Série Lobos I - Hogosha (O Guardião) escrita por M Schinder


Capítulo 7
Parte VII: Direito


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem deste capítulo!
Estou bastante ocupada e deixei para postar mais tarde >



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Acordei algum tempo depois, com meu corpo todo dolorido. Meu olho esquerdo estava enfaixado e ainda ardia, mas eu não sentia nada vindo de meu peito, que eu tinha certeza que deveria estar tão arranhado quando os brinquedinhos que eu e meus irmãos usávamos para afiar nossas garras quando mais jovens.

Tentei me sentar, mas um peso estranho me segurava para baixo. Levantei a cabeça e encontrei Ailee deitada sobre minha barriga. Perguntei-me o porquê de não ter notado aquele peso antes, mas decidi que não importava. Notei que eu ainda estava em minha forma canina e imaginei que a princesa deveria ter usado o mesmo truque que usara na caverna, quando eu enfrentara a Serpente.

— Vejo que está acordado.

Eu olhei para cima e encontrei Ume na porta, trazendo uma bandeja cheia de frutas e sucos. Ele depositou o objeto em uma cômoda e foi quando eu percebi que estava no meu quarto, depositado sobre minha cama. Eu sacudi minha cabeça, tentando não acordar a menina, e fiz um barulho baixo com a garganta. Eu esperava que ele entendesse que eu queria saber o que acontecera.

— Assim que você terminou de enfrentar o Urso, você desmaiou pela perda de sangue – explicou. Eu não sabia se ele entendera minhas reações ou se ele estava falando porque queria mesmo. – A princesa salvou sua vida com as habilidades herdadas de Tsukuyomi. Fechou as feridas em seu peito e salvou seu olho da cegueira, apenas não conseguiu fechar os cortes que estavam em volta do olho. Ficará com duas cicatrizes no rosto. – ele não parecia triste com aquele fato e lembrei que muitos dos lobos mais velhos respeitavam quem possuía marcas de batalha. Olhei para Ailee e dessa vez eu sabia que ele entendera. – Ela está bem. Chorou muito e se sentiu culpada pelo que aconteceu, mas, pelo que eu entendi de quando ela estava falando com o pai dela, a senhorita não queria que Seiji fosse seu protetor; ela não queria que ele ganhasse.

Ume parou de falar e mexeu em algo na bandeja. Eu não percebera aquilo, pois era complicado enxergar com um olho só. Era um prato de carne que, pelo cheiro, estava cozida. Antes de depositar o prato perto de mim, ele sacudiu Ailee levemente e, quando ela acordou, mesmo com o cabelo todo bagunçado e a cara amassada ela pulou até mim e abraçou meu pescoço.

Doeu? Doeu muito. Nossa, meu corpo parecia estar queimando, mas eu não tive coragem de afastá-la. Eu não a considerava culpada e estava mais que feliz por saber que estava bem. Eu não admitia, mas ela era minha única amiga. Acho que passamos muito tempo abraçados, pois Ume fez um barulho estranho com a garganta e mandou que ela fosse para seus próprios aposentos.

Ailee olhou para ele parecendo insatisfeita, mas concordou e saiu mostrando seu desagrado ao fechar a porta. Depois disso, pelo que eu me lembro, as coisas passaram com rapidez. Eu comi aquela carne como se minha vida dependesse disso; Ume esperou sentado em uma cadeira e, quando eu terminei, mandou que eu assumisse minha forma humana.

Quando voltei, percebi que usava apenas trapos. Olhei para meu mentor envergonhado, mas ele apontou para a outra ponta do quarto onde uma banheira com água quente me esperava, com roupas que eu nunca vira na vida.

— Tome banho, se troque. Estarei te esperando do lado de fora – ordenou saindo.

Eu não hesitei nenhum segundo e corri até a banheira. Sentia como se anos tivessem se passado depois do meu último banho e foi extremamente agradável submergir no líquido. Estava quente e minha pele humana se arrepiou, mas eu mergulhei de qualquer maneira. Não demorei muito e logo sai. O que levou tempo foi colocar a roupa. Não estava acostumado a usar tantos panos quanto aquilo tinha, mas dei um jeito. Percebi que era uma roupa de cerimônias e torci o nariz para aquilo.

Rezando para que acabasse logo, eu segui em frente e sai do quarto, encontrando-me com Ume. Ele acenou para o lado e eu o segui novamente sem saber o que estava acontecendo.

— Prepare-se. Você irá ficar cara a cara com o imperador e seu Hogosha— avisou sério. Se minha expressão estava fechada antes, eu acreditava ter ficado pior ao ter ouvido a denominação do meu pai. – E eles julgarão se você é ou não capacitado para ficar ao lado da princesa.

— Achei que Seiji tivesse ganhado – retruquei de mau humor.

— Ele não chegou a levar senhorita Tsukiko até onde estávamos e você salvou a vida dela sem se importar com a sua – explicou com um dar de ombros. – Você ganhou muitos pontos com isso.

Eu concordei mais uma vez, mantendo-me calado. Eu não sabia se Ume ligaria, mas precisava conversar sobre aquilo com alguém.

— Sabe, Seiji me contou que meu pai acredita que eu virei amigo de Ailee pelo posto. O gordinho disse que meu próprio pai estava fazendo a minha caveira – desabafei. Eu estava muito mais magoado e traído do que jamais me sentira e não esperava nenhuma palavra de consolo, mas acho que viver no palácio sempre seria uma onda de surpresas.

— Se ele realmente acredita isso, não conhece nada sobre o filho que tem.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? :33



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