Harry Potter e... escrita por VSouza


Capítulo 43
Capítulo 8 - Sectumsempra




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CAPÍTULO 8

No corredor, Amy lutou para segurar as lágrimas e o soluço: não gostava que Malfoy tivesse aquele efeito sobre ela... mas a menção à mãe e a causa de sua morte realmente mexeu com Amy.

Será que era verdade? Ou será que Malfoy só falou aquilo para magoá-la?

Naquele momento, ela quis correr para a sala de Dumbledore e questioná-lo sobre isso; ele sem dúvida alguma sabia a verdade. Mas provavelmente Harry ainda estava na sala do diretor, e Amy não queria atrapalhar os dois ou encarar Harry depois do que aconteceu naquela noite.

Ainda se sentindo muito brava, Amy voltou para a Torre da Grifinória e ficou no salão comunal, encarando a lareira, pensando em Harry e em Malfoy, até que finalmente caiu no sono.

Naquela noite, seus sonhos não tiveram Voldemort. Ela sonhou com Harry, que o estava beijando novamente. Era tão bom quanto na vida real, mas quando eles perderam o fôlego e se afastaram, não era Harry que estava à sua frente, mas sim Malfoy.

Amy arfou surpresa, estranhando a presença dele ali,  mas não afastou o menino, pois não soube como reagir aos seus olhos vermelhos de choro, tristes e medonhos.

—Amy - ele suspirou, os lábios tremendo levemente, a voz um suplico doloroso, e afundou o rosto no ombro dela.

Amy, atônita, levou a mão ao rosto escondido dele, e percebeu algo estranho quando sentiu sua pele pegajosa. Lentamente, ela levantou as mãos à sua frente e viu que estavam sujas de sangue, vivo e fresco. O sangue de Malfoy.

Então Malfoy não estava mais ali. Nem Malfoy, nem Harry… Seus olhos se encheram de lágrimas, pois de alguma forma, sabia que os dois estavam mortos…

Amy acordou subitamente, sentindo a mão de alguém no seu ombro.

—Hei, calma. Sou eu, Rony. - Rony entrou no seu campo de visão.

Ele, Hermione e Harry estavam parados na frente dela.

—Por que dormiu no sofá? -Hermione perguntou enquanto ela se sentava.

—Ah, eu cheguei tarde da casa de Hagrid e… deitei e dormi. -Amy disse, lembrando de ocultar o momento que teve com Malfoy no banheiro.

—Você veio direto para cá, depois que nos separamos? - Harry perguntou numa entonação diferente.

—Sim, vim. -Amy respondeu e olhou para o amigo, tentando não pensar no sonho que acabara de ter ou no que ocorreu entre os dois na noite anterior.

—Bem, acho melhor nós descermos e tomarmos logo o café. Harry deve ter muita coisa para contar pra nós. -Hermione disse, olhando para Harry.

Amy então se lembrou do porque ela e Harry terem ido até a cabana de Hagrid na noite anterior. Ela exclamou e se levantou num pulo, correndo até o banheiro para trocar de roupa e escovar os dentes, depois descer logo com os amigos para o salão principal.

—Então Harry, é verdade? Voldemort tem mesmo uma horcrux? -Amy perguntou baixinho, quando eles estavam na mesa do café.  

—Não, não uma. Ele tem sete. Sete divisões da alma dele.

Rony deixou o copo de água cair de sua mão, encharcando a mesa. Hermione e Amy arregalaram os olhos.

—Sete? Sete partes? - Amy perguntou incrédula.

—Isso. - Harry disse, sem olhar para ela.

—Como… como… - Amy não sabia muito bem o que falar.

Como era possível alguém dividir a alma em sete fragmentos? Como eles achariam as partes para, só então, ter um chance de vencer uma batalha contra Voldemort?

—Como Dumbledore espera que acabemos com sete partes da alma de Voldemort? - perguntou Hermione, assombrada.

—Na verdade, só restam mais cinco. Eu destruí uma, no segundo ano, com  a presa do basilisco. -Harry disse.

—O diário de Tom Riddle? - Amy perguntou.

—Exatamente. E Dumbledore destruiu outro, um anel do avô de Voldemort. - terminou Harry.

—Já é difícil imaginar que Você Sabe Quem tenha uma mãe, imagina a família inteira. -Rony comentou.  

Amy não segurou a risada, até mesmo Hermione deu um sorriso divertido, mas Amy parou quando viu o olhar de Harry para ela. Um olhar suspeito, meio triste.

—O que? -ela perguntou para ele.

Hermione e Rony olharam para Harry também.

—Nada. - Harry respondeu e começou a cortar seus ovos.

—Foi só isso mesmo que você e Dumbledore conversaram ontem? -Hermione perguntou, desconfiada com a cara dele.

—Foi, só isso mesmo, os cinco pedaços de alma de Voldemort que eu tenho que caçar para ter uma chance de destruir ele no final.  -Harry disse com um pouco de sarcasmo. Por que ele estava agindo assim?

—Que NÓS temos que caçar. Acha mesmo que quando terminar Hogwarts vai sair sozinho pelo mundo, caçando Horcrux? -Amy disse.

—Amy está certa. Você não está sozinho, amigo. - Rony disse, enquanto mastigava um bacon.

Harry não disse nada, apenas remexeu novamente sua comida no prato.

Amy observou o amigo por um momento. Por que ele estava com aquele olhar estranho para ela? Seria por causa do beijo de ontem?

—Harry, olhe! É a Kate! -Rony exclamou, olhando para o corredor entre as mesas.

Kate estava se sentando com umas amigas do sétimo ano, que recebiam a aluna de volta à Hogwarts. Harry olhou curioso para a menina, e se levantou, indo até ela. Amy, Rony e Harry se entreolharam, e acompanharam o amigo com o olhar.

Harry trocou algumas palavras com Kate, que parecia tentar se lembrar de algo. Amy acompanhava cada expressão da menina com cuidado, e percebeu que seu olhar mudou quando olhou para alguém na entrada do salão. Amy seguiu seu olhar e viu Malfoy entrando. Ele acompanhava o movimento do salão, e quando viu Kate e Harry juntos, encarando ele, parou subitamente, os olhos temerosos. Enfiando as mãos nos bolsos, olhou para os lados, deu meia volta e saiu do salão. Segundos depois, Harry saiu também, o passo apertado, seguindo o loiro.

—Droga. - Amy murmurou, se levantou e seguiu o amigo, deixando Rony e Hermione confusos na mesa.

Quando saiu do salão, demorou um pouco para avistar Harry no meio da multidão, virando a esquina do corredor. Amy andou até lá, mas perdeu ele novamente.

“Onde Malfoy terá ido?” Amy se perguntou. Por intuição, ela virou à direita e correu para o banheiro que encontrou o menino na última noite. Se ela não estivesse certa, perderia um bom tempo dando a volta no castelo.

Amy andava apressada e tensa pelo corredor, quando ouviu o som de feitiços quebrando coisas. Ela começou a correr imediatamente e empurrou a porta do banheiro com o corpo, pegando a varinha das vestes.

Quando entrou no banheiro, alguns vidros estavam quebrados no chão, e um cano estourado molhava tudo. Malfoy estava à sua frente, a camisa molhada marcando o corpo, o rosto raivoso, a varinha erguida para os boxes, onde provavelmente Harry estava e Amy não conseguia ver.

—Crucio! - Malfoy gritou.

Amy viu o feitiço ser repelido por Harry.

—Parem! -ela gritou, dando dois passos à frente, a varinha erguida para as costelas de Malfoy ao mesmo tempo que Harry gritou um feitiço desconhecido.

—Sectumsempra!

Aconteceu tudo muito rápido. Como se tivesse sido atingido por espadas invisíveis, o sangue jorrou do rosto e do peito de Malfoy, respingando no rosto de Amy, que parou subitamente e gritou quando o corpo do menino girou e caiu nela. Amy o segurou, mas cedeu e caiu com o peso dele.

Chocada, ela virou Malfoy em seus braços. Ele gemia, o rosto retorcido de dor, e parecia perder o ar diversas vezes. O sangue escorria de seu corpo de forma apavorante, sujando Amy e todo o seu redor. Harry veio correndo até eles, olhando apavorado para Malfoy.

—O que você fez? -Amy perguntou apavorada, tentando pensar num contra feitiço.

—Eu não sabia… não tive a intenção…

—Malfoy...? -ela gemeu desesperada, enquanto o garoto se retorcia em seus braços.

Ela não sabia o que fazer, não sabia que feitiço usar…

Então​ ouviram alguém entrar no banheiro, os passos pesados na água, e Snape apareceu por trás dela, se agachando ao lado deles. Ele olhou lívido de Malfoy para Harry, então começou a murmurar um contra feitiço, que lembrava muito uma canção.

Amy sentia o corpo de Draco parar de tremer e relaxar sobre seu colo, enquanto o fluxo de sangue diminuía e as feridas fechavam. Harry e Amy observavam, horrorizados, Snape entoar o cântico pela terceira vez e Malfoy voltar a respirar novamente.

—Green, quero que leve Draco para a ala hospitalar. Eu e Potter vamos ter uma conversa. -Snape disse furioso.

Amy abaixou o olhar, por medo de encarar Snape naquele momento.  O professor e ela colocaram Malfoy de pé, e ele apoiou seu peso em Amy. A garota lançou um último olhar à Harry, que ainda parecia apavorado, envolveu a cintura de Malfoy com o braço e saiu com ele.

Quando saíram do banheiro e a porta se fechou, Amy e Malfoy começaram a andar devagar pelo corredor, ela apoiando ele, os dois sem se olharem. Parecia que a cada passo, Malfoy se cansava mais, e ficava mais bravo e fraco. Quando estavam há um corredor da enfermaria, ele cambaleou e Amy o segurou, mas ele a empurrou para longe.

—Não preciso de você. - disse numa voz fraca.

Ele deu dois passos e caiu novamente, mas ela se colocou embaixo dele e o segurou.

—Você está errado, pra variar. - Ela disse e o segurou com mais força.

—Eu não quero... a sua ajuda... – ele disse com dificuldade.

A vontade de Amy era largar ele ali no meio do corredor e voltar para ver o que Snape faria à Harry, mas ela só respirou fundo e o puxou até a enfermaria.

A porta estava aberta, e Amy ajudou Malfoy a deitar na primeira cama, e foi chamar Madame Pomfrey.

—Céus, o que houve com vocês?- ela perguntou perplexa, quando viu o sangue e as cicatrizes em Malfoy.

Amy falou rapidamente o feitiço que o atingiu, e o que aconteceu depois, para não haver dúvidas em qual cura usar.

—E você querida? Está ferida ou esse sangue todo é dele? –ela perguntou enquanto preparava a poção, sem olhar para Amy.

Foi então que Amy se virou e olhou seu reflexo no espelho.

Ela estava toda molhada, o cabelo levemente bagunçado e o tronco, braços e pernas manchados de vermelho. Seu reflexo a paralisou por um momento, pois ela se lembrou do último sonho que teve, onde ela estava suja de sangue, o sangue de Malfoy, e sabia que aquilo significava a morte dele.

—Estou bem. – ela disse, e então viu o reflexo de Malfoy no espelho, que a encarava com uma certa intensidade de raiva.

—Não parece tão bem, querida. Tome um chocolate quente para os nervos. – ela disse e apontou a varinha para o final da enfermaria. Uma xícara e um bule vieram até Amy, derramando um pouco da bebida para ela. – E você, tome isso para o sono. Com sorte, as cicatrizes vão desaparecer, mas será melhor que você esteja dormindo, acredite. E por Merlyn, quem foi que fez isso à você?

—O Potter. – Malfoy disse com toda a raiva na voz, ainda encarando Amy. Ela desviou o olhar dele.

Madame Pomfrey pareceu chocada com a informação, mas tentou não demonstrar.

—Ora... hã... se você quiser ir, querida, ele já está fora de risco. –ela disse sem graça para Amy.

Amy voltou a olhar Malfoy, que a encarava também.

—Eu vou ficar. – ela disse, andou até o outro lado da enfermaria e se sentou na batente da janela, olhando o dia lá fora, esperando a enfermeira se retirar para sua salinha. Ela sabia que os olhos de Malfoy ainda estavam nela, mas continuou a olhar a paisagem, enquanto tomava o resto do chocolate. Se passaram quase dois minutos quando ela voltou seu olhar para Malfoy. Ele ainda a olhava, mas seus olhos pesados por causa da poção já fechavam, e ela assistiu ele adormecer.

Lentamente, ela desceu da janela e caminhou até a cama, colocando a xícara de lado.

As cicatrizes ainda estavam evidentes em sua pele, e ela se perguntou se ficariam ali para sempre. Lentamente, ela passou a ponta do dedo por uma cicatriz no seu antebraço, o que fez o menino respirar mais fundo em seu sono, mas ele não acordou. Em anos, ela finalmente reparou na beleza dele: era como se fosse um anjo maltratado, pois estava mais magro e mais pálido que o normal, o cabelo mais ralo do que o de costume; mas mesmo assim, o menino ainda tinha uma certa beleza no seu rosto angular e nos olhos cinzas.

Amy nunca entendeu o porque das meninas do castelo serem tão afim de um idiota como o Malfoy, mas vendo-o ali dormindo, o rosto calmo, sem os recorrentes traços raivosos e mesquinhos, ela conseguia entender um pouco.

O que ela não entendia era o porque de estar tão sentida por Malfoy, não só pelo o que acabara de acontecer, mas por causa de todo o problema que ele estava envolvido. Ele merecia aquilo, não merecia? Ele e a família dele tinham escolhido aquele caminho para seguir, eles tinham escolhido seguir Voldemort...

Amy então pensou porque Harry tinha usado aquele feitiço. Ele pareceu bem horrorizado ao ver Malfoy no chão, todo ensanguentado, e ela se lembrava dele ter falado alguma coisa sobre não saber o que o feitiço faria, mas mesmo assim não tirava sua irresponsabilidade de usar um feitiço desconhecido, que ela apostava que foi tirado daquele livro de poções do Príncipe Mestiço.

Passando os olhos pelo loiro uma última vez, ela saiu da enfermaria, à caminho do salão comunal da grifinória. Alguns alunos olhavam chocados para ela, por causa do sangue em sua roupa, e Amy desejou estar com a capa de invisibilidade. Quando chegou, o salão comunal estava vazio, a não ser por Harry sentado no sofá e Rony e Hermione agachados à sua frente. Foi Rony que a viu entrar primeiro.

—Amy! – ele olhou horrorizado para ela.

Pelo visto, Harry só estava molhado, sem muito sangue em suas roupas, diferente dela que teve que segurar Malfoy quando ele caiu.

—Você também foi atingida? –Hermione perguntou perplexa.

—Não! –ela e Harry falaram ao mesmo tempo, o amigo indignado com a possibilidade de ter ferido ela.

Amy andou até o sofá, encarando feio Harry.

—Que ideia foi essa de usar aquela merda de feitiço? –ela perguntou para Harry.

—Eu não sabia qual era o efeito dele. – Harry se defendeu.

—Malfoy poderia realmente ter sofrido algo, Harry! Estaríamos realmente encrencados se Snape não tivesse aparecido.

—Eu estou realmente encrencado, todos os sábados, e parece que você também, pois Snape quer te ver hoje de noite. –ele disse.

Snape deve ter passado detenções para Harry, mas ela sabia que o encontro dos dois hoje era para a aula de oclumência.

—Eu não estou brincando! Você poderia ter usado qualquer outro feitiço para se proteger, não um desconhecido de um livro suspeito!

—Eu já disse, não sabia o que ele fazia! Não estou orgulhoso do que fiz, mas eu quase fui amaldiçoado também... por que está defendendo tanto o Malfoy?

—Não estou defendendo ele, só estou dizendo que você foi irresponsável!

—E desde quando você me dá aulas de responsabilidades? Você não é o melhor exemplo, Amy!

Rony e Hermione olhavam de um para o outro, surpresos, como numa partida de tênis. Nunca viram os amigos discutiram daquela forma, elevando o tom de voz um para o outro.

—Desde quando você está agindo de forma tão idiota! E quer saber, não vou ficar aqui discutindo com você, tenho que limpar esse sangue que você derramou.

Amy se virou e subiu para o dormitório, deixando Rony e Hermione paralisados na frente do sofá.


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Notas finais do capítulo

Olá, voltei com mais um capítulo! Já deu pra ver sentimentos novos aflorando na nossa personagem. Alguns vão gostar, outros não, mas isso vai ser essencial pro desenvolvimento da narrativa, não tá ai a toa. O que vcs acham? Falando em narrativa, tamo chegando perto do capítulo que vai mudar a vida de Amy e separar a história da fanfic da história do livro!! Ansiosos? Pq eu estou!! Já sabem o que é, alguma teoria??

Até o próximo capítulo!!



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