Harry Potter e... escrita por VSouza


Capítulo 55
Capítulo 8 - A Espada de Gryffindor e o Encontro com Voldemort




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CAPÍTULO 8

Depois de tantos meses, Amy finalmente pareceu ter se acostumado com a Mansão Malfoy. Não que ela gostasse de estar ali, mas se sentia melhor do que no primeiro mês que chegou, o que já era algo positivo; ela mal percebeu que o Natal já estava tão perto. A época lhe trazia tantas lembranças de seus amigos e sua família e este era o primeiro feriado que passava longe dos que amava. Ela com certeza não se sentaria à mesa com os pais de Draco, as chances deles convidarem eram baixíssimas, e as dela aceitar menores ainda.

Porém Draco veio fazer o convite mesmo assim. Dia 24 de Dezembro ele bateu na porta do seu quarto. Amy lia um livro deitada na cama quando ele entrou.

Os dois tinham se falado pouco desde o beijo. Quando Draco foi tentar mencionar o ocorrido, ela logo o cortou e ele entendeu que a garota não queria falar naquele momento. Tinham saído para uma simples ronda pela cidade com o desagradável do Luccas e não conversaram nada novamente. Ela estava decidida a deixar essa história para trás.

—Oi. - ele disse ao entrar. O jeito que ele a olhava lhe trazia uma sensação estranha e boa.  

—Aconteceu algo? - ela logo perguntou, fechando o livro.

—Não, tudo ótimo. Queria saber se não quer jantar com a gente essa noite. -ele disse.

Amy ergueu a sobrancelha e ficou meio sem jeito.

—Draco… não acho que seja uma boa ideia.

—Juro que meus pais se comportarão.

—Não é isso. Eu… eu passo essa, obrigada. - ela disse, observando a reação do menino.

Ele parecia já saber que essa seria a resposta, na verdade aquilo tudo parecia mais um desculpa para conseguir falar com Amy.

—Vai passar o Natal sozinha? - ele perguntou, fingindo estar preocupado.

—Eu vou ficar bem, não se preocupa. -ela lhe garantiu.

Draco hesitou um pouco. Queria conversar sobre o beijo, não queria deixar aquele assunto morrer, mas Amy não parecia estar aberta à isso. Ela não parecia brava também, apenas tentava esquecer o ocorrido.

—Ok. - ele apenas disse e a deixou sozinha no quarto.

Amy esperou ele se afastar para enfiar o rosto no travesseiro e querer morrer. Não queria pensar em Draco, não queria se dar abertura para isso.

De noite, um pouco antes da hora do jantar, Amy foi para o jardim. O clima frio não a incomodava. Ela pensou em passar o Natal em Hogwarts, mas não seria bem vinda entre os amigos. Pensou em ir à cidade, se perguntou onde Damon estaria, mas não conseguiu chegar à nenhuma resposta boa. Se perguntou onde Harry estaria agora, se Rony tinha achado os amigos, se ele a odiava também....

Eram tantos pensamentos, até que Amy teve uma ideia inusitada. Na verdade, já tinha pensado nisso algumas vezes durante esses meses, mas não teve coragem o suficiente para fazer.

Desde que ouviu no casamento de Gui que Godric’s Hollow era, não somente o lugar que os pais de Harry morreram, mas também morada de Dumbledore na infância e de Batilda Bagshot, teve uma enorme vontade de visitar o vilarejo bruxo. Até mesmo pensou que a espada poderia estar escondida em algum lugar lá, mas não tinha feito nada porque sabia que provavelmente o lugar estaria sob uma forte segurança dos Comensais da Morte.

Mas agora, ela era considerada uma Comensal. Poderia visitar o lugar com mais tranquilidade, talvez visitar a própria Batilda e perguntar mais sobre Dumbledore e aquele historia doida de sua irmã e sua amizade com Grindelwald.

Amy se levantou, decidida que faria essa viagem naquela noite. Tinha a varinha e o colar que Sirius lhe deu que brilhava quando estava em perigo, estava pronta para aparatar quando ouviu passos na neve, alguém se aproximando. Snape vinha em sua direção.

—Não sabia que passavam o Natal em família. - ela disse, estranhando a presença dele ali.

Ela tentou esconder a emoção e lembranças que voltaram à sua mente da última conversa que teve com o diretor. Ao mesmo tempo que era o mesmo Severo Snape dos últimos seis anos, parecia um homem novo aos olhos de Amy.

—Os Malfoys não sabem que estou aqui. Vim falar com você. -ele disse secamente.

—Comigo? - Amy estranhou. Seria alguma coisa sobre a conversa que tiveram semanas atrás?

—Nós temos… um trabalho para fazer. - ele disse, escolhendo as palavras.

Amy enrugou a testa, a curiosidade crescendo dentro dela. Um trabalho? Dumbledore mandou eles fazerem alguma coisa?

—O que quer dizer? - seu tom era incerto e desconfiado.

—Conversaremos em meu escritório.

—Mas… eu estava indo… - ela começou a falar mas se calou.

Snape levantou uma sobrancelha, curioso.

—Indo…? - ele quis saber.

—Eu queria ir… ver… Godric's Hollow. -ela disse rapidamente.

O rosto de Snape se fechou numa expressão que Amy desconhecia. Tinha um pouco de dor e muita seriedade.

—Isso pode ficar para outro dia. - ele disse.

—Venha comigo. - ela convidou, antes de pensar duas vezes no que estava fazendo. - Será uma visita rápida, prometo.

—Nosso trabalho é mais importante… e urgente. - o tom em sua voz fez Amy perceber que era realmente algo sério.

Olhou para a mansão atrás dele, se certificando que ninguém os via. Quando voltou a atenção para o diretor, ele tinha nas mãos um pequeno tinteiro, o mesmo que Dumbledore usou como chave de portal para levar Amy e Harry do Ministério no quinto ano. Ela olhou para o diretor, que permanecia sério, e tocou no objeto.

Sentiu o desconfortável redemoinho de imagens e no segundo seguinte seus pés bateram contra a neve macia. Eles não foram parar dentro do castelo, mas sim nos jardins e Amy olhou confusa para Snape.

—O que vamos fazer? - ela perguntou ansiosa.

—O professor Dumbledore parece ter deixado uma herança para você.

Amy arregalou os olhos.

—Você está com a Espada de Gryffindor? - ela exclamou alto demais.

—Não exatamente. - ele disse, começando a andar em direção à Floresta Proibida. - Dumbledore escondeu a espada para que você pegasse e passasse para o Potter.

—Escondeu? Dumbledore não poderia ter facilitado minha vida e simplesmente ter deixado a espada no escritório?

—Ele nunca foi de facilitar. - Snape acendeu a varinha pois agora eles entravam numa parte mais escura da floresta.

Amy por alguns segundos estranhou aquele momento. Semanas atrás, ela estava pronta para atacar Snape e fazê-lo pagar por tudo o que tinha feito; sentia raiva e nojo daquele homem. Naquela noite ela estava junto à ele para resgatar um objeto mágico que ajudaria Harry à destruir Voldemort. E o mais estranho de tudo era que ela andava com segurança ao lado dele, sem suspeitas de que o diretor fosse fazer algo contra ela.

—Porque queria ir à Godric’s Hollow logo hoje? -Snape perguntou depois que os dois já caminhavam há um tempo.

—Não tinha planos para o Natal e já estava curiosa há algum tempo para conhecer o vilarejo. Não fui antes porque era muito arriscado, mas pareceu uma boa ideia agora que sou uma comensal da morte - Amy fez aspas com os dedos para as últimas palavras.

—O lugar está sob vigia, você deve ter adivinhado. O Lorde das Trevas acha que o garoto pode querer voltar à casa algum dia.

—É, eu acho também. - Amy pensou em Rony, Harry e Hermione em Godric’s Hollow, o quão arriscado seria para eles se realmente fossem.

Caminharam por cerca de 20 minutos pela floresta escura e fria, até que finalmente chegaram numa clareira com uma pequena lagoa, que Amy não fazia ideia que existia ali.

—Está lá dentro. - Snape disse seco.

Amy olhou para ele confusa.

—Lá dentro? - questionou, pensando que só um ato de coragem poderia fazer a espada ser sua, e ela já entendia o que precisava ser feito.

—Vocês, grifinórios, sempre se orgulharam de serem tão corajosos. - Snape disse com ironia.

Ela revirou os olhos e começou a tirar as camadas de roupa, ficando apenas com a calcinha e uma blusa de manga comprida preta e fina. Não se importava que Snape estava ali, só queria passar logo por aquele frio. Mesmo de longe ela conseguia ver um pequeno brilho que emanava do fundo no centro da lagoa, que provavelmente deveria ser a espada.

Deu dois passos na superfície congelada da água. O gelo parecia grosso o suficiente para aguentar ela, mas quando foi andando para o fundo, a superfície começou a estalar. Amy queria usar um accio, mas com certeza isso não adiantaria na espada mágica. Quando finalmente chegou em cima da arma, conseguiu vê-la com mais clareza, seu formato enorme e o brilho de suas pedras. Ela olhou para trás, e Snape observava, quase com uma cara de deboche. Amy bufou e olhou para a espada de novo. Com um movimento da varinha, descongelou uma pequena parte da lagoa e tomou forças para mergulhar, mas antes que fizesse, sentiu algo agarrar seu tornozelo e puxá-la para dentro.

O susto junto com o choque do gelo da água pareceram facas entrando em sua pele. Por sorte, ela não soltou a varinha quando foi puxada, mas também não conseguiu reagir rápido o suficiente para se proteger do que quer que fosse aquilo que a puxou. Viu uma sombra passar rapidamente ao seu lado e sentiu a água se descolar com o movimento da coisa.

Com a ponta dos pés ela sentiu o metal gelado e cortante da espada. Parecia que seu corpo ia paralisar a qualquer momento de frio, então apenas se abaixou e tateou o chão lamacento atrás da espada. Fechou os dedos em volta da lâmina quando viu novamente algo se aproximar dela. Segurando firme a espada usou a varinha para se lançar para perto da margem.

Uma imensidão de bolhas se formou quando ela atravessou a lagoa. A margem não estava mais congelada e ela emergiu a uns três metros de onde Snape estava. Não conseguiu fazer outra coisa a não ser tirar seu rosto da água e respirar, sem forças para se levantar. Não tinham se passado nem trinta segundos desde que tinha sido puxado por algo para dentro da água e seu corpo estava em choque com o frio e o susto.

Rapidamente Snape foi até ela e a puxou para fora do lago. Cuidadosamente abriu os dedos dela em volta da lâmina; sua mão sangrava e tremia violentamente. O diretor tirou a capa grossa que vestia e deu para ela, que se enrolou no mesmo segundo e ficou em posição fetal no chão, tentando prender o pouco de calor que tinha no corpo ao seu redor.

—O que te puxou? -Snape perguntou sem parecer realmente preocupado.

Amy apenas balançou a cabeça, fazendo sinal que não sabia. Seus dentes pareciam que iam quebrar de tanto que batiam um no outro.

—Vamos, se aqueça no castelo. - ele disse e ofereceu a mão para ela segurar. A mão dela segurou a dele sem forças, e ele a puxou para ajudá-la a levantar, depois lhe entregou suas roupas. Amy vestiu a calça e tirou a blusa molhada antes de colocar as outras por cima, depois ainda jogou a capa de Snape à sua volta.

Ele pegou a espada e depois abraçou a menina com um braço.

—Não se afaste. - ele disse.

Amy ia logo se afastar e falar que eles não eram tão amigos assim, quando sentiu que Snape e o ar ao seu redor se agitaram e de repente ele era uma mistura de algo físico com algo que parecia uma fumaça preta. Demorou alguns segundos para ela perceber que os dois estavam voando, sem utilizar nenhuma vassoura. O choque ainda não tinha passado quando eles atravessaram uma janela do castelo e de repente os dois estavam no escritório do diretor.

As luzes fizeram seus olhos doerem, mas o calor do ambiente foi um enorme alívio para ela. Amy se virou incrédula para ele, ainda tremendo.

—Você voou… como o Lorde das Trevas. - ela disse perplexa.

—Você aprende algumas coisas depois de tantos anos de magia negra. - ele disse indo até um quadro na parede. Ele puxou a pintura para a frente, que se moveu revelando um cofre atrás, onde Snape guardou a espada e depois trancou.

—Não se esqueça, Severo. Quando for a hora de entregar a espada à Harry, ele deve passar por uma provação para conseguí-la também. E ele não pode saber de jeito nenhum  que é você que estará dando a espada à ele. - a voz de Dumbledore falou do nada atrás deles, fazendo Amy levar um susto.

—Como Harry vai receber a espada? - Amy perguntou, olhando de Dumbledore para Snape.

—Eu tenho um plano. Assim que descobrirmos onde ele está, a espada será entregue. -Snape disse firme, não dando espaços para perguntas. -Dumbledore, porque não vai até a enfermaria pedir um chocolate quente para Green? Ela vai abalar toda a estrutura do castelo se continuar tremendo assim.

Amy não sentia saudades daquele tom superior e debochado de Snape, mas entendeu o que ele estava fazendo ao querer que Dumbledore saísse do quadro na sala. Alvo pareceu levemente incomodado, mas foi mesmo assim. Assim que desapareceu, Snape olhou para Amy.

—Porque o garoto precisa da espada? - ele perguntou fitando-a seriamente.

Amy ficou surpresa com a pergunta. Tinha esquecido que Dumbledore confiava sua vida à Snape, mas não contou sobre as horcruxes à ele. Agora ela não sabia se contava ou não sobre as outras partes da alma de Voldemort que ele desconhecia.

—Eu não sei, talvez matar o Lorde das Trevas? - Amy respondeu rapidamente, para não gerar suspeitas.

—Não espera que eu acredite nisso, não é?

—Olha, eu recebi essa espada para me lembrar da minha coragem e lealdade e sei lá mais o que de bonito que Dumbledore escreveu naquele testamento. Ele não deixou instruções claras, ok? Eu não sei o que fazer com a espada, Harry certamente deve ter uma noção maior. Você não é o único que só sabe meias verdades, pelo visto Dumbledore não confiava plenamente em ninguém.

Snape fez uma cara de desgosto e foi até sua mesa.

—Pelo visto não. -ele disse, e ela jurou que havia um pouco de mágoa em sua voz.

—Como pretende achar Harry e entregar a espada?

—Granger está levando um retrato de Fineus Black na bagagem com eles. Ele é a única esperança de saber algo dos garotos.

—Isso não parece inteligente para eles.

—Eles só me tiram da bolsa quando querem saber algo. -Fineus disse no retrato grande da parede. - Da última vez perguntaram justamente sobre a espada.

—O que queriam saber? O que você disse?- Amy perguntou urgente.

—Queriam saber sobre a última vez que tiraram a espada da sala do diretor. Aquela menina trouxa até achou que poderiam ter tirado para limpá-la, imagina? Tive que explicar aquela cabecinha que a espada não precisa ser limpa, ela não empoeira, apenas absorve o que a fortalece.

—Foi só isso que disse?

—Depois contei que a única vez que vi a espada sendo usada foi quando o diretor Dumbledore a usou para rachar algo. Uma pedra ou um anel, não vi direito.

Por sorte a garota estava de costas para Snape, pois seus olhos com certeza brilharam com as palavras do diretor Black. Dumbledore usou a espada para destruir o anel do avô de Voldemort. Então ela realmente destruia horcruxes, Amy estava certa.

—Dumbledore foi um tolo se achou que partir o anel poderia conter a maldição em seu corpo. -Snape disse secamente.

Amy olhou para ele confusa.

—O que?  

—Dumbledore estava condenado à morte por causa da maldição naquele anel. Eu tentei paralisar a magia, mas era muito forte.

Amy estranhou aquela história. Porque Dumbledore colocaria o anel se sabia que era uma horcrux? Com certeza estaria repleta de magia negra. Olhou para o retrato dele na parede, mas continuava vazio.

Desviou o olhar só quando Snape se aproximou dela, bem perto. Amy ajeitou a postura, encarando aqueles olhos negros cansados e sérios. Ela não se afastou, esperou que ele falasse.

—Eu confiei em você um dos segredos mais importantes da minha vida, nada mais justo do que você confiar em mim de volta. Porque Potter precisa da espada? O que ele anda fazendo todos esses meses?

Amy não desviou o olhar. Uma parte dela realmente confiava em Snape, mas outra parte dizia que tinha que se manter quieta.

—Como vou saber que você não mentiu naquela noite? Que só falou o que eu queria ouvir, que apesar de tudo trabalha para Você Sabe Quem?

—Você sabe que não é mentira. Sempre teve uma intuição anormal, Green, use-a.

—Não é assim que funciona, Snape. -ela disse tirando a capa dele do corpo e devolvendo em suas mãos. - O que eu disse, o que você confirmou, faz sim sentido… mas foi você também que causou tudo isso. Você que mentiu todos esses anos, que jogou sujo…

—Eu cumpria as ordens de Alvo…!

—E eu estou cumprindo também. Não é nada pessoal… na verdade… não muito pessoal.

Ela desceu os degraus em direção à porta, abriu e olhou para trás.

—Me avise quando for deixar a espada para Harry, e guarde o chocolate quente para outra noite. - estava fechando a porta quando exclamou e abriu de novo. - Feliz Natal.

Amy deixou Hogwarts sem ser vista e aparatou na mansão Malfoy. Já era mais de meia noite e ela estava preparando o discurso para responder onde tinha passado aquelas horas, mas quando entrou na casa, percebeu uma movimentação estranha. Draco estava no canto da sala, observando os pais conversarem urgentemente no corredor, e quando a viu entrar pela porta, seus ombros pareceram relaxar de alívio e ele andou até ela, os dois se encontrando no meio do salão.

—O que houve? - ela logo perguntou, temerosa que fosse alguma coisa com Harry, Rony e Hermione.

—Parece que o Lorde das Trevas quase capturou o Potter.

—O que? Como? Onde? - ela perguntou desesperada.

—Godric’s Hollow. Mas ele escapou. Ileso pelo o que eu saiba.

Amy não conseguiu evitar não respirar aliviada. Ele está bem. Está vivo. Então olhou nos olhos de Draco e percebeu um medo estranho, um nervosismo.

—Qual é o problema então? - ela perguntou.

—Quando ele fica irritado… ele gosta de descontar… não é uma boa experiência - os olhos dele lacrimejaram.

Amy logo entendeu o medo do menino: Voldemort descontaria sua ira na família Malfoy. Principalmente Lúcio e Draco… Ela sentiu uma enorme empatia pelo menino, e pegou na mão dele. Passou os olhos pelo salão e seu olhar encontrou o de Narcisa, no outro lado do cômodo, que encarava apreensiva o filho. Apesar de detestar aquela mulher, naquele momento elas compartilhavam o mesmo sentimento: o de proteger Draco.

—Vamos para o quarto, ok? -ela disse e puxou ele pelo corredor.

Quando entraram no quarto dele, Amy trancou a porta, não que isso fosse deter qualquer coisa. Draco andou impaciente pelo quarto, passando as mãos nos cabelos loiros, enquanto Amy apenas o observava de longe.

—Talvez ele não apareça aqui. - ela disse confiante.

—Espero. -ele disse ansioso- Espero que você tenha uma boa desculpa para ter ficado fora esse tempo, bem na noite que isso aconteceu. Minha família perguntou de você, e eu não tinha a mínima ideia de onde estava.

Amy logo ia falar o discurso que tinha preparado quando um pensamento a deteve.

—Mas… pensei que sua família estivesse me rastreando esse tempo todo. -ela disse confusa. Se ela tinha o rastreador, como era possível eles não saberem onde ela estava?

Draco a olhou por um segundo, depois desviou o olhar, sem dizer nada.

—Draco… Draco? Você… você mentiu? Eu não tenho rastreador nenhum? -ela perguntou, elevando a voz conforme a indignação crescia.

—Não! -ele logo se aproximou dela, os olhos urgentes, e segurou seu ombro e seu rosto.- Eu disse a verdade… o que eu pensei que fosse verdade! Eu… eu descobri hoje que esse rastreador não existe, eu juro!

Amy olhou os olhos desesperados dele, tentando convencê-la da verdade, e foi só então que percebeu que o cheiro de vinho rodeava o garoto.

—Eu não sabia, eu juro! Eu juro… Amy, por favor…

As mãos dele apertavam seu braço e sua nuca e ele se aproximava cada vez mais, com medo de perdê-la para sempre naquele momento. Amy respirou fundo, tentando clarear as ideias, mas ele parecia interferir em cada pensamento e movimento seu.

—Não me odeie. Por favor, não me odeie, não me deixa. Eu não suportaria... -ele sussurrou desesperado, depois a beijou.

Seus lábios eram desesperados e afobados, assim como suas mãos nela. Amy se sentiu tentada por ele, mas também se sentiu mal, totalmente fora do clima. Ela segurou seus pulsos e o afastou cuidadosamente.

—Draco… não. Você não está pensando direito… eu vou pro meu quarto, ok?

—Não… Fica.

—Eu não… -ele a beijou novamente e ela demorou alguns segundos para afastá-lo. -Não. -disse suavemente. - A gente não deve, Draco…

Soltou seus pulsos e se afastou, saindo rapidamente pela porta e se afastando do quarto dele. Amy foi para o próprio quarto e trancou a porta. Andou de um lado diversas vezes, a ansiedade controlando seu corpo. Não conseguia pensar em Draco, só pensava que poderia ter visto Harry naquela noite. Ele estava em Godric’s Hollow e ela pensou em ir lá justamente naquela noite.

Tanta coisa poderia ter acontecido. Ela poderia ter revisto os amigos, lutado contra Voldemort, ter fugido com eles… ou apenas morrido nas mãos de Lorde Voldemort ou decepcionado os amigos novamente, pois estaria com Snape.

E agora ela sabia que não havia rastreador nenhum… poderia simplesmente desaparatar dali… e ir pra onde? Voltaria a ser uma fugitiva? Com certeza não iria para perto dos amigos: agora sabia mais coisas ainda que não podia revelar à eles, os motivos que a fizeram se separar deles agora só estavam mais fortes…

Era loucura pensar aquilo, mas talvez fosse melhor ficar com os Malfoys. Ali ela tinha maior espaço para agir, apesar do risco que corria diariamente.

Com medo da reação que Draco teria por ela ter dispensado ele quando o garoto precisava de consolo, Amy ficou no quarto por dois dias, como fazia quando chegou na mansão. Quando resolveu sair e conversar com Draco, ele não estava em seu quarto. A casa estava estranhamente silenciosa quando andou até o saguão de entrada. Foi só quando viu que Draco, Narcisa, Lúcio, Pedro Pedrigrew e Bellatrix estavam enfileirados no cômodo que ela percebeu que tinha algo errado.

No mesmo instante, Draco lançou um olhar urgente para ela. Amy estava pronta para dar meia volta e se retirar quando todo seu corpo paralisou com a voz que soou perto demais atrás dela.

—Me falaram que você tinha se juntado aos meus, mas não tive tempo de lhe dar as boas vindas, Amélia.

Amy viu Nagini deslizar ao seu lado, antes de ver Voldemort. Ele apareceu ao seu lado, descalço, com um manto negro que se confundia entre o estado sólido e o gasoso. A pele horrivelmente branca e os olhos vermelhos paralisaram seu olhar. Pareceu que estava no automático quando seu corpo fez uma pequena reverência e as palavras saíram de sua boca tremidas.

—Meu Lorde. - ela disse baixinho.

Voldemort a olhou com um brilho no olhar. Parecia gostar da presença dela ali, entre os seus. Amy não conseguia encarar seus olhos, então manteve os olhos e a cabeça baixos.

—Bom. - ele disse satisfeito, se aproximando. -Se for mesmo verdade, Amélia, que deixou o Potter por nossa causa nobre e triunfante, fico extremamente feliz que ele não a tenha mais… e que eu sim. Você parece ser uma bruxa… com muito potencial… diferente de alguns jovens seguidores que tenho o desprazer de ter.

Voldemort olhou diretamente para a família Malfoy naquele momento. Draco encolheu lentamente, medroso. O Senhor das Trevas se afastou de Amy e andou até o meio do salão, seguido por Nagini.

—Mantenha os prisioneiros, tenho interesse no velho. - ele disse e desapareceu numa nuvem preta, assim como a cobra.

O ar pareceu voltar para ela e a sala pareceu aquecer uns 15º graus quando ele partiu. Amy não ouviu o que os Malfoy começaram a falar. Ficou parada por alguns segundos, até que se virou e saiu por um corredor diferente do que tinha vindo.

Ela praticamente correu, as últimas palavras de Voldemort ecoando em sua cabeça. Amy nunca tinha ido até aquela parte da mansão, mas sabia exatamente o que tinha ali. Chegou ofegante ao calabouço, acendendo a varinha. Desceu apressada as escadas e deu de cara com a grossa grade da cela.

Ali à sua frente, pouco iluminados e encolhidos de medo, estavam Luna Lovegood e o Senhor Olivaras.


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