Alguns dias depois, Alyssa acordou sentindo-se bem, como de costume com sua mãe ao seu lado, e uma bandeja com um café reforçado para que a humana começasse o dia de forma agradável. Suplicia andava preocupada com a filha que a poucos dias atrás encontrava-se em um estado deplorável, querendo sair da cama apenas para o sofá, onde passava a maior parte do dia dormindo e vendo seus filmes prediletos. A vampira sentia-se feliz em ver a garota melhor, isso significava que podiam retomar aos ajustes do casamento que tornava-se cada vez mais próximo. Alyssa até mesmo tinha esquecido desse pequeno grande problema em sua vida, não havia conversado com o seu melhor amigo a dois dias, isso a deixava irritada, e com saudades de Demetri. Com seu noivo também havia perdido total contato, mas ela não se queixava disso.

— Bom dia, meu amor – a vampira sorriu – Como se sente?

— Estou bem, mãe – levantou-se delicadamente depositando um beijo no rosto da mulher de pele fria ao seu lado – Bom dia.

A garota vestiu uma roupa simples, decidida de que sairia de seu quarto para fazer um bom passeio pelo castelo, e se seu pai permitisse, pela cidade. Enquanto a loira penteava os cabelos e passava uma leve maquiagem no rosto, sua mãe analisava-a de longe, sorrindo abertamente.

— Fico muito feliz que esteja melhor, Aly – disse – Isso significa que podemos retomar aos preparativos do casamento.

O coração da humana perdeu uma batida e ela abaixou o rosto brevemente, para que Suplicia não visse o rosto estampado de decepção através do espelho.  Um silencio constrangedor tomou conta do quarto, mas, percebendo o clima, nenhuma das duas ousou dizer nada. Quando a loira encerrou o trabalho com os cabelos, virou-se para a mãe, estampando um sorriso forçado nos lábios.

— Estou pensando em pedir ao papai para que me deixe sair do castelo com Demetri – anunciou – Já faz algum tempo que não o vejo, e algum tempo que não saio do meu quarto também.

O rosto de Suplicia de retorceu em uma cara de decepção e a Alyssa percebeu.

— Filha, Alexander também não a vê a alguns dias e você nem se quer perguntou por ele.

— Vou casar com Alec – a loira repetiu para si mesmo – Mas, isso não significa que eu o ame ou me preocupe com ele. Demetri é meu melhor amigo desde cedo, mãe. Não tê-lo visto nos últimos dias foi uma espécie de teste?

A vampira negou rapidamente.

— Não, é claro que não! – disse  suspirando – Não te contei nada para não deixa-la ainda mais preocupada. O castelo está em pé de guerra, entraram alguns vampiros em nossa guarda no começo do ano. Esses vampiros pertencem a outro clã, que quer acabar com os Volturis. Eles, de alguma forma, conseguiram passar imunes ao dom de seu pai, e estão se rebelando durante a ultima semana.

Os olhos esbugalhados da loira tornaram-se apavorados ao pensar que alguém de grande importância tivesse saído ferido.

— Tivemos mortes? Qual é a nossa atual situação?

— Estamos estabilizados, filha – contou calmamente – Os Volturi são fortes, não tivemos nenhuma perda importante, apenas alguns vampiros que não serviam de nada. Mas, acreditamos que não exista mais perigo nenhum no castelo. Seu pai está revendo os pensamentos de seus soldados a dias, está louco tentando descobrir o que fizeram para esconder algo de tamanha importância dele.

A noticia pegou a garota de surpresa, nem se quer havia desconfiado que havia algo errado. Mas, como já não havia perigo algum, tomou um rápido café da manhã e seguiu para a sala do trono afim de encontrar o seu pai e fazer a ele todas as mil perguntas que tinha de fazer. A loira foi pega novamente de surpresa quando o seu noivo apareceu logo a sua frente, com o cenho franzido e um semblante de espanto, como se estivesse vendo um fantasma. Após recuperar-se do susto Alyssa analisou o vampiro dos pés a cabeça procurando por qualquer arranhão, até perceber o quão ridícula estava sendo. Vampiros não se machucavam. Alec cruzou os braços na altura do peito encarando a noiva.

— Onde você pensa que está indo? – o moreno tomou cuidado com as palavras, para que não deixa-se nada que a loira ainda não soubesse, ou que ele pensou que ela não soubesse, escapar.

— Estou indo ver o meu pai – franziu o cenho – Você está bem?

Os dois estranharam com a frase dita por ela, pois demonstrava um tom carregado de preocupação, e isso não era nenhum pouco comum entre eles. Alexander amou ouvir isso, e podia facilmente jurar que o coração morto dentro de seu peito voltou a bater de tanta felicidade, mas ele não demostrou. Já Alyssa se odiou no exato momento em que percebeu o que havia dito, a essa altura da conversa era para os dois estarem brigando.

— Estou – disse brevemente – Vejo que melhorou também.

Ela assentiu.

— Minha mãe contou do que aconteceu no castelo ... – ele a interrompeu.

— Se ela contou, o que faz aqui? Não é cem por cento seguro de que você pode andar pelo castelo ainda, Alyssa! – falou rapidamente, descruzando os braços.

— Tem guardas pra todo lado, Alexander – a garota rebateu – Nada me aconteceria.

— Não sabemos ainda se esses guardas são seguros.

— Estou a dias dentro do meu quarto – bravejou – Precisava sair, e não posso fazer isso sem a autorização do meu pai!

O vampiro cansou de discutir com ela, percebendo que aquilo não os levaria a lugar nenhum e abriu a porta para que a garota entrasse no salão onde seu pai e seus tios permaneciam.

Antes de passar por ele, Alyssa olhou no fundo dos olhos vermelhos de Alec, que prenderam-na ali mais uma vez.