Não Faz Diferença escrita por villiehedervàry


Capítulo 2
As duas esmeraldas de seus olhos


Notas iniciais do capítulo

Como prometido coloquei o capítulo 2 rapidinho. O 3 vai demorar um pouco... mas eu já comecei! Agora o resto já não posso prometer nada, sorry. Por enquanto fiquem com uma Hun misteriosa huaauhauha



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/700271/chapter/2

As duas esmeraldas de seus olhos se fixam nos meus, e eu me sinto de repente vulnerável, instável, sinto o chão tremer, assim como minha estrutura, por completo. Eu não quero mais estar aqui. Ela emudece, eu emudeço.

“A Felicia está?”

A voz de Monika racha o silêncio. Quebramos o olhar e Liz abre a boca. Porém ouvimos passos acelerados e logo outra menina da idade de minha irmã aparece na porta e dá um alegre olá. Elas começam a tagarelar e conforme entram na casa, eu e Liz as seguimos sem dizer nada até o corredor que parece enviar-nos até a sala. Eu não estou prestando atenção na conversa delas nem em nada, estou pensando em como possivelmente posso interagir com Liz sem parecer estar tendo um ataque cardíaco.

As duas meninas finalmente sobem pela escada ao lado, misturando suas vozes animadas, deixando a mim e Liz no final do corredor, em frente à sala.

Permanecemos calados vendo-as subir e depois nos fitamos novamente. Longos minutos se passam sem ao menos nos cumprimentarmos. Depois de desviarmos ambos os olhares, Liz parece achar algo bastante interessante no tapete detalhado forrando o chão e o olha, sem jeito. Continuo a observando, examinando seu cabelo cor-de-mel escuro ondulando em seus ombros e costas, sua blusa de lã manga comprida marrom-escura, com gola longa. Sua legging preta e botas escuras, cintilando o reflexo da luz.

A cabeça dela se levanta novamente. A garota percebeu que estive a observando esse tempo todo. Desvio o olhar da mesma forma que ela fez segundos antes. É como uma dança desajeitada, e o ar não poderia ser mais estranho.

Depois de mais um intervalo de silêncios inundando os ares da casa, Liz limpa a garganta de modo tenso e subitamente fala:

“Tenho algo a te propor.”

Levanto um olhar questionador para sua figura, iluminada pela luz fraca da manhã que passa pela sala e realça suas feições pensativas. Sua fala parece um tanto comercial.

“Te obrigar, na verdade.” Ela acrescenta, parecendo olhar fundo em minha alma.

Não faço ideia do que seja e nunca poderia ler sua expressão ao dizer estas palavras. Minhas pernas estão em formigamento constante e ritmos acelerados comandam meu coração no mesmo instante. Tenho vontade de sair, correr, ir embora, porém ao mesmo tempo tocar os cabelos dela, o rosto dela, deixá-la me fuzilar daquele jeito por uma eternidade.

Ela respira fundo e continua me encarando enquanto espero o que ela tem a negociar.

“Me encontre segunda depois da aula, atrás do prédio”. E dá uma pausa, o olhar vidrado, voz grave e desafiadora. “Isto é, se for homem de verdade.”

 

—-

É segunda e estou tão ansioso que mal prestei atenção no horário.

São mais ou menos 5 minutos depois do término da última aula, e em vez de ir logo para casa que é apenas dois quarteirões longe do colégio, eu entro no pátio e saio pelo portão dos fundos. Eu nunca havia saído pelo portão detrás, por isso não conhecia aquele canto do bairro. É um local ermo. Afundo as mãos mais ainda dentro dos bolsos do meu casaco preto de gola, com a mente em estado de confusão enquanto recosto no muro. Meus nervos estão à flor da pele. Ao respirar, o ar se forma em fumaça por causa do frio, apesar de não haver nevado há tempos. O céu está cinzento, a atmosfera úmida. Recordo as palavras de Liz, pairando na minha cabeça durante toda aquela caminhada.

“Encontre-me segunda depois da escola, atrás do prédio, isto é, se for homem de verdade.”

Eu ainda podia lembrar-me da cara que ela fazia ao dizer isso. Uma expressão misteriosa, séria, porém tentando segurar um riso entre os lábios. O que raios ela queria comigo? Me bater? Me matar? A ênfase em “se for homem de verdade” ainda me arrepia. Mas também não consigo conter o coração que se ilude e bate apressado em saber que a verei em poucos minutos. Droga, estou lidando com essa situação pior do que uma menina.

Meus pensamentos são interrompidos por um som de alguém limpando a garganta de um jeito impaciente ao meu lado e desvio meu olhar da calçada para a pessoa. Espera. Não é qualquer pessoa.

 “Vamos, Gil”, Liz fala com veemência e inclina a cabeça em alguma direção, “Eu não tenho o dia todo, e meu estômago está roncando. Vai ser rápido”.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Deixem favorito, por favor? Não custa nada, obrigada. ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Não Faz Diferença" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.