus olhos demonstravam o quanto ela estava encantada com aquilo. Ela me olha antes de subir o primeiro degrau.

— De quem é essa casa?

— É antiga, não tem dono... bom, faz parte da propriedade do seu pai, então ele é o dono. – me aproximo dela. – cuidado, é uma casa velha. A madeira deve estar fraca...

— É perigoso? – ela pergunta sem se importar realmente com o perigo da casa ser velha e termina de subir a pequena escada de madeira.

— Não muito. Ela está velha, a gente só tem que ter cuidado onde pisa... – eu acompanho ela até a entrada da casa. A porta estava aberta e tudo parecia como da última vez que estive aqui com Castle. Nós quase nos beijamos aqui...— eu brincava aqui quando tinha a sua idade... era minha versão particular de casa na arvore.

— É muito legal... – Alexis entra na cassa e varre o lugar com seu olhar.

— É claro que precisa de algumas reformas, mas eu acho que dá para você brincar aqui se quiser...

— Sério? – ela me olha sorrindo.

— Sim. – ando pelo lugar com ela. – eu brincava muito de boneca nessa casa... depois de uma limpeza, uma boa pintura e alguns reparos, acho que vai ficar ótima para você.

— Meu pai vai deixar?

— Claro. Ele vai nos ajudar na reforma... – a menina rir empolgada e volta admirar cada lugar da casa velha.

Alexis fez planos com aquele lugar. Falou da cor das paredes e disse o quanto queria que tudo fosse rosa, para que nenhum menino entrasse. Queria uma placa com os dizeres “Alexis Castle”. Tudo saiu tão natural. Ela já se considerava uma Castle. Bom, com ela estava tudo certo. Eu só precisava convencer Castle de deixa-la brincar ali também.

♦♦♦

Estaciono o carro perto das baias, no haras. De longe eu vi Josh conversando com alguns funcionários. Sorri e desci do carro com Alexis. Ela estava linda com sua calça branca, uma blusa rosa bebê e sua bota preta. Em suas mãos um capacete preto. Castle tinha comprado tudo para a menina. Não se conteve e tirou milhões de fotos antes de saímos de casa. E, claro, me intimou a tirar mais alguns milhões de fotos da menina em cima do cavalo. Sim, ele estava se saindo um pai muito coruja. Mais do que das outras vezes. Eu amava isso.

— Olha só quem está viva... – Josh diz sorrindo para mim. – como está senhora Richard Castle?

Diminuo a curta distância entre nós e o abraço. Ele me aperta em seus braços como se fizesse anos que não nos víamos. Na verdade, fazia um bom tempo, mas não anos.

— Olha só quem está vivo, o senhor Demming. – zombo e ele rir. Estava com saudade dele.

— E essa é a Alexis... – ele conclui olhando para a menina ao meu lado.

— Sim... vem cá meu amor. – chamo e ela vem, mas sua atenção estava no cavalo branco que estava sendo preparado.

— Eu vou andar naquele ali? – ela pergunta sem dar muita importância para Josh.

— Você quer montar nele? – Josh pergunta e só então a menina o olha.

— Sim.

— Bom. – ele sorrir e faz um sinal para seu funcionário, que prepara a cela no animal. – arrume ele para um aula.

O homem assentiu e saiu com o animal.

— Posso ir também? – ela me pergunta sorridente.

— Pode. Mas tenha cuidado, ok?

— Tá.

Dou um beijo em seu rosto antes dela sair saltitante atrás do cavalo.

— Nossa... nunca pensei.

— O quê? – volto meu olhar para Josh, que me encarava com um sorriso sarcástico no rosto.

— Kate Beckett brincando de casinha com o senhor Mal Humorado.

Reviro os olhos e começo a andar junto com ele até o local onde Alexis teria a aula dela. O cavalo que ela montaria estava sendo preparado ali mesmo no local, então eu poderia ficar de olho nela.

— Eu não estou brincando de casinha.

— Não? E o que é isso? – ele aponta para a menina sorridente em poder alisar o cavalo. – você está ai toda preocupada com ela. A cada dois segundos você a procura com o olhar...

— Só porque eu gosto de cuidar dela não significa que eu esteja brincando de casinha.

— Ah, você está. – ele provoca. – pode não perceber, pode não admitir, mas você está brincando de casinha. E devo admitir, está se saindo bem.

Eu rio e dou um empurrão em seu braço.

Aquilo não era uma brincadeira para mim. Era sério. Muito sério. Eu estava começando a construir uma família com a uma família que também estava em construção. E tudo estava acontecendo de uma forma tão simples e natural, que eu não podia estar mais feliz.

Me aproximo quando o cavalo fica pronto. Mauricio, o funcionário que arrumou o animal, já tinha mostrado como selar o cavalo, os cuidados a se aproximar e deixou a menina ajudar a colocar o cabresto no animal. Dou mais algumas instruções para Alexis antes de começarmos e a ajudo a subir no cavalo. Ela segura firme e sorrir ansiosa. Seguro na corda e começo a puxa o animal para o gramado. Alexis rir e eu a oriento a seguir o ritmo do animal e sempre ficar na postura certa. Como uma boa aluna, ela atente e faz tudo direitinho.

Quando eu vejo que ela já está segura o suficiente em cima do animal eu a solto, deixando que ela o guie sozinha. Devagar e um pouco insegura, ela cavalgava pelo lugar. Sorri orgulhosa. Ela prendia rápido. Eu a acompanho de perto, mas sem interferir em nada.

— Eu já disse que você é a melhor professora que existe, né?

Eu o olho Josh do meu lado e rio. Ele sempre insistiu para que eu desse aulas de equitação para crianças.

— Eu me lembro de você dizer algo parecido algum dia. – zombo.

— Eu tenho que ir, aproveite o dia com sua enteada... – ele beija meus cabelos e sorrir ao me olhar. – o haras é todo seu hoje.

Eu o vejo sair e volto minha atenção para a menina. Tiro meu celular do bolso e começo a cumprir minha missão, tirar fotos da Alexis.

♦♦♦

— Castle? – abro a porta do quarto dele devagar. Estava silencioso. Entro no cômodo e vou até o banheiro. – Alexis estava tão cansada que cabo... – para assim que vejo que ele não estar aqui. – dormiu no carro... – termino sem empolgação nenhuma na voz.

Saio do quarto decidida a procura-lo no escritório. Eu não tinha visto nenhum sinal dele lá embaixo, mas não tinha muitos outros lugares para ele estar. Fecho a porta atrás de mim e começo a atravessar o corredor. Tudo estava silencioso demais. Um barulho no quarto ao lado chama a minha atenção. Viro e noto a claridade por baixo daquela porta. A porta do quarto que eu não entrava a um bom tempo.

O barulho forte, como se algo tivesse caído no chão, me fez parar na mesma hora. A luz estava acesa, então com certeza tinha alguém ali. Fechei meus olhos e senti um frio atravessar meu corpo só em pensar no que estava acontecendo naquele quarto. Ele estava lá novamente. Não sei de onde veio essa coragem, mas eu ando na direção da porta e toco na maçaneta. Estava aberta.

Eu não sei se realmente quero fazer isso.

Estava tudo tão bem entre nós. Castle estava cada vez mais se entregando a mim. Ao sentimento que ele, claramente, sente por mim. Ou eu estou enganada? Será que ele sente mesmo? Meu coração estremece só de pensar que ele estava ali dentro. Com as coisas dela. Lembrando dela. Sentindo falta dela.

Empurro a porta. Não ia conseguir ficar parada. Se ele estivesse mesmo ali, como eu imaginava, eu tinha que ver. Só assim eu aceitaria de vez que isso foi um erro. Quantas vezes ele voltou ali depois daquela noite? Ele ainda continua alimentando os sentimentos por sua mulher? Sinto mês olhos marejarem. Eram tantas perguntas e nenhuma resposta.

Subo o olhar devagar pelo quarto pouco iluminado. Tudo parecia igual a última, e única, vez que estive aqui. Exceto pela presença de Castle. Ele estava sentado no chão, encostado na cama. Uma garrafa de whisky quase vazio ao seu lado, e um como em sua mão. Ele encarava o chão. Não parecia ter notado minha presença ainda. Tenho vontade de chorar aqui mesmo, mas me seguro. Olho ao redor dele e vejo caixas abertas e objetos espalhados pelo chão. Álbuns de fotos abertos. Volto minha atenção para ele. Sua feição não demonstrava nada. Seus olhos pareciam vermelhos, mesmo de longe eu podia notar isso. Ele chorou. Continuo encarando-o em pé, na porta. Sem ação. Não consigo me mover. A coragem de segundos atrás se foi.

Castle ergue o olhar para mim. Seus olhos vermelhos agora me encaram. Ele não pisca. Não fala. Não se move. Estava tão sem ação quanto eu. Abro minha boca para dizer algo, mas nada sai. O que eu poderia dizer agora? tive tanto medo desse dia. De descobrir que ele ainda sentia algo pela mulher. Pensei em ignorar isso e continuar tentando-o fazê-lo feliz. Pensei em terminar tudo para não me magoar. Pensei em tantas coisas. Mas nunca me preparei para esse momento. O nó em minha garganta chegava a doer. Mas eu não posso chorar aqui. A imagem de Castle, sentado no chão, devastado, chorando pela mulher morta, com os álbuns de recordação dos momentos felizes deles, apaga todas as lembranças boas que vivemos juntos. Eu não consigo pensar em um motivo para continuar com isso. Mesmo o amando.

Seguro firme a maçaneta. Tentando me manter firme de pé.

— O que você está fazendo aqui? – ele pergunta depois de um tempo me encarando.

Sua voz carregada de uma mágoa que não fazia sentido para mim. Ele parecia aquele Castle que eu o conheci. Aquele amargurado, sem vontade de viver. O mesmo pelo qual eu me apaixonei também, mas agora eu não vejo razão para isso. Há muito tempo eu não escutava sua voz tão carregada daquele jeito. Há muito tempo eu não o vejo tão cheio de raiva. Há muito tempo eu não vejo o desprezo em seus olhos.

Tudo isso me assusta.

Vê-lo assim, me assusta. Na minha frente, tem um Castle que eu não estou mais acostumada. Um Castle que eu não amo. Mais uma vez tento falar alguma coisa, mas não sai nada. Eu não consigo mais sentir minhas pernas. Não sei como ainda estou em pé. Eu quero sair daqui, correr para longe, mas não consigo.

— O que você faz aqui, Kate? – ele pergunta novamente. Dessa vez sua voz está ainda mais carregada.

Ele desvia seu olha para o copo em sua mão e vira o resto da dose de uma vez. Castle faz uma careta quando o líquido desce por sua garganta.

— Eu trouxe a Alexi... – consigo dizer, finalmente. – ela está dormindo. – aponto com a cabeça para a porta do outro lado do corredor. Minha voz sai baixa, embargada.

— Certo. – ele diz sem me olhar. – fecha a porta quando sair.

Aperto meus lábios e concordo silenciosamente com a cabeça. Faço uma força para não desabar aqui. Ele queria que eu fosse, e eu ia. Dou uma última olhada pelo lugar, gravando aquela imagem na minha cabeça. Aquela era uma prova de que nós nunca daríamos certo. Antes de sair, um brilho grosso em seus dedos chama a minha atenção. A aliança! Ele estava usando a aliança novamente. Era o que faltava para a ficha cair de vez. Eu estava me enganando esse tempo todo. Tudo não passou de um sonho. Uma fantasia idiota. Nada além disso.

— FECHA A DROGA DESSA PORTA! – ele grita, me assustando.

Minha única reação é fechar a porta e sair dali. Dessa vez, minhas pernas obedecem. Ele nunca tinha se desfeito daquele quarto. Mentalmente, eu acreditava que ele faria isso. Que ele arrumaria um jeito de se livrar daquelas memórias físicas da sua mulher e iria construir uma vida comigo. Ele me fez acreditar nisso! Mas ele mentiu. Ou eu me enganei. De qualquer forma, acabou.

Sinto algumas lagrimas caírem pelo meu rosto enquanto desço as escadas, praticamente correndo. Tento conte-las, mas quanto mais eu tento, mais elas descem. Sinto meu peito se comprimir, e a dor é quase insuportável. Queria acordar e estar ao lado dele, na sua cama. Queria abrir meus olhos e descobrir que tudo era só um terrível pesadelo. Mas não era.

— Kate? – escuto a voz da Jenny quando estou prestes a sair. Limpo meu rosto rápido antes de me virar para ela. – está tudo bem?

Não! Não estava nada bem.

— Está. – sorrio levemente. Mas eu sei que ela não acreditou. – eu só preciso ir...

Ela balança a cabeça, concordando. Antes de sair eu dou um passo em sua direção.

— Pode me fazer um favor?

— Claro. – ela sorrir, mas sua feição ainda é preocupada.

— Cuida da Alexis? Ela está dormindo e Castle... – paro de falar. Meu peito se aperta só em pensar nele naquele quarto novamente. – só cuida dela...

— Claro. Mas aconteceu alguma coisa com o Senhor Castle?

— Não, ele está bem. – deixo um sorriso irônico sair. – ele está ótimo. Mas eu preciso que você olhe ela até Martha chegar. Pode fazer isso?

— Claro que sim. – ela sorrir novamente.

— Qualquer coisa me liga.

Não espero sua resposta e saio. Não aguentava mais ficar naquela casa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Talvez o momento que voces tanto temiam tenha chegado...
Será?

Até o próximo ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "I Can't Love You" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.