Harry Potter e... escrita por VSouza


Capítulo 56
Capítulo 9 - Lovegood




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CAPÍTULO 8

—Amy! - a voz de Luna saiu fraca porém animada quando viu que era a amiga parada na grade. A menina estava visivelmente mais magra que o normal.

—Luna! -As duas se abraçaram mesmo com as barras de ferro no meio. - O que aconteceu? Há quanto tempo está aqui?

—Faz alguns dias, apenas. Acho que os Comensais não gostaram muito do apoio que meu pai estava dando à Harry pelo O Pasquim. Fui levada de Hogwarts e não sei quando me deixarão voltar pra casa.

—Eu não sabia… não fazia a mínima ideia que vocês estavam aqui… - Amy se sentiu horrível de estar dormindo numa cama de casal enquanto a amiga estava numa cela escura de pedra. - Sr. Olivaras, e o senhor?

—Ele está aqui há mais tempo do que eu. Aquele Que Não Deve Ser Nomeado quer o conhecimento dele sobre varinhas. -Luna disse com a voz mais baixa.

Amy olhou para o velho e agarrou a barra da cela com mais força.

—Varinhas? - perguntou curiosa e surpresa.

Foi então que se lembrou que, quando estavam transportando Harry da casa dos tios, ele tinha falado que sua varinha tinha agido sozinha e impedido o Lorde das Trevas. Lembrou do núcleo gêmeos e da tentativa de Voldemort de usar outra varinha para batalhar com Harry. Amy olhou para o velho encostado na parede, que a olhava com miséria e cansaço no olhar.

—Sr. Olivaras… por favor… o que ele queria de você? O que ele queria saber?

O homem se encolheu junto à parede, apavorado com a pergunta dela.

—Sr. Olivaras, por favor… por favor… Eu posso ajudar vocês, ok? Só preciso saber o que Voldemort queria saber, só isso… por favor.

—Histórias.. foi só o que contei à ele. Histórias. Mitos. - o velho disse com a voz rouca e baixa.

—Do que? -ela perguntou ansiosa.

—A Varinha das Varinhas. A Varinha de Sabugueiro. - ele disse e uma pequena lágrima escorreu de seu olho enrugado quando falou.

Amy franziu a testa confusa. Varinha das Varinhas? Ele se referia ao que ela estava pensando? Então o olhar urgente e arregalado que Luna chamou a atenção da garota. Amy desviou o olhar para onde ela olhava e viu que Draco estava parado no alto da escada, observando ela.

—O que está fazendo? -ele perguntou.  

Amy respirou fundo, fuzilando ele com o olhar.

—Quando ia me contar que minha amiga e o maior entendedor de varinhas do país estavam presos bem debaixo dos meus pés?

—Nunca, se quer saber. -ele disse grosso. Era óbvio para ela que Draco estava magoado por não terem se beijado duas noites atrás. Ela subiu as escadas e ficou de frente pra ele.

—Mesmo? Vai agir assim agora? Pensei que você tinha superado aquela pessoa mesquinha e infantil de Hogwarts!

—Deixa eu adivinhar, você me odeia e vai embora, é isso? - havia uma hesitação no olhar dele.

—Você pediu pra eu não te deixar, esqueceu? -Amy jogou a lembrança na cara dele e saiu brava pelo corredor.

Draco tentou manter a expressão séria e inabalável, mas só conseguiu até a menina virar o corredor e desaparecer. Uma lágrima se formou no canto de seu olho contra sua vontade e ele teve que apertar os lábios para que não tremessem como os de uma criança chorosa. Era ridículo, mas pensar que Amy ainda era fiel ao Potter, que ainda amava ele, o machucava, mesmo o sentimento dela sendo a coisa mais normal e esperada do mundo. Ele não podia desejar que após um único beijo ela se apaixonasse imediatamente. Amy era diferente de todas as garotas que ele já tentara conquistar em Hogwarts, nenhuma chegava aos seus pés, à sua complexidade e nem aos fortes sentimento que ele tinha por ela.

Aceitando o que sentia, ele foi até o quarto dela e bateu duas vezes na porta. Não houve nenhuma resposta imediata, então ele bateu novamente com mais força. A porta se abriu com um pouco de força e Amy o encarou raivosa.

—O que? -ela perguntou curta e grossa.

—Desculpa, ok? Desculpa, eu… eu tô estragando tudo o que a gente construiu nesses últimos meses. Não devia ter tentado te beijar no Natal, ou ter ficado bravo com isso… e nem escondido que sua amiga estava aqui.  

—Presa. -ela disse a palavra com força.

—Que sua amiga estava aqui presa. - ele complementou e abaixou os olhos. - E apesar de disso tudo você continua aqui, mesmo sabendo que não existe rastreador.

—Eu não tenho pra onde ir, não é como se eu tivesse muita opção. -sua voz saiu com um certo peso.

—Poderia ter ido pra qualquer lugar, mas ficou aqui. Sei que não foi por minha causa… totalmente… mas gosto muito que você tenha ficado.

—É, se eu fosse você também odiaria ficar sozinho com a família que você tem. -ela disse com um pouco de humor na voz.

Draco soltou um riso espontâneo, que fez a menina sorrir levemente.

—Olha Draco, sei que temos um relacionamento difícil. Estar hospedada aqui, ser amiga de um Malfoy, são as últimas coisas que eu pensei que aconteceriam quando vi sua cara mesquinha em Hogwarts… e nós dois sabemos que a qualquer momento podemos estar de lados diferentes novamente, mas… eu confio em você agora, ok? E espero que você confie em mim também. - ela se aproximou dele e colocou a mão em seu peito e abaixou bem a voz - Eu sei que, no fundo, nós dois queremos a mesma coisa. Queremos que isso tudo acabe, que possamos viver em paz e sem medo com quem amamos.

—Você não tem medo de dizer isso na casa dos maiores seguidores do Lorde das Trevas? -ele disse, olhando pelo corredor para ver se não havia ninguém.

Amy sorriu amigavelmente.

 

—Nenhum mal foi feito à sua amiga. Ela está aqui como punimento ao que o pai dela fez. Ele é louco, sempre chama os Comensais para tentar negociar a volta da filha dele, mas fora essa tortura emocional, não fizemos nada com ele também.

—Eu sei que não é você que dá as ordens, fica tranquilo. Gostaria de ir na próxima vez que visitarem Lovegood.

—Acho que não é problema.

—E Olivaras? O que faz aqui.

O olhar dele ficou um pouco mais sério.

—Ele está aí há algum tempo. Quando vocês transferiram o Potter da casa dos tios dele, o Lorde das Trevas pediu a varinha do meu pai emprestada. Não sei porque. -Amy manteve o olhar curioso, não querendo revelar o que sabia- Desde então ele tem mantendo e velho preso e o questiona as vezes. Não sabemos sobre o que. Desde então Ele vem viajando para fora do país, cada vez mais longe e cada vez por mais tempo.

—Entendo. - ela disse, fixando olhar na parede. “O que é mais importante do que Potter?” ela perguntou um dia para Draco e não voltou a pensar naquilo novamente, até aquele momento.

—Tudo bem? -ele perguntou, examinando a menina.

—Tudo. Tudo sim, só estou um pouco cansada. Sabe, eu acabei de dar de cara com o Lorde das Trevas. Surpresa e feliz por ter saído viva. -ela disse, se arrepiando ao lembrar das feições daquele monstro humano. -Acho que vou me deitar um pouco.

—Claro. - ele disse e os dois se afastaram.

Ela fechou a porta lentamente e voltou seus pensamentos para o que estava pensando antes de Draco a interromper.

Amy se sentou na sua cama e encarou o chão de pedra. A Varinha das Varinhas. A Varinha de Sabugueiro… era só uma história para crianças daquele livro infantil que Damon lia para ela quando era nova. Voldemort não estaria atrás de um objeto de um conto infantil. Seria aquilo algum tipo de código, pista que o velho tinha dado?

Dois dias se passaram e ela continuou com aquilo na cabeça. Pensava no assunto quando estava comendo na cozinha e Draco entrou pela porta, colocando sua capa de sair.

—Lovegood chamou os Comensais. De novo. Pensei que gostaria de ir. - ele disse.

Amy logo se levantou da mesa, interessada.

—Vou pegar minha capa. - disse passando por ele.

Em menos de cinco minutos eles aparataram no alto de um colina. Estava perto da casa dos Weasleys, ela sabia, mas não pensou nem por um minuto ir até lá, nem mesmo escondida.

A casa de Xenófilo Lovegood era uma construção engraçada, pequena e torta, com dois andares apenas. Amy, Draco e um terceiro comensal da morte chamado William se aproximavam da casa quando uma tremenda explosão dentro dela fez com que eles parassem. Parte de uma das paredes da casa saiu voando para o gramado e quase acertou o terceiro comensal.

—Não acredito que esse cretino tentou explodir a gente. - William disse furioso e saiu em direção ao buraco na casa.

Draco e Amy se entreolharam e andaram apressadamente até lá. Ao passar pelo buraco, Amy viu uma sala pequena coberta de entulhos e pó. Parte do teto tinha caído, mas a escada em caracol que levava ao outro andar estava firme.

—Não, não, não, eu juro… era o Potter, ele e os amigos dele… -Xenófilo estava de joelho aos pés de William. -Estavam aqui faz um segundo, desapareceram… eu juro… - então ele viu a menina e se arrastou até seus pés - você… é amiga de Luna… devolva a minha menina, por favor… era o Potter, eu juro que era.

Amy encarou atônita o homem de joelhos aos seus pés. Tentou não se abalar com o fato de Harry, Rony e Hermione terem acabado de aparatar dali, manteve a postura ereta, não querendo se denúnciar para Draco e William.

—Revistem a casa. - ela disse superiormente.

—Não recebo ordens suas. -William disse com nojo.

Amy pegou a varinha e apontou para ele. O corpo do homem fez uma pequena reverência involuntariamente e seu rosto se retorceu de dor e raiva. Draco soltou um pequeno risinho ao ver a cena.

—Sim, você recebe. - disse séria.

William saiu de mal gosto da sala, verificando os cômodos de cima, enquanto Draco, ainda sorrindo para ela, saiu para verificar as salas ao lado.

Assim que ficou sozinha com Xenófilo, ela agarrou seu ombro e apontou a varinha para ele, com o olhar feroz.

—Está mentindo. Porque Harry te visitaria?

—Ele queria saber sobre as Relíquias. Só contei sobre isso, juro. - os olhos dele fixaram medrosos nela. Visivelmente não esperava aquele tom da garota.

—Relíquias? - um grande alarme barulhento e vermelho soou dentro da cabeça dela. Era a mesma história que o Olivaras contou à Voldemort. Aquilo não podia ser coincidência. - O que contou a eles? O que contou a eles exatamente? - ela enfatizou a última palavra.

—Sobre o conto dos três irmãos, a pedra, a capa, a varinha das varinhas… -ele ergueu um colar de prata que usava, com um triângulo pendurado, uma linha e um círculo desenhado. Aquele símbolo não lhe era estranho, mas a garota não soube dizer de onde o conhecia naquele momento. - Por favor, devolva minha Luna. Eu juro que era ele…

Draco entrava na sala naquele momento, enquanto William voltava do andar de baixo. Amy se afastou do homem e deu meia volta na sala.

—Ele não está aqui. Não tem ninguém na casa. - William disse.

Mas Amy quase não prestou atenção, pois sentiu um cheiro familiar no cômodo… um perfume feminino… o de Hermione!

Ela virou o rosto rapidamente. Será que eles ainda estariam ali, sob a proteção da Capa de Invisibilidade? O pensamento pareceu acender todos os neurônios da garota.

Draco viu a expressão confusa da menina e se aproximou dela, colocando a mão delicadamente na dela.

—Amy? Tudo bem? - ele disse.

Era estranho essa nova proximidade deles e apesar dela já estar acostumada, a possibilidade de Harry, Hermione e Rony estarem ali deixou a proximidade com o loiro mais estranha ainda. Draco olhou preocupado para ela, que o encarava de volta com um olhar confuso e perturbado.

—Duvido que Harry tenha estado aqui. - ela disse apenas, desviando os olhos dos dele. - Ele só deve estar desesperado para conseguir Luna de volta.

—A garota está certa. Podemos acabar com a vida dele, assim nunca mais seremos perturbado por esse lunático. -William disse, apontando a varinha para o homem que estava de joelhos ao pés deles ainda.

—Não! Só vamos embora daqui. - Draco disse, ainda estranhando o comportamento de Amy.

—É sério isso? Vai receber ordens dessa traidora do sangue? - William disse incrédulo. Aquele homem estava começando a irritar ela.

Draco sacou a varinha e apontou para o comensal, olhando superiormente para ele.

—Acho melhor tomar cuidado com suas palavras. Você segue ordens, nossas ordens, goste disso ou não. Não se esqueça disso.

William encarou os dois com os olhos ardendo de raiva.

—Façam o que quiserem, então. Não perco mais meu tempo. - disse nervoso e desaparatou.

Amy continuou parada, olhando os movimentos de Draco. Ele caminhou até Xenófilo, que continuava desesperado aos pés dela, murmurando “devolvam minha filha”.

—Sua filha está bem, ok? Para de chorar, ninguém vai fazer nada à ela se você se comportar. -ele disse.

Amy juntou as sobrancelhas ao ver aquela cena. Draco sendo gentil com alguém, mesmo do jeito dele? Aquilo não era nada comum.

Ela olhou ao redor novamente, tentando identificar o cheiro que acabara de sentir. Provavelmente tinha se enganado, Harry poderia ter estado ali, mas se ainda estivesse, com certeza teria se revelado quando ficaram apenas Amy e Draco na casa.

—Vamos embora daqui. -Amy disse para Draco.

—Tem certeza que Potter não esteve aqui?

—Claro que não tenho, mas porque ele teria vindo? Xenófilo parece um demente, deve ter chamado vocês apenas para negociar Luna novamente. E se esteve, chegamos tarde demais. Não quer avisar isso ao Lorde das Trevas, quer? -ela disse, olhando para a parte da casa destruída. - O que causou a explosão? - perguntou ao homem.

—Não importa, vamos embora então, ok? Se ficarmos podem suspeitar de alguma coisa. Estou morrendo de fome. - ele disse, chutando uma tábua e guardando a varinhas nas vestes.

Amy olhou ao redor mais uma vez, não sabendo se queria estar certa ou errada sobre os amigos terem estado ali.

—Vamos. - ela concordou. Draco colocou a mão no meio das costas dela e os dois aparataram dali, enquanto Xenófilo implorava para não irem e devolverem sua filha. Amy tentou tirar essa visão de dor de sua mente.

Aparataram na  frente da mansão Malfoy. Amy começou a caminhar para a casa, mas Draco segurou seu braço e a deteve.

—Quer me contar agora o que aconteceu lá? O que houve com o papo da confiança?

—Não aconteceu nada. Ele jurou que Harry estava lá, que queria saber sobre contos de crianças. -Amy insistiu, não tendo remorso algum em mentir para ele.

—Contos?

—Exatamente, não faz o menor sentido! Ele só fez a gente perder tempo e… acho que só fiquei em choque de quase ter topado com meus amigos. Não sei qual seria a reação deles.

—Provavelmente não te abraçariam e beijariam. -ele disse torcendo a boca.

—Provavelmente não.

Draco sorriu com o canto da boca, o olhos ficando menos sérios.

—Posso te abraçar se quiser… e beijar. -ele disse sorrindo com a boca e os olhos.

—Me poupa, Malfoy. - Amy disse revirando os olhos e empurrando ele para longe, que deu uma risadinha e seguiu a menina para dentro da casa.

Assim que conseguiu ficar sozinha, Amy foi até a pequena estante de livros da mansão e procurou um pequeno livro azul. Os Contos de Beedle, o Bardo era um pré requisito em toda casa bruxa. Damon tinha lido aqueles contos milhares de vezes para a jovem Amy, principalmente o conto que ela mais gostava, dos Três Irmãos. Quando ficou mais velha, soube que existia histórias sobre aqueles objetos serem verdadeiros, sobre bruxos lunáticos tentando encontrar os três presentes que a morte deu aos irmãos. Mas novamente, eram só histórias.

Porém, era muita coincidência: Voldemort perguntou sobre a Varinha de Sabugueiro à Olivaras, e Harry tinha ido perguntar sobre o mesmo conto à Xenófilo.

Amy logo pensou: Não é coincidência. Nada mais poderia ser tão coincidente naquela guerra. Voldemort deveria estar atrás de uma varinha nova, uma que conseguisse derrotar Harry e seu núcleo gêmeo. Mais importante que Harry Potter, é derrotar Harry Potter. Isso explicava porque o bruxo viajava tanto para fora do país agora. E Harry provavelmente teria visto a mente do Lorde das Trevas e descoberto sobre as “relíquia da morte”. Ela rabiscou com uma pena o triângulo, a linha vertical e o círculo numa folha de papel.

Mas era possível a Varinha das Varinhas existir? A varinha mais poderosa de todos os tempos? Onde estaria? E se existisse e Voldemort realmente a estivesse procurando, o que Amy poderia fazer? Apenas rezar para que ele não encontrasse…

Naquele momento ela quis tanto estar com os amigos para poder entender melhor o que estava acontecendo, o que eles sabiam, o que eles estavam fazendo. Com certeza Harry tinha informações diretas da mente de Voldemort.

Amy se sentou na batente da janela, pensando que não só por isso queria estar com os amigos, mas porque realmente sentia falta deles… assim como sentia falta de Damon e do seu pai… de todos os membros da Ordem, dos Weasleys… Ela se perguntou se viveria para reencontrar essas pessoas, e se eles odiariam ela agora. Desejou do fundo do seu coração que não.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Comentem e recomendem a história!!!



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